Os Protocolos dos Sábios de Sião
Os Protocolos dos Sábios de Sião ou Os Protocolos de Sião é um texto surgido, originalmente, em idioma russo, forjado em 1897 pela Okhrana (polícia secreta do Czar Nicolau II), que descrevia um suposto projecto de conspiração para que os judeus atingissem a "dominação mundial". O texto foi traduzido do original para vários idiomas. Segundo os historiadores, o seu propósito era político: reforçar a posição do Czar Nicolau II da Rússia, apresentando alguns de seus oponentes como aliados de uma gigantesca conspiração para a conquista do mundo.
O texto tem o formato de uma acta, que teria sido redigida por uma pessoa num Congresso realizado a portas fechadas, numa assembleia em Basileia (Suíça), no ano de 1807, onde um grupo de sábios judeus e maçons supostamente teriam reunido para estruturar um esquema de dominação mundial. Nessa reunião, teriam sido formulados os seguintes planos:
- Usar uma nação europeia forte em termos militares e económicos, sobre os outros.
- Controlar o ouro e as pedras preciosas.
- Criar uma moeda amplamente aceite que estivesse sob seu controle.
- Confundir os "não escolhidos" com números económicos e físicos.
- Criar caos e pânico tal que fossem capazes de fazer com que os países criassem uma organização supranacional capaz de interferir em países rebeldes.
Numerosas investigações repetidamente provaram tratar-se de um embuste, especialmente uma série de artigos do "The Times of London", de 16 a 18 de Agosto de 1921, o que leva a crer que muito do material utilizado no texto era falso da autoria de Serge Nilus ou Serguei Nilus derivado de sátiras políticas existentes (principalmente do livro "O Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu", do escritor Maurice Joly, publicado em 1865), que não focava a questão do anti-semitismo. Em 1920, Lucien Wolf publicara "The Jewish Bogey and the Forged Protocols of the Learned Elders of Zion". Segundo estas investigações, a base da história dos Protocolos, como circula desde então, foi criada por um novelista alemão anti-semita, chamado Hermann Goedsche que usou o pseudónimo de Sir John Retcliffe. A contribuição original de Goedsche consistiria na introdução dos judeus como os conspiradores para a conquista do mundo. O jornal "The New York Times" republicou os textos, a 4 de Setembro de 1921.
Os Protocolos foram publicados nos E.U.A. no "Dearborn Independent", um jornal de Michigan, cujo proprietário era Henry Ford, que ao mesmo tempo publicaria uma série de artigos coligidos mais tarde num livro intitulado "O Judeu Internacional". Mesmo após as denúncias, por parte de toda a imprensa, de fraude, o jornal continuou a citar o documento. Adolf Hitler e seu Ministério da Propaganda citaram os Protocolos para justificar a necessidade do extermínio de judeus mais de 10 anos antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo a retórica nazista, a "conquista do mundo pelos judeus", descoberta pelos russos em 1897, estava obviamente sendo ainda levada a cabo 33 anos depois. No Brasil, Gustavo Barroso, advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro, director do Museu Histórico Nacional, presidente da Academia Brasileira de Letras por duas vezes e membro do movimento nacionalista Acção Integralista Brasileira, publicou pela Editora Civilização Brasileira a primeira tradução em português dos Protocolos do Sião. Os Protocolos foram publicados simultaneamente na Inglaterra (Eyre & Spottiswoode Publishers) e na Alemanha (Verlag Charlottenburg), transcrevendo de forma grosseira determinadas ideias anti-semitas difundidas por Serge Nilus (ainda que o livro, em momento algum, pregue qualquer tipo de agressão física ou moral ao povo semita).
Em 1931, Anton Idovsky, um velho e desencantado monarquista, disse ter forjado os Protocolos, simplesmente porque um judeu, gerente de um banco, lhe havia recusado um empréstimo. Idovsky afirmou ter copiado as ideias centrais do livro de Joly. A história teria sido encerrada. Mas dois anos mais tarde, em 1933, Adolf Hitler subiu ao poder, na Alemanha, e utilizou esta obra, para através da doutrina nazi, e perante o meio intelectual alemão, justificar o extermínio de seis milhões de judeus nos campos de concentração. Mas desde a divulgação do suposto "Os Protocolos dos Sábios de Sião", estas teorias de conspiração foram se tornando cada vez mais complexas. O facto de Karl Marx ter nascido numa família judaica, junto à origem judaica de proeminentes líderes comunistas, permitiu acrescentar à conspiração movimentos sindicais e socialistas, membros de sua ideologia. A Maçonaria recebeu condenação papal desde o século XVIII, pelo seu suposto papel na formação das chamadas Revoluções Liberais, especialmente dos primeiros ciclos (Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, Revoluções de 1820). A sua condição de sociedade secreta excitava a imaginação, e levava a todos os tipos de fantasias na época romântica.