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Quando a tristeza ataca -pós parto

Luana

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Abr 25, 2007
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O ser mãe acarreta um turbilhão de sentimentos com os quais muitas vezes as próprias mães não contavam. Durante a gestação, a futura mãe pensa muito no futuro, em como o seu bebé vai ser fisicamente, se tudo vai correr bem durante o parto, se está a tomar todas as precauções necessárias ao seu bom desenvolvimento. Aliás, com a motivação certa, até pode já andar a planear secretamente a ida do filho para a escola, para a universidade, para o matrimónio… Não existem limites para o que uma futura mãe pode sonhar!

Mas e quando o esperado rebento está finalmente cá fora?
É possível manter tudo sob controlo como a mãe tinha esperado, ou a situação acaba por ser diferente? Ter um pequeno ser nos nossos braços, que depende de nós para tudo,mesmo tudo, é uma tarefa fácil, ou o stress acaba por sobrepor-se à planeada organização teórica que a mãe tinha pensado?
Felicidade, incredulidade, um amor arrebatador… tudo isto são emoções com as quais já estará a contar perante o facto de ser mãe. Mas muitas vezes a realidade foge um pouco àquilo com que sonhámos – a maternidade não é simples, nem fácil, nem arrumada, nem tem um horário controlado. É, bem pelo contrário, uma montanha russa de emoções e de sentimentos, muitas vezes contraditórios, e que surpreendem muitas mães. Não desespere se se encontra nesta situação. Não está sozinha!

A maternidade é uma montanha russa de emoções e de sentimentos, muitas vezes contraditórios, e que surpreendem muitas mães

Tantos sentimentos em tão pouco tempo
Nos primeiros dias em que é mãe, o mais provável é sentir um conjunto tão grande e diferentes de emoções, que poderá mesmo sentir-se arrebatada por elas. Alegria, ansiedade, cansaço, alívio; são apenas algumas das emoções que a maternidade desperta em si. Se é comum as futuras mães acharem que vão estabelecer um elo automático com o seu bebé assim que ele nasce, nem sempre isso acontece. Um sentimento de culpa pode invadi-la por não se ter apaixonado no momento em que o viu pela primeira vez. Algumas mães precisam de mais tempo para criarem laços com o seu bebé. Não se preocupe se for esse o seu caso. É perfeitamente natural. O próprio parto pode não ser fácil, e muitas são as mães que recebem o seu filho, cheias de dores, com suturas e a cair de exaustão. É natural que a felicidade não seja o sentimento que as preenche naquele momento. É necessário ter calma e dar tempo para que mãe e bebé se possam conhecer gradualmente. De nada vale tentar impor uma relação que vai, de facto, durar uma vida inteira.

Não espere que tudo se mantenha como estava, porque, na verdade, tudo mudou

Quando nem tudo corre como planeado
Planos foram feitos durante nove meses. Nomes escolhidos, roupas arrumadas, quartos decorados. Foram lidos livros, decoradas técnicas, até se saber tudo de trás para a frente. Mas nem sempre isso é suficiente. Quando nem tudo corre como o planeado, sentimentos de impotência e de falhanço podem surgir. Se o parto não foi natural, a mãe pode pensar que falhou em alguma coisa. Se a amamentação não é possível, é natural que surjam sentimentos de remorso. Todas as mães querem o melhor para os seus filhos. E a pressão do que é melhor é bastante. A sociedade dita que a mulher seja capaz de ter o seu filho por parto natural, o amamente, mantenha o emprego e cuide de uma casa. O próximo passo seria tirar os analgésicos da questão… Vamos ter calma! Ser mãe não é ser super-mulher! Não espere que tudo se mantenha como estava, porque, na verdade, tudo mudou. Agora tem um bebé que precisa de si, 24h por dia, a todos os dias da semana. Não tente pôr tudo em ordem em casa. De momento, isso não é uma prioridade. Tratar do seu filho e amá-lo é tudo o que precisa de fazer no início. A rotina vem depois, mais tarde, quando conseguir adaptar a sua vida antiga à sua nova vida.


Solução? Saber quando pedir ajuda
Peça ajuda! Sempre que sentir necessidade disso. Seja porque precisa de mais mãos em casa, seja porque precisa de desabafar. Não está sozinha! É importante reter esta noção. Não é a única a sentir emoções contraditórias em relação à sua nova função. Não é a primeira mãe a sentir-se desiludida, cansada, ansiosa e comvontade de chorar. Não é a primeira mãe a sentir-se excluída com todas as atenções a serem dadas ao bebé. Não é a primeira mãe a tentar fazer tudo sozinha porque, de facto, não tem quem a ajude. Se tem apoio insuficiente depois do parto, fale como seu médico; procure grupos de apoio que a ajudem e lhe dêem alguns conselhos. Não se isole. Não é bom para si nem para o seu filho. Quando tudo parecermuito difícil, pare, respire, e aninhe-se a ele. Vai ver que todo este cansaço vai compensar.

Não é a primeira mãe a sentir-se desiludida, cansada, ansiosa e com vontade de chorar

Mantenha os pés no chão
Nove meses de gravidez. Nove meses em que o corpo se desenvolveu, cresceu, se adaptou, de modo a poder conter um ser humano. Seja realista. Achava mesmo que a roupa antiga lhe ia servir assim que voltasse do hospital? Não apresse o que demora o seu tempo natural. Não se sinta desiludida por não caber naquelas calças de que tanto gostava. Aproveite este tempo para vestir roupa confortável que por norma lhe era negada. E esqueça as oito horas de sono. Se isso contecer, considere-se uma sortuda. O seu bebé vai parecer tirar prazer de a arrancar da cama às horas mais espantosas. Resigne-se com esse facto. Pense que se pode vingar dessa brincadeira quando ele for adolescente e quiser dormir até à tarde.

Tristeza do terceiro dia
Quer amamente ou não, o leite vai sempre subir ao terceiro dia trazendo consigo, para além do desconforto, uma quantidade enorme de hormonas que podem provocar a chamada “tristeza do terceiro dia”. É muito natural que se sinta sempre à beira do choro. Não é porque está a falhar como mãe, ou porque gosta pouco do seu filho, ou por outro qualquer motivo que a deprima. É pura e simplesmente química. O seu corpo está a sofrer muitas alterações e precisa de ter tempo para se adaptar a elas. Se a tristeza se prolongar, ou aparecer mais tarde, pode estar com uma depressão pós-parto. Sentimentos fortes de ansiedade ou de fracasso, choro fácil e tristeza poderão surgir. Não fique à espera até não aguentar mais. Fale com alguém. Todas estas emoções são naturais e bastante comuns. Não está a falhar como mãe quando pede ajuda, está sim a fazer o melhor para si e para o seu filho. Dê tempo a si própria. Não exija demasiado de si. Vai ver que tudo correrá bem. Familiares, amigos, grupos de apoio – peça ajuda a quem estiver disposto a ajudá-la a atravessar esta fase. A maternidade é um acontecimento que muda completamente a sua vida. Faça os possíveis para vivê-la em toda a sua plenitude. O seu filho e você merecem.
 
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