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Vítima de racismo pela enésima vez, Vini Jr fala em sair da Espanha
Atacante do Real foi hostilizado por torcedores do Valencia neste domingo, no estádio Mestalla, durante revés madridista
Mais uma vez o atacante brasileiro Vinícius Júnior foi vítima de racismo na Espanha, dessa vez por torcedores do Valencia, que venceu o Real Madrid por 1 a 0 neste domingo (21), no estádio Mestalla. O crime foi cometido sem qualquer vergonha ou discernimento, com as arquibancadas em coro gritando "mono" - macaco, em espanhol - a cada vez que Vini tocava na bola.
A partida chegou a ser paralisada por oito minutos - dos 24 aos 32 do segundo tempo - pelo árbitro espanhol Ricardo De Burgos Bengoetxea.
Numa jogada pela esquerda de ataque do Real, Vinicius Junior foi atrapalhado por uma segunda bola dentro de campo. O atacante do Real Madrid reclamou disso com a arbitragem, e parte da torcida mais perto do gol do Valencia o hostilizou fortemente com xingamentos racistas - chamando-o de "mono", que é macaco em espanhol.
Vinicius puxou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea para denunciar um determinado torcedor atrás do gol. Pelas imagens de transmissão e fotos, é possível ver que outros jogadores, dos dois times, tentam acalmar os ânimos. Caso do lateral-esquerdo Gayà, capitão do Valencia.
O segundo tempo continuou, e por volta dos 48 minutos começou nova confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili partiu para cima de Vini, e outros atletas foram envolvidos. No meio do empurra-empurra, o atacante Hugo Duro deu um mata-leão no brasileiro, segurando-o pelo pescoço.
Ao se desvencilhar, Vinicius acertou o rosto do adversário. Acalmados os ânimos, o VAR chamou Burgos Bengoetxea, que reviu o lance e decidiu expulsar o brasileiro.
Revolta global
A reincidência revoltou não apenas o atacante, como também o treinador madridista, o italiano Carlo Ancelotti. Nas redes sociais, o nome de Vini, assim como a palavra racismo, entrou nos assuntos mais falados no Twitter, com mais de 300 mil menções.
A revolta diz respeito à falta de punição para os criminosos. A LaLiga, a Uefa (Union of European Football Association) e o próprio Real Madrid são criticados por suposta omissão diante da naturalização das injúrias raciais contra o brasileiro, visto que não é a primeira vez que acontece.
Para se ter uma ideia da negligência do futebol espanhol a respeito do racismo, a súmula da partida sequer trazia qualquer referência sobre o ocorrido na primeira publicação. Ela foi atualizada posteriormente com informações do caso.
O árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea se limitou a relatar na súmula que, aos 28 minutos do segundo tempo, houve insultos racistas. Um torcedor que estava no setor sul do estádio se dirigiu a Vinicius Junior e gritou "macaco, macaco".
A ata do jogo só traz essas informações sobre os xingamentos racistas contra o atacante do Real Madrid. Porém, durante a transmissão da partida, foi possível ouvir sons imitando macaco em jogadas em que ele esteve envolvido.
O árbitro também não faz qualquer menção às conversas que teve com o técnico Carlo Ancelotti sobre a possibilidade do treinador substituir Vinicius Junior diante das várias ofensas racistas.
Vinicius se manifesta
Logo após o jogo, o atacante do Real Madrid postou um story no Instagram com a seguinte mensagem.
"O prêmio que os racistas ganharam foi a minha expulsão! 'Não é futebol, é LaLiga'" disse o jogador, em referência ao slogan usado pela liga espanhola em campanhas publicitárias.
Minutos depois, Vinicius fez um post mais longo sobre o assunto. Pela primeira vez, deixou em aberto a possibilidade de deixar a Espanha por causa dos seguidos casos de racismo.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país racista. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", postou.
Presidente da LaLiga minimiza atos
O presidente da LaLiga, Javier Tebas, usou as redes sociais para responder às críticas feitas por Vinicius Junior. O dirigente voltou a insinuar que o atacante do Real Madrid exagera nas acusações de negligência da liga nos casos de racismo e disse que o brasileiro não entende a competência da entidade no futebol espanhol.
"Já que aqueles que deveriam não te explicam o que a LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nos explicar, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar a La Liga, é necessário se informar adequadamente, Vini Jr", escreveu Tebas.
Não é a primeira vez que Javier Tebas reage às críticas de Vinicius Junior após o brasileiro ser vítima de racismo na Espanha. No fim de dezembro, depois que o brasileiro foi chamado de macaco contra o Valladolid, o dirigente disse que LaLiga combate a discriminação, e falou para o atacante do Real Madrid “se informar melhor”.
