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A contestação Geórgiana

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Não haverá "revolução" na Geórgia financiada "a partir do estrangeiro"


O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Khobadidze, afirmou hoje que as manifestações pró-europeias que há dias agitam o país do Cáucaso estão a ser financiadas "a partir do estrangeiro" e que "não haverá revolução" na Geórgia.





Notícia






"Essas iniciativas estão a ser financiadas a partir do estrangeiro e o financiamento não é transparente", declarou numa conferência de imprensa o líder do partido no poder desde 2012, o Sonho Georgiano - acusado pelos opositores de uma deriva autoritária pró-russa -, agitando o espetro de uma ingerência externa no país.



"Lembro a todos que não haverá revolução na Geórgia, seja ela transparente ou não", acrescentou Irakli Khobadidzé.


O primeiro-ministro georgiano recusou-se hoje a negociar com a oposição, ao quinto dia de uma grande manifestação, marcada por confrontos, exigindo novas eleições legislativas e condenando a decisão governamental de suspender o processo de integração da Geórgia na União Europeia (UE).


Ao fim da tarde, milhares de manifestantes estavam de novo concentrados em frente ao parlamento, em Tbilissi, a capital. O edifício, ponto de encontro tradicional, tornou-se o epicentro das tensões entre polícia e opositores desde a passada quinta-feira.


O chefe do executivo georgiano assegurou que o seu Governo fará "todos os esforços" para integrar o país do Cáucaso na UE, apesar de ele mesmo ter anunciado na semana passada a suspensão do processo de adesão à Europa comunitária até 2028, o que provocou estes protestos em grande escala.
"Nada de negociações" com a oposição, declarou.


O objetivo de adesão à UE é tão importante que está, inclusive, inscrito na Constituição desta ex-república soviética.


Esta mobilização popular ocorre numa altura em que a autoridade do Sonho Georgiano é muito contestada pela oposição, que o acusa de ter "roubado" as eleições legislativas de 26 de outubro.


O Sonho Georgiano utiliza frequentemente a Ucrânia, invadida pelas tropas russas há quase três anos, como exemplo do contrário, acusando os seus dirigentes o Ocidente de querer arrastar a Geórgia para uma guerra com Moscovo.


O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, estabeleceu um paralelo entre a situação na Geórgia e a revolta da praça Maïdan, na Ucrânia, em 2014.


Hoje de manhã, a Presidente da República georgiana, a pró-ocidental Salome Zurabichvili, em rutura com o Governo, mas cujos poderes são muito limitados, considerou que a mobilização popular não está a enfraquecer.


"Mais uma noite impressionante, durante a qual os georgianos defenderam firmemente a sua Constituição e a sua opção europeia", escreveu Zurabichvili na rede social X (antigo Twitter).


No domingo à noite, pela quarta noite consecutiva, dezenas de milhares de manifestantes concentraram-se, agitando bandeiras europeias até tarde em Tbilissi e noutras cidades.


A situação tornou-se tensa ao fim da tarde, junto ao parlamento: os manifestantes lançaram fogo-de-artifício para o edifício e sobre a polícia, que em seguida utilizou canhões de água e gás lacrimogéneo para os dispersar.


Desde o início dos protestos, dezenas de pessoas - manifestantes, jornalistas e polícias - ficaram feridas, algumas com gravidade, de acordo com ambas as partes, embora o número exato não tenha sido claramente apontado.


No total, 224 pessoas foram detidas desde quinta-feira, informou o Ministério do Interior num comunicado.


Os manifestantes acusam a polícia de os maltratar: "Estão furiosos, batem-nos, atiram-nos água [mas] não nos importamos", disse no domingo Lika, de 18 anos, citada pela agência noticiosa francesa AFP, enquanto a polícia tentava dispersar a multidão.


A Lituânia, a Letónia e a Estónia anunciaram hoje a imposição de sanções a governantes georgianos que, segundo eles, foram responsáveis pela violação dos direitos humanos durante as manifestações.
Um porta-voz da diplomacia alemã garantiu hoje à Geórgia que a porta de entrada na União Europeia continua aberta e apelou ao Governo para que apoie esta via.
Hoje, começaram greves de solidariedade com os manifestantes em escolas, instituições públicas e empresas, segundo a comunicação social nacional.
Lacha Matiachvili, professor grevista de 35 anos visto em protesto no domingo, afirmou tratar-se de "um ato simbólico de resistência".
Os georgianos estão a marchar tanto a favor da UE como contra a vizinha Rússia, com a multidão a entoar regularmente palavras de ordem anti-Moscovo.
O país situado nas margens do mar Negro ainda está traumatizado com a invasão russa em 2008, durante uma breve guerra.
Moscovo reconheceu posteriormente a independência de duas regiões georgianas separatistas que fazem fronteira com o seu território, a Abecásia e a Ossétia do Sul, onde a Rússia ainda mantém uma presença militar.
A Geórgia está a atravessar uma crise política desde o anúncio da vitória do Sonho Georgiano nas eleições de outubro, desde então contestada.
Apesar das acusações de irregularidades, o Governo excluiu a possibilidade de realizar novas eleições.
Os manifestantes georgianos receberam o apoio de Washington, Kyiv e Bruxelas, que condenaram nomeadamente o uso da força pela polícia.
A Geórgia obteve oficialmente o estatuto de candidato à adesão à UE em dezembro de 2023, mas Bruxelas congelou entretanto o processo, acusando o Governo de dar um grave passo atrás em termos de democracia.



