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- Set 22, 2006
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O topónimo desta freguesia justifica-se pelo facto de aí se encontrar a foz do Rio Pinhão, afluente do Douro. O rio Pinhão nasce na aldeia de Raiz do Monte, na freguesia de Mina de Jales, atravessando, depois, diversas localidade (Souto Escarão, Pinhão Cel, Balsa, Torre de Pinhão, Parada de Pinhão, Cheires, Vale de Mendiz, São Cristóvão), desaguando no Pinhão.
Antigamente chegava-se a esta povoação por uma via romana que ligava Sabrosa à margem direita do Rio Pinhão, ou por Murça, passando por Favaios, Vale de Mendiz, Vilarinho de Cotas e Casal de Loivos. Descia-se, então, a encosta até à zona da praia, onde se armazenava tudo o que se destinava ao embarque ou desembarque nos barcos rabelos, no Rio Douro. Mais tarde, essa estrada foi apelidada de “Estrada Real”.
As margens do Douro cobriram-se de vinha que viriam a originar o fantástico vinho do Porto, mas só a partir de 1678 é que surgiu essa designação por iniciativa dos primeiros ingleses que chegaram à região. O Pinhão tornava-se no inicio do século XX num importante entreposto de Vinhos Finos que escoava o produto até Gaia pelos barcos rabelos.
O Vinho do Porto, principal fonte de desenvolvimento desta freguesia do concelho de Alijó, surgiu, quando em 1638, Cristiano Kopke, cidadão alemão, resolveu fundar, no Porto, uma empresa ligada à exportação de vinhos. A região do Alto Douro começou, então, a crescer do ponto de vista vinícola. Os conflitos que ocorreram, no século XVII, entre ingleses e franceses, por causa dos vinhos, permitiram à produção vinícola duriense afirmar-se no mercado britânico, inicialmente com designações “Red Portugal” ou “Lisbon Wine” e, a partir de 1678, como “Vinho do Porto”. O primeiro registo oficial de exportações de vinho pela Alfândega do Porto remonta a 1678, tendo saído de Portugal, nesse ano, 400 pipas de vinho. Nessa época, para além da “Kopke”, faziam já negócio no Douro a “Warre” e a “Croft”.
A partir de então, a produção de Vinho do Porto foi crescendo, tendo alcançado uma grande notoriedade internacional.
A localização privilegiada do Pinhão e os meios de transporte que aqui confluíam contribuíram de sobremaneira para o desenvolvimento desta pequena urbe que rapidamente alcançou o estatuto de Centro Económico Geográfico da Região Demarcada do Vinho do Porto. Não é por acaso que Miguel Torga se refere ao Pinhão nestes termos: “(...) Mas existe uma capital deste feudalismo disperso; uma polarização urbana do tresmalho murado de cada senhor: meia dúzia de casas banais, uma estação com azulejos que reproduzem em mísero a grandeza do cenário, e adegas sombrias, cavadas no chão como furnas – o Pinhão. O cósmico e cosmopolita Pinhão!”.
Ate ao início do século XVIII havia poucas casas junto ao rio e a sua população vivia quase exclusivamente da pesca. Mais tarde, em 1880, o comboio chega ao Pinhão, a 1 de Junho, vencendo assim, depois de anos de uma autêntica epopeia de comunicação, a difícil interioridade. È importante frisar que a estação ferroviária do Pinhão foi valorizada com 24 magníficos painéis de azulejos policromados, nos quais se descreve a etnografia da região.
Trata-se de um precioso conjunto concebido em 1940, mercê da Junta de freguesia local e do Instituto do Vinho do Porto. O caminho-de-ferro foi responsável por uma nova ordem de espaço regional: facultava a ligação da linha às cidades onde se comercializavam os produtos da região. Agora o vinho não só era transportado nos lentos barcos Rabelos, mas também nas carruagens desse poderoso meio de transporte.
O Pinhão foi elevado a freguesia no dia 23 de Setembro de 1933, pelo Decreto de Lei n.º 23057, tendo sido elevado a vila a 20 de Junho de 1991, tal como se pode comprovar no Diário da Assembleia da República, I Série, n.º 96, do dia 21 de Junho do mesmo ano.
No Pinhão, nasceu e viveu uma das figuras mais marcantes da freguesia: António Manuel Saraiva. Esta figura ilustre notabilizou-se enquanto Presidente da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia e primeiro Presidente da Junta, em 1933, tendo o seu mandato durado até 1953. Os outros presidentes da Junta que se destacaram, ao longo dos anos foram: Artur Couto Ferreira, Luís Manuel Saraiva, António José Saraiva, Manuel Ribeiro, Agostinho Monteiro, Carlos Tomé, Lucilia Fonseca Lobo, Lúcia Cêrca e Pedro Perry da Camara.
A história do Pinhão não pode surgir separada do Rio Douro, que nasce na Serra de Úrbion, em Espanha e desagua em São João da Foz, no Porto. Este curso de água tão importante para a economia da região, tem o comprimento de 927 km, dos quais 330 em território luso, sendo a sua bacia hidrográfica detentora de uma área de 98370 quilómetros quadrados.
Hoje, a maior parte da população do Pinhão vive do comércio nas áreas de produtos alimentares, vestuário, calçado e hotelaria. Os serviços (empresas vitivinícolas, escolas, bancos, Junta de Freguesia e Centro de Saúde) empregam também algumas dezenas de pessoas. A indústria e agricultura completam o quadro económico da vila. Principalmente, as gentes desta simpática vila dividem-se entre os sectores primário e terciário, apesar da produção vinícola ser o grande motor da vila. No domínio do sector primário, salienta-se a produção do Vinho que é, depois exportado, levando o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.
As empresas agrícolas, visando a obtenção de excelentes vinhos, de aromas intensos e de cores com identidade própria, continuam a investir em novas plantações de vinha, com castas de especial qualidade. Desta forma, proporciona-se a fixação da população e contribui-se para o desenvolvimento da freguesia, uma vez que se torna necessária a existência de diversos serviços fundamentais tais como os correios, transportes, bancos e serviços públicos administrativos.
A paisagem do Pinhão está classificada pela UNESCO como património cultural da Humanidade e a justificar a sua importância na região é de destacar que foi a primeira Freguesia do distrito de Vila Real a ter telefone, correio permanente, água canalizada e Casa do Povo.