Matapitosboss
GForum VIP
- Entrou
- Set 24, 2006
- Mensagens
- 13,147
- Gostos Recebidos
- 0
Analistas divergem na justificação para subida de 36% do Banif em bolsa
O banco do Funchal tem estado sob pressão nas últimas sessões devido ao aumento de capital que está a realizar. Os títulos têm vindo a aproximar-se de 1 cêntimo, preço a que estão a ser vendidas as novas acções. Contudo, esta quarta-feira, a sessão foi de ganhos expressivos.
Depois das quedas acentuadas, veio a valorização expressiva. O Banif disparou mais de 35% na sessão desta quarta-feira. Os analistas contactados pelo Negócios não conseguem encontrar uma razão lógica que justifique o movimento de subida. Um dos especialistas considera que a especulação do sucesso do aumento de capital possa ser o motivo, outro olha para o discurso de Bernanke como motor da valorização.
As acções do Banif encerraram hoje nos 5,6 cêntimos, o que representa um ganho de 36,59% (1,5 cêntimos) em relação ao fecho do dia anterior. O movimento de subida contraria aquele que foi o desempenho do banco sob comando de Jorge Tomé (na foto) na semana anterior, onde se verificaram descidas superiores a 10%.
Até aqui, os títulos da instituição financeira do Funchal cotados na Bolsa de Lisboa têm vindo a perder terreno para se aproximarem do preço a que as acções estão a ser vendidas nos balcões. No seio da segunda fase do processo de capitalização do banco, o Banif iniciou um aumento de capital onde colocou à venda 10 mil milhões de acções no retalho a um cêntimo. Antes do arranque do aumento de capital, o Banif negociava acima de 8 cêntimos por acção, o que levou a uma convergência face ao preço de venda das novas acções.
Contudo, apesar de cair para mínimos nunca antes registados (o banco encerrou a sessão de ontem a valer 4,1 cêntimos, um preço inédito), as acções nunca chegaram a aproximar-se de 1 cêntimo. E hoje subiram.
“O comportamento da cotação do Banif na última sessão e meia (desde o meio da sessão de ontem), está mais relacionado com a expectativa de que as subscrições possam ter já superado a oferta”, afirma João Queiroz, director de negociação da GoBulling.
O aumento de capital de 100 milhões de euros está condicionado pelo sucesso da venda de obrigações a 1 euro cada uma, no montante total de 225 milhões de euros. “Porém, continua a incerteza sobre a apetência pela obrigações que estão associadas a esta operação e se este incremento do capital social será suficiente atendendo que o rácio de transformação de depósitos em crédito é o mais elevado do sector no mercado doméstico (141% face aos 128% do Millennium)”, acrescenta o mesmo especialista.
O prazo de subscrição das acções estende-se desde 8 de Julho até esta sexta-feira, 19 de Julho. A 22 de Julho são conhecidos os resultados da operação. Depois, a 26 do mesmo mês, inicia-se o período de subscrição de obrigações, que se prolonga até 29 de Julho.
“A operação de aumento de capital do Banif (com acções a 1 cêntimo) ainda está a decorrer nas agências do banco, pelo que os investidores recorreram às acções no mercado secundário para se expor à subida do sector financeiro”, opina Steven Santos, da XTB, falando nas declarações desta quarta-feira do presidente da Reserva Federal norte-americana, que veio garantir a continuação de políticas de estímulo monetário. “Muitos investidores particulares sentem-se atraídos por acções com baixo valor nominal, apesar dos riscos do banco”, indica.
Irracionalidade
Pedro Oliveira, da sala de mercados da GoBulling, admite que não consegue encontrar uma justificação lógica para o comportamento da última sessão. Um dos motivos que avança, embora acrescente que não acredita muito na sua razoabilidade, está relacionado com eventuais mais-valias por parte de accionistas do Banif. Aproveitando a queda dos últimos dias, podem estar a comprar, na expectativa de que haja espaço para subidas. “Mas o risco é muito elevado”, diz Pedro Oliveira, já que há acções que continuam a ser vendidas a um cêntimo nos balcões da instituição e a convergência de preços de acções em bolsa e no retalho não se verificou.
Posteriormente, há um elemento que não se pode esquecer, segundo o especialista da GoBulling, que é o facto de os últimos aumentos de capital realizados na bolsa nacional terem sido diferentes do Banif. Quanto mais não seja porque os accionistas tinham, noutros aumentos de capital, direito de preferência para subscrever as novas acções, o que não ocorre neste caso.
“Pura irracionalidade”, é como caracteriza Pedro Lino, CEO da DifBroker, que tinha já alertado na semana passada que a recuperação do Banif - e subsequente risco para os accionistas - poderia ser dificultada pelo aumento do risco político em Portugal.
Na sessão desta quarta-feira, trocaram de mãos mais de 26 milhões de títulos do Banif, o que mais do que duplica as acções negociadas ontem e que fica acima das cerca de 1,7 milhões de acções que foram transaccionadas, em média, nas sessões dos últimos seis meses.
O que falta
Depois de ter conseguido 100 milhões de euros junto dos investidores de referência (Açoreana Seguros e pela Auto-Industrial SGPS), o banco iniciou a venda de 10 mil milhões de acções nos seus balcões e vai seguir para a emissão de obrigações.
Faltam, contudo, ainda 250 milhões de euros para que o Banif concretize o aumento de capital de 450 milhões de euros que tem de empreender - que levará o Estado a ter uma posição de apenas 60% no banco. 200 milhões deverão ser conseguidos com a negociação de uma parceria estratégica com um novo investidor de referência. A colocação de 50 milhões junto de investidores com ligações ao grupo seria outro objectivo.