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Tribunal Constitucional da Geórgia recusa pedido para anular eleições


O Tribunal Constitucional (TC) da Geórgia recusou hoje pronunciar-se sobre uma ação judicial para invalidar os resultados das eleições legislativas de 26 de outubro, que a oposição se recusa a reconhecer por os considerar fraudulentos.





Notícia






Numa declaração assinada por sete dos seus nove membros, o TC declarou que a decisão, adotada no final do prazo de duas semanas de que dispunha para aceitar ou rejeitar os recursos, era definitiva e não podia ser objeto de recurso.




O recurso constitucional foi apresentado pela Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, e por cerca de 30 deputados para anular os resultados das eleições para o parlamento georgiano e para a região autónoma de Adzharia.




Alegaram que "o sigilo do voto não foi respeitado" e que não foram abertas assembleias de voto suficientes no estrangeiro, segundo a representante da Presidente no TC, Eka Beselia.



De acordo com os resultados oficiais, o partido no poder desde 2012, o Sonho Georgiano, venceu as eleições.



Zurabishvili e os deputados da oposição apresentaram o recurso ao TC em 19 de novembro, a contestar a legitimidade das eleições.



"O recurso foi apresentado. Isto é importante, mas não temos confiança no Tribunal Constitucional", disse na altura Beselia.



Após as eleições, a oposição iniciou uma campanha de manifestações de protesto para exigir a realização de novas eleições legislativas.



No meio da contestação, o Governo anunciou em 28 de novembro o congelamento do início das conversações de adesão à União Europeia (UE) até 2028, consagrada na Constituição.



A decisão levou à radicalização dos protestos e, desde então, as manifestações diárias em frente ao edifício do parlamento deram origem a violentos confrontos noturnos entre os manifestantes e a polícia de choque.



De acordo com as autoridades, cerca de 300 pessoas foram detidas e quase uma centena de polícias ficaram feridos nas últimas cinco noites de violência no centro da capital georgiana.



Zurabishvili, cujo mandato termina em 16 de dezembro, anunciou que não deixará o cargo, que tem funções meramente representativas, porque não reconhece qualquer legitimidade ao parlamento ou ao Governo.



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Multidão na Geórgia lança fogo-de-artifício contra polícia. Há 26 feridos


Vinte e seis pessoas ficaram feridas, a maioria manifestantes, na segunda-feira à noite em confrontos em Tbilissi, na Geórgia, anunciou hoje o Ministério da Saúde.





Notícia







As equipas de resgate "transportaram 26 pessoas para infraestruturas médicas, incluindo 23 manifestantes e três policias", informou o ministério num comunicado de imprensa.




Na segunda-feira, milhares de manifestantes voltaram a reunir-se na capital, para o quinto dia de uma mobilização em grande escala contra as políticas do governo, acusado de deriva autoritária e de ser pró-Rússia.




O partido Georgian Dream, no poder desde 2012, desencadeou estes protestos na quinta-feira ao adiar as negociações de adesão com a União Europeia até 2028 -- um objetivo consagrado na Constituição desta antiga república soviética.




A polícia usou jatos de água e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que respondeu lançando fogo-de-artifício contra os agentes.



Alguns manifestantes refugiaram-se numa igreja da praça central para fugir à polícia.




Várias dezenas de manifestantes, jornalistas e agentes da polícia ficaram feridos durante confrontos à margem destas concentrações, embora o número exato não tenha sido estabelecido.



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Presidente da Geórgia avisa que é "a única autoridade legítima" do país


A Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, condenou hoje a decisão do Tribunal Constitucional que valida os resultados das eleições legislativas realizadas em outubro passado, e avisou que é "a única autoridade legítima" do país.





Notícia







No sexto dia consecutivo de manifestações na Geórgia, Salome Zurabishvili afirmou que, através desta decisão sobre as eleições que estão manchadas pela suspeita de fraude, o tribunal assinou "a sua própria sentença de morte" e estendeu esta consideração "a todo o país e a todas as instituições do Estado".




Apesar de o parlamento ter já convocado para 14 de dezembro as eleições presidenciais, dois dias antes do fim do seu mandato, a chefe de Estado georgiana alertou que, se a situação não melhorar, não deixará o cargo até que sejam convocadas novas legislativas.




"Não há já forma de permanecer no quadro da ordem constitucional", prosseguiu, a propósito da crise que o país atravessa desde as eleições em que o partido no poder, Sonho Georgiano, venceu com 53% dos votos.




Salome Zurabishvili indicou que, caso o tribunal aprove o seu recurso, poderá devolver o país "à situação em que se encontrava antes das eleições de 26 de outubro".



"Hoje o país vive uma situação em que não existe um único poder constitucional real", afirmou em relação ao primeiro-ministro, Irakli Ivanishvili.



Desde que foram anunciados os resultados eleitorais, a Geórgia tem sido palco de protestos frequentes, com o registo de vários episódios de violência.



Milhares de manifestantes reuniram-se hoje pela sexta noite consecutiva contra o Governo, apesar das ameaças do primeiro-ministro, que acusou os seus adversários políticos e organizações não-governamentais de terem "orquestrado a violência".



Os protestos ocorrem depois de o Tribunal Constitucional ter decidido manter inalterados os resultados das eleições legislativas de outubro, que são contestados pela oposição.



