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À Descoberta do Pincho

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À DESCOBERTA DO PINCHO

Domingo, 14/09/2014, sentimento de saudades e ansiedades pairavam no ar, era dia de ir com alguns amigo conhecer um local magnífico há muito agendado.

Eram 15:00h e ainda tínhamos 115km até ao destino.

Tudo perderia o sentido não fosse a nossa paixão insaciável por este hobbie.

Mãos ao volante e lá saímos de Vila Meã em direção a Viana do Castelo. Mergulhados em conversas só alcance de um bom grupo de amigos, o tempo e os km foram passando, e, sem que déssemos por isso, já eram 15:50h, já estávamos na A3 em direção a Ponte de Lima, 70km e 50 minutos de viagem volvidos.

Já cheirava a alto Minho!

GPS on, pois as únicas informações que tínhamos no momento, era o nome da aldeia que supostamente dava acolhimento ao tão famoso Pincho, S. Lourenço da Montaria. Com a preciosa ajuda do GPS, rapidamente chegamos à aldeia.

O silêncio era o imperador incontestável do local. Estávamos na aldeia, mas não estávamos no destino, precisava-mos saber que rumo seguir para chegar ao famoso Pincho.

Sem perder tempo, sai imediatamente do carro, olhei em meu redor e ao longe avistei um vale deserto entre serras verdes e selvagens.

“É ali!” Exclamei eu completamente entusiasmado. Só pode ser ali, pensei eu no meu subconsciente. Entro no carro e segui dirigindo por uma rua estreita que ao que tudo indicava nos levaria ao vale onde possivelmente ficaria o Pincho. Depois de alguns metros, a rua ficou estreita, o paralelo terminava para dar lugar a uma pequena estrada de terra batida. O vale ainda estava longe, percebemos de imediato que se existia um caminho, aquele não era de certeza. Voltei a parar, saí novamente do carro e olhei em meu redor, existem algumas casas bem conservadas, mas até ao momento, ainda não avistara vivalma por aquelas paragens. Como num ato de desespero, coloquei a mão sobre o volante e apertei timidamente a buzina para ver se consiga chamar à atenção algum morador das casas próximas. Espero alguns segundos e no momento em que já tinha o pé direito dentro do carro, ouço um, “Faça o favor?” nas minhas costas. É um senhor que veio à janela alarmado pela buzina que há segundos fizera suar. Aproveito o momento de sorte e não perdi tempo a pedir informações ao simpático senhor que rapidamente me elucidou que estávamos no caminho errado. Estávamos perto, mas tínhamos de voltar para trás. Ouvi atentamente as dicas, agradeci e coloquei novamente o carro em movimento. Estávamos todos em êxtase, estávamos perto e no caminho certo para finalmente conhecer o famoso Pincho.

Segui-mos escrupulosamente as indicações, atravessamos na íntegra uma das partes da aldeia, por estradas estreitas, inclinadas e sinuosas até chegarmos a um cruzamento já em plena serra. Aqui era um local ao qual o senhor não tivera feito qualquer referência, em frente jazia a tabuleta com o nome de “Travessa do Pincho”. Devido ao nome da placa, tínhamos algumas certezas, mas de facto, estávamos momentaneamente perdidos novamente. Num rápido feeling, decidimos subir, tínhamos no momento 50% de probabilidade de ter seguido a opção correta. Subimos, subimos, até que começamos a descer, ali consegui avistar outro vale e que só poderia ser o albergue do leito do rio Âncora. Tinha a sensação profunda de estarmos no caminho correto, mas o horizonte é quase infinito. Continuamos a descer até terminar o piso em paralelo, agora teríamos de continuar por estrada de terra batida, muito esburacada e pouco apelativa à circulação automóvel. Paramos novamente e indecisos sobre a nossa orientação, decidimos recorrer aos smartphones numa tentativa desesperada de encontrar mais informações do Pincho na internet. Numa curta e lenta pesquisa, conseguimos umas coordenadas GPS que faziam referência ao sítio do Pincho.

Ok! Temos desenvolvimentos na nossa “batalha”! Exclamei eu, agora com o ego um pouco mais elevado.

Naquele momento, surgiu outro imprevisto, o software de navegação GPS, não permitia introdução manual de coordenadas, valeu o C:GEO (um software de geocaching). Coordenadas inseridas e após 10 minutos de espera que o Google Maps carregasse na íntegra, percebemos que ainda estávamos muito longe do Pincho, o C:GEO assinalava 2km em linha reta, era muita coisa!

