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Harris quer colocar país "acima do partido" e de si própria em contraste com Trump
A democrata Kamala Harris quer "colocar o país acima do partido" e de si própria no final da campanha presidencial, no mesmo local onde Trump fomentou a insurreição do Capitólio, esperando que os eleitores vejam nitidamente a escolha que enfrentam.
A uma semana do dia da eleição, a vice-presidente decidiu utilizar o espaço Elipse, perto da Casa Branca, para prometer aos norte-americanos que trabalhará para melhorar as suas vidas, ao mesmo tempo que defende que o seu adversário republicano só está nisto por si próprio.
"[Trump] passou uma década a tentar manter o povo americano dividido e com medo uns dos outros: ele é assim", dirá Harris, segundo partes do discurso preparado divulgados pela sua campanha, citados pela agência Associated Press. "Mas, América, estou aqui esta noite para dizer: isto não é quem somos", contrapôs.
A candidata democrata espera destacar este contraste proferindo o seu discurso final no local onde Donald Trump, em 06 de janeiro de 2021, debitou falsidades sobre as eleições presidenciais de 2020, que inspiraram uma multidão a marchar até ao Capitólio e a tentar, sem sucesso, impedir a certificação do democrata Joe Biden.
Com o tempo a esgotar-se e a corrida renhida, Harris e Trump procuraram grandes momentos para tentar mudar o ímpeto no seu caminho.
"É um lugar que certamente acreditamos que ajuda a cristalizar a escolha nesta eleição", disse a presidente da campanha democrata, Jen O'Malley Dillon, sobre o cenário, considerando-o "uma visualização nítida de provavelmente o exemplo mais infame de Donald Trump e como usou o seu poder para o mal".
Os conselheiros de campanha sublinharam que Harris não irá debitar um tratado sobre a democracia -- um elemento básico das tentativas do próprio Presidente Joe Biden de estabelecer um contraste com Trump -- nem gastar muito tempo a concentrar-se diretamente nas imagens chocantes desse dia, mas apresentar um argumento mais amplo sobre a razão para os eleitores rejeitarem o ex-presidente.
Trump, apontará Harris, "tem uma lista de pessoas inimigas que pretende processar".
"Diz que uma das suas maiores prioridades é libertar os extremistas violentos que atacaram os agentes da autoridade em 06 de janeiro. Pessoas a quem ele chama 'o inimigo interno'. Este não é um candidato a Presidente que está a pensar em como tornar a sua vida melhor", acrescentará.
A sua campanha atraiu uma grande multidão a Washington para o evento, com grande número de pessoas sob o monumento de Washington, no National Mall.
Antes da intervenção de Harris, os oradores serão americanos comuns, em vez das celebridades nos seus eventos recentes, como Amanda Zurawski, que quase morreu de sépsis após lhe ter sido negada assistência ao abrigo da proibição rigorosa do aborto no Texas, e Craig Sicknick, irmão do polícia do Capitólio Brian Sicknick, que morreu depois do ataque de 06 de janeiro.
Ruth Chiari, de 78 anos, de Charlottesville, no estado da Virgínia, participava no comício com o marido para "apoiar a democracia", e enquanto esperava na fila para entrar no evento, sentenciou: "Ou teremos um autocrata ou teremos liberdade".
O último discurso da vice-presidente está em preparação há semanas, mas os conselheiros esperavam que a sua mensagem tenha mais impacto depois do comício de Trump, no domingo, no Madison Square Garden, em Nova Iorque, onde os oradores lançaram insultos cruéis e racistas.
Harris disse que o ex-presidente "está focado e realmente fixado nas suas queixas, em si próprio e em dividir" o país.
"Ao contrário de Donald Trump, não acredito que as pessoas que discordam de mim sejam o inimigo", afirmou Harris. "Ele quer colocá-los na prisão. Vou dar-lhes um lugar à minha mesa. E prometo ser uma Presidente para todos os americanos. Para colocar sempre o país acima do partido e acima mim própria", assegurou.
