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Jornalistas iranianos denunciam detenção de vários colegas
Jornalistas iranianos denunciaram hoje a detenção de vários colegas pelas autoridades do Irão no contexto do movimento de protesto desencadeado após a morte sob custódia policial de Mahsa Amini há mais de um mês.
O Irão tem sido palco de protestos desde a morte, em 16 de setembro, da jovem curda iraniana, que morreu três dias após ter sido presa em Teerão pela polícia da moral por violar o rigoroso código de vestuário do país, que inclui o uso do véu em público.
Dezenas de pessoas, principalmente manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortas durante os protestos, descritos como "tumultos" pelas autoridades. Centenas de outras, incluindo mulheres, foram presas.
O diário reformista Sazandegi noticiou hoje que "mais de 20 jornalistas ainda estão detidos", especialmente em Teerão, mas também em outras cidades. Várias outros foram convocadas pelas autoridades, acrescentou o jornal.
Segundo os meios de comunicação locais, mais de 300 jornalistas e fotojornalistas iranianos assinaram uma declaração denunciando as autoridades por "prenderem colegas e os privarem dos seus direitos de cidadania após as detenções".
"Foi-lhes negado o acesso aos seus advogados, interrogados e acusados antes de serem presentes a tribunal", acrescenta a declaração, apelando às autoridades para que libertem os jornalistas.
Numa declaração publicada no jornal Etemad, a Associação de Jornalistas de Teerão classificou como "ilegal" e "em conflito com a liberdade" da imprensa "a abordagem securitária" da profissão de jornalista.
O sindicato referia-se a um longo relatório publicado na sexta-feira pelos serviços de segurança do país sobre as origens dos protestos e a alegada "intervenção dos EUA nos recentes tumultos" no Irão.
No mesmo documento, acusaram os ocidentais de organizarem "cursos de formação" para iranianos com o objetivo de mudar o poder no Irão.
Em particular, acusava dois jornalistas, identificando-os pelas iniciais dos seus nomes, de terem recebido tal formação e de terem "atuado como fontes primárias para os meios de comunicação social estrangeiros".
Segundo os meios de comunicação locais, o relatório referia-se à jornalista Elaheh Mohammadi, do diário Sazandegi, e ao fotógrafo Niloufar Hamedi, do jornal Shargh, que tinham ajudado a divulgar o caso de Mahsa Amini e que estiveram detidos durante semanas.
"O nosso jornalista e o nosso jornal (...) atuaram no âmbito da sua missão jornalística", disse o editor do Shargh Mehdi Rahmanian, acrescentando que Hamedi não foi o primeiro a relatar a morte da jovem mulher.
O jornal Sazandegi criticou o relatório dos serviços secretos, acrescentando que "visar os jornalistas levaria à destruição dos meios de comunicação social".
Irão vai iniciar julgamento público de mil detidos na onda de protestos
O Irão vai iniciar esta semana julgamentos públicos de mil pessoas acusadas de envolvimento nos protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, em setembro, anunciou hoje o gabinete judicial de Teerão.
Os julgamentos serão realizados em público em tribunais revolucionários na capital iraniana, disse o gabinete, segundo a agência espanhola EFE.
"Estes são indivíduos que cometeram atos de sabotagem durante a recente agitação e enfrentam sérias acusações, tais como agressão e morte de forças de segurança ou atear fogo a propriedade pública e privada", disse o gabinete.
O chefe do poder judicial iraniano, Gholamhosein Mohseni Ejei, disse que os julgamentos serão realizados com "rapidez e precisão", especialmente daqueles que tentaram subverter o sistema islâmico.
"Aqueles que tentaram subverter o regime e dependem de estrangeiros serão punidos de acordo com as leis", disse Ejei.
As acusações de colaboração com governos estrangeiros podem acarretar a pena de morte no Irão.
Pelo menos 1.019 pessoas foram acusadas em oito das 31 províncias iranianas pelo seu envolvimento nos protestos, mas o número poderá ser mais elevado, uma vez que cada região tem vindo a anunciar os seus casos.
O Irão tem enfrentado protestos desde a morte de Amini em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida pela polícia moral por usar incorretamente o véu islâmico.
Os protestos são liderados principalmente por jovens e mulheres que pedem liberdade e o fim da República Islâmica, algo impensável há pouco tempo.
Nos últimos dias, a repressão das manifestações endureceu, especialmente nas universidades, na sequência de um ultimato dos Guardas Revolucionários para que os jovens parassem de protestar.
Os protestos estão a ser fortemente reprimidos pelas forças de segurança e resultaram em 108 mortos e 12.500 detidos, de acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo.
Grupo de homens ataca vigília pró-democracia pelo Irão em Berlim
Três pessoas ficaram feridas na sequência do ataque.
Um grupo de homens com máscaras atacou uma vigília em Berlim de apoio aos movimentos feministas e democráticos no Irão, no domingo de madrugada, rasgando tarjas e agredindo ativistas presentes na capital alemã.
Através do Twitter, a polícia de Berlim confirmou a ocorrência de um ataque no protesto junto à embaixada iraniana, contando que "três desconhecidos atacaram participantes da vigília em frente à embaixada iraniana na zona de Dalhem".
"Três homens ficaram feridos e outro disse que foi ameaçado com uma arma", acrescentaram as autoridades. A segurança da embaixada foi também alertada.
O Deutsche Welle, ctiando a agência de notícias alemã dpa (Deutsche Presse-Agentur), disse que duas tarjas foram rasgadas pelos atacantes. As faixas diziam "Iranianos querem democracia" e "Mulheres, Vida, Liberdade", dois 'slogans' adotados por ativistas iranianos para pedir o fim do regime ditatorial no país e uma maior liberdade de direitos e igualdade para as mulheres.
Os homens terão ainda agredido pessoas no interior de uma carrinha junto à vigília. A polícia alemã garantiu que está a investigar o incidente.
A luta feminista iraniana está na base dos protestos que se intensificaram ao longo do último mês. Depois de o regime iraniano ter promulgado leis que tornaram ainda mais restrito o vestuário permitido às mulheres em público, especialmente no uso obrigatório do hijab, uma jovem curda chamada Mahsa Amini morreu detida pelas forças de segurança do país, por não respeitar as leis de indumentária.
Em resposta, milhares de mulheres confrontaram diretamente as autoridades, andando na rua sem hijab e cortando os cabelos em público, como um protesto pela desigualdade de tratamento.
A partir daí, o nome de Mahsa Amini passou a ser um símbolo para os movimentos pró-democracia no Irão, que pedem o fim do regime teocrático do ayatollah Ali Khamenei.
Manifestantes mantêm-se nas ruas do Irão apesar da repressão
A contestação e os protestos continuam no Irão pela sétima semana consecutiva apesar do aumento de repressão, os julgamentos e as condenações à morte, descrevem hoje organizações de defesa dos direitos humanos.
Sem precedentes desde 2019, os protestos -- que as autoridades descrevem como "tumultos" -- foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini a 16 de setembro.
Mahsa Amini, de 22 anos, morreu três dias depois de ter sido detida e violentamente agredida pela polícia de moral e costumes em Teerão, por incumprimento do rígido código de vestuário imposto às mulheres pela República Islâmica, porque era visível parte do seu cabelo, apesar de envergar o obrigatório 'hijab' (véu islâmico), segundo organizações não-governamentais.
Na semana passada, as autoridades alertaram os manifestantes que era hora de sair das ruas, mas os protestos continuam inabaláveis, com manifestações em áreas residenciais, universidades e nas principais avenidas.
De acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, que tem sede em Oslo, 160 pessoas foram mortas nas manifestações e outras 93 em distúrbios separados em Zahedan (sudeste).
As organizações alertam ainda que as cerimónias de luto, organizadas de acordo com a tradição no 40.º dia após a morte, provavelmente se transformará numa manifestação contra o poder.
