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Respostas das plantas aos herbívoros

helldanger1

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Nuno Leitão

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As plantas quando estão perante um potencial consumo por herbívoros reagem de diversas formas, enquanto comunidade, população ou espécie, muitas das quais têm respostas adaptativas particularmente interessantes.

Os efeitos da herbivoria numa planta dependem das partes das plantas que são directamente afectadas e da fase de desenvolvimento em que as plantas se encontram quando são predadas pelos herbívoros.


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Os predadores das plantas, podem comer as folhas, sugar a seiva, consumir o meristema (tecidos de crescimento), danificar as flores e os frutos e cortar as raízes. Todas estas diferentes acções têm efeitos distintos nas plantas, e cada uma delas pode ter efeitos diferentes consoante o estado de desenvolvimento da planta (por exemplo, o efeito da desfolhação é diferente se se tratar de uma plantula ou de uma planta em fase de produção de sementes).

Numa planta que sobrevive ao ataque de um herbívoro, são detectados efeitos diferentes consoante a sua capacidade de resposta. Os minerais ou nutrientes podem ser dirigidos de uma parte da planta para outra, pode haver alterações da taxa de metabolismo, das taxas de crescimento das raízes, do caule e de reprodução, e podem ser produzidos tecidos e substâncias químicas de protecção.

 

helldanger1

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Resposta Compensatória

Cada planta tem reacções de compensação à acção dos herbívoros. A remoção de folhas diminui o ensombramento das outras folhas, aumentando as taxas de fotossíntese destas e com esta remoção de folhas, o balanço geral da planta entre a fotossíntese e a respiração pode até ser melhorado. Se o ataque se der nas folhas ensombradas, o efeito tem um baixo impacto na produtividade global da planta.

Logo após o ataque de um herbívoro, as plantas, para compensarem as perdas, utilizam os hidro-carbonatos armazenados nos seus vários tecidos, mas pouco tempo depois do ataque, têm de recorrer essencialmente à fotossíntese para formar novos tecidos.

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A herbivoria pode alterar a distribuição dos produtos da fotossíntese na planta. Quando há desfolhamento dos caules, uma proporção da produção líquida é encaminhada para os próprios caules e, da mesma forma, quando há destruição de raízes a produção é desviada para estas. A desfolhação pode mesmo implicar a paragem de crescimento e o atrofiamento das raízes, uma vez que os produtos da fotossíntese são concentrados nos caules. De uma maneira geral, este mecanismo de distribuição das substâncias fotossintetisadas permite restaurar as partes afectadas pelos herbívoros, mesmo quando se trata de um ataque muito localizado. Pode, também, com este mecanismo, haver compensações mais "sensatas" por parte da planta. Por exemplo, quando o herbívoro provoca danos nalguns rebentos, há plantas que cortam o envio de hidro-carbonatos para esses rebentos e os desviam para os rebentos sãos, ou ainda quando frutos são perdidos o peso dos frutos sãos pode aumentar devido a serem favorecidos pela planta.


 

helldanger1

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O herbivorismo pode aumentar a taxa de fotossíntese por unidade de área das folhas sobreviventes das plantas e a taxa de mortalidade das partes de plantas pode diminuir. No entanto, ainda que as plantas apresentem várias formas de compensação aos ataques dos herbívoros, normalmente ficam lesadas após a interacção.

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Resposta Defensiva

As plantas podem também responder aos ataques dos herbívoros com o início ou o aumento da produção de estruturas de protecção ou de substâncias químicas. Estes mecanismos, muitas vezes chamados respostas defensivas, têm custos elevados para as plantas, o que muitas vezes torna difícil a demonstração de que realmente o seu accionamento é globalmente benéfico para a planta.


 

helldanger1

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Estes mecanismos, numa árvore, podem ocorrer em folhas individualizadas, ramos, ou em toda a copa e são detectados num curto espaço de tempo após o ataque de um herbívoro. Não se tem encontrado grande impacto destes mecanismos sobre os herbívoros que os induzem, pelo que se questiona se estes serão realmente uma defesa ou uma consequência do crescimento dos tecidos afectados.

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Se as respostas metabólicas são defensivas, a selecção natural ter-se-á encarregue de favorecer as plantas que as utilizam. Num estudo entre árvores adubadas e não adubadas, as respostas são menos evidentes nas árvores fertilizadas (têm abundância de recursos para terem em conta o ataque), e na comparação entre desfolhação de árvores de forma artificial ou por um insecto desfoliante, a resposta é maior nas árvores atacadas pelos insectos. Nestes dois casos, a resposta das árvores parece ser uma defesa genuína.


 

helldanger1

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Há também casos, em que estas respostas são evidentemente prejudiciais aos herbívoros que as suscitam, como o caso dos Larícios atacados por Zeiraphera diniana (insecto fitófago) que levou a que a sobrevivência e fecundidade dos insectos diminuísse nos 4-5 anos seguintes, devido ao efeito combinado do atraso de produção de folhas, produção de folhas mais duras e com maiores teores de fibra e resina.

De qualquer forma, continua a ser pouco evidente se os efeitos derivados da resposta das plantas são realmente benéficos para a planta quando se tem em conta os custos que o processo das respostas metabólicas acarreta para estas.

Bibliografia

Begon, M., Harper, J.L. e Townsend, C.R. (1996). Ecology: Individuals, Populations and Communities. Blackwell Science
 
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