Os conselheiros de Harris, muitos dos quais também aconselharam a campanha de Biden antes de este desistir, ainda acreditam que centrar a disputa em quem é Trump e em como é diferente será a mensagem mais forte para os eleitores.
"Ela já apresentou o seu caso, apresentou as provas. Ela está a apresentar um resumo esta noite e tem fé na sabedoria do júri", disse Michael Tyler, diretor de comunicação da campanha da antiga procuradora-geral da Califórnia.
Biden disse na terça-feira que não vai comparecer ao discurso de Harris porque o evento é "para ela", mas planeava vê-lo na televisão.
Detetada crescente atividade na Darknet sobre eleições nos EUA
A Fortinet detetou um aumento de atividade na Darknet, parte oculta da Internet onde são praticadas grande parte de atividades ilegais, focada nas eleições presidenciais norte-americanas de 05 de novembro, divulgou hoje a empresa de cibersegurança.
Esquemas de 'phishing' direcionados aos eleitores, domínios maliciosos que se fazem passar por candidatos e outras ameaças destinadas a explorar vítimas desprevenidas estão a ganhar destaque à medida que se aproxima o ato eleitoral, revela o 'Relatório de Inteligência de Ameaças dos Laboratórios Fortiguard: Atores de Ameaça focados nas Eleições Presidenciais dos EUA de 2024', da Fortinet.
Este documento analisa as ameaças relacionadas com entidades nos EUA e o processo eleitoral.
Entre as várias conclusões incluem-se esquemas de 'phishing' dirigidos aos eleitores em vésperas das eleições presidenciais, com os "atores de ameaça" a vender 'kits' de 'phishing' acessíveis na 'darknet', desenvolvidos para visar eleitores e possíveis doadores, fazendo-se passar pelos próprios candidatos presidenciais e as suas campanhas, e o aumento dos registos de domínios maliciosos.
De acordo com os dados, cada 'kit' de 'phising' está a ser vendido por 1.260 dólares (cerca de 1.165 euros, à taxa de câmbio atual).
"Desde o início de 2024, foram registados mais de 1.000 novos domínios potencialmente maliciosos, que seguem padrões específicos e incorporam conteúdos relacionados com as eleições e candidatos, sugerindo que os atores de ameaça estão a aproveitar o interesse crescente em torno das eleições para atrair alvos desprevenidos e possivelmente realizar atividades de cariz malicioso", lê-se no documento.
Além disso, "milhares de milhões de registos dos EUA estão à venda em fóruns da 'darknet', incluindo números da Segurança Social, informações pessoais identificáveis (PII) e credenciais que poderiam ser usadas em campanhas de desinformação, bem como para atividades fraudulentas, esquemas de 'phishing' e roubo de contas".
Cerca de "3% das publicações em fóruns da 'darknet' envolvem bases de dados relacionadas com entidades empresariais e governamentais", adianta o relatório, que destaca também que "os investigadores dos Laboratórios FortiGuard registaram um aumento de 28% nos ataques de 'ransomware' contra o governo dos EUA, ano após ano, com base nos 'sites' observados".
"À medida que se aproxima a eleição presidencial dos EUA de 2024, torna-se fundamental reconhecer e entender quais as ciberameaças que podem afetar a integridade e a confiança neste processo eleitoral e o bem-estar dos cidadãos envolvidos", afirma o responsável sobre a estratégia de segurança ('chief secturity strategist' e VP 'of global threat intelligence) da Fortinet, citado em comunicado.
"Cibercriminosos, incluindo atores patrocinados por Estados e grupos 'hacktivistas', estão cada vez mais ativos, neste período que antecede um evento desta dimensão. Mantermo-nos alerta, identificar e analisar possíveis ciberameaças e vulnerabilidades é crucial para nos prepararmos e protegermos contra estratégias maliciosas que podem aproveitar este momento crítico para perturbar ou influenciar os resultados eleitorais", acrescenta o responsável.
