Corrida noturna em Cingapura traz novos desafios à Fórmula 1
Por Alan Baldwin
Da Reuters
Em Londres (Inglaterra)
Martin Whitmarsh, chefe da McLaren, permanecia impassível enquanto os mecânicos instalavam faróis de rali em um dos carros da equipe na véspera do Grande Prêmio de Cingapura no próximo final de semana.
"Cingapura é um evento novo para nós", explicou o executivo-chefe, naquilo que a equipe descreveu espirituosamente como um vídeo 'iluminado' em seu site oficial.
"Estamos nos esforçando muito e com sorte o pessoal da aerodinâmica vai gostar", concluiu ele, com um traço de sorriso entregando a brincadeira à medida que a câmera se movia para mostrar a curiosa alteração no carro da equipe.
Ao contrário dos carros das 24 horas de Le Mans, os modelos da F1 não têm faróis e nunca terão.
A estréia de Cingapura no calendário da F1, com o primeiro GP noturno da categoria, forçou as equipes a reavaliarem a maneira como trabalham.
A iluminação é o menor dos problemas, já que 1.500 refletores vão iluminar as ruas com intensidade suficiente para os altos padrões de transmissão das tevês de alta definição, quatro vezes mais intensa que as de um estádio comum.
"Espero ansioso pelo desafio, mas a verdade é que a pista vai estar totalmente visível", disse David Coulthard, da Red Bull.
"Essa coisa da corrida noturna deve ser mais interessante para a mídia e os torcedores sentados nas arquibancadas. Quando dirigimos no túnel em Mônaco, não saímos e dizemos aos nossos engenheiros "ai meu Deus, a volta é linda a não ser pelo túnel, porque é só mais um pedaço do circuito", continuou o escocês.
Uma preocupação maior são os faxineiros e as camareiras dos hotéis.
Com os treinos classificatórios de sábado começando às 22h (horário local) e a corrida propriamente às 20h, as equipes vão estar no fuso europeu.
Isso significa ir para a cama nas primeiras horas da manhã e ali ficar até a tarde, quando tomarão o café da manhã. "Ir para cama tarde e levantar tarde é fácil", disse o piloto alemão Nick Heidfeld, da BMW-Sauber, a repórteres no GP da Itália.
O problema será as pessoas trabalhando ao seu redor. A solução encontrada foi separar um andar do hotel para as equipes, sob ordens de manter longe o pessoal da limpeza.
Auge da tarde
"Basicamente, não podemos nos adaptar ao horário local, que é totalmente diferente da maneira como normalmente trabalhamos", afirmou Lewis Hamilton, piloto da McLaren e líder do campeonato.
"Com nossos programas de treinamento, em um fim de semana de corrida estamos no auge de nosso desempenho à tarde, e por isso vamos permanecer no horário europeu para não afetar isso."
A chuva pode trazer outros problemas: os pilotos se preocupam com o clarão das luzes e os reflexos da água parada.
Muitas preocupações já foram solucionadas, já que os engenheiros e especialistas em logística visitaram Cingapura em julho para testar a iluminação.
Alguns pilotos, como Coulthard, tem experiência com corridas noturnas por terem participado das 24 horas de Le Mans. Outros, como o campeão da Ferrari e conhecido farrista Kimi Raikkonen, são corujões assumidos.
"Acho que Kimi deve se sair bem", brincou o diretor técnico da Red Bull, Adrian Newey, que trabalhou com o finlandês na McLaren. "Ele está acostumado a trabalhar no escuro."
Fonte: UOL Esporte