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Irão executa 3 homens alegadamente envolvidos em protestos contra governo
Três homens foram executados no Irão depois de terem sido condenados à morte por "comportamentos violentos" durante os protestos antigovernamentais do ano passado, anunciaram hoje as autoridades iranianas.
O portal Mizan, que depende do sistema de Justiça de Teerão, anunciou as execuções de Majid Kazemi, Saleh Mirhashemi e de Saeed Yaghoubi, referindo que os três homens estiveram envolvidos na morte de um polícia e de dois membros do grupo paramilitar Basij, em Isfahan, durante manifestações no passado mês de novembro.
Organizações de direitos humanos dizem que os três homens foram submetidos a atos de tortura e forçados a prestar declarações sob coação perante as câmaras da televisão do Irão.
Os protestos contra o governo do Irão eclodiram em setembro do ano passado após a morte de Mahsa Amini, 22 anos, que tinha sido detida pela polícia por violação aos códigos de indumentária impostos às mulheres e que são obrigatórios na República Islâmica desde 1979.
O número de manifestações tem vindo a diminuir nos últimos meses apesar de protestos esporádicos, nomeadamente, por parte de mulheres que recusam o uso do véu islâmico (hijab).
O Irão executou até ao momento sete pessoas alegadamente relacionadas com os protestos.
Os grupos de apoio aos direitos humanos denunciam que muitos outros cidadãos têm sido condenados em tribunais secretos e sem direito a qualquer tipo de defesa.
"A acusação [dos três homens] baseou-se em 'confissões' forçadas", disse Hadi Ghaemi, responsável pelo Centro para os Direitos Humanos no Irão, uma organização não-governamental com sede nos Estados Unidos.
Hadi Ghaemi referiu ainda que Kazemi telefonou a um familiar tendo afirmado que as autoridades o torturam, batendo-lhe nos pés com um utensílio que descarregava choques elétricos e ameaçando-o de agressão sexual.
A Amnistia Internacional, com sede em Londres também demonstrou sérias preocupações sobre este caso.
"A forma chocante como o julgamento e a condenação destes manifestantes foram conduzidos, através do sistema judicial iraniano, com recurso a 'confissões' contaminadas pela tortura, a graves falhas processuais e à falta de provas, é mais um exemplo descarado das autoridades iranianas pelo direito à vida e aos respeito por julgamentos justos", disse Diana Eltahawy, subdiretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.
Mais de 500 pessoas foram mortas durante os meses de protestos, incluindo dezenas de membros das forças de segurança que efetuaram milhares de detenções, segundo os dados das organizações não-governamentais.
Irão. Ex-líderes mundiais instam potências a apoiar revolta popular
Cento e sete antigos Presidentes e primeiros-ministros, incluindo portugueses, enviaram hoje uma carta aberta aos líderes das potências mundiais instando-os a apoiar a revolta em curso no Irão, dias após o regime iraniano ter executado mais três manifestantes.
"Exortamos os vossos países a apoiar o povo iraniano na sua luta por mudança e a adotar medidas decisivas contra o atual regime [teocrático] -- isso inclui colocar a Guarda Revolucionária na lista negra e responsabilizar os dirigentes do regime pelos seus crimes contra a humanidade", lê-se na carta, divulgada pelo centro de investigação e documentação Justiça pelas Vítimas do Massacre de 1988 no Irão (JVMI), subscrita, entre outros políticos, pelo ex-chefe de Estado e de Governo Aníbal Cavaco Silva e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
No texto, diretamente endereçado ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aos líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia e aos primeiros-ministros do Reino Unido, Rishi Sunak, e do Canadá, Justin Trudeau, os signatários ressaltam que "embora qualquer mudança deva ser operada pelo povo do Irão, a comunidade internacional tem o dever de apoiar os seus direitos humanos".
Sublinham que "desde setembro de 2022, o mundo tem assistido a uma grande revolta popular no Irão, exigindo liberdade e democracia" e que, desde então, "relatos sugerem que mais de 750 manifestantes foram mortos e 30.000 presos", sustentando que "décadas de aparente silêncio e inação da comunidade internacional ajudaram a alimentar uma cultura de impunidade no Irão" que deve acabar.
"Desde os anos 1980, as autoridades do Irão executaram dezenas de milhares de manifestantes e presos políticos. Tragicamente, só no verão de 1988, mais de 30.000 prisioneiros políticos - a maioria dos quais, membros do MEK (Organização dos 'Mujahidin' do Povo Iraniano), da oposição - foram barbaramente massacrados", recordam os signatários.
Entre eles, figuram, além de dois antigos presidentes da Comissão Europeia -- Romano Prodi e Jean-Claude Juncker --, três Presidentes laureados com o prémio Nobel da Paz -- o polaco Lech Walesa, o colombiano Juan Manuel Santos e o costa-riquenho Óscar Arias Sánchez.
Reiterando que consideram "ser tempo de a liderança da República Islâmica do Irão responder pelos seus crimes", os subscritores da carta aberta encorajam os líderes ocidentais "a solidarizar-se com o povo do Irão no seu desejo de uma república secular e democrática, onde nenhum indivíduo, independentemente da religião ou origem, tenha privilégios sobre os outros".
"Através das suas palavras de ordem, o povo iraniano deixou claro que rejeita todas as formas de ditadura, seja a do Xá deposto ou o atual regime teocrático, e, logo, rejeita qualquer associação com qualquer delas", frisam.
"Acreditamos que cabe ao povo iraniano decidir o seu futuro. Contudo, reconhecemos que, durante quatro décadas, a coligação democrática Conselho Nacional da Resistência do Irão (NCRI) tem constante e incansavelmente lutado por mudança democrática", pelo que consideram que "o Plano de Dez Pontos elaborado pela presidente do NCRI, Maryam Rajavi, merece apoio".
Sobre esses dez pontos, salientam que "o seu compromisso com eleições livres, liberdade de expressão e de reunião, abolição da pena de morte, igualdade de género, separação entre religião e Estado, autonomia para as etnias do Irão e [a defesa de] um Irão não-nuclear está de acordo com os valores democráticos" que defendem.
Por último, os antigos líderes internacionais afirmam condenar "a intromissão do regime iraniano no Médio Oriente e na Europa, incluindo o seu fornecimento de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) para apoiar a guerra da Rússia na Ucrânia e os seus ataques terroristas e ciberataques na Albânia".
Jornalistas que revelaram caso de Mahsa Amini começaram a ser julgadas
Niloufar Hamedi e Elaheh Mohammadi arriscam pena de morte.