Jornal do Brasil
Atacante do Real foi hostilizado por torcedores do Valencia neste domingo, no estádio Mestalla, durante revés madridista
Mais uma vez o atacante brasileiro Vinícius Júnior foi vítima de racismo na Espanha, dessa vez por torcedores do Valencia, que venceu o Real Madrid por 1 a 0 neste domingo (21), no estádio Mestalla. O crime foi cometido sem qualquer vergonha ou discernimento, com as arquibancadas em coro gritando "mono" - macaco, em espanhol - a cada vez que Vini tocava na bola.
A partida chegou a ser paralisada por oito minutos - dos 24 aos 32 do segundo tempo - pelo árbitro espanhol Ricardo De Burgos Bengoetxea.
Numa jogada pela esquerda de ataque do Real, Vinicius Junior foi atrapalhado por uma segunda bola dentro de campo. O atacante do Real Madrid reclamou disso com a arbitragem, e parte da torcida mais perto do gol do Valencia o hostilizou fortemente com xingamentos racistas - chamando-o de "mono", que é macaco em espanhol.
Vinicius puxou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea para denunciar um determinado torcedor atrás do gol. Pelas imagens de transmissão e fotos, é possível ver que outros jogadores, dos dois times, tentam acalmar os ânimos. Caso do lateral-esquerdo Gayà, capitão do Valencia.
O segundo tempo continuou, e por volta dos 48 minutos começou nova confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili partiu para cima de Vini, e outros atletas foram envolvidos. No meio do empurra-empurra, o atacante Hugo Duro deu um mata-leão no brasileiro, segurando-o pelo pescoço.
Ao se desvencilhar, Vinicius acertou o rosto do adversário. Acalmados os ânimos, o VAR chamou Burgos Bengoetxea, que reviu o lance e decidiu expulsar o brasileiro.
Revolta global
A reincidência revoltou não apenas o atacante, como também o treinador madridista, o italiano Carlo Ancelotti. Nas redes sociais, o nome de Vini, assim como a palavra racismo, entrou nos assuntos mais falados no Twitter, com mais de 300 mil menções.
A revolta diz respeito à falta de punição para os criminosos. A LaLiga, a Uefa (Union of European Football Association) e o próprio Real Madrid são criticados por suposta omissão diante da naturalização das injúrias raciais contra o brasileiro, visto que não é a primeira vez que acontece.
Para se ter uma ideia da negligência do futebol espanhol a respeito do racismo, a súmula da partida sequer trazia qualquer referência sobre o ocorrido na primeira publicação. Ela foi atualizada posteriormente com informações do caso.
O árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea se limitou a relatar na súmula que, aos 28 minutos do segundo tempo, houve insultos racistas. Um torcedor que estava no setor sul do estádio se dirigiu a Vinicius Junior e gritou "macaco, macaco".
A ata do jogo só traz essas informações sobre os xingamentos racistas contra o atacante do Real Madrid. Porém, durante a transmissão da partida, foi possível ouvir sons imitando macaco em jogadas em que ele esteve envolvido.
O árbitro também não faz qualquer menção às conversas que teve com o técnico Carlo Ancelotti sobre a possibilidade do treinador substituir Vinicius Junior diante das várias ofensas racistas.
Vinicius se manifesta
Logo após o jogo, o atacante do Real Madrid postou um story no Instagram com a seguinte mensagem.
"O prêmio que os racistas ganharam foi a minha expulsão! 'Não é futebol, é LaLiga'" disse o jogador, em referência ao slogan usado pela liga espanhola em campanhas publicitárias.
Minutos depois, Vinicius fez um post mais longo sobre o assunto. Pela primeira vez, deixou em aberto a possibilidade de deixar a Espanha por causa dos seguidos casos de racismo.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país racista. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", postou.
Presidente da LaLiga minimiza atos
O presidente da LaLiga, Javier Tebas, usou as redes sociais para responder às críticas feitas por Vinicius Junior. O dirigente voltou a insinuar que o atacante do Real Madrid exagera nas acusações de negligência da liga nos casos de racismo e disse que o brasileiro não entende a competência da entidade no futebol espanhol.
"Já que aqueles que deveriam não te explicam o que a LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nos explicar, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar a La Liga, é necessário se informar adequadamente, Vini Jr", escreveu Tebas.
Não é a primeira vez que Javier Tebas reage às críticas de Vinicius Junior após o brasileiro ser vítima de racismo na Espanha. No fim de dezembro, depois que o brasileiro foi chamado de macaco contra o Valladolid, o dirigente disse que LaLiga combate a discriminação, e falou para o atacante do Real Madrid “se informar melhor”.
Jornal do Brasil