No distrito de Ekbatan, em Teerão, moradores adotaram 'slogans' de protesto como "Morte ao ditador" na noite de segunda-feira, diante das forças de segurança que usaram granadas de efeito moral, segundo imagens publicadas em vários órgãos de comunicação.
Irão preocupado com jornalistas presas por divulgarem caso Amini
O destino de duas jornalistas iranianas, que ajudaram a divulgar o caso Mahsa Amini, foram detidas há mais de um mês e recentemente acusadas de espionagem, está a causar crescente preocupação entre os defensores de direitos humanos.
As jornalistas Niloufar Hamedi, de 30 anos, e Elaheh Mohammadi, de 35 anos, foram detidas no início dos grandes protestos que eclodiram no Irão após a morte de Mahsa Amini em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela chamada 'polícia dos costumes', que a acusou de violar o rígido código de indumentária, que inclui o uso do véu em público.
Os protestos, descritos como tumultos pelas autoridades iranianas, são os maiores, em escala e natureza, desde a Revolução Islâmica de 1979.
Niloufar Hamedi, do jornal Shargh, que se deslocou ao hospital onde Mahsa Amini estava em coma antes de morrer, foi detida em 20 de setembro, segundo sua família.
Já Elaheh Mohammadi, do diário Ham Mihan, tinha viajado para Saghez (província iraniana do Curdistão), cidade natal de Mahsa Amini, para cobrir o funeral da jovem, onde ocorreu uma das primeiras manifestações deste grande movimento de protesto. A jornalista foi detida em 29 de setembro.
As duas jornalistas estão detidas na prisão de Evin, em Teerão, de acordo com mensagens divulgadas nas redes sociais pelas famílias, noticiou hoje a agência France-Presse (AFP).
Estas estão entre os 51 jornalistas detidos no Irão, na sequência de uma vaga de detenções pelas autoridades desde o início dos protestos, segundo dados divulgados pelo Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Destes, apenas 14 fora libertados mediante pagamento de uma fiança.
O Centro de Defensores dos Direitos Humanos no Irão (CHRI) com sede em Nova Iorque, referiu em comunicado que está "profundamente preocupado" com a situação dos dois jornalistas.
Este organismo destacou ainda que os jornalistas "estão a detidos sem respeito pelos procedimentos legais internacionalmente reconhecidos e podem enfrentar anos de prisão caso sejam condenados".
A organização não-governamental (ONG) instou ainda a comunidade internacional a mobilizar-se por estas duas mulheres, "que sofrem, sem proteção, com a fúria das autoridades iranianas, tal como os milhares de pessoas detidas arbitrária e ilegalmente no Irão".
Na semana passada, uma declaração conjunta do Ministério de Inteligência do Irão e dos serviços de inteligência da Guarda Revolucionária, o exército ideológico de Teerão, acusou as duas jornalistas de serem espiãs e utilizarem o seu estatuto de jornalistas como "disfarce".
O comunicado afirma que ambas as mulheres concluíram programas de treino no exterior e acusa-as de terem incentivado a ira da família de Mahsa Amini e as manifestações que eclodiram após o enterro da jovem.
"Deve-se mencionar também que as duas [jornalistas] foram as primeiras fontes que permitiram fabricar esta informação para os 'media' estrangeiros", acusa ainda o comunicado.
De acordo com o CPJ, esta acusação significa que as duas mulheres "podem enfrentar a pena de morte" se forem formalmente acusadas e condenadas por espionagem.
Para a CHRI, esta declaração está "cheia de acusações infundadas", incluindo uma falsa acusação de que Hamedi postou na sua conta no Twitter uma foto de Mahsa Amini que se tornou viral nas redes sociais.
"Esta caça às bruxas é uma tentativa cobarde da República Islâmica de culpar as duas jornalistas pelas suas próprias falhas, desviar a atenção das políticas repressivas que deram origem a este movimento de protesto espontâneo e crescente", sublinhou o diretor da CHRI, Hadi Ghaemi.
No domingo, mais de 300 jornalistas e fotojornalistas iranianos assinaram uma declaração criticando as autoridades por terem "prendido colegas e privando-os dos seus direitos", incluindo "o acesso a um advogado".
Questionado pela agência Isna sobre um grande número de jornalistas e fotógrafos detidos, o diretor-geral para os órgãos de comunicação locais do Ministério da Cultura, Iman Shamsaï, sublinhou que "ninguém foi preso em Teerão devido a atividades dos 'media'".
A contestação e os protestos continuam no Irão pela sétima semana consecutiva apesar do aumento de repressão, os julgamentos e as condenações à morte, descrevem hoje organizações de defesa dos direitos humanos.
Na semana passada, as autoridades alertaram os manifestantes que era hora de sair das ruas, mas os protestos continuam inabaláveis, com manifestações em áreas residenciais, universidades e nas principais avenidas.
De acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, que tem sede em Oslo, 160 pessoas foram mortas nas manifestações e outras 93 em distúrbios separados em Zahedan (sudeste).
Jornalista iraniana detida após entrevistar o pai de Mahsa Amini
"O pai de Mahsa Amini: Eles estão a mentir!" é o título do artigo, publicado no site Mostaghel a 19 de outubro, que motivou a intervenção do regime iraniano contra Nazila Maroufian.
Nazila Maroufian, jornalista iraniana que trabalha para o site de notícias Ruydad 24, foi detida no domingo, após ter realizado uma entrevista ao pai de Mahsa Amini, jovem que morreu, a 16 de setembro, após ter sido detida pela polícia da moralidade em Teerão pelo uso incorreto do hijab.
"O pai de Mahsa Amini: Eles estão a mentir!" é o título do artigo, publicado no site Mostaghel a 19 de outubro, que motivou a intervenção do regime iraniano contra a jornalista natural de Saghez, na província iraniana do Curdistão (tal como Mahsa Amini), reporta o Le Parisien.
O site em causa viria, depois, a retirar o texto da sua plataforma, que contraria a explicação dada pelas autoridades iranianas de que a morte da sua filha se deveu a problemas de saúde.
A jornalista foi detida quando se encontrava na casa de familiares, tendo depois sido transferida para a prisão de Evin, em Teerão, de acordo com a informação avançada pela organização não-governamental norueguesa Hengaw, que cita uma chamada telefónica tida com a família de Nazila Maroufian.
"Não tenho intenção de cometer suicídio e não tenho nenhuma doença subjacente", escreveu ainda a jornalista antes do momento da detenção, fazendo uma referência direta aos riscos que sabia estar a correr por publicar a peça jornalística que teve como principal fonte o pai de Mahsa Amini.
Recorde-se que, para além de Nazila Maroufian, as duas jornalistas que ajudaram, inicialmente, a divulgar o caso de Mahsa Amini estão também detidas na prisão de Evin.
Uma delas é Niloufar Hamedi, de 30 anos, que trabalha para o jornal Shargh. Foi detida no dia 20 de setembro, segundo fontes familiares, depois de ter visitado o hospital onde a jovem curda esteve em coma antes de perder a vida.
Por sua vez, Elaheh Mohammadi, de 35 anos, deslocou-se a Saghez para cobrir o funeral de Mahsa Amini, onde teve lugar uma das primeiras manifestações desta vaga de protestos. A repórter do diário Ham Mihan viria a ser detida a 29 de setembro.
De acordo com o Comité de Proteção dos Jornalistas sediado em Nova Iorque, as detenções recentes de jornalistas no Irão não se ficam por aqui. Na verdade, as contabilizações desta entidade dão conta de que 54 jornalistas foram presos pelas autoridades iranianas durante a sua tentativa de repressão destes violentos protestos, que duram já há quase dois meses e que provocaram centenas de mortos. Desde então, apenas uma dúzia destes profissionais foi libertada sob fiança.
Crianças entre pelo menos dez mortos em novos protestos no Irão, diz AI
A Amnistia Internacional (AI) denunciou esta sexta-feira que pelo menos dez pessoas, incluindo crianças, morreram no sudeste do Irão depois das forças de segurança terem disparado contra um grupo de manifestantes na província de Sistão-Baluchistão.