Esta vaga de manifestações em Tbilissi tem sido sistematicamente dispersada pela polícia com canhões de água e gás lacrimogéneo e foi desencadeada pelo anúncio do Governo do adiamento até 2028 das ambições de integração na União Europeia (UE), a que se soma a alegação de fraude eleitoral.




Na noite de hoje, os manifestantes voltaram a lançar fogo de artifício em direção ao parlamento e agitaram bandeiras da Geórgia e da UE perante o contingente da polícia.



Em meados de novembro, grupos da oposição e a Presidente pró-europeia, em rutura com o Governo mas com poderes limitados, interpuseram recurso junto do Tribunal Constitucional para obter a anulação dos resultados da votação legislativa de outubro.



O tribunal recusou hoje os pedidos, especificando que a sua decisão era definitiva e sem recurso.



A oposição acusa ainda o Governo de querer aproximar-se de Moscovo e de imitar os seus métodos repressivos e autoritários.



Na manhã de hoje, as autoridades georgianas indicaram que pelo menos 26 pessoas ficaram feridas na noite anterior, no decurso de protestos na capital do país.




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Polícia da Geórgia faz rusgas a partidos e organizações da oposição


A polícia georgiana fez hoje buscas nos escritórios de vários partidos e organizações da oposição que têm participado ativamente nos protestos antigovernamentais dos últimos dias, afirmou o Movimento Nacional Unido (MNU) em comunicado à EFE.





Notícia







"No meio de protestos em massa e de violentas perseguições policiais a manifestantes pacíficos, as autoridades do regime de facto pró-russo da Geórgia lançaram uma campanha de terror e de repressão total contra os opositores", refere o comunicado divulgado pelo grupo, fundado pelo ex-presidente Mikheil Saakashvili, que se encontra preso.





De acordo com o MUN, a polícia invadiu hoje "escritórios da oposição e casas de ativistas" e confiscou equipamento informático, como dispositivos móveis e computadores portáteis, "sem apresentar mandados de busca".



A polícia chegou hoje às instalações do MUN Juventude, bem como às sedes das organizações Droa, Girchi e Coligação para a Mudança (Akhali).



"O líder da Coligação, Nika Gvaramia, foi agredido fisicamente e detido", acrescenta-se a nota, que adianta que o dirigente oposicionista foiu depois levado por polícias encapuzados durante a rusga aos escritórios de outro partido da oposição, Droa, segundo imagens transmitidas em direto pelo canal de televisão independente Pirveli.



Segundo o partido da oposição, "as rusgas violentas têm como objetivo intimidar as pessoas e reprimir os protestos".



Até ao momento, o Ministério do Interior da Geórgia não confirmou as rusgas.



A notícia de hoje levou à suspensão dos primeiros debates na televisão pública entre representantes do governo e da oposição sobre a crise institucional que o país atravessa desde as eleições legislativas de 26 de outubro, cujos resultados são rejeitados pela oposição e pelo Ocidente.



O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, garantiu que a situação está sob controlo.



"Os líderes da oposição e as organizações não-governamentais ricas estão escondidos nos seus gabinetes, mas não poderão fugir à sua responsabilidade" pelo que está a acontecer no país, advertiu Kobajidze.



O número de pessoas detidas em protestos na Geórgia desde a decisão do governo de congelar as negociações de adesão à União Europeia (UE) até 2028 aumentou hoje para mais de 300.



Os confrontos entre as forças da ordem e os manifestantes provocaram também centenas de feridos, incluindo cerca de 150 polícias.



Além disso, dezenas de jornalistas ficaram feridos enquanto cobriam os protestos, uma situação denunciada nos últimos dias pela Federação Internacional de Jornalistas e outras organizações.



Terça-feira, a Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, condenou a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que valida os resultados das eleições legislativas realizadas em outubro passado, e avisou que é "a única autoridade legítima" do país.



No sexto dia consecutivo de manifestações na Geórgia, Zurabishvili afirmou que, através desta decisão sobre as eleições que estão manchadas pela suspeita de fraude, o tribunal assinou "a sua própria sentença de morte" e estendeu a consideração "a todo o país e a todas as instituições do Estado".



Apesar de o Parlamento ter já convocado para 14 deste mês as eleições presidenciais, dois dias antes do fim do seu mandato, a chefe de Estado georgiana alertou que, se a situação não melhorar, não deixará o cargo até que sejam convocadas novas legislativas.



"Não há já forma de permanecer no quadro da ordem constitucional", frisou, a propósito da crise que o país atravessa desde as eleições em que o partido no poder, Sonho Georgiano, venceu com 53% dos votos.



Salome Zurabishvili indicou que, caso o tribunal aprove o seu recurso, poderá devolver o país "à situação em que se encontrava antes das eleições de 26 de outubro".



"Hoje o país vive uma situação em que não existe um único poder constitucional real", afirmou em relação ao primeiro-ministro, Irakli Ivanishvili.




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Prosseguem protestos na Geórgia com detenções e 150 polícias feridos


Milhares de manifestantes pró-União Europeia (UE) concentraram-se hoje em Tbilissi pela sétima noite consecutiva para protestar contra o Governo da Geórgia, com as autoridades a confirmarem sete novas detenções e 150 polícias feridos na sequência destas manifestações.





Notícia




Enrolados em bandeiras georgianas e europeias, sob temperaturas negativas, a multidão entoou o hino nacional sob o olhar atento de dezenas de polícias, relataram os jornalistas da agência France Presse (AFP).



