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In Memoriam
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73ª Volta a Portugal - A Volta e os seus heróis
Não há Agosto sem a Volta" é o lema de mais uma edição da prova rainha do calendário velocipédico nacional. E é bem verdade. A competição que faz Portugal aproximar-se das beiras das estradas para ver o pelotão passar tem uma rica história para contar. E como todas elas, começa por "era uma vez..."
Era uma vez três jornalistas que, para além da profissão, tinham em comum o apelido: Oliveira, conforme escreve Guita Júnior no seu "História da Volta". Eram eles Raúl de Oliveira, Cândido de Oliveira e Mário de Oliveira. Motivados pela paixão da modalidade e pelos ventos de mudança, acabaram por promover aquela que se mantém até hoje como a prova das provas. Nos finais de 1926, entusiasmados pelo alvoroço de uma volta ao país a cavalo e também pelos ecos que chegavam do Tour de França, Cândido de Oliveira, então diretor de "Os Sports", expôs a ideia de uma Volta a Portugal em bicicleta à empresa proprietária do jornal, que posteriormente foi aceite. Foi o passo definitivo e em 1927, as bicicletas estavam na estrada para a primeira edição, ganha por António Augusto Carvalho.
Do nascimento até se tornar um fenómeno popular de relevo nacional foi um passo. Um passo rápido e firme. Até porque as vicissitude de um país e mundo em convulsão ditou que a adesão fosse crescendo com o tempo. Aliás, a segunda edição apenas se realizou em 1931. Em 1936 e 1937 a Volta a Portugal não saiu às ruas e durante a Segunda Guerra Mundial não se realizou de 1942 a 1945. Em 1975, devido ao Processo Revolucionário em Curso, não houve competição.
Contudo, a evolução do mundo foi a evolução da Volta, que cresceu como nunca e foi sempre um dos acontecimentos desportivos mais populares em Portugal, sendo das primeiras a nível mundial por etapas. Note-se que em 1999, na Sra. da Graça, mais de 100 mil pessoas assistiram ao vivo à etapa. Ao longo do seu historial, a prova foi rica em diversos duelos, mas nenhum se pode comparar ao de Nicolau e Trindade, dois grandes ciclistas de enorme talento e muito fair-play. Já os conheceremos mais à frente...
Genial foi também a edição de 1999, com os 3 primeiros corredores separados por apenas 16 segundos, mostrando como a competição roçava os limites da exigência física e mental dos ciclistas. Na evolução da Volta, entendemos que também a duração mudou. No período de 1940-1980 a competição durava 3 semanas. Nos anos 80 foi reduzida para duas semanas e atualmente tem apenas 10 etapas.
Como qualquer bela história, a Volta criou também os seus heróis. E um dos maiores ídolos dos portugueses nesta prova foi sem dúvida Joaquim Agostinho. Foi três vezes vencedor da Volta (70,71 e 72), com muitos a garantirem que poderia ter ido mais além e averbado os sucessos de 69 e 73, granjeando assim uma aura ainda mais mágica à sua prestação nesta prova. Foi assim que a "era de Agostinho" se firmou, emulando os feitos de António Barbosa, mais conhecido por Alves Barbosa (herdado do pai, outro ciclista de alto gabarito), que foi o mais jovem vencedor da Volta, ao estrear-se em 1950.
E venceria mais duas vezes, em 56 e 58, em despique com adversários de classe, como Ribeiro da Silva, Dias Santos, Luciano de Sá e Moreira de Sá. Ele que apareceu na Volta como o herói que poderia rivalizar com Ribeiro da Silva, outro notável. Nascido em Lordelo, venceu as edições de 1955 e 1957, destacando-se a primeira, em que o seu rival Alves Barbosa, que era líder, foi agredido por populares e poucos quilómetros da meta final. Foi o "presente envenenado", conforme se escreveu na altura.
Um duelo que apenas pode trazer há memória, ainda mais longínquas recordações dos despiques entre José Nicolau, aquele que foi uma das primeiras grandes figuars do Benfica e que projectou a imagem do país fora de portas (ganhou a Volta em 31 e 34), com o franzino Alfredo Trindade, representante do Sporting, e com quem travou batalhas épicas e que fizeram o país vibrar. Trindade venceu pelos leões em 33, mas no ao anterior tinha feito a mesma façanha com as cores do Rio de Janeiro, emblemático clube do Bairro Alto. Foram símbolos de lealdade e mística na Volta a Portugal.
