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Com o nascimento do casal nasce a possibilidade de uma gravidez. Quando esta possibilidade se transforma numa realidade, de uma forma planeada ou não, desejada ou não, surge a gravidez, o início da vida de um pequeno ser, em constante desenvolvimento, e com tanto para "nos" contar, bem como uma nova viagem para o Pai e Mãe. Esta viagem dura cerca de 40 semanas, entre a concepção e o parto, marcada por inúmeras mudanças físicas acompanhadas das consequentes alterações psicológicas. É um período que, fazendo parte do processo normal de desenvolvimento, envolve reestruturações e reajustamentos a várias dimensões. A decisão de ter um filho aparece como o resultado de várias motivações conscientes e inconscientes.
A Mulher vivência a gravidez como um acontecimento tanto emocional como físico, enquanto que o pai apenas vive a parte psicológica, que acompanha as alterações físicas da mulher. Alterações na imagem corporal, o ajustamento dos apoios circundantes à mudança e as expectativas sócio-económicas reflectem-se na vida mental e psicológica da mulher grávida e do companheiro. Os nove meses de gravidez dão aos pais a oportunidade de se prepararem em termos físicos e psicológicos. A preparação psicológica, simultaneamente inconsciente e consciente, está intimamente ligada às fases físicas da gravidez da mulher. Mas até ao nascimento e durante o período de gravidez a mulher é afectada por circunstâncias várias, tanto presentes como passadas, tanto individuais como colectivas, pelas relações que a mulher estabelece com a família e com os amigos, pelas características únicas da sua pessoa e história individual, etc.
A tarefa da gravidez pode emergir como um turbilhão ou como uma fonte de ansiedade. Uma perspectiva de responsabilidade perante um novo bebé provoca uma sensação de perigo. A mobilização de velhos e novos sentimentos fornece a energia necessária para o vasto trabalho de adaptação a um novo bebé. A gravidez encerra três tarefas diferentes, cada uma delas associada a uma fase do desenvolvimento físico do feto.
A primeira tarefa, nos três primeiros meses de gravidez, caracteriza pela aceitação da notícia, dando início a uma nova fase das suas vidas, inicialmente marcada pela euforia. Os seus sentimentos de dependência dos pais têm de dar lugar ao sentido da responsabilidade. Esta relação a dois deve evoluir para um triângulo e a tarefa da gravidez começa agora a sério. A primeira fantasia dos futuros pais consiste em evitarem as lutas travadas na própria infância e tornarem-se pais perfeitos, ao mesmo tempo que se aproximam novamente dos seus pais, estando esta fase marcada pela ambivalência.
Nesta fase começam a idealizar a criança e a visualizar o bebé como um ser perfeito e idealizado. Numa segunda fase, momento entre os três e os seis meses, os movimentos fetais começam a ser sentidos pela mãe e mais tarde pelo pai. Até este momento mãe e filho eram um só, começando a crescer a individualidade do bebé e consequentemente a possibilidade de uma relação, vinculação.
Por fim, nos últimos três meses, com esta individualização do bebé, este vai-se tornando cada vez mais real, começando a desempenhar um papel, sendo esta fase importante para a futuro da relação a dois, pois a mãe começa a interpretar estes sinais do bebé, atribuindo-lhe um temperamento, uma personalidade, sendo estes ensinamentos sobre o futuro bebé, muito importantes para o futuro deste triângulo relacional. Esta viagem está prestes a terminar e o contacto pele a pele, olho a olho será uma realidade e dar-se-á inicio a outra nova viagem…
Autor: Célia Martins
Enfermeira