A jornalista iraniana Niloufar Hamedi, que revelou o caso de Mahsa Amini, na origem de um vasto movimento de protesto no Irão, começou a ser julgada na terça-feira em Teerão.
A mulher, de 30 anos, afirmou em tribunal que "fez seu trabalho como jornalista dentro da lei e não cometeu nenhum ato contra a segurança do Irão", revelou o seu marido, Mohammad Hossein Ajorlou, no Twitter.
Esta jornalista do diário reformista Shargh foi detida em 21 de setembro e passou grande parte da detenção em regime de isolamento.
Este julgamento teve início um dia após o de Elaheh Mohammadi, de 36 anos, também ela jornalista. Por sua vez, Mohammadi cobriu o funeral de Amini, na sua cidade - Saqez, no Curdistão -, onde começaram os protestos, em 17 de setembro.
Mohammadi trabalhava para o diário Hammihan e foi detida em casa, em 22 de setembro.
Ambas as jornalistas estão detidas desde então e começaram agora a ser julgadas, à porta fechada, em processos separados. As duas correm o risco de ser condenadas a pena de morte após terem sido acusadas de "propaganda" contra a República Islâmica e conspiração contra a segurança nacional.
Niloufar Hamedi foi apresentada à seção 15 do Tribunal Revolucionário de Teerão perante o juiz Abolghasem Salavati, conhecido pela severidade dos seus vereditos em julgamentos políticos.
Segundo o marido da jornalista, a família não pôde comparecer à audiência e os advogados "não tiveram oportunidade de apresentar o seu caso".
"Não houve tempo para a defesa oral", disse Parto Borhanpour, advogado da jornalista. Os advogados protestaram contra "a falta de acesso de Niloufar Hamedi a um advogado durante sua detenção" e exigiram que o julgamento fosse realizado "publicamente", acrescentou.
Hamedi e Mohammadi são apenas duas de entre uma quase centena de jornalistas detidos por fazerem o seu trabalho durante os protestos no Irão, segundo o Comité para a Proteção de Jornalistas.
Daquele total, pelo menos 72 foram libertados sob fiança.
A morte de Amini causou fortes protestos em todo o país, em que se pediu o fim da República Islâmica, protagonizados sobretudo por jovens e mulheres, que acabaram depois de uma forte repressão estatal, que causou pelo menos 500 mortos.
Há também registo de quatro enforcamentos, um dos quais em público, por participação nos protestos.
Irão executou desde janeiro 307 condenados à morte, segundo ONG
O Irão executou só este ano mais de 300 pessoas condenadas à morte, sobretudo em maio, atingindo recordes de mortes por enforcamento só comparáveis aos números de 2015, alertou hoje a Iran Human Rights (IHR).
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, com sede na Noruega, desde 01 de janeiro deste ano, o Irão executou 307 pessoas, número 75 por cento superior ao registado nos primeiros cinco meses de 2022. Só em maio, foram executadas 142 pessoas, o que dá uma média de quatro por dia.
O Irão é o segundo país do mundo com o maior número de execuções anuais, a seguir à China, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional (AI), que condenam os procedimentos opacos e o facto de as confissões serem frequentemente extraídas, nomeadamente através de tortura.
Várias organizações não-governamentais afirmam que se registou um aumento do número de enforcamentos relacionados com casos de narcóticos e de homicídio, sendo as minorias étnicas desproporcionadamente visadas.
"A intensificação das execuções arbitrárias por parte da República Islâmica tem por objetivo espalhar o medo na sociedade, a fim de evitar protestos e de prolongar o regime", afirmou Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor do IHR.
"Se a comunidade internacional não reagir com mais firmeza à atual onda de execuções, centenas de outras pessoas serão vítimas da sua máquina de matar nos próximos meses", acrescentou.
Segundo a IHR, 59% dos enforcados este ano, ou seja, cerca de 180 pessoas, foram executados por motivos relacionados com o tráfico ou consumo de droga.
Mais de 20% das pessoas executadas em maio, ou seja, cerca de 30 condenados, pertenciam à minoria Baluchi, predominantemente sunita e concentrada no sudeste do país.
Irão. Forças abrem fogo contra manifestação, há registo de vários feridos
As forças de segurança iranianas feriram várias pessoas quando abriram fogo contra um protesto desencadeado pela morte de um jovem estudante após a sua libertação, denunciaram hoje grupos de defesa de direitos humanos.
Os protestos eclodiram na noite de quinta-feira em Abdanan, na província ocidental de Ilam, povoada por curdos, de acordo com várias organizações não-governamentais (ONG).
As pessoas saíram às ruas para expressar a sua fúria após a morte, no final de maio, de Bamshad Soleimankhani, de 21 anos, poucos dias após a sua libertação da prisão.
Imagens de vídeo hoje divulgadas mostram pessoas a marchar nas ruas a entoar frases de ordem contra o regime iraniano quando se ouve o som de tiros. As mesmas imagens mostram manifestantes feridos.
Não foi possível verificar de imediato a autenticidade das imagens, segundo as agências internacionais.
De acordo com as organizações de defesa dos direitos humanos, pelo menos 25 pessoas ficaram feridas.
Uma vaga de protestos eclodiu em setembro no Irão após a morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana curda que foi detida pela chamada polícia da moralidade por alegadamente usar de forma inadequada o véu islâmico ('hijad').
Agora, embora as iniciativas de protesto sejam menos intensas do que no auge do movimento, no final do ano passado, as manifestações espontâneas de rua têm vindo a multiplicar-se.
Três homens condenados por violação no Irão foram executados hoje
Três homens que tinham sido condenados no Irão por terem drogado e violado uma dezena de mulheres num salão de beleza no final de 2021 foram executados hoje, disseram fontes judiciais iranianas.
Os três condenados foram "enforcados na prisão de Bandar Abbas esta manhã", anunciou Mojtaba Ghahramani, chefe da autoridade judicial da região de Hormozgan, no sul do Irão, citado pelo portal Mizan Online.
Os três homens foram considerados culpados de "violação de várias mulheres num salão de beleza ilegal", segundo as autoridades judiciais de Teerão.
Um dos homens, médico, atraiu sete vítimas com "anúncios falsos" que prometiam cirurgias estéticas, refere o portal Mizan Online.
O homem injetava um anestésico nas vítimas que provocava adormecimento, antes de as violar.
Os outros dois homens, enfermeiros, foram também condenados por roubo de medicamentos.
O Irão executou 582 pessoas em 2022, mais do que qualquer outro país, exceto a República Popular da China, de acordo com várias organizações de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional.
Execução pública de dois homens por ataque contra santuário xiita no Irão
Os dois homens foram enforcados ao amanhecer.
