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Rebentaram as águas. Tenho de ir já para o hospital?

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Set 24, 2006
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Não há consenso na resposta. E talvez não possa haver uma resposta igual para todas as grávidas. Quanto mais informada estiver, mais fácil será decidir.

A ruptura das membranas, vulgarmente conhecida por «águas rebentadas», significa que existe perda de líquido amniótico, quer seja uma perda controlada (pouca quantidade cada vez), quer seja uma perda total. Esta pode ocorrer já durante o trabalho de parto activo, em fase de dilatação, ou apenas na expulsão. Mas também pode acontecer antes de o trabalho de parto ter início. É o que os médicos chamam ruptura prematura de membranas, que ocorre entre seis a 19 por cento das gravidezes de termo. A ruptura das membranas, apesar de poder ocorrer antes do trabalho de parto activo é, segundo a Oraganização Mundial de Sáude (OMS), um «sinal de que aconteceu algo irreversível». Este sinal indica que o parto está para breve, seja o seu início espontâneo ou induzido.

Sendo o tempo de gestação de 38 semanas ou mais, é preciso ir logo para o hospital? O que fazer? A maior parte dos obstetras portugueses aconselha as grávidas com ruptura prematura de membranas a dirigir-se de imediato ao hospital. Porque existe risco acrescido de infecções e também de prolapso do cordão umbilical (situação muito rara em que o cordão umbilical sai antes da cabeça do bebé e a pressão pode fazer com que o este deixe de receber oxigénio).

«A indicação de ir de imediato para o hospital vem do tempo em que as condições de higiene não eram tão boas como são hoje», afirma a enfermeira obstetra Lúcia Leite, que lidera a campanha «Pelo direito ao Parto Normal». «Na minha opinião, faz mais sentido uma avaliação caso a caso do que uma recomendação generalizada como esta. Há casos em que o risco de infecção até pode ser maior no hospital do que em casa», declara.

«Numa gravidez de termo e de baixo risco, sem problemas associados, sendo o líquido claro, transparente e sem cheiro fétido, a grávida não precisa de ir logo para o hospital. Mas é preciso que ela saiba fazer essa avaliação», afirma Lúcia Leite.

Se tiver dúvidas, por exemplo em caso de pequenas perdas que a grávida não consegue identificar, deve ir ao hospital. «Mas depois da avaliação inicial e reunindo-se as condições enumeradas, ou seja não havendo sinal de infeção, estando o bebé com movimentos normais e a cabeça bem encaixada (que reduz o risco de prolapso do cordão), então a mulher poderia ser aconselhada a ir para casa, onde poderia deambular, alimentar-se e esperar calmamente o início do trabalho de parto», considera a especialista.

Ao chegarem ao hospital com ruptura de membranas e sem trabalho de parto iniciado, as mulheres são avaliadas através de um toque e, se for necessário, através de uma análise ao PH do líquido. Se se confirmar a ruptura, a grávida é internada e espera-se que o parto se inicie espontaneamente. Se tal não acontecer nas 12 horas seguintes, procede-se à indução e à administração profiláctica de antibiótico.


«O início do trabalho de parto depende muito de factores psicológicos»
«O grande problema, a meu ver, está no internamento precoce e nas condições em que este se faz. Porque a grávida é logo deitada numa cama, monitorizada de forma contínua e alimentada através de soro. Todos os seus movimentos são limitados. Ora este cenário pode muito bem condicionar o início espontâneo do trabalho de parto», alerta a Lúcia Leite.

«O parto é uma explosão hormonal que depende muito de factores psicológicos. Sabemos que a ansiedade, o medo, um ambiente desconhecido e hostil podem comprometer o início natural do processo», lembra a especialista. «Ficar deitada, imobilizada, sem comer, num ambiente estranho não é promover o início espontâneo do parto. Em termos de práticas hospitalares, temos iognorado esses factores do ambiente, mas eles existem e têm grande influência. Devíamos pensar mais nisso», acrescenta.

«Números e orientações internacionais»

Estudos mostraram que 86 por cento das mulheres com ruptura prematura de membranas entra espontaneamente em trabalho de parto nas 24 horas seguintes ao começo da perda de líquido. Está provado que à medida que aumenta o tempo entre a ruptura e o início do trabalho de parto, aumenta o risco de infecção materna e fetal, que pode ser reduzido através da indução.
Em Portugal espera-se 12 horas pelo início espontâneo do trabalho de parto, mas em alguns países essa espera vai até às 24 ou mesmo até às 48 horas.

«As mulheres com ruptura prematura de membranas às 37 semanas de gestação ou mais devem ter a hipótese de optar por uma indução imediata ou por aguardarem que o trabalho de parto se inicie espontaneamente» - esta é a recomendação do National Institute for Clinical Excellence (NICE), que nas suas guidelines aconselha, contudo, a que esta espera não exceda as 96 horas.

A OMS, baseada em evidências científicas, recomenda que se aguarde 48 horas, sem observação vaginal, ou seja o «toque», e sem administração de antibióticos.
Mas essa recomendação não é seguida e gera grandes discussões entre os profissionais de saúde. Até porque existem também estudos que indicam que a indução, em casos de ruptura prematura de membranas diminui os riscos de infecção, não aumentando os riscos de cesariana e parto instrumentalizado (com recurso a fórceps, por exemplo).

Mas há um ponto em que todos os estudos parecem ser consensuais: o risco de infecção aumenta sobretudo a partir das 24 horas depois da ruptura. E a observação vaginal (o toque) aumenta esse risco.

Se tiver perda de líquido amniótico antes de entrar em trabalho de parto:

# Certifique-se que é mesmo líquido amniótico. Se for em grande quantidade não terá dúvidas, mas se forem pequenas perdas, é preciso confirmar. O líquido amniótico é transparente e claro, com um cheiro leve, característico (há quem o descreva como sendo parecido com o cheiro do esperma). Se tiver dúvidas, cheire, para confirmar que não é urina. Se o líquido for acastanhado ou esverdeado, ou se tiver um cheiro fétido, deve dirigir-se de imediato ao hospital.

# Anote a hora a que começaram as perdas.

# Esteja atenta aos movimentos do bebé. Vá registando. Se houver alterações, se tiverem parado, dirija-se ao hospital.

# Se foi avaliada no hospital e não há sinal de infecção nem quaisquer riscos acrescidos, prefira ir para casa, onde pode esperar que o trabalho de parto se inicie espontanamente, caminhando, alimentando-se, estando no seu ambiente. Se estiver descontraída e puder caminhar, aumenta as hipóteses de ter um parto normal, que se inicie espontaneamente e tenha menos intervenções.
 
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