Criança e piloto sobrevivem a queda de avião no Índico
Criança de cinco anos e piloto são únicos sobreviventes da queda de um Airbus A310, esta madrugada, no Oceano Índico, com 153 pessoas a bordo. Autoridades francesas dizem que a companhia Yemenia "era muito vigiada".
O avião, da companhia Yemenia, do Iemen, despenhou-se, esta madrugada, ao largo das ilhas Comores, no Oceano Índico, com mais de 150 pessoas a bordo.
O primeiro sobrevivente resgatado foi a criança de cinco anos. “Uma criança foi encontrada com vida. Está num dos barcos das equipas de salvamento”, disse Bem Imani, cirurgião do hospital El-Maarouf, principal estabelecimento hospital da capital das Ilhas Comores. Via telefone, a partir de Moroni, o médico disse estar preparado para “assisitir a criança”, assim que esta desembarque. “Temos tudo o que é necessário, uma profusão de equipamentos”, sublinhou.
Anteriormente, Mohammad al-Soumaïri, director-geral adjunto da Yemenia, citando informações obtidas pela companhia junta das buscas, em Moroni, já havia confirmado a existência de um sobrevivente, não especificando se se trataria da criança ou de outro sobrevivente.
"Três corpos foram recuperados", acrescentou Mohammad al-Soumaïri. "O mar agitado e o vento forte dificultam as operações de busca e de socorro", acrescentou.
Também a aviação civil do Iemen deu conta da localização dos corpos de alguns dos 153 passageiros e tripulantes a bordo do avião sinistrado. "Foram avistados cadáveres a flutuar à superfície da água e foi localizada uma mancha de combustível a 16 ou 17 milhas (cerca de 29 quilómetros) de Moroni", afirmou à imprensa um responsável da Aviação Civil, Mohamed Abdel Kader.
O avião despenhou-se no mar menos de um mês depois da queda de um A330 da Air France a 01 de Junho no Atlântico, entre o Brasil e a França. Entre os 142 passageiros, de nacionalidade francesa e comorense, havia três bebés e os 11 tripulantes eram de nacionalidades diferentes, precisou.
A maioria dos passageiros tinha embarcado no avião em trânsito em Sanaa, sendo que 52 vinham de Paris, 59 de Marselha, 11 do Cairo, 12 do Dubai (Emirados Árabes Unidos) e três de Jiddah (Arábia Saudita), um de Amã e um de Damasco, explicou.
Companhia muito vigiada
A companhia proprietaria do Airbus A310 que se despenhou, esta madrugada, no Oceano Índico, era "uma companhia muito vigiada", disse Dominique Bussereau, secretário de Estado dos Transportes francês. Em declarações à cadeia i-télé, sustentou, ainda, que o avião, que caiu com 153 pessoas a bordo, na sua maioria franceses e comorenses, "tinha numerosos defeitos".
Antes, em declarações à rádio Europe 1, o secretário de Estado dos Transportes francês considerou que o mau tempo poderá ter estado na origem do acidente e anunciou que a França participaria no inquérito.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, precisou que havia 66 passageiros franceses a bordo e anunciou a participação de apoio aéreo francês nas operações de busca, a pedido do governo das Comores.
Foram montadas células de crise no aeroporto Charles de Gaulle (Paris) e no aeroporto de Marselha, cidade que tem uma grande comunidade comorense e de onde eram residentes numerosos passageiros.
Localizados destroços do avião
Um avião fretado pelas autoridades das Comores sobrevoou esta manhã a carlinga do Airbus A310-300 da companhia Yemenia que se despenhou durante a noite perto das costas do país, informou o secretário-geral do governo.
"Um pequeno avião sobrevoou a zona e o piloto avistou destroços e viu a carlinga", afirmou Nourdine Bourhane. "O piloto também viu combustível", acrescentou, precisando que a bordo do avião de reconhecimento se encontrava o ministro das Comunicações das Comores, Ahmed Abdou.
Enquanto isso, o director do aeroporto internacional de Moroni indicou que as condições meteorológicas eram desfavoráveis no momento previsto para a aterragem na aerogare do A310.
"O avião era esperado à 01:30 (23:30 em Lisboa). Antes da aterragem, a torre de controlo perdeu as comunicações com a tripulação. As condições meteorológicas eram desfavoráveis, com fortes rajadas de vento", declarou Hadji Mnadi Ali.
"O avião estava a cerca de 50 metros do solo em aproximação à pista e, em vez de entrar na pista, desviou-se, seguindo de forma anormal na direcção do mar", declarou um agente da polícia sob anonimato. “O aparelho tentou uma só aproximação à pista, depois desapareceu”, acrescentou.
Avião tinha 59 mil horas de voo
Um comunicado da Airbus referiu que o avião sinistrado entrou ao serviço há 19 anos, em 1990 e tinha acumulado 51 900 horas de voo, sendo operado pela Yemenia desde 1999.
A Airbus precisou que aparelho tinha o número de série 535 e anunciou o envio de uma equipa de especialistas para as Comores.
O A310-300 é um birreactor que pode transportar até 220 passageiros. Há um total de 214 aviões A310 ao serviço de 41 operadores em todo o mundo.
fonte.jn