Este relatório fornece uma análise das ameaças observadas de janeiro a agosto de 2024 e procura examinar o conjunto alargado de ciberameaças que podem afetar entidades sediadas nos EUA e o processo eleitoral, lê-se no comunicado.
Segurança apertada na votação de alto risco de Fulton County
O candidato republicano às eleições norte-americanas, Donald Trump, continua sem reconhecer a derrota eleitoral de 2020 e, caso a acusação de fraude eleitoral se repita este ano, o condado de Fulton, na Georgia, deverá ser invocado.
A vitória de Joe Biden na Georgia nas presidenciais de 2020 foi decisiva para a derrota de Donald Trump, mas a curta margem da mesma (perto de 12 mil votos, uma fração dos de Fulton), levou a que este rejeitasse os resultados e iniciasse um processo de contestação que foi derrotado nos tribunais, mas culminou no violento assalto ao Capitólio pelos seus apoiantes em janeiro de 2021.
Quatro anos depois, Trump continua sem reconhecer que perdeu as eleições, quando a campanha entra numa tensa reta final.
A Lusa visitou nos últimos dias três das 44 mesas de voto em Fulton, na cidade de Atlanta, onde a votação antecipada termina na sexta-feira.
Em todas, a afluência era significativa e ordeira, com grande quantidade de pessoal e segurança reforçada.
Na mesa de voto da biblioteca Buckhead Library, Regina Waller, responsável de comunicação do condado, relatou à Lusa que 325 mil pessoas já votaram antecipadamente na zona.
"A votação antecipada está a correr de maneira fenomenal", disse Waller. Na mesma altura, responsáveis da Administração Eleitoral da Georgia, cerne da disputa eleitoral que envolve a votação, efetuava uma vistoria.
Comparado com o arranque da votação em 2016, a afluência mais do que triplicou: de 15 mil no primeiro dia em 2016, para 45 mil este ano e "os números continuam a subir", segundo Waller.
Segundo dados oficiais, até ao início da semana votaram em todo o estado da Georgia perto de três milhões de eleitores, 40% do total.
Devido à contestação republicana em 2020, os votos da Geórgia para a presidência foram contados três vezes, incluindo uma vez manualmente.
Todas confirmaram a vitória do democrata Joe Biden.
Recontagens, revisões e auditorias nos outros estados decisivos também confirmaram claramente a derrota de Trump.
Embora o condado de Fulton tenha admitido a duplicação da leitura de algumas cédulas durante uma recontagem em 2020, não é certo se os erros beneficiaram qualquer dos candidatos.
Em relação a 2020, o processo de votação no estado é o mesmo: o eleitor apresenta identificação, geralmente carta de condução, e após esta ser verificada é-lhe entregue um cartão verde com um chip, com que pode dirigir-se à máquina de votação. Nesta, o eleitor faz a escolha num ecrã tátil e a máquina imprime no final um boletim que é depois levado para um "scanner", para contagem automática. Os vários registos tornam quase impossível a fraude.
Ainda assim, em agosto passado os republicanos na comissão eleitoral anunciaram a intenção de reabrir a investigação à contagem de 2020.
John Fervier, o presidente (republicano) da Administração Eleitoral da Georgia, tem sido crítico dos seus colegas de partido no organismo.
"Faço questão de falar com os observadores eleitorais e não tive uma única queixa deles, republicanos ou democratas. Todos descrevem como o processo tem sido fluído e para nós tudo tem funcionado muito bem", disse Fervier no final da vistoria à mesa de Buckhead.
A Lusa visitou ainda uma mesa num dos principais museus de arte moderna de Atlanta e outra num centro comunitário numa zona do subúrbio da cidade, em ambos os casos observando apenas avisos a alguns eleitores para que não usassem o telemóvel dentro da sala, o que é proibido.