Voltando a dar um salto temporal, é essencial aterra na "era de Chagas". Marco Chagas de seu nome, deteve até ao ano passado, de forma isolada, o recorde de vitórias na Volta, com 4 triunfos averbados, sendo um símbolo eterno da competição. Poderia ter chegado às seis vitórias, não tivesse o controlo anti-doping valido desclassificação em 1979 (para Joaquim sousa Santos) e afastado da edição de 84, ganha por Venceslau Fernandes.
Não fosse David Blanco e Chagas estaria isolado no topo. É que o ciclista espanhol resolveu chegar aos quatro triunfos em 2010, depois das conquistas em 2006, 2008 e 2009. O ciclista do país vizinho também é uma das figuras da história da prova.
A corrida portuguesa teve no entanto outros corredores que sem a terem vencido se destacaram, como José Azevedo, João Rebelo, Jorge Corvo, Vicente Ridaura, Raul Matias e os sprinters Paulo Pinto, Pedro Silva, João Lourenço, Carlos Santos, Cândido Barbosa, Carlos Marta, José Amaro e Alexandre Ruas.
Como todos os heróis tem de cumprir as mais dificeis tarefas, há um local bem especial na Volta a Portugal e que tem despertado parte da sua história. Trata-se da subida à Torre, na Serra da Estrela, a mais complicada escalada da Volta, tendo ao longo dos tempos gerado grandes momentos de ciclismo. Com os seus 1990 m de altitude, e mais de 20 km de extensão, é sempre um dos grandes momentos da corrida.
A escalada da Sra. da Graça é também um dos momentos mais belos da Volta a, já que normalmente encerra uma etapa longa e difícil, obrigando ainda os corredores a subirem o grande muro" (perto de 8,5 km com inclinações de elevada percentagem). Durante esse trajeto são muitas as pessoas que acompanham os corredores. Alguns dos mais brilhantes duelos foram travados por Joaquim Gomes-Wladimir Belli-Zenon Jaskula e por Massimiliano Lelli-Joaquim Gomes-Manuel Abreu, entre outros.
Record
Não há Agosto sem a Volta" é o lema de mais uma edição da prova rainha do calendário velocipédico nacional. E é bem verdade. A competição que faz Portugal aproximar-se das beiras das estradas para ver o pelotão passar tem uma rica história para contar. E como todas elas, começa por "era uma vez..."
Era uma vez três jornalistas que, para além da profissão, tinham em comum o apelido: Oliveira, conforme escreve Guita Júnior no seu "História da Volta". Eram eles Raúl de Oliveira, Cândido de Oliveira e Mário de Oliveira. Motivados pela paixão da modalidade e pelos ventos de mudança, acabaram por promover aquela que se mantém até hoje como a prova das provas. Nos finais de 1926, entusiasmados pelo alvoroço de uma volta ao país a cavalo e também pelos ecos que chegavam do Tour de França, Cândido de Oliveira, então diretor de "Os Sports", expôs a ideia de uma Volta a Portugal em bicicleta à empresa proprietária do jornal, que posteriormente foi aceite. Foi o passo definitivo e em 1927, as bicicletas estavam na estrada para a primeira edição, ganha por António Augusto Carvalho.
Do nascimento até se tornar um fenómeno popular de relevo nacional foi um passo. Um passo rápido e firme. Até porque as vicissitude de um país e mundo em convulsão ditou que a adesão fosse crescendo com o tempo. Aliás, a segunda edição apenas se realizou em 1931. Em 1936 e 1937 a Volta a Portugal não saiu às ruas e durante a Segunda Guerra Mundial não se realizou de 1942 a 1945. Em 1975, devido ao Processo Revolucionário em Curso, não houve competição.
Contudo, a evolução do mundo foi a evolução da Volta, que cresceu como nunca e foi sempre um dos acontecimentos desportivos mais populares em Portugal, sendo das primeiras a nível mundial por etapas. Note-se que em 1999, na Sra. da Graça, mais de 100 mil pessoas assistiram ao vivo à etapa. Ao longo do seu historial, a prova foi rica em diversos duelos, mas nenhum se pode comparar ao de Nicolau e Trindade, dois grandes ciclistas de enorme talento e muito fair-play. Já os conheceremos mais à frente...
