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Em 30 a 40 por cento das crianças que nascem surdas, sem capacidade para conseguir ouvir um som, não é possível identificar uma causa para a surdez.
Além das causas desconhecidas, há factores de risco que levam à falta de audição. Essas causas incluem infecções adquiridas pela mulher durante a gravidez. As infecções mais graves são a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose ou a infecção provocada pelo vírus citomegalovírus. Nascer com um baixo peso (menos de 1500 gramas) também contribui para a surdez. As doenças da infância (sarampo, tosse convulsa, papeira) podem contribuir para o aparecimento de surdez, mas é menos frequente. As vacinas evitam a deficiência.
Alguns estudos apontam para os prejuízos para o ouvido da exposição a níveis sonoros muito intensos.
Os alertas são dirigidos especialmente aos jovens, mais expostos aos riscos, especialmente quando estão junto a colunas de som nos concertos de música, aos assíduos das discotecas e aos que gostam de ouvir música alta com os auscultadores colados às orelhas.
O diagnóstico da surdez é feito por norma antes no primeiro ano de vida. A audiologista Nicole Santos, técnica do Serviço de Otorrino do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, explica como se chega ao diagnóstico. “Temos vários tipos de testes, jogos sonoros e condicionantes para as crianças e são adequados a cada idade.”
Primeiro é feito o diagnóstico, depois passa-se para a fase seguinte: pensar na melhor técnica para a implantação de próteses auditivas. A partir daí “faz-se a aprendizagem da audição e da fala.”
Os técnicos ajudam não só as crianças a aprender a ouvir através das próteses auditivas e a falar mas também ajudam os pais a comunicar com os filhos. “Ao princípio é-lhes difícil aceitar a condição dos filhos”, revela Luísa Monteiro, directora do Serviço de Otorrinolaringologia do HDE.
A maioria das crianças surdas que são acompanhadas no Hospital Dona Estefânia têm um diagnóstico de deficiência auditiva severa ou profunda.
A directora do Serviço de Otorrino aponta “grande trabalho em parceria” com o Instituto Jacob Rodrigues Pereira, da Casa Pia, na reabilitação das crianças surdas. As crianças diagnosticadas no HDE são acompanhadas pelo serviço até completarem os 18 anos.
IMPLANTES NÃO SÃO PARA TODOS
Os implantes cocleares não são recomendados para todos os surdos, mas sim para os pacientes com grau de deficiência severa ou profunda para quem as próteses auditivas não resultam. Os aparelhos electrónicos integram um implante interno colocado por cirurgia no interior da cóclea (ouvido interno) e uma parte externa, o processador da fala, utilizada atrás da orelha ou no corpo.
3.000 RASTREIOS A BEBÉS NA BISSAYA BARRETO
A Maternidade Bissaya Barreto (MBB), do Centro Hospitalar de Coimbra, tem a funcionar um serviço de rastreio auditivo neonatal desde 2004 e realiza mais de três mil exames por ano.
Segundo Gabriela Mimoso, médica do serviço de Neonatologia, “em 2008 foram rastreados 3264 recém-nascidos, 50 dos quais foram encaminhados para a consulta de Otorrinolaringologia por não terem passado no exame”.
Todos os bebés nascidos na MBB são sujeitos ao rastreio auditivo. Até agora foram diagnosticados dez casos de surdez, sendo que em três deles recorreu-se a prótese auditiva.
SAIBA MAIS
EXCLUÍDOS
Em Portugal, os surdos são excluídos da vida religiosa devido à inexistência de intérpretes nas igrejas ou de padres que saibam linguagem gestual.
84 172
é o número de deficientes auditivos em Portugal, segundo números de 2001 do Instituto Nacional de Estatística.
700
pessoas com surdez são associadas da Associação Portuguesa de Surdos, que conta com intérpretes de Língua Gestual no apoio aos utentes.
CENTRO NACIONAL
O Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de Coimbra é onde se situa o centro nacional de implantes cocleares.