"AAI está profundamente preocupada com o novo derrame de sangue após o corte da Internet e informa que mais forças de segurança foram enviadas de Zahedan para Kash", destacou esta organização não-governamental (ONG) numa publicação das redes sociais.
De acordo com imagens e relatos de testemunhas recebidos desde Cash, na província de Sistão-Baluchistão, desde as 14h00 (11h00 em Lisboa) as forças de segurança dispararam munições contra "manifestantes pacíficos", sublinhou a AI, que divulgou vídeos dos incidentes.
Zahedan, capital do Sistão-Baluchistão, é um dos epicentros dos protestos contra as autoridades iranianas que eclodiram há quase dois meses, após a morte de Mahsa Amini em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela chamada 'polícia dos costumes', que a acusou de violar o rígido código de indumentária, que inclui o uso do véu em público.
O clérigo xiita e imã Sayad Shahraki da mesquita Mulay Motaqian foi morto esta sexta-feira a tiro por um grupo de homens armados na cidade de Zahedan, revelou o chefe de polícia daquela província, Sardar Ahmad Taheri.
Shahraki, um dos principais representantes da comunidade xiita numa cidade predominantemente sunita e balúchi, foi baleado na cabeça e no peito.
Os suspeitos fugiram e os serviços médicos não conseguiram salvar a vida do líder religioso, segundo o chefe de polícia, citado pelo portal de notícias reformista iraniano Entejab.
Zahedan foi palco de uma violenta repressão em 30 de setembro, na qual as forças de segurança mataram 92 pessoas, incluindo 12 crianças, segundo organizações civis.
Os protestos na cidade começaram depois da violação, em junho, de uma menina balúchi por um polícia, tendo-se alastrado depois com a morte de Amini em 16 de setembro.
Quatro membros das forças de segurança também foram mortos em 30 de setembro, dia que ficou conhecido como Sexta-feira Negra de Zahedan e que levou à demissão imediata de agentes de segurança por uso de força excessiva contra manifestantes.
A escala dos protestos, descritos como motins pelas autoridades iranianas, não tem precedentes no Irão desde a revolução islâmica de 1979.
Dezenas de pessoas, sobretudo manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortas desde o início do protesto, segundo as autoridades. Centenas de outras pessoas, incluindo mulheres, foram presas.
Protestos continuam nas ruas do Irão apesar do aumento da repressão
O Irão assistiu, este sábado, a novas manifestações estudantis e greves em empresas, apesar do aumento da repressão, sete semanas após a morte de Mahsa Amini, adiantaram defensores dos direitos humanos.
Segundo ativistas, as forças de segurança usaram hoje novos métodos contra os manifestantes nas universidades de Teerão, revistando estudantes e obrigando aqueles que usavam máscara a retira-la para os identificar.
Apesar disso, os estudantes protestaram na Universidade Islâmica de Mashhad, no nordeste do Irão, gritando "Eu sou uma mulher livre, vocês são os pervertidos", segundo um vídeo divulgado pela BBC Persian.
"Morre um estudante, mas não aceita a humilhação", gritaram estudantes da Universidade Gilan, em Rasht, no norte do Irão, num vídeo enviado por um ativista.
Os protestos na cidade começaram depois da violação, em junho, de uma menina balúchi por um polícia, tendo-se alastrado depois com a morte de Amini, em 16 de setembro.
Quatro membros das forças de segurança também foram mortos em 30 de setembro, dia que ficou conhecido como Sexta-feira Negra de Zahedan e que levou à demissão imediata de agentes de segurança por uso de força excessiva contra manifestantes.
A escala dos protestos, descritos como motins pelas autoridades iranianas, não tem precedentes no Irão desde a revolução islâmica de 1979.
Dezenas de pessoas, sobretudo manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortas desde o início do protesto, segundo as autoridades. Centenas de outras pessoas, incluindo mulheres, foram presas.
Irão ameaça de morte dois jornalistas no Reino Unido
Dois jornalistas que trabalham para a Iran International, um canal de televisão em língua persa com sede em Londres, receberam ameaças de morte de Teerão, noticiou hoje o grupo proprietário do canal.
"Jornalistas irano-britânicos que trabalham no Reino Unido receberam ameaças de morte por parte dos Guardas da Revolução" (o exército ideológico de Teerão), fez saber a Volant Media através de um comunicado.
Segundo o grupo, dois jornalistas receberam "avisos e ameaças credíveis", o que levou a polícia de Londres a "informar oficialmente os dois jornalistas de que estas ameaças representam um risco iminente, credível e significativo para as suas vidas e as vidas das suas famílias".
De acordo com o grupo Volant Media, "outros jornalistas da Iran International foram informados diretamente pela Polícia Metropolitana sobre estas ameaças".
O canal de televisão tem vindo a cobrir os protestos no Irão desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana de 22 anos, que morreu três dias depois de ter sido presa em Teerão pela polícia por violar o código de vestuário da república islâmica, que exige que as mulheres usem o véu.
Os protestos - numa escala não vista no país nos últimos três anos - foram reprimidos com violência, sendo o balanço na ordem das quase duzentas mortes, de acordo com organizações não-governamentais.
Irão. Detenção de mulheres jornalistas, greves e exigência de referendo
A contestação contra a repressão dos protestos pela morte de Mahsa Amini prossegue no Irão, com greves em várias cidades e o movimento reformista exigindo um referendo, enquanto o regime reage detendo mulheres jornalistas.
A onda de protestos desencadeada pela morte em Teerão, a 16 de setembro, da jovem curda de 22 anos Mahsa Amini, três dias depois de violentamente agredida e detida pela "polícia da moral" por infringir o rígido código de vestuário feminino, porque embora envergasse o 'hijab' (véu islâmico), este deixava ver parte do seu cabelo, está a fazer com que a República Islâmica continue de forma sistemática a tentar silenciar as mulheres no país.
Segundo a organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF), enquanto os protestos se sucedem, as autoridades estão a deter um número "sem precedentes" de mulheres jornalistas.
"Além de o regime iraniano continuar a reprimir as manifestações provocadas pela morte de Mahsa Amini, quase metade dos jornalistas detidos desde meados de setembro são mulheres. Duas delas podem ser condenadas à morte", denunciou a RSF.
"O número crescente de mulheres jornalistas detidas revela de forma simbólica a intenção do regime iraniano de reduzir sistematicamente as vozes das mulheres ao silêncio", acrescentou a ONG num comunicado.
Esta semana, as autoridades indiciaram Nilufar Hamedi e Elahe Mohammadi, duas jornalistas que contribuíram para divulgar o caso de Mahsa Amini, por "propaganda contra o sistema" e "conspiração para agir contra a segurança nacional", acusações passíveis de punição com pena de morte, fazendo com que a RSF apele para a sua libertação "imediata e incondicional".
Desde o início das manifestações, pelo menos 42 jornalistas foram detidos no Irão, de acordo com a RSF. Oito deles foram libertados, ao passo que 34 estão ainda sob custódia policial, 15 dos quais são mulheres, precisou a organização com sede em Paris.
"Atualmente, há cinco vezes mais mulheres presas que antes do início dos distúrbios. O número de mulheres jornalistas atrás das grades nunca foi tão elevado", indicou a ONG.
As jovens têm estado na vanguarda da contestação, algumas retirando e queimando os respetivos 'hijab', gritando palavras de ordem contra o regime e desafiando as forças de segurança nas ruas.
O poder está a tentar asfixiar estas manifestações, que constituem o maior desafio à República Islâmica desde a revolução que a instituiu, em 1979, com as forças policiais a disparar sobre os manifestantes utilizando munições reais, granadas de gás lacrimogéneo e balas de chumbo e as autoridades a impor restrições de acesso à internet e a bloquear aplicações como o Instagram e o WhatsApp.