O Irão executou publicamente dois homens implicados no ataque contra um santuário xiita em Chiraz, no sul do país, no qual morreram 13 pessoas em outubro passado, noticiou hoje a agência oficial iraniana Irna.
Os dois homens foram enforcados, ao amanhecer, numa rua de Chiraz, acrescentou a Irna.
O mausoléu Chah-Cheragh, alvo do ataque, é um local de peregrinação xiita muito importante no Irão.
Irão executa cinco homens condenados por violação de uma mulher
O Irão informou que executou hoje cinco homens condenados por violarem uma mulher em maio de 2022 no noroeste do país.
As execuções no Irão são geralmente realizadas por enforcamento.
Os arguidos, que tinham vários antecedentes criminais, foram detidos quatro dias após o crime, segundo a imprensa local.
No início de junho, a Amnistia Internacional (AI) informou que 282 pessoas tinham sido executadas em 2023 no Irão, "quase o dobro" do número de execuções registadas durante o mesmo período do ano passado.
O Irão executou 582 pessoas em 2022, mais do que qualquer outro país, exceto a China, de acordo com várias organizações não-governamentais de direitos humanos, incluindo a AI.
No início de julho, o poder judicial iraniano anunciou a execução de três homens condenados por drogarem e violarem uma dúzia de mulheres num salão de beleza no final de 2021.
Jornalista que entrevistou o pai de Mahsa Amini voltou a ser detida
A jornalista iraniana que entrevistou o pai de Mahsa Amini, a jovem cuja morte deu origem a um protesto no Irão, voltou a ser detida numa prisão perto de Teerão, revelou hoje uma organização de defesa dos direitos humanos.
Citada pela agência France-Presse, a Associação de Ativistas pelos Direitos Humanos no Irão explica que a jornalista Nazila Maroufian foi detida e transferida para a prisão de mulheres em Qarchak, perto de Teerão.
Nazila Maroufian foi detida dois dias depois de ter sido libertada da prisão de Evine, em Teerão, e de ter divulgado uma imagem nas redes sociais, sem véu a cobrir o cabelo e escrevendo "Não aceitem a escravatura".
Nazila Maroufian publicou em outubro, no 'site' de informação Mostaghel Online, uma entrevista ao pai de Mahsa Amini, a jovem mulher iraniana que morreu em setembro, depois de ter sido detida pela polícia moral por usar incorretamente o véu islâmico.
Na entrevista, o pai de Mahsa Amini disse que a polícia iraniana mentiu sobre as causas da morte da jovem e que a filha terá sido atingida na cabeça enquanto estava sob custódia policial.
Por causa da entrevista, a jornalista foi informada de que tinha sido condenada a dois anos de prisão com pena suspensa por "propaganda contra o sistema" e por "espalhar notícias falsas".
A jornalista já tinha sido detida e libertada por duas vezes desde novembro.
Desde a morte de Mahsa Amini, muitas iranianas deixaram de usar véu, peça que representa para elas uma forma visível da discriminação que sofrem, que vai muito para lá da obrigatoriedade de cobrir a cabeça.
As autoridades iranianas têm recorrido a diversos métodos para repor o uso do véu islâmico com o regresso às ruas da temida polícia da moral e castigos como limpar cadáveres ou esfregar edifícios públicos.
O presidente do Irão, Ebrahim Raisí, disse na semana passada que "isto de tirar o véu vai acabar definitivamente" e acusou as mulheres que não o usam de serem "umas inconscientes".
Irão bloqueia jornal a poucos dias de aniversário da morte de jovem curda
As autoridades do Irão bloquearam um jornal digital considerado próximo da fação reformista a menos de duas semanas do aniversário da morte violenta da jovem Mahsa Amini, que desencadeou fortes protestos na República Islâmica.
O bloqueio foi anunciado pelo próprio jornal digital Entekhab nas redes sociais, segundo a agência espanhola EFE.
"O acesso à Internet do entekhab.ir foi bloqueado há alguns momentos, na sequência de uma ordem de proibição do sítio Web emitida pela Câmara de Controlo da Imprensa do Governo", declarou o jornal.
A agência noticiosa Fars, próxima da Guarda Revolucionária, afirmou que o jornal digital foi bloqueado devido a um editorial intitulado "Leilão da marca Irão: porque é que a política externa do Irão está tão enfraquecida".
A decisão ocorreu dias depois de um tribunal de Teerão ter condenado duas jornalistas a três anos de prisão, com grande parte da pena suspensa, por conspiração e conluio.
Elnaz Mohammadi, do diário Hamamihan, e Negin Bagheri, do jornal Haft-e Sobh, terão de cumprir de um mês da pena em detenção, segundo os advogados de defesa.
O resto da pena será suspenso durante cinco anos, período durante o qual terão de frequentar cursos de ética profissional e não poderão sair do Irão.
Os meios de comunicação social iranianos não explicaram a razão das sentenças, mas Elnaz Mohammadi cobriu a morte de Amini e os protestos que se seguiram.
Elnaz é irmã de Elahe Mohammadi, uma jornalista que cobriu o funeral de Amini na sua cidade natal de Saqez, no Curdistão, e que está a ser julgada por esse motivo.
Elahe Mohammadi foi acusada de "colaboração com o governo hostil dos Estados Unidos, conluio contra a segurança nacional e propaganda contra o sistema" por ter feito a cobertura do funeral.
As acusações podem implicar a pena de morte se for condenada, segundo ativistas dos direitos humanos.
Na mesma situação está Nilufar Hamedi, a jornalista que expôs o caso de Amini e que foi acusada dos mesmos crimes que Mohammadi, estando a aguardar sentença.
Segundo o Comité para a Proteção dos Jornalistas, quase uma centena de jornalistas e fotógrafos foram detidos por terem feito a cobertura das manifestações no Irão, dos quais 72 foram libertados sob fiança.
Masha Amini, uma jovem curda de 22 anos, morreu depois de ter sido detida pela polícia da moral por alegadamente violar o código de vestuário rigoroso imposto pela República Islâmica.
A morte da Amini desencadeou manifestações em todo o Irão que foram reprimidas com violência.
Centenas de pessoas foram mortas durante os protestos, incluindo dezenas de elementos das forças de segurança.
Milhares de manifestantes foram igualmente detidos, acusados pelas autoridades de participarem em motins fomentados por Israel, o inimigo declarado do Irão, e pelos países ocidentais.
Os meios de comunicação social locais informaram recentemente que mais de 90 jornalistas foram detidos ou interrogados desde as manifestações.
