Outil à mesa nos últimos três dias
Mostra gastronómica divulgou especialidades “caseiras”
Redundou em mais um êxito a mostra gastronómica de Outil, que terminou ontem nesta freguesia de Cantanhede. Centenas de pratos regionais foram servidos durante três dias, o que levou a organização a apostar cada vez mais no certame
A Junta de Freguesia de Outil, que organizou pela terceira vez consecutiva uma mostra gastronómica baseada no que de melhor se confecciona na região, não tem dúvidas em afirmar que a iniciativa foi mais um êxito, não só pelo número de refeições servidas às centenas de visitantes, mas também pelo apuro da receita financeira, que ajudou a aliviar a tesouraria das associações responsáveis pelas tasquinhas, que tiveram a seu cargo a confecção dos pratos.
«O balanço é, francamente, positivo. As tasquinhas serviram uma média de 80 a 90 refeições em cada dia, sem contar com os pratos de petiscos, servidos no bar», revelou ontem ao nosso Jornal Armando Costa, presidente da junta de freguesia, e um entusiasta desta mostra gastronómica, que divulga não só as especialidades “caseiras” da região, «mas também a nossa freguesia e as nossas tradições».
Especialidades que foram desde o arroz malandro aos “jaquinzinhos”, passando pela sopa “à Outil”, chanfana e bacalhau à lagareiro, não faltando, também, o tradicional leitão à Bairrada, mas à moda de Outil, ou seja, preparado desde a matança até ao forno caseiro de Fernando Cunha Oliveira, um especialista nesta matéria.
«Este, sim, é que é o verdadeiro leitão à Bairrada, preparado de uma forma muito caseira e que lhe dá um sabor especial», revelou à nossa reportagem aquele assador de leitões, que também é presidente da Associação de Cooperação Social, Cultural e Desportiva de Outil (ACSCD), responsável por uma das tasquinhas presentes no evento.
Não faltou, igualmente, as sobremesas caseiras, que iam desde o tradicional arroz doce à aletria, do pudim caseiro às maçãs assadas e peras bêbedas…
Tudo “regado” com os três melhores vinhos de Outil (brancos e tintos) da colheita do ano passado, submetidos a concurso.
E para que a festa ficasse completa, durante os três dias da mostra, a organização juntou ao “comes-e-bebes” tradicional a animação musical condizente, à qual não faltou, ontem, última dia do evento, uma actuação do padre/cantor/pároco de Outil, João Paulo, que cantou (e encantou) músicas do seu último disco “Ai que vida”.
«Queremos, com esta mostra, ajudar as associações locais a sobreviver, uma vez que são elas quem prepara as refeições. Nós [Junta] apenas ajudamos na logística, na elaboração do programa de animação, contando, também, com o apoio da Câmara de Cantanhede», explica Armando Costa, revelando, ao mesmo tempo, que enquanto presidir àquele órgão autárquico, «vamos continuar a apostar nesta mostra, até porque trás à nossa freguesia muita gente de outras aldeias vizinhas».
Esta terceira edição de “Outil à mesa” (outra forma de promoção da mostra gastronómica) teve um momento especial. Falamos da assinatura de um protocolo rubricado com a Câmara de Cantanhede, ACS CD e Junta de Freguesia, através do qual o município cede a escola básica de Outil (desactivada) à Associação de Cooperação Social, Cultural e Desportiva de Outil.
À mesa… com elas!
Oito mulheres e dois homens não tiveram mãos a medir a confeccionar e a servir às mesas. A tasquinha da ACSCD, durante os três dias, esteve sempre “à cunha”. Na cozinha era uma azáfama. Cada qual fazia o petisco da sua especialidade, mas na hora de servir às mesas, eram elas que andavam num corrupio.
«Nós também cozinhamos, mas eles fazem melhor os petiscos, são os mestres da culinária. E, nas mesas, eles são uns trapalhões, estão sempre no paleio e o serviço fica atrasado», explicou Margarida, uma das três irmãs (e uma prima) da família Craveiro, num vai e vem entre a cozinha e as mesas.
“É a primeira vez que visita Outil, vamos recebê-lo bem!
Não sabemos se a frase foi dita com malícia, se saiu espontaneamente, ou se foi proferida com intenção “provocatória”. A verdade é que o presidente da Junta de Freguesia, o socialista Armando Costa, que já vai no seu terceiro mandato, aproveitou a ocasião da assinatura de um protocolo de cedência da escola básica de Outil à associação local para manifestar ao povo presente a sua satisfação «por ver aqui todo o executivo da Câmara».
Manifestada essa satisfação e também por aquele ser «um dia especial, o socialista aproveitou, então, a oportunidade para dizer [ao mesmo povo] que aquela era «a primeira vez que o presidente [da Câmara] nos visita, por isso vamos recebê-lo bem!».
A frase originou alguns sorrisos e piscar de olhos, mas não incomodou o social-democrata João Pais de Moura, que, na resposta, confirmou ser a primeira vez que visitava Outil, aproveitando para dizer que a presença de todo o executivo no evento era para ficarem a saber se o equipamento (escola básica) cedido ficava bem entregue.
«Estes equipamentos são importantes para as comunidades locais», aludiu João Pais de Moura, e como a escola foi desactivada, «deve ser utilizada para outras actividades, servir de sede desta associação», ficando, agora, com a assinatura do referido protocolo, a sua conservação e manutenção a cargo da instituição beneficiária, a Associação de Cooperação Social, Cultural e Desportiva de Outil.