No oeste do Irão, decorreram hoje greves em várias cidades por ocasião de cerimónias de luto para assinalar o 40.º dia desde a morte de quase cem manifestantes vítimas de repressão em Zahedan, relatou outra ONG, a Iran Human Rights (IHR).
A 30 de setembro, as forças de segurança dispararam sobre iranianos que protestavam em Zahedan, capital da província de Sistão-Baluchistão, contra a violação de uma adolescente local de 15 anos imputada a um comandante da polícia de Chabahar, outra cidade da província.
Segundo a IHR, sediada na Noruega, 92 pessoas foram mortas naquele dia e, desde então, mais 28 morreram em protestos em Zahedan e noutros pontos da província.
No total, a repressão das manifestações pela morte de Mahsa Amini - transportada já em coma a 13 de setembro do local onde se encontrava detida para um hospital, onde morreria três dias depois -- já fez mais de 186 mortos, entre os quais mulheres e crianças, precisou a IHR, além de milhares de detenções, incluindo de dissidentes, jornalistas e advogados.
"O que se passou [a 30 de setembro] em Zahedan é, segundo o Direito Internacional, um exemplo claro de massacre de civis", declarou o grupo de defesa dos direitos curdos no Irão Hengaw, na rede social Twitter.
As autoridades iranianas indicaram que pelo menos seis polícias foram mortos durante os tumultos no Sistão-Baluchistão.
Segundo analistas políticos, os habitantes desta província pobre de maioria sunita -- e não xiita, como o resto do Irão, pelo que é vítima de discriminação -- inspiraram-se na contestação ligada à morte de Mahsa Amini.
"As manifestações de 2022 concentram iranianos revoltados e frustrados com o mesmo objetivo, derrubar o regime teocrático" do país, disse Saeid Golkar, professor adjunto na Universidade do Tennessee, em Chattanooga, citado pela agência de notícias francesa AFP.
Hoje, a principal coligação do campo reformista iraniano instou à realização de um referendo para sair da "crise" nascida do movimento de contestação pela morte da jovem curda Mahsa Amini.
"A Frente das Reformas iraniana exige mudanças imediatas, corajosas e inovadoras" por parte do Estado, para iniciar "um diálogo eficaz à escala nacional", escreveu o movimento no comunicado divulgado no seu 'site' da internet.
Formada em março de 2021 pelo círculo próximo do ex-Presidente reformista Mohammad Khatami, a Frente das Reformas é composta por partidos do campo reformista.
"Esta primeira ação é inclusive possível com base na (...) atual Constituição e aplicando-a integralmente, incluindo (...) o artigo 59.º, sobre a realização de um referendo", acrescentou o movimento no comunicado.
A Constituição iraniana prevê a realização de um "referendo e faz uma referência direta aos votos do povo" em questões económicas, políticas, sociais e culturais de grande importância.
"As decisões práticas dos líderes do país nesta matéria podem efetivamente travar a crise e abrir horizontes aos cidadãos desiludidos, insatisfeitos e revoltados", acrescentou o movimento.
Dois espanhóis detidos no Irão. Um deles seguia a pé para o Qatar
ONG confirmou a detenção de Santiago Sanchéz, o espanhol que saiu de Madrid a pé rumo ao Qatar, para apoiar a seleção espanhola no Mundial. Foi também detida uma mulher, identificada como Ana Baneira, de 24 anos.
Pelo menos dois cidadãos espanhóis foram detidos pelas autoridades iranianas durante protestos contra o governo do Irão. A informação foi confirmada pela organização não-governamental (ONG) Human Rights Activists News Agency (HRANA), sediada nos Estados Unidos da América.
Foi também detida uma mulher, identificada como Ana Baneira, de 24 anos. Os detalhes da sua detenção não são conhecidos.
No final de outubro, a estação de televisão Iran Internacional revelou que Santiago Sánchez - desaparecido desde 1 de outubro, após ter passado a fronteira do Iraque para o Irão - tinha sido detido juntamente com um “tradutor” em Saqez, durante uma visita à campa de Mahsa Amini, a jovem de 22 anos que morreu após ser detida pela polícia da moralidade por não utilizar corretamente o véu islâmico. Segundo o mesmo canal, o espanhol fora transferido para uma prisão no Teerão.
Santiago Sánchez Cogedor, natural de Madrid, fez-se ao caminho no início de janeiro deste ano e passou por 11 países, sempre relatando as “aventuras” nas redes sociais. As notícias deixaram de chegar a 1 de outubro, quando revelou à família e amigos que se encontrava na fronteira do Curdistão iraniano, sendo o Irão o último território a visitar antes de viajar de barco para o Qatar.
Pelo menos 328 mortos e quase 15 mil detidos nos protestos do Irão
Pelo menos 328 pessoas foram mortas e 14.825 detidas nos protestos no Irão desencadeados pela morte de uma mulher em 16 de setembro após ser detida pela polícia de costumes, avançou hoje o grupo Ativistas dos Direitos Humanos.
Segundo o grupo, que acompanha os protestos há 54 dias, o anúncio do número de vítimas visa enfrentar o silêncio mantido pelo Governo do Irão há várias semanas e as informações avançadas pela imprensa estatal, que garante que as forças de segurança não mataram ninguém.
As manifestações, que são já consideradas a maior ameaça ao regime teocrático do Irão desde a Revolução Islâmica, em 1979, deverão intensificar-se nos próximos dias, à medida que as pessoas vão para as ruas para marcar o luto dos 40 dias pelos primeiros manifestantes mortos, uma cerimónia comum em vários países do Médio Oriente.
Apesar de o Governo e o Exército terem renovado as ameaças contra a dissidência local e o mundo em geral, as várias cerimónias do luto dos 40 dias ameaçam tornar os protestos em confrontos cíclicos entre um público cada vez mais desiludido e as forças de segurança que recorrem a uma violência cada vez maior.
No dia 26 de outubro, quando se assinalou o 40º dia desde a morte da jovem Mahsa Amini, centenas de pessoas reuniram-se à frente do seu túmulo, apesar de o gabinete do governador provincial ter anunciado que "a família não ia assinalar a data".
O dia foi assinalado com vários protestos, sobretudo em universidades.
Vídeos divulgados hoje na internet a partir do Irão -- apesar dos esforços do Governo para suprimir a internet -- mostram manifestações em Teerão e outras cidades, onde é possível ver o uso de gás lacrimogéneo contra gritos de "Morte ao Ditador", um canto que se tornou comum nos protestos contra o líder supremo do Irão, Ali Khamenei.
Não ficou imediatamente claro se houve feridos ou detidos nestes protestos, embora a agência de notícias estatal iraniana IRNA tenha reconhecido as manifestações como sendo as de Isfahan.
Entretanto, o comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária Islâmica, Amir Ali Hajizadeh, anunciou hoje, sem apresentar provas, que as suas forças adquiriram mísseis hipersónicos.
Os mísseis hipersónicos voam a uma velocidade cinco vezes superior à velocidade do som, representando uma ameaça aos sistemas de defesa antimísseis.
Acredita-se que a China e os Estados Unidos estejam a tentar adquirir este tipo de armas, enquanto a Rússia afirma já estar a colocá-las em campo e garante que já as usou na Ucrânia.
O Irão culpa a Arábia Saudita, o Reino Unido, Israel e os EUA por fomentarem distúrbios no país, tendo os responsáveis do Governo avisado que a "paciência pode esgotar-se" numa ameaça velada a estes países.
Mahsa Amini morreu num hospital em 16 de setembro, três dias após ser detida pela polícia da moralidade por usar o véu islâmico alegadamente de forma incorreta. Desde então, os protestos mantêm-se, sendo duramente reprimidos pelas forças de segurança.
A indignação no Irão pela morte de Mahsa Amini provocou a maior onda de protestos contra o Governo desde as manifestações contra o aumento dos preços da gasolina de 2019, num país rico em petróleo.
