Rotertinho
GF Ouro
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"José Sócrates é neste momento o FMI em Portugal"
"Como se pode aceitar que tenhamos de aumentar os impostos porque os bancos não pagam os seus?"
Uma bandeira o Governo já retirou ao BE, a taxação de mais-valias bolsistas.
É exactamente o contrário. Em Dezembro, o primeiro-ministro disse que não havia condições para aplicar a taxa. Em Março, voltou a dizê-lo. E na véspera da votação agendada pelo BE no Parlamento o Conselho de Ministros aprovou-a. Foi uma questão de pressão política, que continuaremos a fazer. É a primeira correcção que fazemos ao PEC...
Qual é a próxima?
Vamos continuar a defender um imposto especial sobre os bónus dos gestores. O Governo não quer; PSD e CDS votaram contra a proposta do BE. Voltaremos a apresentar no Parlamento um conjunto de alternativas ao PEC, que corresponde ao memorando que apresentámos ao Governo.
Parece um cão que agarrou as calças do Governo e não as larga…
O Governo é que está a morder o país, com uma agressividade social enorme. O problema do país chama-se PEC, desemprego e degradação das condições financeiras e económicas. Se permitimos que um ataque especulativo continue, isso quer dizer que por cada 1% que o juro aumente, pagamos mais sete milhões de euros por dia, se abrangesse o conjunto da dívida pública. É por isso necessário corrigir as contas públicas, defender os salários e impor uma política que crie emprego. Se Portugal continuar com dívida e défice elevados e estagnação, caímos num fosso. As medidas do PEC vão nesse sentido, nos seus disparates sucessivos, como a venda dos Correios.
A principal marca ideológica do PEC é o pacote de privatizações?
O pacote é surpreendente. Já se sabia que o Governo queria privatizar mais, mas não que ia incluir empresas que são monopólios naturais, como a REN, a CP e os CTT. O efeito global de todas as privatizações é poupar 50 milhões de euros por ano. Mas estas empresas dão 400 milhões de euros.
Há aí uma opção política, não de racionalidade económica?
Economicamente, é irracional. Só os Correios dão em dividendos ao Estado quase o dobro do que vai poupar! São um bem público. Não é por acaso que não são privados na maior parte dos países da Europa. O PEC tem uma agenda escondida, porque a única privatização prevista no programa do PS era a da ANA. Os portugueses foram enganados. Mas há outras matérias, como os cortes na Segurança Social. Hoje, há 300 mil desempregados que já não têm subsídio. Quando acabar o PEC, em 2013, nenhum dos actuais o terá, por causa do prazo de vigência. Vão bater à porta do rendimento social, mas não vão receber essa miséria, porque há um tecto. Porque Paulo Portas quis tirar--lhe 130 milhões de euros e Sócrates achou muito bem.
O BE defende a renegociação do contrato dos submarinos. O Governo tem margem de manobra?
Claro que sim! Não só esse. Dos três mil milhões de euros de contrapartidas militares, há 2300 que não estão cumpridos. Há contratos em que o grau de cumprimento é de 0%. Podem e têm de ser renegociados! Mas o problema de fundo é se Portugal precisa, entre 2010 e 2013, de investir em submarinos. A nossa resposta é não. Repare que o PEC corta na Função Pública, até 2013, um mês de salário. Podemos aceitar isto, quando se gastam mil milhões de euros em submarinos? Ou quando se concedem isenções fiscais a 18 mil milhões transferidos para off-shores, este ano, uma parte deles sem pagar imposto?
A agência europeia de notação, que o BE propõe, é o instrumento adequado para combater a especulação financeira?
É um dos instrumentos mais importantes, mais práticos e que mais realista se podia tornar. Endividamo-nos para pagar a dívida, por causa de um processo especulativo de empresas sem credibilidade. A Standard & Poors, a Moody's e a Fitch garantiam que os pacotes de subprime, que causaram a crise financeira, eram três A, o melhor que havia no mercado financeiro.
