PSP de Coimbra cria 10 sectores para garantir policiamento de proximidade
Polícia ligado em permanência à comunidade
A Polícia de Segurança Pública de Coimbra vai criar um modelo para garantir o policiamento de proximidade. Desta forma, um polícia vai estar ligado em permanência à comunidade, que vai receber o cartão com os dados do agente designado para cada uma das 10 zonas definidas
Já imaginou o que seria ter um cartão com o contacto directo de um polícia sempre disponível para o ouvir. Não acredita. Pode acreditar, pois é o que vai acontecer em Coimbra. O novo modelo de policiamento de proximidade foi ontem apresentado por Bastos Leitão, comandante da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Coimbra, que anunciou a sua adopção para breve, explicando, ainda, que vão ser criados 10 sectores (Solum, Olivais, ruas do Brasil e dos Combatentes, Norton de Matos, Celas, Baixa, Sé Velha e Baixa, S. Martinho do Bispo, Santa Clara e Ingote), onde vai estar em permanência um agente responsável pela ligação à comunidade e às vítimas.
Segundo o intendente Bastos Leitão, «haverá uma sectorização dos principais bairros com um agente permanentemente afecto a essa zona», assumindo que este regime de policiamento não substitui os serviços de emergência existentes. «O agente vai circular sempre na zona da cidade que lhe está atribuída, com um telemóvel», explicou o comandante da PSP de Coimbra, antes de referir que «vai entregar um cartão de visita com a sua fotografia e contacto, por exemplo, em estabelecimentos comerciais, em casa das vítimas e aos restantes cidadãos».
Com o objectivo concreto de combater a criminalidade, o agente vai, além de patrulhar a zona, fazer um levantamento das condições de segurança de habitações e estabelecimentos, acompanhar as vítimas, sinalizar os cães perigosos e verificar as condições de licenciamento das casas de diversão nocturna. Servir de primeiro interlocutor com a comunidade é a intenção do “serviço” policial de proximidade, que tanto pode ser feito de dia como de noite, consoante as necessidades que forem detectadas.
Este modelo resulta de um projecto-piloto lançado pela PSP a nível nacional e estudado pela Universidade Nova, no qual Coimbra participou com a zona da Solum, com resultados «extremamente positivos». Bastos Leitão disse tratar-se de «um excelente policiamento para os casos de violência conjugal», já que, através deste modelo, que o comandante espera ter a funcionar no segundo semestre deste ano, se desenvolve «um policiamento mais eficaz», além de «tornar o contacto mais pessoal e dar confiança às pessoas para se “abrirem” com as autoridades».
À margem deste tema e após divulgar que têm sido efectuadas algumas detenções relacionadas com crimes contra pessoas, uma das «prioridades» da PSP, o intendente assumiu que, «neste momento, temos um aumento dos crimes contra residências». Ainda assim, explicou que esta estratégia de policiamento se destina a consolidar os dados da criminalidade registada em 2007, que teve «uma redução de nove por cento» em Coimbra.
Comandante da PSP e governador civil aprovam sistema
A instalação de 17 câmaras fixas de videovigilância na área central de Coimbra foi aprovada na última reunião do executivo camarário. À margem do Fórum Distrital de Segurança, o intendente Bastos Leitão revelou que o referido sistema foi discutido, «nos últimos dois anos», entre a autarquia e a Polícia de Segurança Pública (PSP) em várias reuniões.
De forma a “travar” o entusiasmo, o comandante da PSP de Coimbra afirmou que «a videovigilância não vai ser uma panaceia para a criminalidade», embora constitua «uma óptima ajuda». «Estender a outras zonas é uma questão de recursos e de ter capacidade técnica para o fazer, situação que ultrapassa a PSP. Não sinto a necessidade premente de alargar o sistema já nesta fase», admitiu Bastos Leitão. A PSP vai assumir a gestão do sistema, razão pela qual, caso o projecto seja aprovado pela Assembleia Municipal de Coimbra, vai ter a competência de justificar a sua instalação, com recurso aos dados da criminalidade na respectiva zona, no pedido de autorização a endereçar em breve à Comissão Nacional de Protecção de Dados, a quem cabe a palavra final.
Depois de lembrar que a videovigilância já acontece «nas auto-estradas, em centros comerciais e em muitos outros sítios», pelo que «já estamos habituados», Henrique Fernandes disse tratar-se de uma forma de «promover e contribuir para o sentimento de segurança dos cidadãos», além de «proceder à detecção de comportamentos criminosos e anormais». «Está em desenvolvimento e é bom que assim seja», terminou o governador civil de Coimbra.
Governador defende “intervenção precoce”
Fórum promove “cidadania
e segurança em simultâneo”
O Fórum Distrital de Segurança, que termina hoje, tem como objectivo «contribuir para o esclarecimento público e a divulgação de boas práticas em matéria de segurança, reforçando a confiança dos cidadãos no sistema e fomentando uma ideia de responsabilidade colectiva neste domínio». As palavras de Henrique Fernandes resumem os propósitos da iniciativa que visa, «simultaneamente, a promoção da cidadania e da segurança».