Visto o aspeto do caminho não ser o melhor e não termos 100% de certeza das coordenadas e veracidade dos dados GPS, continuamos ali parados à procura de mais informações na internet que nos pudesse evidenciar que de facto estávamos no caminho certo.

O tempo foi passando e a nossa indecisão, continuava a assolar a nossa aventura.

Quando já todos estamos desanimados e já se fala em desistir, ouvimos subitamente o barulho de um automóvel que se aproximava.

“Ufffffffff!” Suspiro de alívio! Pode ser que o motorista conheça e nos consiga orientar novamente.

Aproximei-me lentamente do veículo e sob um olhar atento e desconfiado do condutor lá pergunto: “Por ventura o senhor não me sabe dizer se estou no caminho certo para o Pincho?”. Depois de perceber as nossas modestas intenções, e, já mais seguro respondeu: “Sei sim senhor e por acaso até vou para lá agora. Fica já ali em cima! Se quiserem podem seguir-me.”

“Estamos safos!” Desabafei eu.

Carros novamente a trabalhar e seguimos lentamente em fila o automóvel. Andamos cerca de 700m até chegar a um largo de terra, avistamos uns contentores de lixo temporários e já se ouve o rio a correr encosta abaixo. Saímos do carro e descemos por um trilho húmido e escorregadio. Chegados ao rio, olhamos em frente e paramos por alguns segundos perplexos, era visível o brilho nos olhos de todos os presentes, ao fundo, perante nós, tínhamos uma cascata digna de rasgados elogios.


Continuamos em direção à mesma, pé ante pé, lá fomos transpondo as pedras que compunham o único trilho seco até à cascata. Já ali, com a cascata mais perto do que nunca, o que há minutos se afigurava pequeno ganhara uma dimensão considerável com o aproximar. No sopé da cascata, lá está a tão famosa lagoa do Pincho de águas claras e cristalinas.


Hora de tirar umas fotos, foto aqui, foto ali e num ápice, estávamos já na parte superior da cascata. Por momentos a nossa preocupação prendia-se com o risco inerente à descida, visto que a subida tinha sido feita por rochedos escarpados.

As máquinas continuam a disparar flashes em todas as direções, olhava a paisagem sobre a cascata e sem que nada o fizesse prever ouviu-se se um empolgante, “Uauuuuuuuuuuu!”. Era certo que o Leonel encontrara algo fascinante, não fosse o entusiasmo com que soltou aquele “grito”. Olhamos imediatamente para cima em sua direção e colocamos pés ao caminho. Já se via o Leonel imóvel em cima de uma gigantesca rocha que no momento nos tapava a visibilidade do horizonte para lá da sua localização. Subimos a rocha e assim que a nossa vista fica desbloqueada, por momentos pensei ter mergulhado num verdadeiro conto de fadas. Perante nós tínhamos uma majestosa cascata com cerca de 50m de desnível, dividida em três leitos por onde a água jorrava livremente. Mais ao lado, outra pequena queda de água.

Toda aquela envolvência era divinal!

Em poucos segundos, fiquei com a certeza profunda que este é um dos locais mais belos, raros e selvagens que eu visitara até à data.

Subimos encosta acima, até chegar a uma levada de água que nos levou até à parte superior da cascata.

Ao chegar! Mais do mesmo!

A sequência de belas cascatas parece ter terminado, no entanto, as águas cristalinas que continuam a correr pelas rochas esculpidas, proporcionam mais algumas fotos de rara beleza.

As horas foram passando, não tardava a anoitecer e o caminho até aos automóveis ainda era considerável. O sentimento era de tristeza por termos de abandonar aquele tesouro natural, mas simultaneamente, tínhamos noção do perigo inerente ao caminhar por aqueles trilhos durante a noite.

Reservamos 2 minutos para uma última vista de 360º em câmara lenta sobre todo aquele majestoso local. Após isso, regressamos cuidadosamente aos carros, fizemos todo o caminho de volta sem contratempos e assim terminou mais esta aventura inesquecível deste fabuloso grupo de amigos.



Autor: Márcio Rodrigues
Data: 18/09/2014

Vídeo e Fotos: http://www.geralforum.com/board/1044/621388/pincho-cascatas-lagoas-de-rara-beleza-no-rio-ancora.html
 
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