Do lado republicano, prossegue contudo o tema da suposta fraude, explorado com intensidade.
Num comício de Donald Trump próximo da biblioteca Buckhead, na segunda-feira, diversos eleitos locais do partido alertaram para uma possível fraude nas eleições deste ano.
Num vídeo passado duas vezes antes do início do comício, como testemunhou a Lusa, o próprio ex-Presidente apelava à vigilância dos eleitores nas mesas de voto e afirmava que "a única coisa que eles [democratas] sabem fazer é aldrabar".
Confrontada pela Lusa com estas afirmações, Regina Waller evitou responder diretamente, mas assegurou que não há razões para tal.
"Não houve fraude provada da última vez. Lutamos por um processo claro e transparente. Fizemo-lo em 2020 e estamos a fazê-lo novamente este ano", afirmou à Lusa.
Geneva Jones, responsável da mesa de voto de um centro recreativo no sul do condado, também relatou afluência muito acima de outras eleições, cerca de quatro mil votos em duas semanas.
Com a retórica eleitoral bastante inflamada, têm-se registado alguns incidentes em mesas de voto, como esta semana no estado de Washington (noroeste), onde um homem incendiou mesas de voto.
Essa é uma preocupação adicional para Regina Waller, até porque no dia das eleições, 05 de novembro, as mesas de voto abertas serão 177, o quádruplo das de voto antecipado, e a afluência será ainda maior. O pessoal das mesas, relatou, tem tido treino de segurança.
Harris e Trump cruzam caminhos de campanha na Carolina do Norte
A candidata democrata à presidência norte-americana, Kamala Harris, começa hoje o dia num comício na Carolina do Norte, estado decisivo para o desfecho das eleições de 05 de novembro, onde também estará o rival republicano Donald Trump.
Trump deverá centrar o seu discurso em Rocky Mount na componente económica, num estado em que inquéritos revelam que mais de metade dos eleitores elegeu a inflação como o principal problema político para o próximo Presidente.
A campanha do republicano tem usado os tempos de propaganda televisiva com 'spots' que lembram que os habitantes da Carolina do Norte pagam cerca de mais 100 euros por mês do que o ano passado para colocar comida na mesa, acusando o Presidente democrata Joe Biden de incompetência no controlo da inflação.
As sondagens indicam que Harris e Trump estão literalmente empatados neste estado crucial - 46% contra 46% - com apenas 4% do eleitorado a mostrar-se indeciso e outros 4% a anunciar o seu voto em outros candidatos.
No Wisconsin, outro estado fulcral para o desfecho eleitoral, Harris vai aparecer mais tarde ao lado de um elenco musical diversificado, com nomes como Gracie Abrams, Remi Wolf, Mumford & Sons, e Aaron Dessner e Matt Berninger da banda The National.
Este alinhamento faz parte da estratégia de reta final da campanha democrata para tentar apelar ao voto jovem, acreditando que estes momentos musicais irão atrair essa franja de eleitorado aos comícios de Harris.
Em Madison, a candidata democrata estará em ambiente amigável, já que o comício se realiza numa área progressista do estado, onde a Universidade de Wisconsin contribui com uma parte significativa do voto no seu partido.
Harris prossegue também com a estratégia de tentar cativar o voto de republicanos moderados, que podem estar desalinhados com Trump como razão para "passar o muro" para o lado democrata.
Depois de ter aparecido ao lado de Liz Cheney - antiga secretária de Estado adjunta no Governo do Presidente republicano George W. Bush e filha mais velha do ex-vice-Presidente Dick Cheney - agora é a vez de Barbara Bush, uma das filhas deste Presidente Bush, anunciar o apoio a Kamala Harris.
A uma semana das eleições, Barbara Bush, que se define como independente, mostrou-se entusiasmada com a forma como Harris procura defender os direitos das mulheres e manifestou-lhe o seu apoio político.