'APOIAMOS 500 CRIANÇAS' (luísa monteiro Dir. Serviço Otorrino do Hosp. D. Estefânia)
Correio da Manhã – Há crianças que já nascem surdas?
Luísa Monteiro – Sim, as causas pré-natais de surdez são responsáveis pela surdez congénita. A perda da capacidade auditiva pode ser severa e irreversível.
– Há crianças que nascem ouvintes e depois ficam surdas?
– As infecções graves, como a meningite, podem originar o aparecimento da surdez.
– Quantas crianças são assistidas no HDE com problemas auditivos?
– Acompanhamos cerca de 500 crianças surdas.
O MEU CASO: IMPLANTE AJUDA A OUVIR (Joana Cruz)
Joana nasceu num mundo de silêncio. Isso foi há três anos. Hoje já não está nesse mundo sem sons, consegue ouvir a mãe falar com ela, o pai, a irmã e todos os outros.
A mãe, Ana Novais, não sabe o motivo de Joana ter nascido sem audição, pois não há casos de surdez na família. “Será uma questão genética, provavelmente.”
O pai, Rafael Cruz, lembra os primeiros tempos. “Foi um choque mas depressa recuperámos do embate porque precisávamos de reagir. Ela estava a crescer e precisava que pensássemos mais nela do que em nós. Procurámos ajuda médica.” Foram ao Hospital Dona Estefânia, onde a criança faz reabilitação, e ao Instituto Jacob Rodrigues Pereira, da Casa Pia. Joana é surda profunda. As próteses auditivas não foram solução. “Foi necessário recorrer a um implante coclear. Mas estamos muito satisfeitos porque tem feito uma evolução muito grande, aprendeu a ouvir e a falar. Já diz umas cinquenta palavras.” Antes de colocar os implantes cocleares, Joana integrava-se no meio social e nunca se isolou. O silêncio não fez com que deixasse de brincar com os outros meninos na creche.
PERFIL
Joana Cruz, três anos, nasceu surda profunda. As próteses auditivas não ajudaram, foi necessário o recurso ao implante coclear. Todos os dias são dias de aprendizagem de novos sons.
Cristina Serra
In Correio da Manhã
Além das causas desconhecidas, há factores de risco que levam à falta de audição. Essas causas incluem infecções adquiridas pela mulher durante a gravidez. As infecções mais graves são a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose ou a infecção provocada pelo vírus citomegalovírus. Nascer com um baixo peso (menos de 1500 gramas) também contribui para a surdez. As doenças da infância (sarampo, tosse convulsa, papeira) podem contribuir para o aparecimento de surdez, mas é menos frequente. As vacinas evitam a deficiência.
Alguns estudos apontam para os prejuízos para o ouvido da exposição a níveis sonoros muito intensos.
Os alertas são dirigidos especialmente aos jovens, mais expostos aos riscos, especialmente quando estão junto a colunas de som nos concertos de música, aos assíduos das discotecas e aos que gostam de ouvir música alta com os auscultadores colados às orelhas.
O diagnóstico da surdez é feito por norma antes no primeiro ano de vida. A audiologista Nicole Santos, técnica do Serviço de Otorrino do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, explica como se chega ao diagnóstico. “Temos vários tipos de testes, jogos sonoros e condicionantes para as crianças e são adequados a cada idade.”
Primeiro é feito o diagnóstico, depois passa-se para a fase seguinte: pensar na melhor técnica para a implantação de próteses auditivas. A partir daí “faz-se a aprendizagem da audição e da fala.”
Os técnicos ajudam não só as crianças a aprender a ouvir através das próteses auditivas e a falar mas também ajudam os pais a comunicar com os filhos. “Ao princípio é-lhes difícil aceitar a condição dos filhos”, revela Luísa Monteiro, directora do Serviço de Otorrinolaringologia do HDE.
A maioria das crianças surdas que são acompanhadas no Hospital Dona Estefânia têm um diagnóstico de deficiência auditiva severa ou profunda.
