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- Jun 30, 2007
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Olga Benário Prestes (Munique, 12 de fevereiro de 1908 — Bernburg, 23 de abril de 1942) foi uma judia alemã e militante comunista morta pelo regime nazista num campo de extermínio. Era casada com o brasileiro Luís Carlos Prestes, com quem teve uma filha, Anita Leocádia Prestes.
Nascida Olga Gutmann Benario, ingressou precocemente no movimento comunista, em 1923, com apenas quinze anos. Pouco depois, muda-se para Berlim com o então namorado Otto Braun, experiente militante comunista. Em Berlim, se destaca dentro do movimento comunista, até ser presa, junto com Braun, que era acusado de alta traição à pátria. Ela logo é solta, mas Braun, não. Junto com seus colegas de militância, planeja então o assalto à prisão de Moabit que libertaria Braun. Logo depois, ambos fogem para a União Soviética, onde Olga se destacaria ainda mais e o casal acaba por separar-se.
A Internacional Comunista havia seguido na Alemanha uma política ultraesquerdista, fundada na recusa a coligar-se com os social-democratas numa frente única contra o nazismo, que havia contribuído para a chegada de Hitler ao poder, e a presença de militantes comunistas alemães como Olga no território da URSS constituía um embaraço para Stalin que começou a pensar em engajá-los em alguma espécie de empreendimento que pudesse de alguma forma compensar o fracasso da política stalinista na Alemanha.
Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava residindo na União Soviética, é, em 1934, finalmente aceito a integrar os quadros do Partido Comunista do Brasil (PCB), por pressão do Partido Comunista da União Soviética. Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), volta como clandestino ao Brasil em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, passando-se por marido e mulher. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, decidida em Moscou.
A política comunista da época - decidida no VI Congresso da Terceira Internacional - favorecia movimentos do tipo frente de Esquerda em países do Terceiro Mundo, tendo por objetivo a realização de um programa de democratização política interna e de defesa da independência nacional contra o imperialismo, e Prestes parecia aos comunistas a figura adequada para liderar esta espécie de movimento no Brasil. Diga-se de passagem que esta revolução não havia sido decidida por um ato unilateral dos comunistas soviéticos: Prestes havia exagerado consideravelmente a extensão do seu prestígio político no Brasil, e assim fornecido à Internacional Comunista a perspectiva - completamente errônea, como se veria - de um levante comunista vitorioso que compensasse, de alguma forma, a recente derrota na Alemanha .
No Brasil, Prestes alia-se à recém constituída frente de descontentes com Getúlio Vargas, denominada Aliança Nacional Libertadora (ANL) e procura antigos contatos nos meios militares. Em julho de 1935 divulga um manifesto incendiário e propõe a derrubada do governo, desencadeando a inssurreição que ficou conhecida por Intentona Comunista. Mas o governo a derrota facilmente e inicia-se um processo de violenta repressão. Muitos líderes comunistas são presos, muitos deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert - Sabo para os íntimos. Artur seria torturado até a loucura pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller. Olga e Prestes também são presos.
Olga é levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com outras tantas mulheres, muitas suas conhecidas. Lá descobre estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. E vem a ameaça de deportação para a Alemanha, agora sob o governo de Hitler. Seria a morte para ela: além de judia, comunista. Começa na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes.
Ainda assim, Olga é deportada para a Alemanha - deportação esta autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, não obstante significar a deportação não apenas de Olga mas da criança que ela esperava de Prestes, que seria uma cidadã brasileira - junto com a amiga Sabo. Foi de navio, contrariando as normas de navegação - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, que foi levada presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida prisão de mulheres da Gestapo. Lá teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora. Anita ficou em poder da mãe até o fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia.
Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg, de onde logo depois seria transferida para o campo de concentração de Ravensbruck. Lá, as prisioneiras viviam sob semi-escravidão e eram realizadas experiências monstruosas conduzidas pelo médico Karl Gebhardt.
Em fevereiro de 1942, um pouco antes de completar 34 anos, Olga é enviada ao campo de extermínio de Bernburg, onde seria morta numa câmara de gás.
Indagar porque Stalin não aproveitou o Pacto Molotov-Ribbentrop para incluir Olga numa troca prisioneiros não é uma questão difícil de responder à luz da evidência histórica: Stalin não tinha quaisquer simpatias por revolucionários fracassados, e, como descobriu William Waack ao investigar os arquivos do Comintern, todos os comunistas estrangeiros que retornaram à URSS após participarem da "Intentona" de 1935 pereceriam nos Grandes Expurgos de 1936/1938 - o que seria provavelmente o destino de Olga Benário se retornasse à Moscou.