Harris e Trump estão hoje ambos no estado do Nevada
Os dois candidatos às eleições presidenciais dos EUA vão estar hoje ambos no estado do Nevada, onde o republicano Donald Trump leva vantagem nas sondagens sobre a democrata Kamala Harris.
A cinco dias das eleições de 05 de novembro, a candidata democrata vai também estar no vizinho estado do Arizona, num longo dia de muitas paragens, quando a sua campanha está ocupada a tentar minimizar os danos de uma polémica declaração do Presidente Joe Biden, que classificou alguns dos apoiantes de Trump como "lixo" (em resposta a um comentário de um comediante num comício republicano, classificando Porto Rico como uma "ilha de lixo").
Trump tem cavalgado esta polémica nas últimas horas e dificilmente deixará de o fazer de novo hoje, quando chegar a Henderson, no Nevada, com uma plateia de eleitores de zonas rurais, que frequentes vezes se queixam de ser negligenciados pelo poder estabelecido em Washington.
Harris voltará a aparecer em Phoenix, Arizona, rodeada de estrelas do espetáculo, como tem feito nos últimos dias, desta vez ao lado da banda mexicana Los Tigres del Norte, antes de seguir para Las Vegas, no Nevada, para se juntar a Jennifer Lopez.
Qualquer uma destas escolhas musicais tem a ver com a preocupação da candidata democrata de chegar aos eleitores latinos indecisos, que podem ser relevantes para o desfecho final das eleições naqueles dois estados.
Para não abandonar os estados cruciais na costa leste, os democratas enviam hoje o candidato a vice Tim Walz para a Pensilvânia, antes de seguir para o Michigan na sexta-feira, com uma agenda preenchida desde a madrugada até à noite.
Os 'media' norte-americanos têm noticiado que Trump deverá intensificar o seu discurso de receio de "fraude eleitoral", apelando aos eleitores para estarem "ativos e vigilantes" nas suas comunidades, para "evitar que os democratas nos roubem a eleição".
Republicanos confiantes na vitória no estado decisivo do Arizona
No centro histórico de Yuma, Arizona, a 14 quilómetros do controlo de fronteira com o México, a sede de campanha de Donald Trump é o epicentro da ofensiva republicana numa parte crucial do estado que ele tem de ganhar para chegar à Casa Branca.
"Todos a bordo no comboio de Trump", mostra um cartaz gigantesco na montra do espaço, onde os voluntários do grupo Trump Force 47 organizam as suas ações de campanha no condado de Yuma.
"O grupo Trump Force 47 está na rua a bater às portas e à procura dos eleitores de baixa propensão, aqueles que não votaram nas últimas duas eleições", disse à Lusa Bill Regenhardt, um dos voluntários na sede do Partido Republicano do Condado de Yuma. "É uma estratégia chave para nós, de forma a ativar esses eleitores e levá-los a votar".
Regenhardt disse que o escritório do partido, localizado numa parte mais nova da cidade, tem tido um corrupio de eleitores a pedir informação, apoio e cartazes alusivos à campanha de Donald Trump. Inclusive democratas que mudaram a sua filiação para o partido republicano.
"Temos muito mais republicanos registados aqui no condado de Yuma do que democratas, o que é bom", referiu. O partido está confiante na vitória de Trump e dos republicanos nos cargos locais, mas não quer tomar nada como garantido, daí a forte aposta em campanhas de recenseamento e envolvimento com os eleitores.
Em 2020, Yuma votou em Donald Trump, mas a diferença para Joe Biden não foi gigantesca, refletindo a viragem à esquerda do Arizona nesse ano que surpreendeu o candidato republicano.
Agora, para convencer os eleitores a votarem em força no ex-presidente os conservadores apostam no impacto da crise da imigração na fronteira sul e na elevada inflação. Trump leva 1,9 pontos de vantagem sobre Harris no agregado de sondagens da plataforma FiveThirtyEight.