Genial foi também a edição de 1999, com os 3 primeiros corredores separados por apenas 16 segundos, mostrando como a competição roçava os limites da exigência física e mental dos ciclistas. Na evolução da Volta, entendemos que também a duração mudou. No período de 1940-1980 a competição durava 3 semanas. Nos anos 80 foi reduzida para duas semanas e atualmente tem apenas 10 etapas.
Como qualquer bela história, a Volta criou também os seus heróis. E um dos maiores ídolos dos portugueses nesta prova foi sem dúvida Joaquim Agostinho. Foi três vezes vencedor da Volta (70,71 e 72), com muitos a garantirem que poderia ter ido mais além e averbado os sucessos de 69 e 73, granjeando assim uma aura ainda mais mágica à sua prestação nesta prova. Foi assim que a "era de Agostinho" se firmou, emulando os feitos de António Barbosa, mais conhecido por Alves Barbosa (herdado do pai, outro ciclista de alto gabarito), que foi o mais jovem vencedor da Volta, ao estrear-se em 1950.
E venceria mais duas vezes, em 56 e 58, em despique com adversários de classe, como Ribeiro da Silva, Dias Santos, Luciano de Sá e Moreira de Sá. Ele que apareceu na Volta como o herói que poderia rivalizar com Ribeiro da Silva, outro notável. Nascido em Lordelo, venceu as edições de 1955 e 1957, destacando-se a primeira, em que o seu rival Alves Barbosa, que era líder, foi agredido por populares e poucos quilómetros da meta final. Foi o "presente envenenado", conforme se escreveu na altura.
Um duelo que apenas pode trazer há memória, ainda mais longínquas recordações dos despiques entre José Nicolau, aquele que foi uma das primeiras grandes figuars do Benfica e que projectou a imagem do país fora de portas (ganhou a Volta em 31 e 34), com o franzino Alfredo Trindade, representante do Sporting, e com quem travou batalhas épicas e que fizeram o país vibrar. Trindade venceu pelos leões em 33, mas no ao anterior tinha feito a mesma façanha com as cores do Rio de Janeiro, emblemático clube do Bairro Alto. Foram símbolos de lealdade e mística na Volta a Portugal.
Voltando a dar um salto temporal, é essencial aterra na "era de Chagas". Marco Chagas de seu nome, deteve até ao ano passado, de forma isolada, o recorde de vitórias na Volta, com 4 triunfos averbados, sendo um símbolo eterno da competição. Poderia ter chegado às seis vitórias, não tivesse o controlo anti-doping valido desclassificação em 1979 (para Joaquim sousa Santos) e afastado da edição de 84, ganha por Venceslau Fernandes.
Não fosse David Blanco e Chagas estaria isolado no topo. É que o ciclista espanhol resolveu chegar aos quatro triunfos em 2010, depois das conquistas em 2006, 2008 e 2009. O ciclista do país vizinho também é uma das figuras da história da prova.
A corrida portuguesa teve no entanto outros corredores que sem a terem vencido se destacaram, como José Azevedo, João Rebelo, Jorge Corvo, Vicente Ridaura, Raul Matias e os sprinters Paulo Pinto, Pedro Silva, João Lourenço, Carlos Santos, Cândido Barbosa, Carlos Marta, José Amaro e Alexandre Ruas.
Como todos os heróis tem de cumprir as mais dificeis tarefas, há um local bem especial na Volta a Portugal e que tem despertado parte da sua história. Trata-se da subida à Torre, na Serra da Estrela, a mais complicada escalada da Volta, tendo ao longo dos tempos gerado grandes momentos de ciclismo. Com os seus 1990 m de altitude, e mais de 20 km de extensão, é sempre um dos grandes momentos da corrida.
A escalada da Sra. da Graça é também um dos momentos mais belos da Volta a, já que normalmente encerra uma etapa longa e difícil, obrigando ainda os corredores a subirem o grande muro" (perto de 8,5 km com inclinações de elevada percentagem). Durante esse trajeto são muitas as pessoas que acompanham os corredores. Alguns dos mais brilhantes duelos foram travados por Joaquim Gomes-Wladimir Belli-Zenon Jaskula e por Massimiliano Lelli-Joaquim Gomes-Manuel Abreu, entre outros.
Record