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Pop não descartável

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Dos familiares Nouvelle Vague e Foge Foge Bandido aos (ainda) semi-obscuros The Hundred in The Hands, o Pop Deluxe - amanhã, sexta-feira, e no sábado, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto - volta a propor um punhado de nomes que escapam ao carácter mais volúvel da pop.


É entre os prazeres associados ao reencontro e à descoberta que encontramos as directrizes do Pop Deluxe, festival que, pelo segundo ano consecutivo, leva ao portuense "Sá da Bandeira" artistas cujo ADN musical, embora filiado na pop, não descarta o recurso a uma autêntica miríade de subgéneros.

É esse o caso de Jono McCleery, que actua logo no dia inaugural. A folk que povoa as suas músicas encontra um eco em influências de artistas como John Coltrane, Bill Withers, Nick Drake ou Gil Scott Heron, de quem, aliás, tem assegurado diversas primeiras partes dos espectáculos nos últimos meses. "Tomorrow" é o novo disco do músico residente em Londres, que vai actuar também no fim-de-semana no festival Super Bock em Stock, em Lisboa.

Ainda no território dos artistas por descobrir, destaque-se o colectivo The Hundred in the Hands, formado por Eleanore Everdell e Jason Friedman, músicos cujo percurso inclui colaborações com, entre outros, The Liars, Au Revoir Simone e The Rapture. Já apelidado como "os XX americanos", o duo não dispensa o vigor das guitarras eléctricas, mas acrescenta-lhe um lado mais intimista.

É também no derradeiro dia que sobem ao palco os Spokes, já comparados por alguma crítica aos Arcade Fire. As linhagens da sua música, todavia, remetem para outras sonoridades, como a fusão entre as estruturas pop/rock e da música clássica ou a atracção pelo universo folk. "Everyone I ever met", editado em Janeiro deste ano, é o disco que os britânicos, formados em 2006, têm para mostrar ao público português.

Incumbidos do concerto de encerramento de amanhã, os Junip regressaram às lides muito recentemente, após um interregno de cinco anos. É em torno do seu vocalista, o sueco de origem argentina José González, que se centram quase todas as atenções em redor do grupo. O disco de estreia, "Veneer", de 2003, atingiu o top 10 das tabelas inglesas, a que se seguiu, quatro anos depois, "In out nature", menos bem sucedido comercialmente.

Acompanhado por Elias Araya e Tobias Winterkom, González deverá dedicar particular atenção durante o concerto no Porto a "Fields", o único longa duração do grupo, lançado há pouco mais de dois meses.

A assiduidade com que os Nouvelle Vague actuam em Portugal em nada deverá perturbar a afluência e o interesse popular, já que há muito que o grupo francês liderado por Marc Collin e Olivier Libaux viu a sua música ser perfilhada por milhares de melómanos portugueses, seduzidos pela revisitação original que a banda faz de temas provenientes de géneros como o punk, a bossa-nova e o jazz. Depois de quatro discos lançados desde 2003, os Nouvelle Vague editaram neste ano um "best-of", exactamente o que se espera do concerto de amanhã.

A atenção dispensada a este colectivo não andará por certo distante da que irá merecer Manel Cruz, o músico que, com os Foge Foge Bandido, voltou a cativar o público e a crítica nacionais, com o disco "O amor dá-me tesão/Não fui eu que estraguei".

JN
 
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