Por decidir está ainda o plano de reestruturação do banco português, a ser negociado com a Comissão Europeia.
In' Jornal de Negócios
O banco do Funchal tem estado sob pressão nas últimas sessões devido ao aumento de capital que está a realizar. Os títulos têm vindo a aproximar-se de 1 cêntimo, preço a que estão a ser vendidas as novas acções. Contudo, esta quarta-feira, a sessão foi de ganhos expressivos.
Depois das quedas acentuadas, veio a valorização expressiva. O Banif disparou mais de 35% na sessão desta quarta-feira. Os analistas contactados pelo Negócios não conseguem encontrar uma razão lógica que justifique o movimento de subida. Um dos especialistas considera que a especulação do sucesso do aumento de capital possa ser o motivo, outro olha para o discurso de Bernanke como motor da valorização.
As acções do Banif encerraram hoje nos 5,6 cêntimos, o que representa um ganho de 36,59% (1,5 cêntimos) em relação ao fecho do dia anterior. O movimento de subida contraria aquele que foi o desempenho do banco sob comando de Jorge Tomé (na foto) na semana anterior, onde se verificaram descidas superiores a 10%.
Até aqui, os títulos da instituição financeira do Funchal cotados na Bolsa de Lisboa têm vindo a perder terreno para se aproximarem do preço a que as acções estão a ser vendidas nos balcões. No seio da segunda fase do processo de capitalização do banco, o Banif iniciou um aumento de capital onde colocou à venda 10 mil milhões de acções no retalho a um cêntimo. Antes do arranque do aumento de capital, o Banif negociava acima de 8 cêntimos por acção, o que levou a uma convergência face ao preço de venda das novas acções.
Contudo, apesar de cair para mínimos nunca antes registados (o banco encerrou a sessão de ontem a valer 4,1 cêntimos, um preço inédito), as acções nunca chegaram a aproximar-se de 1 cêntimo. E hoje subiram.
“O comportamento da cotação do Banif na última sessão e meia (desde o meio da sessão de ontem), está mais relacionado com a expectativa de que as subscrições possam ter já superado a oferta”, afirma João Queiroz, director de negociação da GoBulling.
O aumento de capital de 100 milhões de euros está condicionado pelo sucesso da venda de obrigações a 1 euro cada uma, no montante total de 225 milhões de euros. “Porém, continua a incerteza sobre a apetência pela obrigações que estão associadas a esta operação e se este incremento do capital social será suficiente atendendo que o rácio de transformação de depósitos em crédito é o mais elevado do sector no mercado doméstico (141% face aos 128% do Millennium)”, acrescenta o mesmo especialista.
O prazo de subscrição das acções estende-se desde 8 de Julho até esta sexta-feira, 19 de Julho. A 22 de Julho são conhecidos os resultados da operação. Depois, a 26 do mesmo mês, inicia-se o período de subscrição de obrigações, que se prolonga até 29 de Julho.
“A operação de aumento de capital do Banif (com acções a 1 cêntimo) ainda está a decorrer nas agências do banco, pelo que os investidores recorreram às acções no mercado secundário para se expor à subida do sector financeiro”, opina Steven Santos, da XTB, falando nas declarações desta quarta-feira do presidente da Reserva Federal norte-americana, que veio garantir a continuação de políticas de estímulo monetário. “Muitos investidores particulares sentem-se atraídos por acções com baixo valor nominal, apesar dos riscos do banco”, indica.
Irracionalidade
Pedro Oliveira, da sala de mercados da GoBulling, admite que não consegue encontrar uma justificação lógica para o comportamento da última sessão. Um dos motivos que avança, embora acrescente que não acredita muito na sua razoabilidade, está relacionado com eventuais mais-valias por parte de accionistas do Banif. Aproveitando a queda dos últimos dias, podem estar a comprar, na expectativa de que haja espaço para subidas. “Mas o risco é muito elevado”, diz Pedro Oliveira, já que há acções que continuam a ser vendidas a um cêntimo nos balcões da instituição e a convergência de preços de acções em bolsa e no retalho não se verificou.
Posteriormente, há um elemento que não se pode esquecer, segundo o especialista da GoBulling, que é o facto de os últimos aumentos de capital realizados na bolsa nacional terem sido diferentes do Banif. Quanto mais não seja porque os accionistas tinham, noutros aumentos de capital, direito de preferência para subscrever as novas acções, o que não ocorre neste caso.
“Pura irracionalidade”, é como caracteriza Pedro Lino, CEO da DifBroker, que tinha já alertado na semana passada que a recuperação do Banif - e subsequente risco para os accionistas - poderia ser dificultada pelo aumento do risco político em Portugal.
Na sessão desta quarta-feira, trocaram de mãos mais de 26 milhões de títulos do Banif, o que mais do que duplica as acções negociadas ontem e que fica acima das cerca de 1,7 milhões de acções que foram transaccionadas, em média, nas sessões dos últimos seis meses.
O que falta
Depois de ter conseguido 100 milhões de euros junto dos investidores de referência (Açoreana Seguros e pela Auto-Industrial SGPS), o banco iniciou a venda de 10 mil milhões de acções nos seus balcões e vai seguir para a emissão de obrigações.
Faltam, contudo, ainda 250 milhões de euros para que o Banif concretize o aumento de capital de 450 milhões de euros que tem de empreender - que levará o Estado a ter uma posição de apenas 60% no banco. 200 milhões deverão ser conseguidos com a negociação de uma parceria estratégica com um novo investidor de referência. A colocação de 50 milhões junto de investidores com ligações ao grupo seria outro objectivo.
Por decidir está ainda o plano de reestruturação do banco português, a ser negociado com a Comissão Europeia.
In' Jornal de Negócios