"Estamos muito perto da fronteira com o México, por isso a imigração é o principal tema para nós. E depois, é claro, a economia", explicou Regenhardt.
O que os eleitores de Yuma querem, disse o republicano, é tornar a fronteira mais segura. "Quando veem milhares de imigrantes ilegais a atravessarem a fronteira, as pessoas ficam preocupadas", afirmou. "Estando tão perto, a segurança é uma das preocupações".
Foi isso que disse à Lusa a eleitora republicana Sophia, de 51 anos, que pretende votar presencialmente no dia 05 de novembro e vai usar a caneta para tentar eleger todos os candidatos republicanos no boletim.
"Não quero fronteiras abertas", afirmou. "Quero que entrem legalmente", continuou a cidadã norte-americana, que no passado trabalhou como voluntária na campanha de George W. Bush.
"Gostaria que a fronteira fosse fechada e que quando alguém quer entrar seja primeiro verificado para ver se é bom", salientou, indicando que sem uma política rígida é impossível perceber se quem entra está a trazer drogas ou tem intenções nefastas.
"Sinto que isto é o momento final, ou vamos por um lado ou pelo outro", afirmou ainda, acrescentando que a questão do aborto também influencia a sua decisão de voto. "Não quero abortos e não quero nenhum estado a usar o dinheiro dos impostos para pagar abortos".
Os abortos nos estados onde ainda é legal obtê-los não têm financiamento do governo federal devido à Hyde Amendment de 1977, que proíbe o uso de fundos federais para pagar o procedimento.
Mas é a questão da fronteira que se revela mais importante, de tal forma que a candidata a senadora Kari Lake fez um evento no centro histórico de Yuma na mesma semana que o senador democrata Mark Kelly e a ex-embaixadora nas Nações Unidas Susan Rice. Yuma é um dos símbolos da forma oposta como os dois partidos encaram a questão da imigração.
"Quero ver segurança na fronteira", declarou Lake, culpando o oponente Ruben Gallego e a vice-presidente Kamala Harris por uma alegada política de "fronteiras abertas" que está a gerar problemas com a imigração ilegal.
"Quando o presidente Trump tomar posse, vamos ter segurança na fronteira", continuou. "E eu sei que as pessoas deste país estão prontas", considerou, apelando a que seja completado o muro na fronteira sul e que seja reinstaurada a política de Trump que obrigava os requerentes de asilo a permanecer no México até à data da audiência em tribunal.
Democratas tentam conter onda vermelha a formar-se no Arizona
Na última semana antes das eleições, ainda há autocarros que trazem voluntários democratas de Los Angeles para cidades estratégicas no Arizona - como Tucson, Phoenix e Yuma - para tentar convencer eleitores a votar no partido a 05 de novembro.
É uma estratégia de tudo por tudo dos democratas na tentativa de conter a onda vermelha que se espera no Arizona. As sondagens estão renhidas, mas Donald Trump tem uma das vantagens mais consistentes face a Kamala Harris neste estado do "sun belt", a faixa de estados onde se perdem e ganham as chaves para a Casa Branca.
O ex-presidente tem mais 1,9 pontos percentuais que Harris no agregado FiveThirtyEight (48,7% contra 46,8%), sendo que nenhuma sondagem recente coloca a democrata por cima.
"Acho que vai ser difícil para Harris ganhar o Arizona, mas Biden ganhou por pouco mais de 10.000 votos, o que significa por volta de seis votos em cada distrito", disse à Lusa o luso-americano Afonso Salcedo, que viajou da Califórnia para o Arizona como voluntário para ir bater às portas.
"A maior parte dos indecisos com quem falámos ainda não estavam convictos sobre o Ruben Gallego (congressista democrata), mas tinham mais certeza sobre Kamala Harris", partilhou.