Irão diz que desmantelou rede financiada pelos EUA que planeava protestos
O Ministério dos Serviços Secretos do Irão disse ter desferido "um duro golpe" numa rede financiada pelos Estados Unidos que planeava organizar protestos no aniversário da morte de Mahsa Amini, noticiaram hoje os 'media' iranianos.
"Estes indivíduos estavam a contactar mulheres e a planear motins, oferecendo formação a elementos dentro e fora do país, com cursos gratuitos de ligação em rede para mulheres ativistas", afirmaram os serviços secretos iranianos num comunicado, citado pelas agências noticiosas IRNA e Mehr.
A rede era dirigida por "elementos políticos sediados no estrangeiro", segundo o ministério, que explicou que foram efetuadas detenções, embora não tenha precisado o número de detidos nem as identidades.
"Os membros do grupo operavam com o apoio financeiro do Departamento de Estado norte-americano e sob a direção das ONG [organizações não governamentais] norte-americanas Freedom House e The Nonviolent Initiative for Democracy", acrescentou o Ministério da Segurança.
A rede planeou "uma reunião confidencial 'online'" hoje e a 14 de setembro, dois dias antes do aniversário da morte de Mahsa Amini, que foi detida por não usar corretamente o véu e acabou por morrer às mãos das autoridades.
A morte de Amini desencadeou fortes protestos durante meses, que se extinguiram após uma forte repressão que resultou em 500 mortos, milhares de detenções e a execução de sete manifestantes, um deles em público.
Nas últimas semanas, a repressão tem voltado a aumentar, à medida que se aproxima o aniversário dos protestos, com a detenção de mulheres ativistas e familiares dos que morreram nas manifestações, segundo relatórios de organizações como a Amnistia Internacional e Human Rights Watch.
O cantor Mehdi Yarrahi também foi detido por causa de uma canção em que pedia que o uso do véu deixasse de ser obrigatório e duas jornalistas foram condenadas a penas de prisão por terem feito a cobertura dos protestos do ano passado.
Irão. Tensão antes do aniversário da morte de Mahsa Amini
O Irão está a viver o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini num clima tenso e de inquietação, com uma forte presença policial nas ruas, rigorosas advertências governamentais e poucos apelos à contestação, relataram hoje as agências internacionais.
A morte da jovem curda iraniana de 22 anos, a 16 de setembro de 2022, depois de ter sido detida três dias antes pela polícia dos costumes por alegadamente não usar corretamente o véu islâmico, desencadeou fortes protestos em todo o país, com palavras de ordem a apelar à liberdade e à defesa dos direitos das mulheres iranianas.
Os protestos prolongaram-se durante alguns meses e as palavras de ordem evoluíram e começaram a exigir o fim da República Islâmica. A contestação nas ruas acabaria por extinguir-se após uma repressão que causou 500 mortos, milhares de detidos e a execução de sete manifestantes, um deles em público.
Um ano depois, quase não há apelos públicos a novos protestos, num contexto de repressão em que foram detidos ativistas, jornalistas, advogados e familiares dos mortos nas manifestações do ano passado.
"Aqueles que tentarem abusar do nome de Amini, que usarem este pretexto para serem agentes de estrangeiros e criarem instabilidade no país, sabemos o que lhes vai acontecer", avisou esta semana o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em declarações à estação de televisão norte-americana NBC.
O aviso do Presidente segue-se ao de outros altos responsáveis, incluindo o poder judicial iraniano, que afirmaram que "agirão com determinação" face a novos protestos e avisaram que as forças de segurança e os serviços secretos estão vigilantes.
De acordo com o relato das agências internacionais, nas ruas de cidades como Teerão e Karaj verificou-se um aumento considerável da presença policial, nalguns casos com equipamento antimotim.
O caso mais visível está na popular Praça Tajrish, no norte da capital iraniana, para onde foi destacado um grande número de polícias antimotim, situação que se repete no cruzamento da Parkway, onde uma unidade motorizada da polícia vigia a zona, e também em zonas como a Praça Valiasr e Enqelab, onde se situa a Universidade de Teerão, ainda encerrada para as férias de verão.
Além disso, grupos de polícias em motas circulam pela capital, tal como aconteceu no ano passado durante os protestos.
Os ativistas referem que no Curdistão iraniano, de onde Mahsa Amini era originária, as forças de segurança foram fortemente mobilizadas, especialmente na cidade natal da jovem, Saqez.
A intensificação da presença das forças de segurança nas ruas vem juntar-se às patrulhas que avisam as mulheres para se cobrirem com o véu. Estas patrulhas voltaram a aparecer nas ruas iranianas em julho.
Os serviços de Internet têm sofrido algumas limitações nos últimos dias, tal como foi noticiado pela NetBlocks, uma plataforma que monitoriza a conectividade dos utilizadores e a censura na Internet.
Segundo a NetBlocks, o abrandamento da Internet ocorreu, até à data, durante o período da noite e de forma limitada. As autoridades iranianas atribuíram o abrandamento à "instalação de novos equipamentos em algumas zonas".
De qualquer forma, as redes sociais continuam bloqueadas no país e é necessário utilizar VPN (um 'software' de filtragem da Internet) para lhes aceder.
As redes sociais desempenharam um papel importante durante os protestos, servindo de plataforma para os manifestantes publicarem críticas e apelos de mobilização.
Perante as atuais circunstâncias, com a intensificação da repressão acompanhada também por um sentimento de desencanto, têm sido poucos os apelos a novos protestos. O maior gesto de descontentamento e desobediência tem sido a recusa de muitas mulheres em não cobrir o cabelo com o 'hijab' (véu islâmico).
Pai de Mahsa Amini detido pelas forças de segurança iranianas
As forças de segurança iranianas detiveram hoje o pai da jovem curda Mahsa Amini, para o pressionar a não assinalar o primeiro aniversário da morte da filha, segundo duas organizações de direitos humanos.
O pai da jovem de 22 anos, Amjad Amini, "foi detido esta manhã pelas forças repressivas" iranianas, quando saía de casa, em Saqez, no Curdistão, "e regressou horas depois", segundo a Iran Human Rights (IHR), organização não-governamental opositora ao regime iraniano com sede em Oslo, na Noruega.
Faz hoje um ano que Masha Amini morreu, depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por não estar a usar o véu islâmico, episódio que desencadeou inéditas manifestações cívicas contra o regime teocrático de Teerão, que reprimiu violentamente os protestos, que ainda se mantêm.
A informação da IHR sobre a detenção foi corroborada pelo grupo de ativistas Hengaw Organization for Human Rights, que denuncia violações de direitos humanos no Curdistão iraniano, e que atribui a detenção de Amjad Amini aos Guardas da Revolução, o exército ideológico do regime de Teerão.