É uma questão de credibilidade?
E de favorecimento da especulação. São empresas privadas, elas próprias parte do mercado financeiro especulativo. Se a UE criasse uma entidade de notação, que desse transparência aos mercados, combateria fortemente a especulação. Há grandes pressões nesse sentido, mas os mercados financeiros mandam mais do que os governos. Não há na Europa responsabilização democrática. E onde existe, nos países, há uma resistência enorme em tocar nos interesses do sector financeiro. Isso acontece em Portugal. Se a banca pagasse 25% de IRC, o que pagam as outras empresas, seriam mais 500 milhões de euros.
Não é provável que o PS aceite essa alteração.
Nem o PS, nem o PSD, nem o CDS. Mas a proposta do BE tem o apoio da maioria da população. Como pode aceitar que os bancos subam os juros ao mesmo tempo que se baixam salários? E que tenhamos de aumentar os impostos porque não pagam os seus?
Considera previsível o aumento da contestação social?
Espero que no final de Maio a grande jornada da CGTP seja uma demonstração da presença democrática e da exigência da população trabalhadora contra o PEC. Creio que haverá uma contestação muito forte. A chave é a alternativa política. Não temos de aceitar medidas como as impostas à Grécia. Há alternativas de ajustamento orçamental, impor sacrifícios a quem nunca tem dado nenhum contributo, as grandes fortunas, o sistema financeiro e a especulação.
O FMI pode voltar a intervir em Portugal, como há 30 anos?
Neste momento, José Sócrates é o FMI em Portugal. O encontro com Passos Coelho é uma "santa aliança" do FMI: reduzir salários, manter pensões baixas, abdicar da criação de emprego. O PEC prevê como "grande" resultado até 2013 a criação de 25 mil postos de trabalho, o equivalente aos perdidos em Novembro e Dezembro de 2009. Em 2013, já não será desemprego, será pobreza absoluta, porque o Governo desistiu de criar emprego. É a política do FMI, enquanto uma elite anuncia pornograficamente que os bónus são intocáveis.
Jornal de Noticias
"Como se pode aceitar que tenhamos de aumentar os impostos porque os bancos não pagam os seus?"
Uma bandeira o Governo já retirou ao BE, a taxação de mais-valias bolsistas.
É exactamente o contrário. Em Dezembro, o primeiro-ministro disse que não havia condições para aplicar a taxa. Em Março, voltou a dizê-lo. E na véspera da votação agendada pelo BE no Parlamento o Conselho de Ministros aprovou-a. Foi uma questão de pressão política, que continuaremos a fazer. É a primeira correcção que fazemos ao PEC...
Qual é a próxima?
Vamos continuar a defender um imposto especial sobre os bónus dos gestores. O Governo não quer; PSD e CDS votaram contra a proposta do BE. Voltaremos a apresentar no Parlamento um conjunto de alternativas ao PEC, que corresponde ao memorando que apresentámos ao Governo.
Parece um cão que agarrou as calças do Governo e não as larga…
O Governo é que está a morder o país, com uma agressividade social enorme. O problema do país chama-se PEC, desemprego e degradação das condições financeiras e económicas. Se permitimos que um ataque especulativo continue, isso quer dizer que por cada 1% que o juro aumente, pagamos mais sete milhões de euros por dia, se abrangesse o conjunto da dívida pública. É por isso necessário corrigir as contas públicas, defender os salários e impor uma política que crie emprego. Se Portugal continuar com dívida e défice elevados e estagnação, caímos num fosso. As medidas do PEC vão nesse sentido, nos seus disparates sucessivos, como a venda dos Correios.
A principal marca ideológica do PEC é o pacote de privatizações?
O pacote é surpreendente. Já se sabia que o Governo queria privatizar mais, mas não que ia incluir empresas que são monopólios naturais, como a REN, a CP e os CTT. O efeito global de todas as privatizações é poupar 50 milhões de euros por ano. Mas estas empresas dão 400 milhões de euros.
Há aí uma opção política, não de racionalidade económica?
