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O experimentalismo visual de Vítor Pomar, a tensão entre a natureza e o artificial na obra de Miguel Palma e o arquipélago de percepções criado por Koo Jeong A. estão reunidos a partir de hoje na Gulbenkian, em Lisboa.
As três exposições vão ser inauguradas às 18h30 no Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, e ficarão patentes até 3 de Julho no caso de Miguel Palma e Koo Jeong A., e a de Vítor Pomar até 12 de Junho.
Isabel Carlos, diretora do CAM e curadora das mostras de Miguel Palma e de Koo Jeong A., observou que os três artistas «têm linguagens muito distintas».
O convite endereçado a Vítor Pomar resultou numa mostra antológica que apresenta as primeiras fotografias e filmes, criados nos anos 1970 e 1980, reveladores «de um lado experimental que as gerações mais novas não conhecem».
«Nada para fazer nem sítio para onde ir», exposição de Vítor Pomar, nascido em Lisboa, em 1949, com curadoria de Rita Fabiana, reúne pela primeira vez a quase totalidade da obra fílmica e videográfica do artista, com a exibição de 14 filmes e vídeos, alguns inéditos, realizados em dois períodos: 1974-1984 e 1994-2011.
Os anos que separam cada um destes momentos correspondem ao período de aproximação às filosofias orientais do budismo zen, à realização de retiros espirituais e a estadas prolongadas na Índia.
Os outros dois artistas - o português Miguel Palma e a coreana Koo Jeong A. - da mesma geração, «mas com trabalhos muito distintos», observou Isabel Carlos.
Linha de Montagem é uma exposição antológica de Miguel Palma que «transformou o museu numa espécie de hangar, ou fábrica, ou laboratório, cheio de mecanismos que manifestam uma tensão permanente entre o mecânico e o natural, entre a natureza e o artificial».
De Miguel Palma, nascido em Lisboa, em 1964, são apresentadas 170 obras, entre esculturas, instalações e vídeos, algumas inéditas, e a maior parte das quais incorporando um mecanismo técnico que produz movimento ou som.
«Parecem brinquedos para adultos, mas se olharmos bem, há neles um certo desencanto existencial, uma crítica subtil ao modo como manipulamos a natureza», observou a curadora.
As peças ocupam a maior parte do espaço térreo do CAM e são no seu todo «uma experiência total: para ver, ouvir e cheirar».
Koo Jeong A., nascida em Seul, em 1967, e já com um destacado percurso artístico, apresenta-se pela primeira vez em Portugal com uma série de cinco esculturas-gabinetes criadas para esta exposição com o título Nove.
«Essas caixas convidam o público a entrar e a descobrir pequenos detalhes. É um arquipélago de percepções. Não há objectos, só cor e luz», descreveu.
São cinco caixas entre a escultura e a arquitectura que serão desfeitas no final da exposição, mas enquanto construídas no museu «constituem presenças absolutas, funcionam como se fossem abrigos para os visitantes, sem, no entanto, permitirem acesso total ao seu interior».
Segundo a artista - que já participou em bienais de Veneza (em 2001 e 2003), Sydney (2004) e Moscovo (2005) - o título Nove representa as dimensões no universo, apesar das pessoas só serem capazes de conceber e falar de quatro.
Lusa/SOL