Irão. Primeira condenação à morte ligada aos "motins"
Um tribunal de Teerão condenou à morte hoje, pela primeira vez, uma pessoa acusada de participar nos "motins" no Irão, indicou a agência da autoridade judicial Mizan 'online'.
Segundo o veredicto que ditou a condenação à pena capital, a pessoa julgada foi considerada culpada de "ter incendiado um edifício governamental, de perturbar a ordem pública, de reunião e conspiração para cometer um crime contra a segurança nacional, e inimigo de Deus e corrupção na terra", precisou a agência, sem divulgar qualquer nome ou idade.
Um outro tribunal da capital iraniana condenou cinco pessoas a penas de prisão que vão de cinco a 10 anos por "reunião e conspiração para cometer crimes contra a segurança nacional e perturbar a ordem pública".
Trata-se de tribunais de primeira instância e os condenados podem recorrer, precisou a Mizan.
O Irão tem sido abalado por uma vaga de manifestações desde a morte, no passado dia 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida três dias antes pela polícia da moralidade por violar o rígido código de vestuário da República Islâmica.
Justiça acusa 440 pessoas por participarem em protestos
A justiça iraniana acusou hoje 440 pessoas por terem participado em protestos que se têm desencadeado no país desde 16 de setembro, após a morte da jovem Mahsa Amini.
Opresidente do tribunal da província de Markazi, Abdol Mahdi Musavi, informou que 276 dos manifestantes presos nesta província foram considerados culpados, mas isto não quer dizer que estejam condenados e quem deve decidir isso "são os tribunais penais de primeira instância e recurso", disse à agência de notícias oficial iraniana, IRNA.
Por sua vez, o presidente do Tribunal da província do sul Hormozgán, Moytaba Ghahremaní, informou que, por esse motivo, na citada província foram feitas acusações contra 164 pessoas, cujos expedientes foram enviados para o tribunal para irem a julgamento.
As autoridades iranianas não referiram o número total de detidos nem mortos no país, mas a Organização Não Governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo, estima que haja 326 mortos.
O Irão vive uma série de protestos desde a morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro, após ter sido presa, três dias antes, pela polícia da moral por estar a usar o véu islâmico incorretamente, o que está a ser duramente reprimido pelas forças de segurança.
Os protestos estão a ser liderados, sobretudo, por jovens e mulheres que gritam 'slogans' como "mulher, vida, liberdade" contra o Governo e queimam véus, um dos símbolos da República Islâmica e algo impensável até há pouco tempo.
Irão. Apelos a protestos após Justiça decretar primeira sentença de morte
A emissão da primeira sentença de morte pela Justiça iraniana para um ativista que participou nas mobilizações de protesto contra o autoritário regime teocrático no Irão levou hoje várias associações locais a reforçar os apelos a manifestações idênticas.
Os novos apelos, que reforçam os já em curso e que abalam o Irão há cerca de dois meses, coincidem com o aniversário dos protestos desencadeados há três anos, na altura provocados pelo aumento dos preços dos combustíveis e nos quais 300 pessoas, segundo a Amnistia Internacional (AI), morreram na repressão policial.
"Convocamos a juventude dos bairros de Teerão a participar, nas ruas, em ações de protesto no aniversário de novembro sangrento de 2019. O fim do regime está próximo", disse o grupo de ativistas nas redes.
O Irão está mergulhado numa série de protestos desde 16 de setembro passado, dia em que Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos, foi morta após ter sido presa três dias antes pela Polícia da Moralidade por usar incorretamente o véu islâmico, manifestações que estão a ser duramente reprimidas pelas forças de segurança iranianas.
Os protestos estão a ser liderados sobretudo por jovens e mulheres, em que são gritadas palavras de ordem como "mulher, vida, liberdade" e lançados 'slogans' contra o Governo, ao mesmo tempo que se assiste nas ruas à queima de véus, um dos símbolos da República Islâmica, algo impensável há pouco tempo.
Os novos apelos para mais protestos ocorrem um dia depois de um tribunal de Teerão ter condenado à morte um ativista, acusado de "inimizade com Deus e corrupção na terra", naquela que é a primeira condenação por participação no que Teerão considera "motins".
Além disso, o ativista também foi condenado por "incendiar um edifício pertencente ao Governo, perturbação da ordem pública e reunião e conspiração para cometer crimes contra a segurança nacional".
Ao mesmo tempo, outro tribunal em Teerão condenou cinco outros ativistas a penas de prisão entre os cinco e 10 anos por "perturbação da ordem pública, reunião e conspiração para cometer crimes contra a segurança nacional".
As autoridades judiciais acusaram mais de 2.000 pessoas de vários crimes pela participação nas mobilizações, em que é pedido o fim da República Islâmica, e em que muitas delas incorrem numa pena capital.
Nesse sentido, a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, alertou hoje para o risco de execuções rápidas após o anúncio da primeira pena de morte.
"A comunidade internacional deve avisar fortemente a República do Irão sobre as consequências da execução de manifestantes. Chamar os respetivos embaixadores e implementar medidas de direitos humanos mais eficazes contra funcionários são algumas consequências a serem consideradas", indicou a IHR num comunicado.
Segundo o mais recente balanço da organização, nas últimas semanas, o número de mortes às mãos das forças de segurança iranianas chega a 326, incluindo 43 menores.
Também hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou que realizará uma sessão especial a 24 deste mês para discutir "a deterioração dos direitos humanos e do Irão", na sequência de um pedido apresentado pela Alemanha e pela Islândia e aprovado por mais de um terço dos 47 países membros.
Sábado, o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu novas sanções à escala da União Europeia (UE) contra o Irão, em resposta à repressão das manifestações pacíficas.
O pedido alemão foi mal recebido no Irão, cujo Ministério dos Negócios Estrangeiros considerou a posição alemã como "intervencionista, provocadora e pouco diplomática".
O porta-voz do ministério, Nasser Kanani, assegurou que o Irão, em matéria de direitos humanos, baseia-se sempre no "princípio da responsabilidade" e defende a dignidade humana e os oprimidos, enquanto a Alemanha sempre atuou de modo irresponsável.
Pelo menos 12 mortos em noite de violência no Irão
Pelo menos 12 pessoas morreram na quarta-feira à noite em protestos e trocas de tiros em várias regiões do Irão, noticiaram os meios de comunicação social do país.
OIrão tem sido abalado por uma vaga de protestos desde a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida três dias antes pela polícia da moralidade por violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
O caos dos protestos foi "explorado por grupos terroristas" para cometer um atentado na cidade de Ize, no sul do Irão, noticiou a agência estatal iraniana IRNA.
Homens armados a conduzir motocicletas abriram fogo sobre populares e polícias no mercado central da cidade, matando pelo menos sete pessoas e ferindo 15.
Três suspeitos foram detidos pelo alegado envolvimento neste ataque, disse Ali Dehqani, chefe do Departamento de Justiça da província do Cuzistão, onde se encontra Ize, de acordo com a agência de notícias Tasnim.
Num outro ataque, homens armados montados em motocicletas dispararam contra as forças de segurança na cidade de Isfahan, no centro do Irão, e mataram dois basiji (milicianos islâmicos) e feriram oito.
Além disso, três pessoas morreram na cidade de Semirom, na província de Isfahan, em circunstâncias ainda desconhecidas.
Os protestos intensificaram-se desde terça-feira, na sequência de um apelo de ativistas para comemorar as mobilizações antigovernamentais de 2019, durante as quais foram mortas 300 pessoas, de acordo com a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.
Estão a decorrer greves em várias cidades iranianas, mas é difícil conhecer o alcance deste movimento, dadas as limitações da Internet e a falta de informação oficial.
Os protestos levam até às ruas principalmente jovens e mulheres que gritam "mulher, vida, liberdade", cantam slogans antigovernamentais e queimam véus, um dos símbolos da República Islâmica.