Economicamente, é irracional. Só os Correios dão em dividendos ao Estado quase o dobro do que vai poupar! São um bem público. Não é por acaso que não são privados na maior parte dos países da Europa. O PEC tem uma agenda escondida, porque a única privatização prevista no programa do PS era a da ANA. Os portugueses foram enganados. Mas há outras matérias, como os cortes na Segurança Social. Hoje, há 300 mil desempregados que já não têm subsídio. Quando acabar o PEC, em 2013, nenhum dos actuais o terá, por causa do prazo de vigência. Vão bater à porta do rendimento social, mas não vão receber essa miséria, porque há um tecto. Porque Paulo Portas quis tirar--lhe 130 milhões de euros e Sócrates achou muito bem.
O BE defende a renegociação do contrato dos submarinos. O Governo tem margem de manobra?
Claro que sim! Não só esse. Dos três mil milhões de euros de contrapartidas militares, há 2300 que não estão cumpridos. Há contratos em que o grau de cumprimento é de 0%. Podem e têm de ser renegociados! Mas o problema de fundo é se Portugal precisa, entre 2010 e 2013, de investir em submarinos. A nossa resposta é não. Repare que o PEC corta na Função Pública, até 2013, um mês de salário. Podemos aceitar isto, quando se gastam mil milhões de euros em submarinos? Ou quando se concedem isenções fiscais a 18 mil milhões transferidos para off-shores, este ano, uma parte deles sem pagar imposto?
A agência europeia de notação, que o BE propõe, é o instrumento adequado para combater a especulação financeira?
É um dos instrumentos mais importantes, mais práticos e que mais realista se podia tornar. Endividamo-nos para pagar a dívida, por causa de um processo especulativo de empresas sem credibilidade. A Standard & Poors, a Moody's e a Fitch garantiam que os pacotes de subprime, que causaram a crise financeira, eram três A, o melhor que havia no mercado financeiro.
É uma questão de credibilidade?
E de favorecimento da especulação. São empresas privadas, elas próprias parte do mercado financeiro especulativo. Se a UE criasse uma entidade de notação, que desse transparência aos mercados, combateria fortemente a especulação. Há grandes pressões nesse sentido, mas os mercados financeiros mandam mais do que os governos. Não há na Europa responsabilização democrática. E onde existe, nos países, há uma resistência enorme em tocar nos interesses do sector financeiro. Isso acontece em Portugal. Se a banca pagasse 25% de IRC, o que pagam as outras empresas, seriam mais 500 milhões de euros.
Não é provável que o PS aceite essa alteração.
Nem o PS, nem o PSD, nem o CDS. Mas a proposta do BE tem o apoio da maioria da população. Como pode aceitar que os bancos subam os juros ao mesmo tempo que se baixam salários? E que tenhamos de aumentar os impostos porque não pagam os seus?
Considera previsível o aumento da contestação social?
Espero que no final de Maio a grande jornada da CGTP seja uma demonstração da presença democrática e da exigência da população trabalhadora contra o PEC. Creio que haverá uma contestação muito forte. A chave é a alternativa política. Não temos de aceitar medidas como as impostas à Grécia. Há alternativas de ajustamento orçamental, impor sacrifícios a quem nunca tem dado nenhum contributo, as grandes fortunas, o sistema financeiro e a especulação.
O FMI pode voltar a intervir em Portugal, como há 30 anos?
Neste momento, José Sócrates é o FMI em Portugal. O encontro com Passos Coelho é uma "santa aliança" do FMI: reduzir salários, manter pensões baixas, abdicar da criação de emprego. O PEC prevê como "grande" resultado até 2013 a criação de 25 mil postos de trabalho, o equivalente aos perdidos em Novembro e Dezembro de 2009. Em 2013, já não será desemprego, será pobreza absoluta, porque o Governo desistiu de criar emprego. É a política do FMI, enquanto uma elite anuncia pornograficamente que os bónus são intocáveis.
Jornal de Noticias