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Surdos: Falta de intérpretes dificulta acesso a serviços
Portugal é um País onde as queixas de falta de intérpretes de Língua Gestual Portuguesa e de sensibilidade dos ouvintes continuam a revelar os entraves no acesso dos deficientes auditivos a serviços essenciais.
Surdo desde os 8 anos, Carlos Graça tinha consulta marcada num hospital em Lisboa, mas o médico «recusou-se» a examiná-lo, porque não ia acompanhado por um intérprete. «Não é fácil arranjar», frisa o reformado, de 65 anos, que consegue expressar-se oralmente, mas não ouve, acrescentando que marcou uma nova consulta para 13 de Novembro e que, ao pedido de uma intérprete, foi dada resposta negativa.
A ausência também de tradutora, em cima da hora, levou José Nascimento, de 62 anos e surdo profundo desde os dois, a desistir de uma consulta no centro de saúde. «Estive à espera da intérprete, mas não apareceu. Fui-me embora, porque estava consciente de que a comunicação [com o médico] não era possível», afirma, em declarações traduzidas pela intérprete Ana Fernandes, da Associação Portuguesa de Surdos, que apenas tem duas tradutoras para mais de 700 associados.
Os casos relatados na primeira pessoa inicidem na Saúde, área para a qual, ao contrário da Justiça, não há, e nem estão previstos, a curto prazo, acordos com o Estado que garantam o serviço de intérpretes nas deslocações a hospitais ou centros de saúde, conforme confirmou a Direcção-Geral de Saúde. Contudo, a Associação Portuguesa de Surdos, com sede em Lisboa, e a Associação de Surdos do Porto apontam outros casos de «apuros»: quando o surdo, sozinho, pretende, por exemplo, abrir uma conta bancária ou pedir o subsídio de desemprego e a pensão social e não consegue porque não é compreeendido.
«E é muita rara a situação em que uma empresa pede um intérprete para apoiar um surdo em formação profissional ou adaptação no emprego», adianta Ana Baltazar, intérprete da Associação de Surdos do Porto, lamentando a «falta de vontade» do Estado «em colocar» profissionais como ela nos serviços de atendimento público.
Em Portugal, segundo os dados mais recentes disponíveis, que se reportam ao Censos de 2001, há 84.172 deficientes auditivos. Não se sabe ao certo quantos intérpretes de Língua Gestual Portuguesa estão no activo. O seu registo estatístico não existe. Mas Estado e surdos são os primeiros a admitirem que são poucos para cobrir necessidades básicas como uma ida ao médico, ao centro de emprego ou segurança social, cuja obrigatoriedade do acompanhamento de um tradutor não está definida por lei, ao contrário do ensino.
Portugal é um País onde as queixas de falta de intérpretes de Língua Gestual Portuguesa e de sensibilidade dos ouvintes continuam a revelar os entraves no acesso dos deficientes auditivos a serviços essenciais.
Surdo desde os 8 anos, Carlos Graça tinha consulta marcada num hospital em Lisboa, mas o médico «recusou-se» a examiná-lo, porque não ia acompanhado por um intérprete. «Não é fácil arranjar», frisa o reformado, de 65 anos, que consegue expressar-se oralmente, mas não ouve, acrescentando que marcou uma nova consulta para 13 de Novembro e que, ao pedido de uma intérprete, foi dada resposta negativa.
A ausência também de tradutora, em cima da hora, levou José Nascimento, de 62 anos e surdo profundo desde os dois, a desistir de uma consulta no centro de saúde. «Estive à espera da intérprete, mas não apareceu. Fui-me embora, porque estava consciente de que a comunicação [com o médico] não era possível», afirma, em declarações traduzidas pela intérprete Ana Fernandes, da Associação Portuguesa de Surdos, que apenas tem duas tradutoras para mais de 700 associados.
Os casos relatados na primeira pessoa inicidem na Saúde, área para a qual, ao contrário da Justiça, não há, e nem estão previstos, a curto prazo, acordos com o Estado que garantam o serviço de intérpretes nas deslocações a hospitais ou centros de saúde, conforme confirmou a Direcção-Geral de Saúde. Contudo, a Associação Portuguesa de Surdos, com sede em Lisboa, e a Associação de Surdos do Porto apontam outros casos de «apuros»: quando o surdo, sozinho, pretende, por exemplo, abrir uma conta bancária ou pedir o subsídio de desemprego e a pensão social e não consegue porque não é compreeendido.
«E é muita rara a situação em que uma empresa pede um intérprete para apoiar um surdo em formação profissional ou adaptação no emprego», adianta Ana Baltazar, intérprete da Associação de Surdos do Porto, lamentando a «falta de vontade» do Estado «em colocar» profissionais como ela nos serviços de atendimento público.
Em Portugal, segundo os dados mais recentes disponíveis, que se reportam ao Censos de 2001, há 84.172 deficientes auditivos. Não se sabe ao certo quantos intérpretes de Língua Gestual Portuguesa estão no activo. O seu registo estatístico não existe. Mas Estado e surdos são os primeiros a admitirem que são poucos para cobrir necessidades básicas como uma ida ao médico, ao centro de emprego ou segurança social, cuja obrigatoriedade do acompanhamento de um tradutor não está definida por lei, ao contrário do ensino.
DD