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Siza Vieira considera-se um «resistente cultural»

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Siza Vieira considera-se um «resistente cultural»

O arquitecto Álvaro Siza Vieira disse hoje, em Leça da Palmeira, que a medalha de mérito cultural que recebeu, quando atribuída a arquitectos, devia chamar-se “medalha de resistência cultural”.

O arquitecto falava depois de ter recebido a medalha atribuída pelo ministro da Cultura, numa cerimónia que decorreu no primeiro edifício público projectado pelo arquitecto, a Casa de Chá da Boa Nova, situada em Leça da Palmeira (Matosinhos).

O momento serviu para Siza lembrar os protestos de que foi alvo o seu projecto da Casa de Chá da Boa Nova, considerando que o galardão, “quando atribuído a arquitectos, devia chamar-se medalha de resistência cultural”.

Siza Vieira mostrou-se sensibilizado com o galardão e com a cerimónia.

“Isto sensibiliza-me muito, ainda mais porque esta cerimónia é feita na minha terra, no primeiro edifício público que desenhei, numa zona a que estou muito ligado, como projectista, mas também humanamente, porque vinha aqui tomar banho muitas vezes, noutras alturas”, disse Álvaro Siza Vieira, em declarações aos jornalistas.

A ocasião serviu, também, para o arquitecto lembrar que a obra devia ter sido feita por Fernando Távora.

“Antes disto tinha feito umas três casinhas em Matosinhos. Esta foi a primeira obra pública importante, feita em circunstâncias muito especiais: foi feito um concurso e o arquitecto Távora, com quem eu trabalhava, teve de se ausentar e disse aos colaboradores, tudo gente nova, vocês façam que eu assino. Assim foi feito”, recordou Siza Vieira.

O ministro da Cultura explicou que a medalha pretende ser “um agradecimento a Siza Vieira, por fazer o que faz, e sobretudo por ser quem é”.

Pinto Ribeiro teve em conta o contributo do arquitecto para a arquitectura e a arte, “o papel criativo extraordinário”, mas, também, o facto de Siza ser uma pessoa “muito preocupada socialmente”.

O cineasta Manoel de Oliveira foi uma das personalidades convidadas para estar presente na cerimónia de homenagem a Siza Vieira, e este fez saber que o primeiro pretende filmar as suas obras.

“É um jovem. Eu, ao pé dele, sinto-me cansado. A última vez que estivemos juntos disse-me: Vamos pelo mundo fora, eu filmo e conversamos. Eu fiquei preocupado e disse ‘mas isso é muito longe’. Ele perguntou ‘E depois? É para isso que servem os aviões'. Eu devo ter ficado ainda mais preocupado e ele disse ‘Não se preocupe, eu tenho dois filmes a fazer antes, o seu será só depois’”, descreveu o arquitecto.

Manoel de Oliveira confirmou, aos jornalistas, que “gostava que fosse possível” fazer um filme sobre a obra de Siza Vieira, adiantando que “a ideia é precisa”, falta é a acertar a possibilidade de avançar com o projecto, que, alertou, é preciso financiamento.

O cineasta já recebeu a medalha de mérito cultural que hoje foi entregue a Siza Vieira, mas fez questão de elogiar o arquitecto.

“Já recebi, com menos mérito do que Siza Vieira, que admiro muito e que é um homem extraordinário, reconhecido em todo o mundo. Eu ando um pouco à roda disso, mas um pouco mais por baixo”, afirmou.


Diário Digital / Lusa​
 
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