Pelo menos 326 pessoas, incluindo 43 menores, morreram no movimento de repressão policial, de acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.
Além disso, cinco pessoas foram condenadas à morte pela participação nos protestos, enquanto cerca de duas mil foram acusadas de vários crimes por se manifestarem
Polícia iraniana abre fogo sobre manifestantes no metro de Teerão
Estas imagens surgem a propósito dos protestos sobre o massacre de 2019, quando o regime matou 1.500 manifestantes em poucos dias.
Apolícia iraniana disparou contra pessoas nas estações subterrâneas da capital, e espancou as mulheres que não estavam a usar o véu islâmico, mostra um vídeo publicado no Twitter de Roham Alvandi, historiador especialista em Irão e professor de História Internacional na London School of Economics and Political Science.
"Forças de segurança abrem fogo contra manifestantes desarmados no metro de Teerão, que tem sido palco de protestos durante os últimos 60 dias", pode ler-se.
"Apesar da brutalidade da República Islâmica os protestos e as greves continuam", acrescenta.
Estas imagens surgem a propósito dos protestos sobre o massacre de 2019, quando o regime matou 1500 manifestantes em poucos dias. Estes protestos ganham novo ímpeto com a morte de Mahsa Amini, a jovem que morreu após ser detida pela polícia da moralidade.
Irão acusa Israel e serviços ocidentais de prepararem guerra civil
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abollahian, acusou hoje Israel e os serviços secretos ocidentais de estarem a planear uma guerra civil no Irão.
OIrão tem sido abalado por uma vaga de protestos desde a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida três dias antes pela polícia da moralidade por alegadamente violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
"[Israel], os serviços de inteligência e alguns políticos ocidentais planearam uma guerra acompanhada pela destruição e desintegração do Irão", disse Amir-Abollahian numa publicação na rede social Twitter diculgada hoje, um dia após um duplo ataque em duas cidades do Irão que provocou a morte a uma dezena de pessoas.
"Devem saber que o Irão não é nem a Líbia nem o Sudão. Hoje, os inimigos visam a integridade do Irão e a identidade iraniana. Mas a sabedoria do nosso povo frustrou o plano", acrescentou.
Por seu lado, segundo a agência noticiosa iraniana Fars, o general Hossein Salami, chefe dos Guardas Revolucionários, exército ideológico do Irão, declarou em Qom, a cerca de 150 quilómetros a sudoeste de Teerão, que se está atualmente a assistir-se a "um posicionamento político no cenário mundial".
"Os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Israel, Arábia Saudita e os seus aliados estão a preparar-se para lutar contra Deus, contra o seu profeta e os seus mártires. Esta é uma grande conspiração contra a nação. Algumas pessoas dentro do país tornaram-se marionetes do inimigo para destruir a nação iraniana", acrescentou.
Pelo menos 12 pessoas morreram na noite de quarta-feira em protestos e trocas de tiros em várias regiões do Irão
O caos dos protestos está a ser "explorado por grupos terroristas" para cometer um atentado na cidade de Izeh, no sul do Irão, noticiou a agência estatal iraniana IRNA.
Homens armados a conduzir motocicletas abriram fogo sobre populares e polícias no mercado central da cidade, matando pelo menos sete pessoas e ferindo 15.
Três suspeitos foram detidos pelo alegado envolvimento neste ataque, disse Ali Dehqani, chefe do Departamento de Justiça da província do Cuzistão, onde se encontra Izeh, de acordo com a agência de notícias Tasnim.
Num outro ataque, homens armados também montados em motocicletas dispararam contra as forças de segurança na cidade de Isfahan, no centro do Irão, e mataram dois basiji (milicianos islâmicos) e feriram oito.
Além disso, três pessoas morreram na cidade de Semirom, igualmente na província de Isfahan, em circunstâncias ainda desconhecidas.
Os protestos intensificaram-se desde terça-feira, na sequência de um apelo de ativistas para comemorar as mobilizações antigovernamentais de 2019, durante as quais foram mortas 300 pessoas, de acordo com a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.
Estão a decorrer greves em várias cidades iranianas, mas é difícil conhecer o alcance deste movimento, dadas as limitações da Internet e a falta de informação oficial.
Pelo menos 326 pessoas, incluindo 43 menores, morreram no movimento de repressão policial, de acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.
Além disso, cinco pessoas foram condenadas à morte pela participação nos protestos, enquanto cerca de duas mil foram acusadas de vários crimes por se manifestarem.
'O beijo de Shiraz'. Foto torna-se no símbolo da revolução do Irão
Imagem mostra casal a beijar-se em público, algo proibido no Irão. Mulher não usava véu.
Um casal da cidade de Shiraz tornou-se no símbolo da revolução no Irão ao ser fotografado, na passada terça-feira, de mãos dadas e a dar um um beijo na boca em público, algo proibido no país.
A imagem, captada no meio no trânsito de Shiraz, enquanto decorria mais um protesto, está a emocionar internautas e a despertar reações um pouco por todo o mundo. Além do casal estar a dar um beijo em público, a jovem está sem hijab (véu).
Rapidamente, nas redes sociais, a fotografia, cujo o autor é desconhecido, foi intitulada de 'O beijo de Shiraz' e associada ao desejo de liberdade dos jovens iranianos.
Recorde-se que o Irão está sob manifestações há mais de três anos. Na terça-feira, milhares de pessoas saíram à rua para assinalar o aniversário do protesto de novembro de 2019, durante o qual morreram mais de 1.500 pessoas. Tragédia esta que foi apelidada pelos iranianos de 'Novembro Sangrento'.
Durante a manifestação de terça-feira morreram mais 12 pessoas, algo que tem sido uma constante neste país.
Há dois meses que os protestos se intensificaram, com a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, que foi detida em Teerão por não estar a usar ‘corretamente’ o hijab. De acordo com os manifestantes, Mahsa ficou em coma e acabou por morrer depois de ser agredida pelas autoridades que efetuaram a sua detenção.
Os jovens lutam assim contra o governo de Teerão, pela liberdade e pelos seus direitos.
Irão volta a ser cenário de novas manifestações e atos violentos
Centenas de pessoas voltaram a manifestar-se hoje nas localidades curdas do Irão, em protestos de novo marcados por episódios de violência e de repressão, dois meses após a morte de uma jovem curda iraniana.
As manifestações coincidiram esta semana com o terceiro aniversário do chamado "novembro sangrento" de 2019, quando mais de 300 manifestantes, segundo a Amnistia Internacional (AI), foram mortos durante a repressão de uma onda de contestação no Irão motivada pelo aumento do preço dos combustíveis.
As autoridades do Irão continuam a confrontar-se com uma vaga de protestos desencadeada em setembro pela morte de Masha Amini, uma jovem curda iraniana, de 22 anos, detida pela polícia dos costumes por causa do alegado uso incorreto do véu islâmico.
Mahsa Amini foi agredida e detida pela chamada "polícia da moral" a 13 de setembro, em Teerão por, apesar de envergar o 'hijab' (véu islâmico), este deixar à vista parte do seu cabelo. Foi hospitalizada já em coma e morreria três dias depois, a 16 de setembro.
Hoje, segundo denunciou a Hengaw, uma organização não-governamental (ONG) de defesa dos curdos do Irão sediada na Noruega, um manifestante foi morto pelas forças de segurança em Bukan e dois outros em Sanandaj, onde os habitantes assinalaram, segundo a traição, o 40.º dia da morte de quatro ativistas mortos na repressão.
"Morte ao ditador", ecoaram os manifestantes em Sanandaj, segundo um vídeo divulgado, numa alusão ao guia supremo do Irão, `ayatollah` Ali Khamenei, segundo informou a agência francesa AFP.
Nesta mesma cidade, um coronel da polícia foi hoje morto após ser apunhalado, e um outro, também ferido com uma arma branca na quarta-feira, não resistiu aos ferimentos, segundo a agência oficial Irna.