As autoridades georgianas anunciaram, entretanto, a detenção de sete pessoas acusadas de organizar atos de violência durante as manifestações pró-europeias no país do Cáucaso.


"A polícia deteve sete pessoas por organizarem e dirigirem um grupo violento", informou o Ministério da Administração Interna em comunicado, acrescentando que os suspeitos, que não foram identificados, podem ser condenados até nove anos de prisão.


O ministério informou ainda que 150 polícias ficaram feridos durante a última semana de protestos na capital georgiana, na sequência de confrontos com os manifestantes, que continuam a exigir a repetição das eleições legislativas de 26 de outubro.



A mesma fonte detalhou que os agentes ficaram feridos em "ações agressivas e destrutivas de grupos violentos".


"Continuamos a investigar os atos perpetrados por grupos violentos que participaram e apelaram publicamente a este tipo de agressão", segundo o ministério, referindo que a maioria dos protestos concentrou-se na Avenida Rustaveli, no centro de Tbilissi, perto do edifício do parlamento.


"As regras estabelecidas sobre o direito de manifestação foram desrespeitadas e estes protestos assumiram um caráter violento, que persiste até hoje", prosseguiu o comunicado governamental, referindo haver relatos de feridos de "gravidade variável, bem como de danos em infraestruturas e bens".


Cerca de 300 pessoas foram detidas até à data na sequência destes protestos desencadeados pela decisão do Governo de adiar a discussão sobre a adesão à UE, em plena crise pós-eleitoral.


As manifestações têm continuado enquanto o primeiro-ministro do país, Irakli Kobajidze, está em confronto direto com a oposição e com a Presidente georgiana, Salome Zurabishvili, que insiste que as instituições foram "sequestradas" desde as eleições e apela a um novo processo eleitoral para resolver a crise interna.


As recentes eleições legislativas na Geórgia, realizadas em outubro passado, foram conquistadas pelo partido no poder, o Sonho Georgiano, acusado pelos seus críticos de deriva autoritária e pró-russa.


O parlamento já aprovou a convocação de eleições presidenciais para o próximo dia 14 de dezembro e que vão colocar fim ao mandato de Zurabishvili como chefe de Estado, apesar de a própria Presidente ter sublinhado que não abandonará o cargo enquanto não se realizarem novas eleições legislativas e o país não retomar o caminho da integração europeia.


O Governo suspendeu as negociações de adesão à UE até 2028.


A Geórgia obteve oficialmente o estatuto de candidato à adesão à UE em dezembro de 2023, mas Bruxelas congelou entretanto o processo, acusando o Governo de dar um grave passo atrás em termos de democracia.


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Geórgia. Crise mostra conflito interno entre democracia e autoritarismo


Uma semana depois de terem começado manifestações na Geórgia contra o resultado das eleições legislativas e contra o adiamento das negociações de adesão à União Europeia, a Geórgia vive uma crise política e social grave.





Notícia






Estas são as datas mais marcantes da história deste país, situado entre a Europa e a Ásia e hesitante entre seguir um caminho europeu e ocidental ou regressar à esfera de influência da Rússia.



- 1918: Geórgia declara independência após a Revolução Russa



- 1921: Exército Vermelho invade a Geórgia, que é absorvida pela União Soviética.




- 1956: Os protestos contra a política do líder soviético Nikita Khrushchev transformam-se em apelos violentos e imediatos à secessão da URSS, mas são brutalmente esmagados pelas forças soviéticas.



- 1989: Protestos pró-independência esmagados pelas tropas soviéticas em Tbilissi, resultando em 21 mortes. As exigências de mais autonomia na Ossétia do Sul levaram a confrontos violentos entre georgianos e ossetas. Forças de paz soviéticas - mais tarde russas - são enviadas.



- 1991: Geórgia declara independência e Zviad Gamsakhurdia é eleito Presidente. Foi deposto por um golpe e inicia-se uma guerra civil até 1993.



- 1990-92: Após vários surtos de violência, a Ossétia do Sul proclama a independência em 1992. A violência esporádica continua até ser alcançado um acordo para o envio de forças de manutenção da paz georgianas, ossétias e russas.



- 1992-93: Guerra Geórgia-Abecásia: a Geórgia envia tropas para a Abecásia para travar os movimentos de secessão. Os combates ferozes terminam com a expulsão das forças georgianas da Abcásia. São mortas cerca de 30.000 pessoas. Antes da guerra, os georgianos representavam quase metade da população da Abcásia, mas cerca de 250 mil georgianos foram expulsos, reduzindo praticamente para metade a população da Abcásia.



- 1994: Governo georgiano e separatistas abkhazes assinam um acordo de cessar-fogo, abrindo caminho para o envio de uma força de manutenção da paz russa.



- 2001: Conflitos na Abecásia entre tropas da Abecásia e paramilitares georgianos apoiados por combatentes do Norte do Cáucaso. A tensão aumenta quando a Rússia acusa a Geórgia de abrigar rebeldes chechenos, acusação rejeitada pela Geórgia.



- 2003: O líder pró-Ocidente Mikhail Saakashvili chega ao poder como resultado da 'Revolução Rosa', depois de o Presidente, Eduard Shevardnadze, se demitir após protestos sobre alegada fraude eleitoral.



