Detidos oito vezes mais incendiários que no ano passado
Em apenas seis meses, a PJ já deteve oito vezes mais incendiários do que em igual período de 2008: 39. O último detido ateou 14 fogos
Escolhia as horas mais quentes do dia, logo a seguir ao almoço, para atear o fogo. Um isqueiro na mão, uma zona de pinhal perto de Penamacor, onde vive, e assim que as chamas começavam a avançar chamava os bombeiros. Daniel (nome fictício), 21 anos, foi esta semana detido enquanto o fogo que provocou consumia uma área do concelho. Com ele, a Polícia Judiciária conta onze detidos em apenas seis meses - mais do que o total de incendiários de floresta capturados em todo o ano passado.
Daniel foi apanhado, quinta-feira, quando via os bombeiros combaterem o fogo que ele próprio ateou. Desempregado, a viver na casa da mãe, descobriu nas chamas um prazer que não consegue explicar. "Confessou que ateou outros treze fogos, cinco durante os meses de Maio e Junho, os outros no ano passado. Sempre na zona de Penamacor, Idanha-a-Nova e Fundão", disse ao DN Carlos Dias, coordenador da PJ em Coimbra. O detido não soube explicar o que o motivava no crime.
Este ano, ainda mal começou o Verão e a PJ já deteve 39 incendiários. O balanço operacional em igual período do ano passado apontava apenas para cinco detidos. Ou seja, oito vezes menos.
Dos 39 suspeitos já apanhados, 28 deitaram fogo a casas e carros. São os denominados incendiários urbanos. Os restantes onze, os "rurais", foram apanhados por atearem fogos florestais, disse ao DN Rui Almeida, responsável pelo Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio da PJ.
Rui Almeida contava, até sexta-feira, com 918 ocorrências florestais, 544 das quais investigadas por suspeita de mão criminosa.
Reabilitação possível
A maior parte dos "incendiários rurais" ficou sujeita a apresentações periódicas à polícia. Apenas um suspeito ficou em prisão preventiva e outro foi internado compulsivamente - para não reincidir.
Ainda assim, há juízes do centro do País, onde ocorrem mais detenções, que optam por medidas cautelares: internamento por altura do Verão. "Acontece quando há uma história clínica e quando o crime está relacionado com uma época do ano específica", explica a psicóloga Cristina Soeiro.
A reabilitação, diz a especialista, varia conforme o perfil de cada incendiário (ver caixa em baixo). "Quem age por vingança deve ser punido com trabalho comunitário. São frequentemente suspeitos sem antecedentes criminais", diz. Mas quando o arguido tem, de facto, um historial clínico "deve ser tratado e controlado".
O crime de incêndio, seja em zonas florestais ou urbanas, é punível com uma pena de cadeia entre os três e os dez anos. "É importante lembrar, porque alguns incendiários continuam a achar que não há nada de errado", recorda Cristina Soeiro. E até cita as justificações que lhe chegam: "Mas eu não matei ninguém. E as árvores voltam a crescer."
DN
Em apenas seis meses, a PJ já deteve oito vezes mais incendiários do que em igual período de 2008: 39. O último detido ateou 14 fogos
Escolhia as horas mais quentes do dia, logo a seguir ao almoço, para atear o fogo. Um isqueiro na mão, uma zona de pinhal perto de Penamacor, onde vive, e assim que as chamas começavam a avançar chamava os bombeiros. Daniel (nome fictício), 21 anos, foi esta semana detido enquanto o fogo que provocou consumia uma área do concelho. Com ele, a Polícia Judiciária conta onze detidos em apenas seis meses - mais do que o total de incendiários de floresta capturados em todo o ano passado.
Daniel foi apanhado, quinta-feira, quando via os bombeiros combaterem o fogo que ele próprio ateou. Desempregado, a viver na casa da mãe, descobriu nas chamas um prazer que não consegue explicar. "Confessou que ateou outros treze fogos, cinco durante os meses de Maio e Junho, os outros no ano passado. Sempre na zona de Penamacor, Idanha-a-Nova e Fundão", disse ao DN Carlos Dias, coordenador da PJ em Coimbra. O detido não soube explicar o que o motivava no crime.
Este ano, ainda mal começou o Verão e a PJ já deteve 39 incendiários. O balanço operacional em igual período do ano passado apontava apenas para cinco detidos. Ou seja, oito vezes menos.
Dos 39 suspeitos já apanhados, 28 deitaram fogo a casas e carros. São os denominados incendiários urbanos. Os restantes onze, os "rurais", foram apanhados por atearem fogos florestais, disse ao DN Rui Almeida, responsável pelo Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio da PJ.
Rui Almeida contava, até sexta-feira, com 918 ocorrências florestais, 544 das quais investigadas por suspeita de mão criminosa.
Reabilitação possível
A maior parte dos "incendiários rurais" ficou sujeita a apresentações periódicas à polícia. Apenas um suspeito ficou em prisão preventiva e outro foi internado compulsivamente - para não reincidir.
Ainda assim, há juízes do centro do País, onde ocorrem mais detenções, que optam por medidas cautelares: internamento por altura do Verão. "Acontece quando há uma história clínica e quando o crime está relacionado com uma época do ano específica", explica a psicóloga Cristina Soeiro.
A reabilitação, diz a especialista, varia conforme o perfil de cada incendiário (ver caixa em baixo). "Quem age por vingança deve ser punido com trabalho comunitário. São frequentemente suspeitos sem antecedentes criminais", diz. Mas quando o arguido tem, de facto, um historial clínico "deve ser tratado e controlado".
O crime de incêndio, seja em zonas florestais ou urbanas, é punível com uma pena de cadeia entre os três e os dez anos. "É importante lembrar, porque alguns incendiários continuam a achar que não há nada de errado", recorda Cristina Soeiro. E até cita as justificações que lhe chegam: "Mas eu não matei ninguém. E as árvores voltam a crescer."
DN