Codorniz (Coturnix coturnix)
Com cerca de 18 cm de comprimento, a codorniz é o mais pequeno galináceo europeu, sendo bastante parecida com um perdigoto. A cor geral de ambos os sexos é a parda, com dorso e flancos listados. O macho apresenta a garganta com riscas negras, enquanto que a fêmea a tem amarelada, sem riscas, e apresenta o peito muito manchado.
É uma ave muito difícil de ser vista, levantando com bastante dificuldade, num voo curto e baixo; na realidade, o contacto mais vulgar com a codorniz é o auditivo; o seu canto, que se pode ouvir quer de dia quer de noite, é bastante característico e invulgarmente forte para uma ave tão pequena.
A codorniz é uma migradora parcial. O seu ciclo migratório é bastante complexo. Além de longos, médios, e curtos migradores, há também indivíduos sub-sedentários. Em Portugal, a chegada das primeiras vagas migratórias ocorre a partir de Março, com um máximo em Abril/Maio, sendo que as vagas migratórias de Outono se iniciam em Agosto, sucedendo-se até Dezembro, com uma quebra em Novembro. No sul do país e nos Açores pode ser encontrada todo o ano.
Habitat e Alimentação
Campos cultivados, searas, pastos e mesmo espaços abertos em bosques, onde a espécie disponha de recursos alimentares suficientes, aliás semelhantes aos da perdiz.
Comportamento e Reprodução
Nidifica no solo, em áreas bem providas de vegetação, geralmente campos de cereais , restolhos, etc.
O ninho não passa de uma ligeira depressão forrada com material vegetal; a criação ocorre geralmente de meados de Maio e Junho, o número de ovos é em média de 10 e a incubação (levada a cabo só pela fêmea) dura entre 16 a 21 dias; os pintos começam a voar cedo e com 2 meses podem já migrar juntamente com os adultos.
Ordenamento da espécie
A codorniz é uma espécie cinegética muito apreciada, existindo caçadores verdadeiramente especializados na sua caça. Algumas práticas agrícolas, pastorícia, tratamentos fitossanitários e técnicas de cultivo condicionam a utilização do habitat e influenciam negativamente a distribuição das populações. Para minimizar estes impactos:
- Favoreça a diversidade do habitat tipo, implantando pequenas parcelas com culturas forrageiras destinadas à fauna ou pequenas áreas sem mecanização agrícola.
- Use de cuidados especiais nas ceifas das colheitas, sendo preferível ceifar de dentro para fora ou realizá-la por faixas. É aconselhável a colocação de dispositivos na frente de tractores ou ceifeiras mecânicas que afugentem os animais escondidos nas searas; se possível, realize os cortes a mais de 30 cm de altura.
- Não abuse dos pesticidas e herbicidas, sendo aconselhável a utilização de produtos com baixa toxicidade para a fauna selvagem e deixe uma faixa exterior sem tratamento.
- O tratamento dos terrenos marginais deve ser evitado.
- Utilize menores densidades de sementes nas margens das parcelas a cultivar.
- É desaconselhável realizar a queima dos restolhos. Caso o faça é preferível realizá-la por faixas e não em círculos, a fim de possibilitar a fuga de animais.
- Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos.
In: Carta de Caçador, Manual para Exame