Em Machhad (nordeste), dois paramilitares foram apunhalados até à morte quando tentavam intervir contra "agitadores que ameaçavam os comerciantes para os obrigar a fechar as suas portas", avançou a agência oficial.
Em Bukan, os "agitadores" destruíram e incendiaram bens públicos e incendiaram a sede do município antes da chegada da polícia, indicou ainda a Irna.
A ONG Hengaw também se refere a movimentos grevistas em quatro localidades do oeste do Irão, onde as forças de segurança terão morto dez manifestantes na quarta-feira. Entre estas cidades encontra-se Saghez, a cidade natal de Mahsa Amini no Curdistão iraniano.
Segundo um balanço emitido quarta-feira pela Iran Human Rights (IHR), uma ONG estabelecida em Oslo, pelo menos 342 pessoas foram mortas na repressão do movimento de contestação desencadeado em 16 de setembro passado.
Ainda na quarta-feira, e sem que possa ser estabelecida uma ligação com o atual movimento de contestação, dois ataques com arma automática, perpetrados em duas localidades diferentes por desconhecidos que se deslocavam de moto, provocaram dez mortos.
Em Izeh (sudoeste), sete pessoas, incluindo uma mulher e duas crianças, foram mortas por "terroristas" que dispararam sobre manifestantes e polícias, segundo os responsáveis.
Segundo um familiar de uma das crianças mortas, citado por uma emissora de rádio em persa financiada pelos Estados Unidos e com sede em Praga, terão sido as forças de segurança a efetuar o ataque.
Quatro horas mais tarde, em Ispahan (centro), a terceira cidade do Irão, dois desconhecidos de moto mataram um oficial da polícia e dois paramilitares, segundo os 'media' iranianos.
As autoridades qualificam os protestos que abalam o país como "tumultos", acusando os "inimigos" do Irão de procurar desestabilizar a República Islâmica.
Desde domingo, a justiça iraniana já condenou à morte cinco pessoas relacionadas com os "tumultos".
A Amnistia Internacional denunciou "a assustadora utilização da pena de morte para reprimir o levantamento popular com acrescida brutalidade".
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abollahian, acusou Israel e os serviços de informações ocidentais de "planificarem" uma guerra civil no Irão.
E o general Hossein Salami, chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do Irão, acusou, por sua vez, "os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Israel, Arábia Saudita e seis aliados" de uma "enorme conspiração contra a nação iraniana".
Manifestantes incendeiam casa de histórico líder da revolução iraniana
A casa de Ayatollah Khomeini, responsável pela criação da república teocrática, passou a ser um museu e um dos principais marcos do regime.
Milhares de iranianos continuam a sair às ruas para protestar contra o governo e contra o líder supremo, o Ayatollah Ali Khomeini, apesar da violenta opressão policial. Na noite de quinta-feira, os manifestantes atacaram um dos principais marcos do regime, ao incendiar a casa-museu do Ayatollah Khomeini, o histórico líder do país durante os anos 80.
Nas redes sociais, circulam vários vídeos do protesto junto à casa, na cidade de Khomein (assim denominada devido ao líder), com os iranianos a atirarem objetos contra a casa já em chamas.
O regime de Teerão diz que Khomeini nasceu naquela habitação, que foi tornada num museu de comemoração à vida do antigo líder e ao governo.
A autoridade regional de Khomein, citada pela BBC, afirmou a uma agência estatal de notícias que a situação estava normalizada e que a casa se mantinha aberta aos peregrinos.
No entanto, os vídeos demonstram uma situação completamente diferente, com dezenas de civis a celebrar o fogo e a destruição do monumento.
O Ayatollah Khomeini foi um dos mais importantes líderes no Médio Oriente durante o século XX. Em 1979, Khomeini liderou a revolução islâmica que depois o Shah, o ditador pró-Estados Unidos e pró-Ocidente, instaurando uma república teocrática - uma forma de governo no qual as leis do Estado se confundem com os dogmas da religião dominante, neste caso o Islão, e no qual o líder do país é o líder religioso.
Khomeini liderou o país durante dez anos, até à sua morte em 1989, dando lugar ao Ayatollah Ali Khameini, que é o líder supremo do Irão até hoje.
A fúria dos manifestantes iranianos contra o governo e contra o líder religioso surgiu a partir dos protestos pela morte de Mahsa Amini, a jovem curda de 22 anos que foi morta pela polícia por alegadamente não usar hijab.
Amini passou a ser um símbolo da resistência contra o regime, tanto das mulheres, que estão a ser alvo de medidas cada vez mais restritivas à sua liberdade, incluindo no vestuário, como da população em geral, farta do regime ditatorial. Apesar da forte repressão e de centenas de mortos em protestos contra a polícia, os iranianos continuam a sair à rua e, mais recentemente, têm mesmo pedido a "morte ao ditador".
Do lado das autoridades de Teerão, o governo continua a desvalorizar os protestos e a acusar os Estados Unidos, o Ocidente e a minoria curda (que é alvo de ataques no Irão e em vários países) de incentivarem os manifestantes e criarem desinformação.
rão responsabiliza curdos por agitação interna e ameaça Iraque
Um comandante das Forças Armadas do Irão que visitou esta semana Bagdad ameaçou o Iraque com uma operação militar terrestre no norte daquele país se o exército iraquiano não fortificar a fronteira comum contra os grupos de oposição curdos.
Várias autoridades iraquianas e curdas, citadas pela agência noticiosa Associated Press (AP), indicaram que tal ofensiva, se realizada, teria contornos graves e sem precedentes no Iraque e levantaria o espetro de consequências regionais da agitação interna em curso no Irão, que Teerão tem vindo a retratar como uma conspiração estrangeira sem oferecer provas.
O aviso foi feito durante esta semana às autoridades iraquianas e curdas em Bagdad pelo comandante da Força al-Quds do Irão, uma unidade de elite dentro da Guarda Revolucionária iraniana, Esmail Ghaani, que chegou à capital iraquiana na segunda-feira para uma visita não anunciada de dois dias.
O regime de Teerão alega que vários grupos da oposição curda há muito exilados no norte do Iraque estão a incitar os protestos antigovernamentais no Irão, ao mesmo tempo que favorecem o contrabando de armas para o país, embora nunca tenha apresentado evidências das alegações, negadas também pelos próprios curdos.
A AP refere que "não está claro" o quão sério é o aviso do Irão, mas coloca Bagdad "numa situação difícil", pois é a primeira vez que autoridades iranianas ameaçam publicamente com uma operação terrestre após meses de tensões transfronteiriças e pedem ao Iraque que desarme grupos de oposição ativos dentro do país.
No entanto, destaca a AP, as autoridades iraquianas disseram em particular que não veem nenhuma evidência que apoie as alegações do Irão contra os grupos curdos.
O Irão está a ser palco de uma onda de protestos desencadeada pela morte em Teerão, a 16 de setembro, da jovem curda de 22 anos Mahsa Amini, três dias depois de violentamente agredida e detida pela "polícia da moral" por infringir o rígido código de vestuário feminino.
Segundo várias organizações não-governamentais (ONG), na sequência dos protestos - classificados pelas autoridades iranianas como "motins" -, as forças de segurança do Irão já prenderam mais de 15.000 manifestantes.
O Irão tem denunciado uma intromissão estrangeira para instigar os protestos e apontou o dedo aos grupos curdos de oposição no norte do Iraque, considerando que estão diretamente envolvidos na agitação civil, com o apoio de Israel.
Teerão tem efetuado repetidamente ataques com mísseis contra as bases dos grupos dentro do Iraque, havendo indicações, não oficiais, de que terão matado mais de uma dezena de curdos e ferindo muitos mais.
Ghaani chegou a Bagdad um dia depois do último ataque iraniano contra bases da oposição em Koya, na província de Irbil, no qual pelo menos três pessoas morreram.