- 2008: As tensões entre a Geórgia e a Rússia transformam-se numa guerra total depois de a Geórgia tentar retomar a Ossétia do Sul. As forças russas expulsam as tropas georgianas da Ossétia do Sul e da Abcásia. Após cinco dias de combates, os dois lados assinam um acordo de paz mediado pela França. A Rússia reconhece tanto a Ossétia do Sul como a Abecásia como Estados independentes.



- 2014: A UE e a Geórgia assinam um acordo de associação e um acordo de parceria comercial de longo alcance.



- 2015: As forças russas na Ossétia do Sul deslocam a fronteira interna 1,5 quilómetro para o interior da Geórgia, ameaçando a estrada principal que liga o oeste ao leste do país.


- 2022: Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Geórgia torna-se um lar temporário para muitos exilados russos.


- 2023: Geórgia obtém o estatuto de candidato à UE.


- 2024
+ 01 agosto: Controversa lei dos agentes estrangeiros entra em vigor na Geórgia


+06 agosto: UE reitera "apoio incondicional à independência, soberania e integridade territorial" da Geórgia, exigindo o fim da ocupação russa iniciada em 07 de agosto de 2008


+setembro: aprovação de nova Lei sobre Valores da Família e Proteção de Menores, que proíbe a propaganda de relações não tradicionais, casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais homossexuais.


Bruxelas diz que esta lei, em conjunto com Lei da Transparência e Influência Estrangeira, condiciona relações com UE.


+02 out: Presidente Salomé Zurabishvili devolve Lei dos Valores Familiares e Proteção de Menores ao parlamento sem promulgar
+03 out: Presidente do parlamento promulga lei


+20 out: Milhares de manifestantes pró-europeus reúnem-se em Tbilissi numa manifestação a uma semana das legislativas
+25 out: Rússia acusa Ocidente de tentar influenciar eleições


+26 out: Eleições legislativas. Presidente denuncia atos violentos à margem das votações. Oposição pró-europeia reivindica vitória, mas a televisão estatal anuncia vitória oficial do Sonho Georgiano, pró-Rússia


+27 out: Comissão Eleitoral anuncia vitória do partido no poder, o Sonho Georgiano. Oposição contesta e observadores internacionais da NATO e da UE denunciam pressões e Bruxelas insta autoridades eleitorais a investigarem irregularidades


+28 out: Primeiro-ministro pró-russo, Irakli Kobakhidze, garante que integração do país na UE é prioridade.



UE acusa Rússia de interferir em eleições, Moscovo rejeita



Milhares de pessoas protestam contra vitória de partido pró-russo


Primeiro-ministro da Hungria e representante da presidência rotativa da UE, Victor Orbán, visita Geórgia e defende resultados.


+ 29 out: Comissão eleitoral decide fazer recontagem parcial dos votos



China anuncia que "respeita a escolha do povo"


Rússia exige que EUA e UE deixem de apresentar ultimatos e respeitem vitória do "Sonho Georgiano"



+ 31 out: Recontagem confirma vitória do partido no poder


+ 11 nov: Presidente pede novas eleições e milhares de pessoas saem à rua em protesto contra vitória do partido no poder


+ 15 nov: Manifestantes invadem o perímetro de segurança do parlamento da autoproclamada República da Abecásia, que se tornou
independente da Geórgia com o apoio da Rússia, para impedir a aprovação de uma lei destinada a promover investimentos russos, e há confrontos com a polícia


+ 16 nov: Novo protesto e novos confrontos com polícia


+ 18 nov: Opositores da Abecásia bloqueiam edifício governamental que alberga cinco ministérios


+ 19 nov: Presidente da região separatista da Abecásia demite-se, como exigiam manifestantes


Presidente da Geórgia pede anulação das eleições legislativas


+ 24 nov: Milhares de pessoas voltam a manifestar-se e tentam impedir início da primeira sessão da nova legislatura


+ 25 nov: Recém-eleito parlamento abre sem a presença dos deputados da oposição


+ 28 nov: Primeiro-ministro decide suspender negociações de adesão à UE até ao final de 2028


+ 29 nov: Polícia dispara gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar manifestantes contra a decisão de adiar negociações com UE. Pelo menos 40 são detidos


Ucrânia acusa Geórgia de suspender candidatura à UE para agradar a Moscovo



Governo declara ilegais os protestos da oposição


+ 30 nov: Mais de 100 detidos no segundo dia de protestos contra suspensão das negociações com a UE e vários confrontos entre polícia e manifestantes na terceira noite.


Presidente anuncia que não renunciará ao seu mandato, que termina este ano, até que novas eleições legislativas sejam organizadas


+ 01 dez: UE admite sanções contra Governo pela repressão dos protestos pró-europeus, classificando o recurso à violência como inaceitável.



Primeiro-ministro rejeita novas eleições


+ 02 dez: Novos protestos provocam 5 detidos, dois dos quais acusados de crimes puníveis com penas até sete anos de prisão, e ferimentos em pelo menos 20 polícias


Rússia alerta para tentativas de organizar uma revolução popular como a ucraniana na Geórgia


Primeiro-ministro diz que manifestações pró-europeias estão a ser financiadas a partir do estrangeiro e que não haverá revolução.
ONU condena uso "desproporcionado da força" em manifestações


+ 03 dez: Nova manifestação faz 26 feridos e primeiro-ministro responsabiliza oposição pela violência


Tribunal Constitucional da Geórgia recusa pedido para anular eleições e Presidente assume-se como única autoridade legítima do país


+ 04 dez: Polícia faz buscas nos escritórios de vários partidos e organizações da oposição que têm participado nos protestos

antigovernamentais. Autoridades anunciam a detenção de sete organizadores do protesto e que 150 polícias ficaram feridos nos confrontos durante as manifestações, que prosseguem pelo 7.º dia consecutivo.




