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Reforma
Portador de deficiência luta pela antecipação da idade de reforma
Portador de deficiência luta pela antecipação da idade de reforma
Há vários anos que Roberto Ribeiro trava uma batalha pessoal contra o “sistema” em busca da antecipação da idade de reforma para portadores de deficiência depois de um acidente de viação lhe ter roubado a alegria de viver. Em 1985, o hábito de andar de mota aliado à irreverência própria da juventude acabariam por se revelar fatais num acidente que iria pautar o resto da sua vida: um embate num poste de electricidade provocou a fractura dos ossos da perna direita com paralisia dos músculos e nervos, obrigando à utilização de uma tala e aparelho curto para a estabilização das articulações. Ao desgaste físico - trabalha como chefe e armazém numa empresa de cargas e descargas de contentores - juntou-se o drama psicológico com consequente depressão nervosa. Com as sucessivas idas aos médicos vieram as más notícias: a manter o ritmo de trabalho dentro de pouco tempo terá de se deslocar com o auxílio de “canadianas” ou, na pior das hipóteses, ficar refém de uma cadeira de rodas. “Toda a vida trabalhei este ano perfaço 31 anos de serviço activo. Com todo este tempo de descontos para a Segurança Social considero uma injustiça o facto de, se pretender me aposentar neste momento, ter penalizações consideráveis ao nível da pensão de reforma”, desabafa. Nos últimos anos Roberto Ribeiro bateu a inúmeras portas - deputados, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e Assembleia da República - tendo recebido “muitas manifestações de solidariedade, mas resultados práticos nada !”, enfatiza. Visivelmente desgastado - durante a entrevista ao Açoriano Oriental chorou- considera que pretende apenas o que é justo. “Se tiver direito a uma reforma que representa pouco mais de metade do que ganho, como vou fazer? Eu gostava de viver o resto da minha vida com alguma qualidade e dignidade, como farei isso? Ou terei que trabalhar até cair numa cadeira de rodas?”, pergunta. “Fora” da lei No enquadramento legal actual, Roberto Ribeiro tem apenas direito a uma reforma por invalidez ou a uma reforma antecipada, mas com 46 anos tal significaria que teria penalizações consideráveis ao nível do montante da pensão de reforma. “Já fiz uma simulação na Segurança Social e não estou de acordo com o valor que a Lei define. Porque trabalho há mais de 30 anos e tenho uma deficiência acho que teria direito, no mínimo, a uma pensão de reforma a 80%”, defende. Com Roberto Ribeiro também não possui grandes qualificações académicas mudar de trabalho significaria perder grande parte do actual rendimento. Dito de outro modo, actualmente “não existe suporte legal que possibilite a instituição de um regime de antecipação com fundamento numa situação intrínseca aos próprios beneficiários como seja o facto de serem portadores de deficiência”, conforme transmitiu o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em resposta, por escrito, a uma exposição de Roberto Ribeiro. “A situação em que me encontro é compartilhada por muitos cidadãos portadores de deficiência que lutam por uma vida melhor em Portugal, apesar das barreiras físicas, culturais e sociais existentes”, diz. Habituado a lutar por aquilo que entende ser necessário quanto justo para uma vida normal, Roberto Ribeiro admite que lhe começam a faltar força física e anímica. “Qualquer dia eu...olhe, neste momento já não sei o que fazer e o que lhe dizer”, conclui Roberto Ribeiro
Fonte:Açoriano Oriental