Além de uma reunião com o Presidente e primeiro-ministro do Iraque, Abdul Latif Rashid (natural do Curdistão) e Mohammed Shia al-Sudani, respetivamente, Ghaani também esteve com outros líderes da aliança do Quadro de Coordenação, e com fações de diferentes milícias apoiadas pelo Irão.
Sudani, por sua vez, chegou ao poder como o candidato escolhido pelo Quadro de Coordenação, uma aliança composta principalmente por partidos apoiados pelo Irão.
As exigências de Ghaani são essencialmente duas: desarmar as bases dos grupos de oposição curda iraniana no norte do Iraque e fortalecer as fronteiras com tropas iraquianas para evitar infiltrações.
Se Bagdad não atender às exigências, o Irão lançaria uma operação militar com forças terrestres e continuaria a bombardear as bases da oposição, disse Ghaani aos dirigentes iraquianos, segundo explicaram à AP figuras políticas xiitas, que pediram anonimato.
A área de preocupação do Irão está sob a autoridade da região semi-autónoma curda e exigiria que Bagdad negociasse uma coordenação conjunta.
Os partidos curdos de oposição, embora reconheçam laços profundos com áreas curdas no Irão, também negam que estejam a contrabandear armas para apoiar os manifestantes e os protestos no território iraniano.
Mahsa Amini, a jovem que morreu sob custódia policial, era da cidade curda de Saqqez, onde começaram os protestos contra o regime do 'ayatollah' Ali Khamenei, em setembro.
Os partidos curdos de oposição sustentam que o seu envolvimento não vai além de oferecer apoio moral, aumentar a consciencialização e fornecer assistência médica aos manifestantes feridos que chegam do Irão.
Soran Nuri, um dos principais membros do Partido Democrático do Curdistão no Irão (KDPI), também citado pela AP, disse estar ciente das exigências do Irão, mas garantiu que nunca a formação polícia contrabandeou armas para qualquer país.
"Esperamos que (a região curda) não sucumba a essas ameaças", afirmou.
As autoridades de segurança iraquianas tentaram repetidamente persuadir Teerão de que nenhuma arma está a ser contrabandeada do Iraque para o Irão, mas Teerão "ignora essa garantia", referiu ainda à AP, um alto funcionário curdo, também sob anonimato.
Alguns grupos curdos estão envolvidos num conflito de baixa intensidade com Teerão desde a Revolução Islâmica Iraniana de 1979, levando muitos membros a procurar o exílio político no vizinho Iraque, onde estabeleceram bases.
Pelo menos três manifestantes mortos pelas forças de segurança iranianas
Pelo menos três manifestantes foram mortos hoje pelas forças de segurança iranianas no noroeste do país durante os protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, denunciou a organização não-governamental Hengaw.
"As forças repressivas do governo abriram fogo contra os manifestantes na cidade de Divandarreh, matando pelo menos três civis", disse à AFP a ONG, com sede na Noruega.
O grupo de defesa curdo Hengaw também denunciou hoje à AFP que membros das forças de segurança iranianas dispararam contra a família de um manifestante morto, ferindo pelo menos cinco dos seus membros.
"Ontem à noite [sexta-feira], membros da Guarda Revolucionária [da República Islâmica] atacaram o hospital Shahid Gholi Pur, em Boukan, pegaram no cadáver de Shahryar Mohammadi e enterraram-no num local secreto", disse fonte da organização não-governamental à AFP
O Irão tem sido abalado por uma vaga de protestos desde a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida três dias antes pela polícia da moralidade por alegadamente violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
Denunciando "motins" orquestrados por forças estrangeiras, as autoridades iniciaram uma ofensiva e detiveram mais de 15.000 manifestantes, segundo uma ONG, várias das quais foram condenadas à morte.
Nas últimas semanas, funerais de manifestantes mortos na repressão têm dado muitas vezes origem a comícios para denunciar a morte de Mahsa Amini, e mais genericamente para desafiar o governo, refere a AFP.
Para evitar as manifestações, as forças de segurança iranianas estão agora a levar os corpos dos manifestantes que mataram para serem sepultados, acusam os ativistas.
Também no noroeste do país, as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes em Divandarreh, ferindo várias pessoas, segundo a Hengaw.
Pelo menos 342 pessoas foram mortas na repressão dos protestos, segundo a ONG iraniana de Direitos Humanos (TIC), com sede em Oslo.
Irão volta a bombardear grupos da oposição curda no Curdistão iraquiano
O Irão voltou hoje a bombardear grupos de oposição curda iraniana instalados no vizinho Curdistão iraquiano, matando um combatente destas fações, acusadas por Teerão de instigarem protestos no país.
Os ataques com mísseis e 'drones' [veículos aéreos não tripulados] aconteceram uma semana depois de Teerão ter realizado ataques semelhantes contra estes grupos, instalados há décadas na região autónoma do Curdistão, no norte do Iraque.
Tanto o Partido Democrático Curdistão do Irão (PDKI), como o grupo nacionalista curdo iraniano Komala confirmaram os bombardeamentos.
"Os Guardas da Revolução do Irão bombardearam novamente os partidos curdos iranianos", disseram os serviços antiterroristas do Curdistão iraquiano, sem mencionar o número de baixas.
A agência estatal iraquiana INA também noticiou bombardeamentos iranianos, mencionando "ataques com mísseis e drones" contra "três partidos iranianos da oposição no Curdistão iraquiano".
O PDKI confirmou que tinha sido alvo em Koya (Koysinjaq) e Jejnikan, perto de Erbil, a capital regional do Curdistão, de "ataques de mísseis e drones".
"Estes ataques indiscriminados surgem numa altura em que o regime terrorista iraniano é incapaz de impedir os protestos em curso no Curdistão iraniano", adiantou o partido curdo mais antigo do Irão, fundado em 1945.
Já a 14 de novembro, bombardeamentos semelhantes contra grupos de oposição curdos iranianos causaram um morto e oito feridos no Curdistão iraquiano. Também tinham ocorrido ataques mortíferos a 28 de setembro.
As autoridades iranianas acusam estes grupos de oposição, há muito na sua mira, de instigarem a agitação no Irão, que enfrenta manifestações desde a morte, a 16 de Setembro, da jovem curda iraniano Mahsa Amini, detida pela polícia em Teerão.
Instaladas no Iraque desde os anos 1980, estas fações curdas iranianas são descritas como "terroristas" pela República Islâmica, que as acusa de ataques ao território.
O último bombardeamento iraniano ocorreu apenas um dia depois de ataques aéreos turcos no Curdistão iraquiano contra bases dos rebeldes curdos turcos do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (ilegalizado).
Considerada uma organização terrorista por Ancara, mas também pelos aliados ocidentais, o PKK tem estado numa luta armada contra o Governo turco desde meados dos anos de 1980. Há décadas que tem bases no norte do Iraque.
Sexta condenação à morte no Irão por protestos contra uso do véu islâmico
O Tribunal Revolucionário de Teerão condenou hoje um sexto arguido à morte pela participação nos protestos contra o uso obrigatório do véu islâmico, informou a Mizan Online, agência noticiosa da Autoridade Judicial.
Oarguido foi considerado culpado de ter "puxado de uma faca com a intenção de matar, de semear o terror, de criar insegurança na sociedade durante os recentes motins", explica a Mizan Online.
O tribunal decidiu que o condenado era um 'mohareb' ('inimigo de Deus' em persa)", acrescentou a agência.
Nos últimos dias, outros cinco "desordeiros" -- conforme a classificação das autoridades judiciais iranianas -, também foram condenados à morte pelo Tribunal Revolucionário.
Os arguidos podem recorrer da sentença para o Supremo Tribunal.
A República Islâmica do Irão foi abalada por uma onda de protestos desde a morte, em 16 de setembro passado, de Mahsa Amini, uma iraniana curda de 22 anos que estava detida pela polícia moral por quebrar o rígido código de vestuário para as mulheres no país.
As autoridades denunciam "motins" incentivados pelo Ocidente e prenderam milhares de pessoas.