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Capital da Geórgia acorda tranquila após vários dias de protestos


A capital da Geórgia acordou hoje tranquila pela primeira vez em vários dias em que ocorreram protestos antigovernamentais contra o congelamento do diálogo sobre a integração na União Europeia (UE).




Notícia






Pela primeira vez desde 28 de novembro, data em que o Governo anunciou que iria adiar as negociações de adesão ao bloco comunitário até 2028, hoje não houve confrontos entre a polícia e os manifestantes pró-europeus que se reúnem diariamente no centro da capital georgiana, Tbilissi.



As autoridades também não usaram, na noite passada, canhões de água, como em ocasiões anteriores, para dispersar a manifestação.




Milhares de georgianos reuniram-se novamente na quarta-feira em frente ao Parlamento georgiano com gritos de ordem como "O lugar da Geórgia é na Europa!".



Também exigem a demissão do Governo e a realização de novas eleições parlamentares.



Tinatin Bokuchava, presidente do Movimento Nacional Unido (MNU), fundado pelo ex-presidente preso Mikhail Saakashivili, denunciou à imprensa que com o ataque de quarta-feira à sede da oposição as autoridades levaram a cabo "uma operação especial ao estilo russo contra o seu próprio povo".



Os opositores denunciaram que estas buscas são "um novo padrão na escalada da repressão" por parte do governo que consideram "pró-Rússia".



Um dos líderes do MNU, Georgui Vashadze, disse à imprensa que "a nova missão é levar o país à insubordinação total e à greve".



"O autoproclamado regime iniciou uma nova fase de violência e iremos opor-nos a ele com unidade até levarmos o país à insubordinação geral", afirmou, observando que "as greves devem estender-se a toda a Geórgia".



Entretanto, segundo as autoridades, as buscas permitiram "identificar e neutralizar" a ala mais radical da oposição.



O diretor do Departamento de Investigação Criminal da polícia georgiana, Teymuraz Kupatadze, informou em conferência de imprensa que durante as buscas "foram apreendidos cocktails molotov, máscaras de gás, dispositivos pirotécnicos e computadores" que ligam os partidos da oposição às forças radicais mais poderosas dos protestos.



As manifestações pró-europeias na Geórgia resultaram até agora em mais de 300 detenções e centenas de feridos, incluindo dezenas de jornalistas.



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Geórgia: Líder da oposição condenado por desrespeito e vandalismo


Um tribunal de Tbilissi condenou hoje um dos líderes da opositora Coligação para a Mudança, Nikoloz Gvaramia, a 12 dias de prisão, acusado de desacatos à polícia e vandalismo durante buscas realizadas nas sedes dos partidos da oposição.




Notícia






"Viva a Geórgia livre, morte aos escravos", declarou Gvaramia respondeu após ouvir a sentença em tribunal.




O opositor foi detido durante a operação nas sedes da oposição em que a polícia confiscou 'cocktails molotov', engenhos pirotécnicos e outros objetos contundentes utilizados pelos manifestantes da oposição, que protestam desde 28 de novembro contra o congelamento do diálogo com a União Europeia.



Gvaramia tentou entrar à força na sede de um dos partidos da oposição e insultou publicamente a polícia, tendo sido detido.



O Ministério do Interior da Geórgia informou hoje, em conferência de imprensa, que continuam a ser detidas as pessoas que "organizaram, dirigiram e participaram na violência coletiva" durante os protestos contra a decisão do Governo georgiano - liderado pelo partido Sonho Georgiano, pró-Rússia - de congelar as negociações de adesão à União Europeia (UE) até 2028.



Segundo o Ministério, até ao momento, foram detidas 26 pessoas, que podem enfrentar penas de até nove anos de prisão.



O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobakhidze, disse hoje que "até 500 pessoas" participaram em ataques à polícia e outras ações violentas nos últimos dias.



"Todas as medidas previstas na lei estão a ser tomadas para detetar os crimes cometidos e evitar que estes ocorram no futuro", assegurou Kobakhidze.



O primeiro-ministro georgiano acusou os envolvidos de agirem "de forma sistemática e violenta contra a polícia" e de danificarem propriedade municipal e estatal.


"Estes crimes não ficarão impunes", concluiu.




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Protestos continuam na Geórgia. Detidos 50 manifestantes pró-UE


A polícia georgiana deteve 50 manifestantes durante o protesto pró-europeu que começou na sexta-feira e durou até a manhã de hoje, informou o Ministério do Interior da Geórgia.





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Ao contrário das duas noites anteriores, o último dia de protestos contra a decisão do Governo Sonho Georgiano, considerado pró-Rússia, de congelar as negociações de adesão à União Europeia até 2028 voltou a adquirir "um caráter violento", indicou o ministério.




"Atiraram dispositivos pirotécnicos, pedras e vários objetos pesados contra a polícia. Um polícia ficou ferido como resultado dos acontecimentos", refere no comunicado.