Segundo o governador civil de Coimbra, «a segurança dos cidadãos condiciona, profundamente, o pleno exercício da liberdade, que é um factor determinante para o seu bem-estar e qualidade de vida». Durante a sua intervenção na sessão de abertura, reconheceu que este tema «exige uma actuação atenta, firme e adequada por parte do Estado», assumindo que «a segurança no meio escolar constitui uma prioridade importante que deve ser atingida através de uma intervenção precoce».
«Em matéria de segurança, os dados que temos do distrito de Coimbra, no ano de 2007, apontam para uma melhoria generalizada», revelou Henrique Fernandes, contrariando, de seguida, as notícias recentes de ocorrências registadas na cidade. «As estatísticas não evidenciam um aumento de insegurança», assumiu, antes de admitir que, «nesta área, o caminho é exigente e exige atenção redobrada».
«A segurança deve ser um problema de todos os jovens e cidadãos, que, todos os dias, devem promover a auto segurança», finalizou.
Ministro destaca entendimento em questões de segurança
“Colaboração completa”
entre autarquias e Governo
«Quero destacar a boa atitude das autarquias em matéria de segurança rodoviária, de protecção civil e de prevenção da criminalidade». O elogio foi feito ontem, em Coimbra, pelo ministro da Administração Interna, durante a sessão de abertura do Fórum Distrital de Segurança, organizado pelo Governo Civil de Coimbra. Rui Pereira assumiu a «colaboração completa», assim como destacou a «grande disponibilidade» que sempre encontrou nos municípios para colaborar neste domínio, embora também tenha referido que pode ser «aprofundada e aperfeiçoada».
O observatório da delinquência juvenil foi apresentado como um exemplo da colaboração existente entre as autarquias e o Governo, já que a ideia partiu da Câmara Municipal do Porto, em conjunto com o Governo Civil do distrito. Os contratos locais de segurança, projecto-piloto de prevenção que pode «abrir novas perspectivas em zonas problemáticas», foram, igualmente, divulgados como outra das iniciativas que mostram a actual boa relação existente a este nível entre os municípios e o Governo de José Sócrates.
Perante uma plateia repleta de alunos de escolas do distrito de Coimbra, Rui Pereira aproveitou a sessão para destacar as virtudes do «bom» programa de segurança do Governo, uma vez que, acrescentou, se baseia «na segurança comunitária de todos e para todos, no policiamento de proximidade, no desenvolvimento da protecção de vítimas carenciadas e no controlo de fontes de perigo como, por exemplo, as armas de fogo», lembrando que «está em curso uma reforma que abrange as principais leis nesta área».
Após assumir o objectivo de «actualizar as leis de segurança interna aos novos tempos», o ministro da Administração Interna apresentou alguns dos pontos principais do plano governamental de segurança, destacando, entre outros, o reforço no policiamento de proximidade, o que «obrigatoriamente implica um dispositivo forte em meios humanos e materiais». Para tal, lembrou, vão ser admitidos, ao longo deste ano, mais 2.000 novos efectivos, divididos em igual número pela Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana.
O reequipamento em matéria de instalações, viaturas, armas, meios informáticos e comunicações está, segundo o ministro, «financeiramente previsto», de forma a concretizar a «duplicação de investimento nas forças de segurança», as quais, admitiu, precisam «melhorar a formação». O reforço do treino com armas de fogo e de natureza técnico-táctico é fundamental, razão pela qual anunciou o propósito de que cada operacional tenha, pelo menos uma vez por semana, treino de tiro.
«Estas medidas vão permitir aumentar a segurança e prevenir de forma mais firme a criminalidade no nosso país», acrescentou, antes de se revelar «preocupado» com fenómenos como «o carjacking e o roubo de instalações públicas». No início da sua intervenção, Rui Pereira lembrou que «a segurança é a primeira das liberdades», admitindo que «a segurança deve ser conduzida numa perspectiva global, integrada e num plano essencialmente preventivo». «Apelo aos mais jovens que valorizem esse direito para sermos cidadãos cada vez mais responsáveis e capazes de valorizar os nossos direitos», concluiu.
O Fórum Distrital de Segurança prossegue hoje, no auditório do Instituto da Juventude de Coimbra. A sessão começa, às 10h00, com a apresentação do painel “Autoridade Nacional de Protecção Civil/Comando Distrital de Operações Socorro Coimbra - Protecção Civil e Segurança dos Cidadãos”. Ainda de manhã, os conferencistas debatem o tema “Autoridade Marítima - Segurança nas Praias”. À tarde (14h30), tem lugar o último painel subordinado ao tema “ASAE - Segurança Alimentar e Económica”. O fórum encerra, às 16h00, com a comunicação do governador civil de Coimbra.