Amjad Amini foi levado, nas últimas semanas, pelo menos quatro vezes para ser inquirido por várias forças de segurança, que o pressionaram e desrespeitaram, segundo relata a Hengaw.
Numa informação publicada na sua página na internet, apesar das advertências das autoridades, a família Amini declarou, em comunicado:
"Como qualquer família enlutada, nós, a família Amini, vamos reunir-nos no túmulo da nossa amada filha, Jina (Mahsa) Amini, no aniversário da sua morte, e vamos realizar cerimónias tradicionais e religiosas."
Segundo as duas organizações, a casa de família de Masha Amini está "rodeada de militares" para evitar que se realize uma cerimónia religiosa para assinalar a morte da jovem.
As forças de segurança iranianas impuseram fortes restrições de acesso ao cemitério onde Amini está enterrada e onde, um dia após a sua morte, começou a onda de protestos cívicos.
Sob as palavras de ordem "mulher, vida, liberdade", milhares de manifestantes pediram o fim do regime, em protestos que se saldaram em 500 mortos, entre os quais sete executados (um dos quais em público), e milhares de detidos.
Nas últimas semanas, as autoridades iranianas intensificaram os avisos e as medidas repressivas numa tentativa de evitarem que o primeiro aniversário da morte de Amini se converta em novas manifestações.
Segundo a Amnistia Internacional, dezenas de familiares de pessoas que morreram nas manifestações foram detidos arbitrariamente, ao mesmo tempo que foram colocadas restrições de acesso aos locais onde estão enterradas, havendo até registo de destruição de lápides.
Safa Aeli, tio de Amini, foi detido na semana passada, em Saqez, onde vive, desconhecendo-se o seu paradeiro desde então.
Amini foi detida pela polícia de costumes iraniana em 13 de setembro de 2022, por alegado uso indevido do 'hijab', o véu islâmico, tendo surgido morta três dias depois, quando ainda estava sob custódia policial.
Apesar da visibilidade dos protestos e da atenção internacional, o movimento cívico ainda não conseguiu ameaçar os alicerces do regime teocrático liderado pelo ayatollah Ali Khamenei.
Os Estados Unidos, em coordenação com o Reino Unido, o Canadá e a Austrália, anunciaram na quinta-feira a imposição de sanções contra 25 cidadãos iranianos (membros das forças de segurança e dos guardas da revolução), três órgãos de informação (o canal Press TV e as agências Tasnim e Fars) e uma empresa "ligada à censura da internet" no país -- todos relacionados com a repressão das manifestações cívicas.
Hoje, o porta-voz da diplomacia iraniana, Nasser Kanani, reagiu à sanções classificando-as como "declarações intervencionistas" e "espetáculos ridículos e hipócritas".
Mais de 260 detidos em protestos no Irão um ano após morte de Mahsa Amini
As autoridades iranianas anunciaram hoje que detiveram mais de 260 pessoas no sábado, durante protestos a marcar o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, detida em Teerão por usar o véu incorretamente.
A jovem curda iraniana, detida e espancada pela polícia da moral do Irão por infração ao rígido código de vestuário feminino do país, morreu dias depois, no hospital, o que desencadeou na altura uma onda de protestos em todo o país que levou à detenção de milhares de pessoas.
As autoridades explicaram que as detenções de sábado correspondem a um período de 24 horas e que estão justificadas por violações dos regulamentos de segurança pública, incitamento a protestos e posse de armas, escreve o jornal iraniano 'Shargh'.
No sábado, várias cidades da região norte do Irão, de maioria curda, apoiaram uma greve geral convocada por organizações curdas e partidos políticos para protestar contra a morte de Amini.
As forças de segurança realizaram uma grande mobilização com helicópteros e veículos blindados, de acordo com a organização civil de Hengaw, que relata mais de uma dúzia de detidos identificados, incluindo várias mulheres ativistas.
A agência de notícias oficial iraniana IRNA informou da morte, no sábado, de um membro da milícia pró-governo Basij na província de Fars, durante protestos.
Uso inadequado de hijab? Irão aumenta pena de prisão até 10 anos
O projeto necessita ainda de ser aprovado pelo Conselho Tutelar para se tornar lei.
O parlamento do Irão aprovou, esta quarta-feira, um projeto de lei que pode permitir a condenação até 10 anos de prisão a mulheres que desrespeitem o código de vestuário imposto no país. De acordo com a BBC, o projeto inclui ainda o aumento de multas para todas as mulheres e jovens que não se vistam de acordo com as normas impostas.
O projeto necessita ainda de ser aprovado pelo Conselho Tutelar para se tornar lei.
A medida ocorre um ano após o início dos protestos pela morte de Mahsa Amini, uma mulher iraniana que morreu após ser detida pela polícia por usar um véu islâmico de forma inadequada. Durante os protestos, várias mulheres queimaram os véus ou agitaram-nos no ar contra o sistema e em protesto contra a repressão das forças de segurança.
Desde as manifestações, várias mulheres deixaram de cobrir completamente os cabelos em público. Ainda assim, a polícia regressou às ruas e foram instaladas câmaras de vigilância.
De acordo com a lei que vigora no Irão, as mulheres jovens, que tenham atingido a idade da puberdade, devem cobrir os cabelos com um véu e usar roupas longas para disfarçar o corpo. Atualmente, quem não cumpre a lei pode vir a ser condenado a uma pena de prisão entre dez dias e dois meses. As mulheres que não se vistam de acordo com as regras arriscam ainda o pagamento de uma multa entre cinco mil e 500 mil rials iranianos (entre cerca de 11 cêntimos e pouco mais de 11 euros).
Advogado de Mahsa Amini condenado a prisão por "propaganda"
A Justiça iraniana condenou o advogado de Mahsa Amini, cujo assassínio pela polícia da moralidade desencadeou um enorme movimento de contestação em 2022, a um ano de prisão por "propaganda" contra o Estado, noticiou hoje um jornal local.
"O meu cliente Saleh Nikbakht foi infelizmente condenado à pena máxima, um ano de prisão, por atividades de propaganda contra o sistema", indicou o seu advogado, Ali Rezai, citado pelo diário Ham Mihan no seu 'site' da Internet.
Nikbakht era, mais precisamente, o advogado dos pais de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos que morreu a 16 de setembro de 2022 num hospital de Teerão, para onde foi transportada já em coma três dias antes, depois de detida e espancada pela polícia da moralidade da República Islâmica por ter infringido o rígido código de vestuário imposto às mulheres: levava a cabeça coberta com o 'hijab' (véu islâmico), mas tinha uma madeixa de cabelo à vista.