A polícia e as unidades de choque usaram canhões de água e gás lacrimogéneo contra os manifestantes, tendo sido presos 48 manifestantes por desacato e vandalismo e outros dois por organizarem, dirigirem e participarem nas ações de protesto.



Destes dois, um é estrangeiro, observou o ministério do Interior, sem especificar a nacionalidade.



Desde o início dos protestos, 28 pessoas foram detidas acusadas de organizar, dirigir e participar em ações violentas, crime pelo qual podem ser condenadas a nove anos de prisão, acrescentaram as autoridades.



A líder da oposição do partido Pela Geórgia, Teona Akubardia, disse à imprensa que "só novas eleições parlamentares devolverão o país ao espaço constitucional".



Nas eleições parlamentares de outubro, a oposição apresentou quatro blocos para destituir o partido governante Georgian Dream, um objetivo não alcançado.



Depois de conhecidos os resultados das eleições, a oposição recusou-se a reconhecer a derrota e acusou o Georgian Dream de manipular resultados com a ajuda da Rússia, apelando a protestos.



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UE admite "medidas adicionais" e pede fim da violência na Geórgia


A União Europeia instou hoje o partido no poder na Geórgia a travar a violência contra manifestantes e opositores, que contestam o adiamento, pelo Governo, das negociações de adesão à UE, admitindo "medidas adicionais".





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Em comunicado, o Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), chefiado pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirma que, nas manifestações, o povo georgiano "defende as suas aspirações democráticas e europeias", enquanto "enfrenta a força brutal e ilegal da polícia" e "detenções arbitrárias", em particular de jornalistas.




"Mais de 400 indivíduos foram detidos e mais de 300 sofreram violência e maus-tratos, muitos necessitando de cuidados médicos urgentes.


Relatórios perturbadores de organizações da sociedade civil e do Defensor Público da Geórgia indicam violência grave e intencional, levantando preocupações credíveis de tortura e tratamento desumano", refere a porta-voz do SEAE, Anita Hipper.



A diplomacia da UE nota que "até agora, nenhum agente policial ou membro de grupos violentos informais foi responsabilizado".



A UE "lamenta estas ações repressivas contra manifestantes, representantes dos meios de comunicação social e líderes da oposição e apela à libertação imediata de todas as pessoas detidas", prossegue o comunicado.



Na nota, a diplomacia da União Europeia exige ainda "o fim da intimidação generalizada, da perseguição política, da tortura e dos maus-tratos aos cidadãos"



Os 27 pedem uma "investigação credível" às alegações de tortura e maus-tratos.



"Encorajamos as organizações locais e internacionais e o Defensor Público a continuar a documentar as violações generalizadas dos direitos humanos na Geórgia", apela a UE.



"Instamos o Sonho Georgiano [no poder] a diminuir a escalada e acabar com esse ambiente que traz custos severos para o povo georgiano. A violência não é a resposta às exigências dos manifestantes quanto ao futuro democrático e europeu da Geórgia", sustenta ainda.



O bloco comunitário responsabiliza o Governo georgiano pela "interrupção 'de facto' do processo de adesão à UE" e remete para o próximo Conselho dos Negócios Estrangeiros, em 16 de dezembro, uma ponderação de "medidas adicionais".



A UE manifesta-se ainda solidária "com o povo georgiano e com as suas aspirações democráticas e europeias".



O partido Sonho Georgiano, no poder desde 2012, decidiu no final de novembro adiar as negociações de adesão à UE para 2028, um objetivo consagrado na Constituição da antiga república soviética.



Milhares de manifestantes têm-se reunido desde então junto ao edifício do parlamento, na capital, Tbilissi, em protestos reprimidos com violência e marcados por dezenas de detenções e de pessoas feridas em confrontos com as forças de segurança.



A oposição acusa o Governo de procurar estreitar os laços com Moscovo e de imitar os métodos repressivos e autoritários que diz estarem em vigor na Rússia.



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Georgianos escolhem no sábado Presidente pró-UE ou pró-Rússia


Os eleitores da Geórgia, onde milhares de pessoas se manifestam, há 15 dias consecutivos, contra a alegada fraude eleitoral e pela adesão à União Europeia, vão eleger, no sábado, um Presidente entre um candidato pró-ocidente e outro pró-Rússia.





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A escolha recai entre a atual Presidente, Salomé Zourabichvili, antiga diplomata francesa que assumiu a chefia do Estado em 2018, e Mikheil Kavelashvili, ex-jogador de futebol do Manchester City, que foi impedido de se candidatar à presidência da federação de futebol em 2025 por não ter formação superior.




O futuro Presidente será eleito no sábado, pela primeira vez, por um colégio eleitoral e não por votação popular, no âmbito de uma alteração constitucional adotada pelo 'Sonho Georgiano' em 2017 com vista a reforçar o seu controlo sobre o país.



Curiosamente, ambos os candidatos presidenciais foram lançados pelo mesmo homem: Bidzina Ivanishvili, presidente do partido no poder, o 'Sonho Georgiano'.



Apesar de ter sido eleita com a ajuda do homem forte do partido no poder, Salomé Zourabichvili, hoje com 72 anos, afastou-se completamente dos ideais do 'Sonho Georgiano'.



Acérrima defensora do objetivo da Geórgia de se tornar membro da União Europeia, a atual Presidente juntou-se às fileiras dos detratores do 'Sonho Georgiano' quando o partido começou a adotar uma postura de autoritarismo pró-russia.



