PJ acredita que indícios justificam preventiva
A Polícia Judiciária (PJ) acredita ter "indícios suficientes" para incriminar Kate e Gerry McCann, que na sexta-feira foram constituídos arguidos e sujeito a Termo de Identidade e Residência (TIR). Sobre eles recai a suspeita da morte da criança, a 3 de Maio, no apartamento da Praia da Luz, e da ocultação do seu cadáver. Mas só nos próximos dias se saberá se o procurador do Ministério Público (MP) de Portimão, que hoje recebe o relatório das inquirições efectuadas quinta e sexta-feira aos pais da criança britânica, decidirá notificar o casal na sua morada em Inglaterra, para que regressem a Portugal, a fim de serem presentes a um juiz.
E só o juiz lhes poderá alterar a actual medida de coacção, que poderá atingir, em situação extrema - que actualmente não se verifica -, a prisão preventiva. Se for essa a decisão do MP, e os pais de Maddie terão de se apresentar em Portimão na data indicada pelo procurador. Caso não o façam, poderá impender sobre eles um mandato captura internacional.
Mas as dificuldades começam aqui. Um dos juristas ouvidos pelo DN lembrou que lhes "bastará apresentar um atestado médico, alegando um qualquer problema de saúde para adiarem um interrogatório ou uma simples diligência da PJ, comprometendo dessa forma a investigação em curso". De qualquer modo, o casal já fez saber que estará disponível para regressar a Portugal quando para tal for notificado. Mas o MP poderá, também, chegar pura e simplesmente à conclusão de que não existem provas suficientes para sustentar em tribunal a tese da morte.
A confiança nas provas
Segundo apurou o DN junto de fontes próximas do processo, nas dez viaturas sujeitas a testes periciais em Agosto, só no Renault Scénic alugado pelos McCann 25 dias após o desaparecimento da filha foram detectados, "por debaixo do forro da bagageira fluidos biológicos, os quais coincidem em 80% com o perfil genético da criança". E só o facto de ser "reduzida" a amostra enviada para o laboratório de Birmingham, no Reino Unido, "não terá permitido atingir os 100%" nos resultados aos exames forenses. Já em buscas realizadas na vivenda «Vista do Mar", na urbanização Luz Parque, na Praia da Luz, ocupada pelos McCann de Julho até ontem de manhã, foram detectados odores a cadáver em roupas da mãe de Madeleine, bem como no já famoso urso de peluche da criança.
'Uma espécie de fuga'
Embora legalmente nada impedisse o regresso dos McCann a casa, a Judiciária acabou por ficar surpreendida com a decisão, a qual representa, na perspectiva de vários investigadores, uma "espécie de fuga", o que, naturalmente, "poderá ter consequências no decorrer do processo, com atrasos". Até porque, sabe o DN, a PJ tinha "aconselhado" os McCann a não abandonarem Portugal sem saberem qual a decisão que os órgãos judiciais irão tomar em relação a uma eventual alteração da actual medida de coacção.
O outro arguido
Quem não ficou surpreendido com a nova situação jurídica dos McCann foi Francisco Pagarete, advogado de Robert Murat, que continua arguido no caso por suspeita de rapto, apesar de haver dois arguidos por suspeita de morte. "O facto de terem sido constituídos arguidos não é coisa que me surpreenda. Mas não temos mais comentários a fazer," disse ao DN. Sobre a situação do seu constituinte, disse continuar "à espera de uma rápida solução", mas não vai propor iniciativa alguma. "É o MP que tem de analisar os indícios e ver se existe alguma indicação que faça com que o meu cliente deixe de ser arguido."|
Diário Noticias