No final de agosto, Rezai tinha anunciado o início, na capital iraniana, do julgamento do seu cliente "por ter falado com meios de comunicação social estrangeiros e locais sobre o caso de Mahsa Amini".
Saleh Nikbakht tinha indicado no fim de setembro de 2022 que a família Amini apresentara queixa contra os polícias que tinham detido a filha.
Originário da província do Curdistão (oeste), o advogado representou, durante a sua longa carreira, muitas figuras públicas iranianas, como o cineasta Jafar Panahi, libertado sob fiança em fevereiro, após sete meses de prisão.
"É surpreendente a imposição da pena máxima a Nikbakht, que tem 73 anos", lamentou hoje a sua defesa, afirmando esperar que o veredicto seja "anulado no decurso das próximas fases" judiciais.
Centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas durante manifestações no final de 2022 no Irão. Milhares de manifestantes foram também detidos, acusados pelas autoridades de participar em "motins" fomentados pelos países ocidentais.
Prémio Sakharov 2023 atribuído à iraniana Mahsa Amini
O Parlamento Europeu galardoa de forma póstuma a jovem iraniana Mahsa Amini, que morreu num hospital de Teerão em setembro do ano passado após ser detida pela "polícia da moralidade".
A jovem estudante iraniana de origem curda Jina Mahsa Amini é a vencedora - de forma póstuma - do prémio Sakharov 2023, juntamente com o Movimento Mulher, Vida e Liberdade no Irão.
A decisão foi anunciada esta quinta-feira durante a sessão plenária do Parlamento Europeu, a decorrer em Estrasburgo, França, após a conferência dos presidentes, que reúne Roberta Metsola e os líderes dos grupos políticos.
"No dia 16 de setembro assinalámos um ano desde o assassinato de Jina Mahsa Amini no Irão. O Parlamento Europeu apoia orgulhosamente os corajosos e desafiadores que continuam a lutar pela igualdade, dignidade e liberdade no Irão. Apoiamos aqueles que, mesmo na prisão, continuam a manter vivas as 'Mulheres, a Vida e a Liberdade'. Ao escolhê-los como laureados com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2023, esta Assembleia recorda a sua luta e continua a homenagear todos aqueles que pagaram o preço final pela liberdade", disse Roberta Metsola, ao anunciar a vencedora.
De recordar que Jina Mahsa Amini, de 22 anos, morreu num hospital de Teerão em setembro do ano passado, três dias após ser detida pela "polícia da moralidade" do Irão, por alegadamente usar de forma incorreta o véu islâmico.
A sua morte desencadeou protestos massivos liderados por mulheres no Irão. Sob o lema “Mulher, Vida, Liberdade”, têm protestado contra a lei do hijab e outras leis discriminatórias.
Na sequência da repressão brutal do regime iraniano a estes protestos, o Parlamento Europeu tem condenado repetidamente a situação dos direitos humanos no país.
Irão condena jornalistas que noticiaram morte de Mahsa Amini
Um tribunal iraniano condenou a penas de prisão as jornalistas Niloufar Hamedi e Elahe Mohammadi, pelo seu papel em noticiar a morte de Mahsa Amini sob custódia policial, segundo o órgão de imprensa da Justiça do Irão, Mizan Online.
Elaheh Mohammadi foi condenada a seis anos de prisão por colaboração com os Estados Unidos, cinco anos por conspiração contra a segurança do país e um ano por propaganda contra a República Islâmica, segundo o Mizan Online.
A fotojornalista Niloufar Hamedi foi condenada a sete anos de prisão por colaborar com os Estados Unidos, cinco anos de prisão por conspiração contra a segurança do país e um ano de prisão por propaganda contra a República Islâmica, acrescentou a mesma fonte, citada pelas agências Efe e AFP.
Em setembro, também Elnaz Mohammadi, do diário Hamamihan, e Negin Bagheri, do jornal Haft-e Sobh, foram condenadas, sendo que terão de cumprir pouco menos de um mês da pena em detenção, declarou o advogado Amir Raisian.
"O resto da pena será suspenso durante cinco anos", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.
Durante esse período, as duas jornalistas terão de frequentar cursos de "ética profissional" e não poderão sair do Irão.
Elnaz Mohammadi, irmã de Elahe Mohammadi, foi detida durante uma semana em fevereiro, por um motivo não especificado.
A morte de Mahsa Amini, com 22 anos, depois de ter sido detida pela polícia da moral por alegadamente violar o código de vestuário rigoroso imposto pela República Islâmica, desencadeou manifestações em todo o Irão.
Centenas de pessoas, incluindo dezenas de membros das forças de segurança, foram mortas durante as manifestações.
Milhares de manifestantes foram igualmente detidos, acusados pelas autoridades de participarem em motins fomentados por Israel, o inimigo declarado do Irão, e pelos países ocidentais.
Os meios de comunicação social locais informaram recentemente que mais de 90 jornalistas foram detidos ou interrogados desde as manifestações.
Mahsa Amini. Jornalistas que noticiaram caso condenadas a penas de prisão
Organizações de defesa da liberdade de imprensa condenaram hoje as penas de sete e seis anos de prisão aplicadas a duas jornalistas iranianas que cobriram o caso de Mahsa Amini, morta sob custódia.
Masha Amini, jovem curda de 22 anos, morreu depois de ter sido detida pela polícia da moral iraniana por, alegadamente, violar o código de vestuário rigoroso imposto pela República Islâmica.
Niloofar Hamedi, de 31 anos, trabalhava para o diário iraniano Shargh e foi ao hospital onde Mahsa Amini esteve em coma durante três dias após a sua detenção, antes de morrer, enquanto Elaheh Mohammadi, de 36 anos, repórter do diário Ham Mihan, foi à cidade natal da jovem, Saqqez, para fazer a cobertura do funeral.
As duas jornalistas foram detidas pouco depois, em setembro de 2022, e permaneceram presas enquanto aguardavam o julgamento e a sentença.
Elaheh Mohammadi foi condenada a seis anos de prisão e Niloufar Hamedi a sete anos de prisão por colaboração com os Estados Unidos, segundo o Mizan Online, uma página na Internet especializada em assuntos judiciais.
Durante o julgamento, as duas jornalistas rejeitaram as acusações de colaboração com os Estados Unidos.
"O veredito é escandaloso. Um ano de prisão preventiva não satisfez a sede de vingança da República Islâmica, que acaba de punir severamente estas duas corajosos jornalistas", declarou o responsável pela delegação dos Repórteres sem Fronteiras (RSF) no Médio Oriente, Jonathan Dagher.
Segundo o responsável dos Repórteres Sem Fronteiras, as duas jornalistas "estão a ser punidas por exercerem a sua profissão".
