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Residências falham na reabilitação de doentes mentais

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Residências falham na reabilitação de doentes mentais
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Dados de estudo europeu mostram que qualidade dos serviços atinge apenas os 50% em sete áreas essenciais na saúde mental.

A reabilitação e a autonomia dos doentes mentais que vivem em residências estão a meio do que seria desejável. Um estudo realizado em 11 países dá a Portugal uma cotação de cerca de 50% nas sete dimensões analisadas, sejam elas a qualidade dos edifícios, a autonomia dos doentes ou os direitos humanos.

Graça Cardoso, a coordenadora nacional do estudo Demobinc (ver caixa) diz ao DN que a reabilitação é a principal falha das unidades nacionais. "Os doentes estão parados nestas residências, quando eles precisam de fazer actividades para recuperar", avança, acrescentando que havia uma grande discrepância em termos de qualidade nas 20 unidades analisadas em três anos.

O estudo financiado pela Comissão Europeia foi concluído recentemente, após três anos de investigação em onze centros de 10 países. O objectivo primário não era propriamente estudar as unidades, mas sim "criar um instrumento capaz de avaliar a qualidade de vida e os cuidados prestados a doentes mentais graves em unidades residenciais", refere a médica. O objectivo é que as unidades comecem a aplicar este instrumento - Quality Indicator for Reabilitative Care - daqui por dois ou três meses, quando a versão portuguesa desta ferramenta for disponibilizada online.

Depois de consultados peritos e actores centrais na saúde mental (doentes e associações), foram escolhidas sete dimensões essenciais na avaliação da qualidade, reunidas em cinco indicadores. Graça Cardoso, que realizou entrevistas aos gestores e utentes das unidades, lamentou o facto de os recursos humanos terem pouca formação, o que afecta a aposta num modelo de recuperação e reabilitação do doente, a sua autonomia e direitos". E recorda a importância de incorporar a família nas actividades. "Muitas vezes os familiares sabem melhor do que nós o que os doentes precisam". Activar os doentes "não é um luxo". Estas dificuldades foram assumidas por Caldas de Almeida, o coordenador nacional para a saúde mental (ver texto ao lado).

Um dos melhores resultados analisados nas 20 unidades nacionais foi a nível dos ambientes. "Há muitas unidades a que fomos com obras recentes", frisa. Mas outros aspectos, como a privacidade, quartos com o mínimo de pessoas, também tendem a falhar.

"Analisámos o ambiente habitacional, em aspectos como acesso a telefone, jornais, televisão ou a qualidade dos equipamentos e decoração", explica a médica. Outro indicador é o ambiente terapêutico, "que avalia a formação do pessoal, objectivos da unidade, a existência de gestores de cada doente".

Os tratamentos e intervenções, em termos de cuidados de saúde como a alimentação, exercício, planos de tratamento que incluem ou não a família também são avaliados. Já as soluções existentes com vista à protecção dos direitos, como a possibilidade de votar, ter informação sobre apoios sociais, fiscais, entre outros, integram a área de Política Social.

Por último, os entrevistadores analisaram a governança clínica, que abrange aspectos como a equipa de gestão, a existência de inspecções, entre outros.

Fonte: DF
 
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