A directora do Serviço de Otorrino aponta “grande trabalho em parceria” com o Instituto Jacob Rodrigues Pereira, da Casa Pia, na reabilitação das crianças surdas. As crianças diagnosticadas no HDE são acompanhadas pelo serviço até completarem os 18 anos.
IMPLANTES NÃO SÃO PARA TODOS
Os implantes cocleares não são recomendados para todos os surdos, mas sim para os pacientes com grau de deficiência severa ou profunda para quem as próteses auditivas não resultam. Os aparelhos electrónicos integram um implante interno colocado por cirurgia no interior da cóclea (ouvido interno) e uma parte externa, o processador da fala, utilizada atrás da orelha ou no corpo.
3.000 RASTREIOS A BEBÉS NA BISSAYA BARRETO
A Maternidade Bissaya Barreto (MBB), do Centro Hospitalar de Coimbra, tem a funcionar um serviço de rastreio auditivo neonatal desde 2004 e realiza mais de três mil exames por ano.
Segundo Gabriela Mimoso, médica do serviço de Neonatologia, “em 2008 foram rastreados 3264 recém-nascidos, 50 dos quais foram encaminhados para a consulta de Otorrinolaringologia por não terem passado no exame”.
Todos os bebés nascidos na MBB são sujeitos ao rastreio auditivo. Até agora foram diagnosticados dez casos de surdez, sendo que em três deles recorreu-se a prótese auditiva.
SAIBA MAIS
EXCLUÍDOS
Em Portugal, os surdos são excluídos da vida religiosa devido à inexistência de intérpretes nas igrejas ou de padres que saibam linguagem gestual.
84 172
é o número de deficientes auditivos em Portugal, segundo números de 2001 do Instituto Nacional de Estatística.
700
pessoas com surdez são associadas da Associação Portuguesa de Surdos, que conta com intérpretes de Língua Gestual no apoio aos utentes.
CENTRO NACIONAL
O Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de Coimbra é onde se situa o centro nacional de implantes cocleares.
'APOIAMOS 500 CRIANÇAS' (luísa monteiro Dir. Serviço Otorrino do Hosp. D. Estefânia)
Correio da Manhã – Há crianças que já nascem surdas?
Luísa Monteiro – Sim, as causas pré-natais de surdez são responsáveis pela surdez congénita. A perda da capacidade auditiva pode ser severa e irreversível.
– Há crianças que nascem ouvintes e depois ficam surdas?
– As infecções graves, como a meningite, podem originar o aparecimento da surdez.
– Quantas crianças são assistidas no HDE com problemas auditivos?
– Acompanhamos cerca de 500 crianças surdas.
O MEU CASO: IMPLANTE AJUDA A OUVIR (Joana Cruz)
Joana nasceu num mundo de silêncio. Isso foi há três anos. Hoje já não está nesse mundo sem sons, consegue ouvir a mãe falar com ela, o pai, a irmã e todos os outros.
A mãe, Ana Novais, não sabe o motivo de Joana ter nascido sem audição, pois não há casos de surdez na família. “Será uma questão genética, provavelmente.”
O pai, Rafael Cruz, lembra os primeiros tempos. “Foi um choque mas depressa recuperámos do embate porque precisávamos de reagir. Ela estava a crescer e precisava que pensássemos mais nela do que em nós. Procurámos ajuda médica.” Foram ao Hospital Dona Estefânia, onde a criança faz reabilitação, e ao Instituto Jacob Rodrigues Pereira, da Casa Pia. Joana é surda profunda. As próteses auditivas não foram solução. “Foi necessário recorrer a um implante coclear. Mas estamos muito satisfeitos porque tem feito uma evolução muito grande, aprendeu a ouvir e a falar. Já diz umas cinquenta palavras.” Antes de colocar os implantes cocleares, Joana integrava-se no meio social e nunca se isolou. O silêncio não fez com que deixasse de brincar com os outros meninos na creche.
PERFIL
Joana Cruz, três anos, nasceu surda profunda. As próteses auditivas não ajudaram, foi necessário o recurso ao implante coclear. Todos os dias são dias de aprendizagem de novos sons.
Cristina Serra
In Correio da Manhã