Ambas foram também condenadas a cinco anos de prisão por conspiração contra a segurança do Estado e a um ano de prisão por propaganda contra a República Islâmica, informou o sítio Mizan Online, pormenorizando que as penas serão cumpridas ao mesmo tempo.
"As condenações de Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi são uma farsa e uma ilustração sombria da erosão da liberdade de expressão e das tentativas desesperadas do Governo iraniano para criminalizar o jornalismo", afirmou o coordenador para o Médio Oriente e Norte de África do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Sherif Mansour.
O marido de Hamedi, Mohammad Hossein Ajorlo, escreveu na rede social X que a jornalista foi informada da sentença no dia do seu aniversário.
De acordo com o CPJ, o Irão prendeu pelo menos 95 jornalistas durante a repressão do movimento de protesto que se seguiu à morte de Mahsa Amini.
Estudante iraniana Armita Garawand morre após quase um mês em coma
A estudante iraniana Armita Garawand, que entrou em coma em circunstâncias controversas no início de outubro no metropolitano de Teerão, morreu hoje, anunciaram os órgãos de comunicação social do país.
"Armita Garawand, uma estudante de Teerão, morreu há uma hora após tratamento médico intensivo e 28 dias de internamento na unidade de cuidados especiais", anunciou a agência Borna, ligada ao Ministério da Juventude e Desportos iraniano.
Com 16 anos e natural da região curda, a adolescente estava internada no hospital Fajr, em Teerão, desde 01 de outubro, após desmaiar no metropolitano da capital iraniana.
As circunstâncias desta morte são controversas. As autoridades alegaram que a adolescente foi vítima de um "colapso" e negaram qualquer "altercação verbal ou física" entre a adolescente e passageiros ou elementos ligados ao metro.
No sábado, a agência iraniana Tasnim citou a "opinião oficial dos médicos" segundo a qual a menina tinha "sofrido uma queda que provocou lesões cerebrais, seguidas de convulsões contínuas, diminuição da oxigenação cerebral e um edema cerebral, após uma queda repentina da pressão arterial.
Segundo as organizações não governamentais, a estudante do ensino secundário ficou gravemente ferida durante um ataque por parte de membros da polícia moral, responsável por fazer cumprir a obrigação das mulheres iranianas de usarem o véu islâmico em público.
Este caso surgiu pouco mais de um ano após a morte, em 16 de setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que foi detida pela polícia moral por alegadamente violar as rígidas regras de indumentária impostas às mulheres no Irão.
Esta morte desencadeou um vasto movimento de protesto no país que fez várias centenas de mortos, incluindo agentes da lei, e levou à detenção de milhares de pessoas.
Advogada detida após participar em funeral de uma jovem no Irão
As autoridades iranianas detiveram uma proeminente advogada após esta ter participado no funeral da jovem Armita Geravand, que morreu depois de várias semanas hospitalizada por ter sido alegadamente atacada por não usar o véu islâmico.
O marido de Nasrín Sotudé, Reza Jandan, declarou que a sua mulher foi detida com "muitas pessoas" durante o funeral de Armita Geravand.
Jandan acrescentou que "Nasrín confirmou durante uma ligação que foi severamente espancada enquanto estava a ser detida".
"Muitos estão em detenção ministerial, tipo de prisão em que estava Mahsa Amini quando morreu nas mãos de agentes do Governo" iraniano, especificou Jandan na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter).
Mahsa Amini morreu em outubro de 2022 após ser detida em Teerão por supostamente não usar o 'hijab' [véu islâmico] de forma correta. Após a sua morte, surgiram denúncias indicando que a jovem foi espancada sob custódia da polícia dos costumes, o que teria levado à sua morte. As autoridades iranianas negam qualquer veracidade destas denúncias.
A agência de notícias iraniana Tasnim indicou que Nasrín Sotudé foi detida por não usar o 'hijab' e por praticar "atividades contra a segurança mental da sociedade", razão pela qual foi levada diante das autoridades judiciais.
A morte de Armita Geravand foi confirmada no sábado pelos meios de comunicação oficiais iranianos.
Os meios de comunicação estatais do Irão divulgaram imagens das câmaras de segurança do metro de Teerão que mostraram várias pessoas a tirar Armita de uma carruagem "após sofrer uma queda de tensão", embora não tem sido mostradas imagens dos momentos anteriores.
Várias organizações não-governamentais (ONG), incluindo Iran Human Rights (RSI), suspeitam que as autoridades estão a tentar encobrir o incidente.
A própria Narsín Sotudé, vencedora do Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2012 pelo seu trabalho como advogada em defesa dos direitos humanos, denunciou no sábado a morte de Geravand e atribuiu-a às autoridades iranianas.
A advogada foi acusada de "propaganda subversiva" e já tinha sido condenada a 38 anos e seis meses de prisão, assim como a 150 chicotadas, pelo seu trabalho na defesa das mulheres que se recusam a usar o véu islâmico em público.
Desde que foi sentenciada à prisão em 2018, a advogada tem ficado fora da prisão devido a várias permissões por razões médica.
Mais de 600 pessoas foram executadas no Irão desde o início do ano
Mais de 600 pessoas foram executadas no Irão desde o início do ano, o número anual mais elevado desde há oito anos, quando ainda faltam dois meses para este acabar, disse hoje uma organização de defesa dos direitos humanos.
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O grupo Iran Human Rights (IHR) [Direitos Humanos no Irão], baseado na Noruega, e outras organizações acusaram o Irão de utilizar a pena capital como meio de semear o medo, depois das manifestações motivadas pela defesa dos direitos das mulheres que abalaram o país durante vários meses, a partir de setembro de 2022.
"A comunidade internacional deve reagir a mais de 60 execuções em 10 meses, o que são dois assassínios pelo Estado por dia", disse o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam.
"O silêncio é um consentimento indireto a estes crimes", acrescentou, salientando que o Irão tinha assumido a presidência do Fórum Social do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas, no início da semana.
As 604 execuções recenseadas pela IHR excedem as 582 registadas em 2022 e a quantidade mais elevada desde 2015, quando se verificaram 972 execuções.
Nobel da Paz em greve de fome contra condições na prisão foi ao hospital
A iraniana vencedora do Prémio Nobel da Paz deste ano, Narges Mohammadi, foi hoje transportada para um hospital para ser submetida a exames médicos, dois dias depois de ter iniciado uma greve de fome por falta de cuidados hospitalares.
"Narges Mohammadi foi enviada para um hospital fora da prisão depois de se ter comprovado o seu [mau] estado de saúde", informou a Direção-Geral das Prisões do Irão, citada pelo jornal iraniano Shargh.