Nascida Olga Gutmann Benario, ingressou precocemente no movimento comunista, em 1923, com apenas quinze anos. Pouco depois, muda-se para Berlim com o então namorado Otto Braun, experiente militante comunista. Em Berlim, se destaca dentro do movimento comunista, até ser presa, junto com Braun, que era acusado de alta traição à pátria. Ela logo é solta, mas Braun, não. Junto com seus colegas de militância, planeja então o assalto à prisão de Moabit que libertaria Braun. Logo depois, ambos fogem para a União Soviética, onde Olga se destacaria ainda mais e o casal acaba por separar-se.
A Internacional Comunista havia seguido na Alemanha uma política ultraesquerdista, fundada na recusa a coligar-se com os social-democratas numa frente única contra o nazismo, que havia contribuído para a chegada de Hitler ao poder, e a presença de militantes comunistas alemães como Olga no território da URSS constituía um embaraço para Stalin que começou a pensar em engajá-los em alguma espécie de empreendimento que pudesse de alguma forma compensar o fracasso da política stalinista na Alemanha.
Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava residindo na União Soviética, é, em 1934, finalmente aceito a integrar os quadros do Partido Comunista do Brasil (PCB), por pressão do Partido Comunista da União Soviética. Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), volta como clandestino ao Brasil em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, passando-se por marido e mulher. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, decidida em Moscou.
A política comunista da época - decidida no VI Congresso da Terceira Internacional - favorecia movimentos do tipo frente de Esquerda em países do Terceiro Mundo, tendo por objetivo a realização de um programa de democratização política interna e de defesa da independência nacional contra o imperialismo, e Prestes parecia aos comunistas a figura adequada para liderar esta espécie de movimento no Brasil. Diga-se de passagem que esta revolução não havia sido decidida por um ato unilateral dos comunistas soviéticos: Prestes havia exagerado consideravelmente a extensão do seu prestígio político no Brasil, e assim fornecido à Internacional Comunista a perspectiva - completamente errônea, como se veria - de um levante comunista vitorioso que compensasse, de alguma forma, a recente derrota na Alemanha .
No Brasil, Prestes alia-se à recém constituída frente de descontentes com Getúlio Vargas, denominada Aliança Nacional Libertadora (ANL) e procura antigos contatos nos meios militares. Em julho de 1935 divulga um manifesto incendiário e propõe a derrubada do governo, desencadeando a inssurreição que ficou conhecida por Intentona Comunista. Mas o governo a derrota facilmente e inicia-se um processo de violenta repressão. Muitos líderes comunistas são presos, muitos deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert - Sabo para os íntimos. Artur seria torturado até a loucura pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller. Olga e Prestes também são presos.
Olga é levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com outras tantas mulheres, muitas suas conhecidas. Lá descobre estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. E vem a ameaça de deportação para a Alemanha, agora sob o governo de Hitler. Seria a morte para ela: além de judia, comunista. Começa na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes.
Ainda assim, Olga é deportada para a Alemanha - deportação esta autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, não obstante significar a deportação não apenas de Olga mas da criança que ela esperava de Prestes, que seria uma cidadã brasileira - junto com a amiga Sabo. Foi de navio, contrariando as normas de navegação - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, que foi levada presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida prisão de mulheres da Gestapo. Lá teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora. Anita ficou em poder da mãe até o fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia.
Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg, de onde logo depois seria transferida para o campo de concentração de Ravensbruck. Lá, as prisioneiras viviam sob semi-escravidão e eram realizadas experiências monstruosas conduzidas pelo médico Karl Gebhardt.
Em fevereiro de 1942, um pouco antes de completar 34 anos, Olga é enviada ao campo de extermínio de Bernburg, onde seria morta numa câmara de gás.
Indagar porque Stalin não aproveitou o Pacto Molotov-Ribbentrop para incluir Olga numa troca prisioneiros não é uma questão difícil de responder à luz da evidência histórica: Stalin não tinha quaisquer simpatias por revolucionários fracassados, e, como descobriu William Waack ao investigar os arquivos do Comintern, todos os comunistas estrangeiros que retornaram à URSS após participarem da "Intentona" de 1935 pereceriam nos Grandes Expurgos de 1936/1938 - o que seria provavelmente o destino de Olga Benário se retornasse à Moscou.