Vetou, sem sucesso, várias leis consideradas repressivas para a sociedade civil, os meios de comunicação social e os direitos LGBT, aprofundando a rutura com o partido no poder, que tentou por duas vezes, sem sucesso, demiti-la.



Após as eleições legislativas de 26 de outubro, vencidas pelo 'Sonho Georgiano' mas denunciadas como objeto de fraude, Zourabichvili assumiu a causa do movimento de protesto pró-europeu e proclamou-se como "a única instituição legítima" do país.



Desafiando o 'Sonho Georgiano', anunciou que se recusaria a renunciar ao seu mandato, o que deveria acontecer a 29 de dezembro, enquanto não fossem organizadas novas eleições legislativas.



É esta mulher - a primeira que ocupou o cargo de Presidente da Geórgia - que o Governo espera afastar para substituir pelo ex-jogador de futebol de extrema-direita Kavelachvili.



O candidato, anunciado na quarta-feira pelo presidente do 'Sonho Georgiano', é visto como um político anti-Ocidente de linha dura.



"Estou certo de que Mikheil Kavelashvili irá restaurar totalmente a dignidade temporariamente roubada à instituição presidencial", afirmou na altura Ivanishvili, o homem mais rico da Geórgia e uma figura que a oposição e os críticos culpam pelo afastamento do país da União Europeia em direção à Rússia.



"Não há dúvida de que Mikheil Kavelashvili não estará ao serviço de potências estrangeiras, mas sim ao serviço do Estado georgiano", acrescentou.



Embora seja mais conhecido por ter sido jogador de futebol - jogou pela seleção georgiana, pelo Dinamo Tbilissi e pelo Manchester City em meados da década de 1990 - Kavelashvili não é um novato da política.



Em 2022, deixou o 'Sonho Georgiano' e fundou o seu próprio partido, o Poder Popular, de cariz eurocéptica e de extrema-direita.



"Repescado" agora pelo homem que verdadeiramente "mexe os cordelinhos" da política georgiana, o ex-jogador de futebol conta com o apoio do Governo e de toda a máquina do partido no poder.


Mas os resultados das presidenciais de sábado estão envoltos numa indefinição tão grande como a que vive o país atualmente.


Desde as legislativas de final de outubro, a Geórgia dividiu-se quase ferozmente entre os que apoiam a manutenção da aproximação ao Ocidente e, consequentemente, a adesão ao bloco dos 27, e os que preferem a proteção e proximidade da Rússia, na peugada dos tempos em que a pequena república pertencia à União Soviética.


No dia 26 de outubro, a vitória das eleições foi atribuída ao partido no poder, o 'Sonho Georgiano', mas as acusações de fraude pela oposição, pela Presidente e pelos observadores internacionais multiplicaram-se.


Manifestações cada vez mais participadas têm-se repetido diariamente, sobretudo desde 28 de novembro, dia em que o Governo anunciou o adiamento até 2028 das negociações para adesão à União Europeia, ambição que está mesmo incorporada na Constituição.


Vários casos de violência policial contra manifestantes e jornalistas foram documentados por organizações não-governamentais e pela oposição e a repressão foi denunciada pelos Estados Unidos e pelos europeus, que ameaçaram tomar medidas de retaliação contra o Governo.


Na quarta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou à libertação dos manifestantes "detidos arbitrariamente", durante uma conversa telefónica com Ivanishvili, enquanto o novo primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, descrevia os protestos como ações de "grupos violentos controlados por uma oposição liberal fascista", um termo frequentemente utilizado pelo Kremlin para atingir os seus adversários políticos.



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Oposição manifesta-se em frente ao parlamento da Geórgia


A oposição da Geórgia está hoje a manifestar-se em frente ao parlamento, onde deverá ser eleito ao longo do dia o novo presidente do país, numa eleição presidencial que será a primeira por sufrágio indireto.




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Centenas de pessoas começaram a reunir-se durante a manhã em frente ao parlamento para rejeitar, uma vez mais, a composição do Parlamento, resultante das eleições realizadas no final de outubro e que, segundo os opositores e a atual Presidente do país, Salome Zurabishvili, foram marcadas por uma série de irregularidades.




A oposição pretende que sejam convocadas novas eleições legislativas e alega que os deputados não têm legitimidade suficiente para nomear o sucessor de Zurabishvili, cujo mandato termina oficialmente na próxima quarta-feira.



Os grupos da oposição continuam a recusar-se a reconhecer a vitória do partido no poder, o Sonho Georgiano, nas eleições de outubro e alertaram para o facto de se tratar de um partido próximo da Rússia e que está a afastar o país da via da integração europeia.



A situação levou as autoridades a ordenar o envio de reforços para as imediações do parlamento, palco de protestos contra o Governo há mais de duas semanas, que estima que mais de 400 pessoas tenham sido presas desde o início das manifestações.



A situação levou as autoridades a ordenar o envio de reforços para as imediações do parlamento, palco de mais de duas semanas de protestos antigovernamentais. Desde o início dos protestos já foram detidas mais de 400 pessoas.



A eleição do Presidente será, pela primeira vez, conduzida por um Colégio Eleitoral, cujos eleitores irão finalmente votar. Este órgão será composto por 300 pessoas, incluindo deputados e representantes dos governos locais, bem como das regiões de Ayaria e Abkhazia, esta última que o governo georgiano ainda considera parte do seu território, apesar da sua independência "de facto".



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