"Devido à ausência de problemas graves, a prisioneira foi enviada de volta à prisão para continuar a sua pena", acrescentaram os serviços prisionais.
Os ativistas iranianos Alireza Khoshpat e Alieh Motalebzadeh confirmaram na rede social X (antigo Twitter) que Mohammadi foi levada ao hospital.
A ativista, de 51 anos, detida na prisão de Evin, em Teerão, foi submetida a um exame aos pulmões, que revelou "um estado normal", e a uma angiotomografia coronária, cujos resultados serão conhecidos posteriormente.
Mohammadi, que sofreu um ataque cardíaco em 2022, iniciou uma greve de fome na segunda-feira para protestar contra a falta de cuidados médicos nas prisões e a obrigatoriedade do uso do véu islâmico no país.
As autoridades iranianas negaram há duas semanas levar Mohammadi a um hospital para exames pulmonares e cardíacos porque ela se recusar a usar um véu islâmico ('hijab').
O Comité Norueguês do Nobel atribuiu no mês passado o prestigiado prémio a Mohammadi "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos".
A Fundação Nobel relacionou o ativismo de Mohammadi com os protestos desencadeados no ano passado no Irão, após a morte, sob custódia policial, da jovem Mahsa Amini, detida por não usar corretamente o véu islâmico.
O Governo iraniano considerou a atribuição do prémio à ativista como "um ato político" e uma medida de "pressão" do Ocidente.
Mohammadi cumpre atualmente uma pena de 10 anos de prisão por "espalhar propaganda contra o Estado", mas tem entrado e saído de várias prisões iranianas nos últimos anos.
O seu ativismo custou-lhe 13 detenções, cinco penas no total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.
A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e passou longos períodos em confinamento solitário.
Tribunal iraniano condena cidadão francês a cinco anos de prisão
Um tribunal do Irão condenou a cinco anos de prisão o francês Louis Arnaud, que está detido desde setembro de 2022, declarou hoje a sua família, levando as autoridades francesas a considerarem esta situação como inaceitável.
"As acusações feitas [contra Arnaud], nomeadamente de propaganda e de colocar em perigo a segurança do Estado iraniano, são completamente infundadas", afirmou a mãe do francês, Sylvie Arnaud, num comunicado.
Segundo a familiar de Arnaud, a sentença foi proferida "após várias audiências em tribunal sem a presença dos seus advogados".
Nenhuma informação foi fornecida pelo Irão sobre o julgamento e a sentença de Louis Arnaud.
"Louis empreendeu esta sua viagem com o objetivo de descobrir a diversidade cultural do mundo, parando no Irão, país que há muito sonhava visitar pela riqueza da sua história e pelo acolhimento dos seus habitantes", disse a sua mãe no comunicado de imprensa.
"Esta condenação é um ataque aos direitos humanos e às liberdades individuais. Aprisiona uma pessoa inocente sem razão. Sanciona arbitrariamente um amante da cultura, da história e da descoberta de novos países. Ele sempre se manteve afastado dos movimentos sociais que estavam apenas a começar. Em nenhum momento agiu com intenções políticas ou por imprudência", acrescentou Sylvie Arnaud.
"Esta condenação, que não é possível ser sustentada, e a ausência de qualquer acesso aos advogados são inaceitáveis", declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, Anne-Claire Legendre durante uma conferência de imprensa.
A porta-voz apelou à "sua libertação imediata, bem como a de todos os franceses" detidos arbitrariamente no Irão.
Além de Louis Arnaud, outros três franceses estão detidos no Irão -- Cécile Kohler, Jacques Paris e um cidadão cuja identidade nunca foi divulgada - e são considerados pela França como "reféns do Estado".
Na segunda-feira, Noémie Kohler, irmã de Cécile, afirmou que esta estava "exausta" e "desesperada", acrescentando que não entendia "por que está detida". A justiça iraniana anunciou em setembro que a investigação estava concluída, abrindo caminho para um possível julgamento, cuja data não é conhecida.
Outro francês, Benjamin Brière, e um cidadão franco-irlandês, Bernard Phelan, foram libertados em maio por "razões humanitárias".
A investigadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, detida em 2019 por colocar em perigo a segurança nacional do Irão, foi libertada em fevereiro e regressou a França em outubro.
O Irão tem na prisão mais de dez cidadãos ocidentais e é acusado por várias organizações de utilizar estas pessoas como moeda de troca em negociações entre Estados.
Irão impede família de Mahsa Amini de viajar para receber Prémio Sakharov
O Irão proibiu familiares da jovem curda que morreu após ter sido detida pelo mau uso do véu de viajar para receber o Prémio Sakharov que lhe foi atribuído a título póstumo, anunciou hoje uma advogada.
Os pais e o irmão de Mahsa Amini foram "proibidos de embarcar no voo que os levaria a França para a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov", disse Chirinne Ardakani, advogada da família em França.
Os familiares de Amini forma impedidos "de sair do país à meia-noite de ontem [sexta-feira], apesar de terem vistos" os seus passaportes "foram confiscados", acrescentou, citada pela agência francesa AFP.
O Parlamento Europeu atribuiu em outubro o Prémio Sakharov a Mahsa Amini e ao movimento "Mulheres, Vida e Liberdade", que tem sido reprimido de forma sangrenta pelas autoridades iranianas.
O Prémio Sakharov é a mais alta distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos.
Mahsa Amini morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por usar um véu que não lhe assentava bem.
A morte da jovem de 22 anos deu origem a meses de manifestações em grande escala contra os líderes políticos e religiosos do Irão, cuja repressão resultou em centenas de mortes e milhares de detenções.
"O assassinato brutal de Mahsa Amini marcou um ponto de viragem", disse a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, aquando do anúncio do prémio.
"O 'slogan' 'Mulheres, Vida, Liberdade' tornou-se um grito de guerra para todos aqueles que defendem a igualdade, a dignidade e a liberdade no Irão", acrescentou.
Em 23 de novembro, o Parlamento Europeu condenou os "assassinatos brutais de mulheres perpetrados pelas autoridades iranianas, incluindo o de Mahsa Amini, vencedora do Prémio Sakharov 2023".
Os eurodeputados apelaram também para a "libertação imediata de todas as vítimas de detenção arbitrária e defensores dos direitos humanos", incluindo a ativista iraniana Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023.
"Enquanto o Prémio Nobel está a decorrer ao mesmo tempo, as autoridades iranianas nunca estiveram tão mobilizadas para impedir que as famílias das vítimas falassem à comunidade internacional", afirmou a advogada Chirinne Ardakani.