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Pedro Vieira revela-se como romancista na sua estreia

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«De perto ninguém é normal», escreveu Caetano Veloso, e esta foi uma das formas encontradas por Daniel Oliveira para apresentar as personagens e o enredo do romance de estreia de Pedro Vieira, Última Paragem, Massamá.

O livro, editado pela Quetzal e lançado na sexta-feira à noite no Frágil, em Lisboa, conta a história de Vanessa, Lucas e João, vértices de um triângulo impossível - uma estreia em que se percebe, segundo o colunista, blogger do Arrastão e comentador do programa televisivo Eixo do Mal, que «o Pedro se revela como romancista».

Antes de falar da obra, Daniel Oliveira expôs as suas suspeitas sobre o que teria motivado o convite: «Eu nunca apresentei um livro, ele nunca tinha escrito um romance e, portanto, assim não se sentia tão sozinho».

Quando tomou a palavra, Vieira explicou a sua escolha: «Foi a pessoa mais parecida com o Herberto Helder que eu encontrei para apresentar o livro e dá uma legitimidade incrível a este lançamento».

A sessão prosseguiu, em tom bem-humorado, com Daniel Oliveira (que é realmente filho daquele poeta e ostenta uma assinalável parecença física com o pai) a dizer que a outra hipótese é o autor tê-lo convidado só para o humilhar, porque, como percebeu depois de ler Última Paragem, Massamá, «o Pedro, além de desenhar, vender livros, apresentar programas de televisão e escrever sobre política e futebol, também é romancista - e bom».

«Ao ler o livro, uma das coisas que descobri é que o estilo de escrita do Pedro, que muitos de vocês conhecerão dos blogues, é polivalente, ou seja, eu reconheci o Pedro no livro, aquilo funciona num romance. Não é um Gorki dos arrabaldes nem um Richard Yates português, é o Pedro e isso chega, como se percebe no livro», frisou.

Numa cervejaria da Almirante Reis, «Lucas, o personagem principal, ouve as conversas das pessoas - uma coisa que provavelmente muitos de nós fazem - e o Pedro faz o mesmo no livro: ouve os pensamentos, num comboio da linha de Sintra, de várias pessoas que surgem no princípio do livro, vão desaparecendo e só voltam, grande parte delas, no fim», descreveu.

«Na fase inicial do livro, apanha as ideias soltas numa espécie de ladainha que se afasta e se aproxima da narrativa e que mistura desde adágios suburbanos mais ou menos kitsch, a desabafos dignos do Fórum TSF ou crises existenciais mais profundas», indicou.

Depois, prosseguiu, «acompanha-as num ziguezague permanente, em que mistura estrugido com Deus, aproveita blind-dates para falar das despesas com os estádios do Euro e da falta de massa crítica e de adeptos da modalidade para suportar esses elefantes brancos ou, depois de uma cena de sexo oral, faz algumas referências ao caos urbanístico da Amadora».

«Ninguém põe freio a este narrador de classe económica - é assim que, com falsa modéstia, ele se intitula», enquanto acompanha, em várias partes do livro, «o quotidiano da Roma antiga e o quotidiano de Massamá», observou.

A concluir, Daniel Oliveira advertiu: «Este livro não vos deixará bem-dispostos - é um livro sobre suicídio - mas é uma história banal sobre o sofrimento humano. Banal em Roma ou em Massamá. E é de histórias banais que os grandes escritores se fazem».

Lusa / SOL
 
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