PJ persegue pista de um grupo raptor
Equipas da Polícia Judiciária percorreram nos últimos dias os arredores da Praia da Luz, onde Madeleine foi raptada, com uma foto de dois homens e uma mulher numa estação de serviço perto de Lagos. Os investigadores suspeitam do envolvimento do grupo no crime.
A imagem foi mostrada em lojas, cafés e restaurantes na esperança de que surgissem informações que permitam reconstituir os passos dos suspeitos antes e depois do rapto da menina. A imagem captada na estação de serviço terá ainda fornecido à Polícia Judiciária a matrícula de um carro – uma matrícula britânica, números e letras pretas em fundo amarelo, que já foi divulgada pelas polícias europeias através da Interpol.
O rapto terá sido executado por um dos homens com a cumplicidade dos outros dois – era esta, pelo menos, a convicção dos investigadores da PJ que, ontem durante todo o dia exibiram a foto em estabelecimentos comerciais dos arredores da Praia da Luz, nomeadamente em Lagos, Burgau e Sagres.
Madeleine McCann foi raptada do apartamento onde dormia com os irmãos gémeos mais novos, no Ocean Clube, Praia da Luz, na quinta-feira, dia 3 de Maio. Na segunda-feira anterior, 30 de Abril, um casal com ar britânico foi surpreendido a fotografar crianças na Praça da República, em Sagres. Um português de férias nesta vila, pai de uma menina muito parecida com Madeleine, correu para o fotógrafo a pedir-lhe explicações – e o homem fugiu: meteu-se no carro com uma mulher que o acompanhava e arrancou. O pai da menina fotografada não conseguiu ver a matrícula: sacou do telemóvel equipado com câmara e fotografou o casal em fuga.
Quando soube do rapto de Madeleine, ali a escassos quilómetros, telefonou à Polícia Judiciária. Foi ouvido com atenção nas instalações da PJ de Portimão e contou tudo. Os investigadores ficaram com as fotos do casal captadas pela câmara do telemóvel. As imagens, porém, não têm qualidade.
Este homem, emigrante na Alemanha e de férias em Sagres, voltou a falar com a PJ. Os investigadores procuraram-no e mostraram-lhe a fotografia onde se vê dois homens e uma mulher numa estação de serviço de Lagos. Não teve a mais pequena dúvida em identificar um dos homens e a mulher como o casal que surpreendera a fotografar crianças em Sagres.
Os inspectores da PJ têm estes e outros suspeitos na mira. A informação recolhida sobre o comportamento e passos dos suspeitos já está a ser estudada por três especialistas britânicos que anteontem chegaram ao Algarve. Um deles é o profiler Joe Sullivan, conceituado detective da polícia britânica especializado em traçar perfis psicológicos dos autores dos crimes – que podem conduzir à identificação dos suspeitos.
RETRATO- ROBÔ
Comerciantes da Praia da Luz reconstituíram de memória para o CM o retrato-robô que a PJ lhes exibiu. Mostra a forma oval da cabeça do suspeito – cabelo liso, risco à direita, franjas afastadas para os lados. Dá a falsa impressão, de tão tosco, que não serve para nada. Mas pode ser fundamental porque, segundo fonte da PJ, permite comparar a cabeça com a de pedófilos referenciados pela polícia britânica.
TÁXI INTERCEPTADO PEÇA GUARDIA CIVIL ESPANHOLA
Um táxi português, que transportava um casal e uma menina, foi ontem de manhã interceptado pela Guardia Civil espanhola, na Isla Canela, Andaluzia. O alerta partiu da autoridades portuguesas, ao suspeitaram que a criança seria a pequena Madeleine, mas era falso alarme, assim como um babete encontrado no lixo do Ocean Club. E o dia ficou mais uma vez marcado por buscas em volta da Praia da Luz.
Um primeiro taxista a ser contactado em Albufeira pelo casal estrangeiro recusou prestar o serviço, apurou o Correio da Manhã, desconfiando estar perante a menina desaparecida na Praia da Luz. E decidiu então telefonar para a GNR – mas os suspeitos partiram com um colega seu em direcção a Espanha.
As autoridades portugueses puseram-se “de imediato em campo”, apurando que o casal em causa chegara ao Algarve na véspera e que tinham oito dias de férias marcados, pelo que seria estranho já estarem de saída do nosso País. A Polícia pediu apoio à Guardia Civil espanhola e o táxi foi interceptado na Isla Canela. Identificados os suspeitos, a criança não era afinal a pequena Maddie.
Ainda ontem, pouco passava das 13h30 quando um militar da GNR saiu a correr do ‘Ocean Club’, o aldeamento onde a criança foi raptada há uma semana, com um babete na mão. Foi encontrado dentro do lixo por uma funcionária, que não mexeu e chamou a Polícia.
Deixou ficar à Judiciária um contacto, no caso de os inspectores terem dúvidas – e o militar recolheu ao posto móvel. Mas sabe-se que Maddie dormia no momento em que foi levada, estava descalça e só vestia um pijama, pelo que aquela peça de roupa não é sua e a pista está já descartada. Até porque, de qualquer forma, o pequeno babete foi transportado em mãos para o posto móvel, não sendo retirado do lixo para um saco fechado.
In Correio da Manhã