Não são propriamente boas notícias, porque mesmo que não consigam impedir uma vitória de Trump, os democratas querem que pelo menos seja possível ganhar o lugar no Senado que está a ser disputado entre Kari Lake, acérrima defensora do trumpismo que perdeu as eleições para governadora em 2022, e Ruben Gallego, congressista que tem conseguido formar uma coligação de apoio muito relevante.
As sondagens dão vantagem ao democrata, 53% contra 45% da republicana, sendo que o partido não conseguirá manter o controlo do Senado sem este lugar crucial.
Na semana passada, o senador Mark Kelly e a ex-embaixadora nas Nações Unidas Susan Rice estiveram em Yuma para um evento de campanha, durante o qual frisaram a necessidade de bater às portas em todo o estado e levar mais pessoas a votar.
"Um dos problemas que afeta este condado é a fronteira e nós tivemos a oportunidade de aprovar um pacote para reforçar a segurança", disse o senador Mark Kelly, referindo que a legislação contemplava a contratação de mais agentes para a patrulha e um aumento dos vencimentos.
"Não conseguimos fazer isso porque Donald Trump disse aos republicanos que não podiam votar nesta legislação", lembrou. "Ele matou o pacote e isso afeta as pessoas no condado de Yuma".
O evento aconteceu no café Cafecito, no centro histórico de Yuma, onde o dono Travis Krizay tem tentado criar um espaço de proximidade numa comunidade dividida.
"Para muitas pessoas neste momento, a identidade política está a tornar-se na sua própria identidade", disse à Lusa Krizay, que se identifica como democrata. "Estou pronto para que isso acabe", frisou, referindo que quer continuar a partilhar espaços e a "partir pão" com os vizinhos, mesmo que não concorde com eles.
"A fronteira é um problema, é algo que vemos diariamente", indicou o empresário. "Definitivamente vimos um fluxo de pessoas, imigrantes, a chegar".
Mas, para Krizay, há mais afinidade do que diferenças entre as comunidades fronteiriças. "Sinto-me culturalmente mais ligado às pessoas que vêm do outro lado da fronteira do que com alguém do Iowa", exemplificou.
Na eleição anterior, o empresário viu "muito mais azul", cor do Partido Democrata, do que alguma vez tinha visto no Arizona. Desta vez, não tem certeza do que vai acontecer mas tem um plano para votar pessoalmente: "Quero receber o autocolante", gracejou, referindo-se ao emblema que os eleitores recebem a dizer "Eu votei" quando vão presencialmente às urnas de voto.
Para Afonso Salcedo, que vota democrata, a experiência a bater às portas no Arizona rendeu algum otimismo, ainda que as notícias em torno do estado sejam pessimistas. "É impressionante a diferença que um voto pode fazer nestas eleições".
Republicano, Arnold Schwarzenegger revela que vai votar em Kamala Harris
O ator revelou que, apesar de não concordar com as propostas atuais dos dois partidos, vai votar nos democratas.
Arnold Schwarzenegger revelou publicamente a sua intenção de voto nas presidenciais norte-americanas que acontecem no dia 5 de novembro.
"Não costumo apoiar candidatos. Não tenho problemas em partilhar a minha opinião, mas odeio política e não confio na maior parte dos políticos. Mas, também percebo que as pessoas querem ouvir a minha perspetiva porque não sou só uma celebridade, sou antigo governador republicano", começou por referir o ator numa publicação feita na sua conta da plataforma X, na quarta-feira, dia 30 de outubro.
Após explicar que não "gosta de nenhum dos partidos no momento", Schwarzenegger diz ser "sempre um americano, antes de ser republicano".
"É, por isso, que, esta semana, vou votar em Kamala Harris e Tim Walz. Estou a partilhar isto com todos vocês porque acredito que há muitos de vós que sentem o mesmo que eu. Não reconhecem o vosso país. E é legítimo sentirem-se furiosos", continua.
"[Senão] serão só mais quatro anos de mentiras, sem resultados, a não ser fazer com que estejamos cada vez mais zangados, divididos e cheios de ódio."