Felgueiras: Tribunal repete parcialmente julgamento de homem que incendiou mulher
Felgueiras: Tribunal repete parcialmente julgamento de homem que incendiou mulher
19 de Maio de 2008, 20:17
Felgueiras, 19 Mai (Lusa) - O Tribunal de Felgueiras procede no dia 03 de Junho à repetição parcial do julgamento de um homem acusado de regar com gasolina e incendiar uma mulher com quem mantivera uma relação extraconjugal, disse hoje à Lusa fonte judicial.
Em 18 de Julho de 2007, o colectivo de juízes da Vara Mista havia condenado o arguido a 20 anos de cadeia, por homicídio qualificado, mas um recurso do advogado de defesa, Pedro Carvalho, para a Relação de Guimarães deu origem à repetição parcial do julgamento.
Na sessão, os juízes vão ouvir, de novo, Carla Pimentel, uma psicóloga, que foi autora de um relatório técnico sobre a vítima, no qual rejeitou a tese de suícidio da mesma - defendida pelo arguido - e confirmou a sua sanidade mental.
O depoimento da psicóloga, que trabalha no Hospital Psiquiátrico Conde Ferreira, do Porto, foi contestado pelo jurista, que o considerou incompleto e sem qualidade científica.
O Tribunal da Relação veio a considerar "insuficiente" o relatório da psicóloga, obrigando à repetição do julgamento, apenas nesta parte da prova produzida em audiência.
Face à decisão da Relação, o colectivo de juízes do Tribunal de Felgueiras optou por tornar a questionar a perita, decisão que é contestada pelo advogado, que defende a realização de outra perícia e por outro psicólogo.
"Já avisei o Tribunal da posição da defesa e, provavelmente, vou fazer novo recurso por não concordar que seja ouvida a mesma psicóloga", afirmou.
Em 2007, o Tribunal deu como provado que o arguido, um homem casado e com 30 anos, incendiou, em 02 de Maio de 2005, no monte de Santa Quitéria, em Felgueiras, a antiga companheira, causando-lhe queimaduras graves que seriam a causa da morte, ocorrida em Julho daquele ano, no Hospital de Coimbra.
O Tribunal condenou, ainda, o arguido a pagar 115 mil euros de indemnização aos filhos da vítima.
Os juízes basearam a decisão nas declarações prestadas pela vítima à GNR e a familiares, momentos após o crime, quando se dirigiu, na sua própria viatura, para o Hospital de Felgueiras.
A decisão teve ainda como provas vários indícios materiais recolhidos no local pela Polícia Judiciária.
A vítima, Isabel Vasconcelos, que tinha 41 anos, era viúva e residia em Amarante, veio a falecer a 15 de Julho nos Hospitais de Coimbra (HUC), ao fim de dois meses de internamento.
Atingida em 60 por cento do corpo, com queimaduras de 3º grau, não resistiu aos graves ferimentos.
O arguido, Luís Filipe Pereira, terá aceite mal o fim do relacionamento anteriormente decidido por Isabel. A PJ veio a detectar cerca de 1.200 mensagens de amor, por SMS, de Luís para Isabel.
O arguido dava aulas em Felgueiras, na escola básica de Sernande e a vítima era proprietária de um centro de psicologia no mesmo concelho.
Tinham-se conhecido no âmbito das suas profissões e acabaram por manter uma relação amorosa.
O Ministério Público acusou o arguido de ter atraído Isabel para um último encontro e de, antes disso, e premeditadamente - facto que, no entanto, se não provou -, ter comprado, num posto de combustíveis da zona, um litro de gasolina.
Na ocasião, e depois de Isabel ter reafirmado a decisão de acabar com a relação amorosa, regou-a com gasolina e incendiou-a com um isqueiro.
Na fase inicial do inquérito, o arguido disse que era ele quem queria terminar a relação.
Depois de consumado o crime, a vítima envolta em chamas, conseguiu tirar do corpo algumas peças de roupa, ficando quase nua, entrou no carro e conduziu-o até ao hospital local, onde recebeu os primeiros socorros.
Dali, foi enviada para o Hospital de S. João, Porto, e reenviada para a Unidade de Queimados de Coimbra.
À GNR, ainda no Hospital de Felgueiras, Isabel assegurou que foi no momento que comunicou a separação que o namorado cometeu o crime.
A vítima tinha três filhos, dois deles menores.
LM.
Fonte:Lusa/Fim