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Vítima do medicamento maldito

migel

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Vítima do medicamento maldito

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“Não vou parar até que seja feita justiça” Ana Maria Pinto nasceu há 45 anos com as pernas cruzadas, atrofiadas, pés informes e sem dedos. Foi um dos dez mil bebés vítimas das malformações congénitas atribuídas à talidomida. Apelidado de medicamento maldito, era administrado às grávidas nas décadas de 50 e 60 para aliviar os enjoos matinais. Aos oito meses, Ana sofreu a sua primeira intervenção cirúrgica. Até ao dia de hoje soma já 18 operações, a par das anestesias que têm de ser administradas para mudar o gesso. "Foram, e continuam a ser, anos muito difíceis", disse em declarações ao CM.




Com um ano de vida, Ana foi com os pais a uma primeira consulta no Porto. Foi o médico Luís Azeredo que a alertou que a malformação nos membros inferiores estava relacionada com a talidomida que a mãe tomara durante os meses de gravidez. A partir dessa altura, a mãe, Ana Porta Nova, contactou a Direcção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde no sentido de mover um processo com pedido de indemnização contra o laboratório alemão Chemie Grunenthal que comercializava a talidomida.

Vários anos se passaram sem que o processo tivesse chegado ao Laboratório, ao Governo Federal Alemão ou à Fundação Hilfswerk Für Behinderte Kinder (Ajuda a Crianças Deficientes), que foi dotada de 20 milhões de marcos para o pagamento de pensões vitalícias a vítimas da talidomida.

Ana Pinto nunca viu qualquer verba, pois o processo não chegou sequer às mãos da Fundação. A Direcção-Geral da Saúde solicitou que fosse feito novo processo, nomeado um instrutor, algo que foi feito há cinco anos. Desde então tem escrito frequentemente aos vários responsáveis governamentais, ao Presidente da República, Assembleia da República e até à Comissão Europeia. As respostas são nulas ou inócuas.

Apesar das limitações e das dificuldades, Ana Maria Pinto "não quer parar de lutar até que seja feita justiça".

OBRIGADA A USAR BOTAS DE 500 EUROS

Ana foi operada com apenas oito meses em Lisboa. Com um ano, foi para o Porto onde começou por ser operada na Ordem de S. Francisco, seguindo-se o Hospital de S. Marcos em Braga. Actualmente, e depois das 18 cirurgias, usa umas botas especialmente adaptadas para a sua deficiência física, que são feitas à medida e encomendadas em Lisboa. Custam cerca de 500 euros, sem qualquer comparticipação. Anualmente, é obrigada a trocar não só as botas como as palmilhas, que custam cerca de 70 euros. "Fica muito caro e não tenho ajudas", diz.

PERFIL

Ana Maria Porta Nova Pinto, nasceu em Beja há 45 anos. Casada, tem dois filhos, rapazes, com 18 e 11 anos. Actualmente trabalha como telefonista na Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja. Na Associação Portuguesa de Deficientes em Beja, desempenhou os cargos de secretária e vogal. Aos 15 anos participou em congressos de deficientes na companhia de seus pais em Alcoitão, e em debates sobre os problemas relacionados com a sua doença. Luta pior uma pensão que lhe permita viver em segurança e tranquilidade.




Fonte:Correio da Manhã

 

xato

GF Prata
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Mas é claro.
Está no terceiro mundo, como tal não existe.
Logo, gastar dinheiro com pessoas inexistentes é um contracenso.
 
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