- Entrou
- Set 24, 2006
- Mensagens
- 9,473
- Gostos Recebidos
- 1
Nuclear: França inquieta com controlo após dois incidentes
As autoridades francesas anunciaram hoje que vão questionar os processos de controlo do nuclear, após duas fugas radioactivas em dez dias que suscitaram inquietação e dúvidas num país onde o nuclear fornece 80 por cento da electricidade consumida.
«Quero questionar tudo«, nomeadamente «nos dispositivos de informação, de análise e de segurança«, declarou o ministro de Ecologia, Jean-Louis Borloo, durante uma conferência de imprensa.
Dois anos depois da votação de leis sobre o nuclear supostamente terem trazido mais transparência e segurança, o ministro indicou que todos os actores seriam escutados até ao Outono: industriais, operadores, militares, associações.
Salientou, nomeadamente, que os lençóis freáticos sob as centrais nucleares vão ser verificados.
A ruptura de uma canalização numa central do sudeste do país explorada por uma filial do grupo Areva causou quinta-feira um derrame de 120 a 750 gramas de urânio, segundo a Autoridade de Segurança do Nuclear (ASN), o órgão fiscalizador do nuclear em França.
A Autoridade assegurou que esta fuga, ocorrida em Romans-sur-Isère na fábrica FBFC, que produz combustível nuclear para as centrais de electricidade e reactores de investigação «não teve qualquer impacto sobre o ambiente«.
A canalização que está na origem da fuga em Romans «não é inspeccionada pelo construtor há muito tempo«, reconheceu o director geral da Autoridade, Jean-Christophe Niel.
A ruptura (na canalização) teria mesmo «vários anos», acrescentou.
Trata-se do segundo incidente deste tipo em dez dias depois do ocorrido na central nuclear de Tricastin, na mesma região.
Na noite de 07 para 08 de Julho, uma avaria na transferência entre duas cubas arrastou para os cursos de água próximos de Triscatin cerca de 74 quilogramas de urânio.
As autoridades proibiram o consumo de água dos poços em três localidades vizinhas e a rega de cereais a partir dos dois rios. A proibição estendeu-se aos banhos, desportos aquáticos e à pesca. Mas o que é mais inquietante é que os controlos efectuados revelaram no lençol freático pontos de concentração de urânio anormalmente elevados. Esta poluição seria anterior ao incidente de 07 de Julho.
Associações ecologistas denunciaram sexta-feira falhas no controlo do nuclear, referindo uma «trágica Volta à França dos acidentes nucleares« a propósito das duas fugas radioactivas.
Borloo insistiu na «transparência« e na «reacção« dos responsáveis de instalações nucleares.
Na central de Triscastin, a sociedade Socatri demorou várias horas a prevenir as autoridades da fuga do urânio.
Durante uma visita às centrais de Romans e de Tricastin, a presidente da direcção do Areva, Anne Lauvergeon, empenhou-se em desvalorizar os dois incidentes, prometendo «tirar deles todas as lições operacionais«.
«Nenhum destes incidentes teve impacto na saúde do pessoal e dos habitantes, nem sobre o seu ambiente«, insistiu, estimando que o incidente de Romans «teria passado despercebido« noutras circunstâncias.
Para Frédéric Marillier do Greenpeace France, os incidentes recentes «vêm lembrar-nos uma realidade muito simples: o nuclear é uma energia poluente, perigosa e mal dominada«.
A França possui a segunda rede no mundo de reactores nucleares - 58 - depois dos Estados Unidos, e a electricidade de origem nuclear representa cerca de 80 por cento do consumo eléctrico francês.
Diário Digital / Lusa
As autoridades francesas anunciaram hoje que vão questionar os processos de controlo do nuclear, após duas fugas radioactivas em dez dias que suscitaram inquietação e dúvidas num país onde o nuclear fornece 80 por cento da electricidade consumida.
«Quero questionar tudo«, nomeadamente «nos dispositivos de informação, de análise e de segurança«, declarou o ministro de Ecologia, Jean-Louis Borloo, durante uma conferência de imprensa.
Dois anos depois da votação de leis sobre o nuclear supostamente terem trazido mais transparência e segurança, o ministro indicou que todos os actores seriam escutados até ao Outono: industriais, operadores, militares, associações.
Salientou, nomeadamente, que os lençóis freáticos sob as centrais nucleares vão ser verificados.
A ruptura de uma canalização numa central do sudeste do país explorada por uma filial do grupo Areva causou quinta-feira um derrame de 120 a 750 gramas de urânio, segundo a Autoridade de Segurança do Nuclear (ASN), o órgão fiscalizador do nuclear em França.
A Autoridade assegurou que esta fuga, ocorrida em Romans-sur-Isère na fábrica FBFC, que produz combustível nuclear para as centrais de electricidade e reactores de investigação «não teve qualquer impacto sobre o ambiente«.
A canalização que está na origem da fuga em Romans «não é inspeccionada pelo construtor há muito tempo«, reconheceu o director geral da Autoridade, Jean-Christophe Niel.
A ruptura (na canalização) teria mesmo «vários anos», acrescentou.
Trata-se do segundo incidente deste tipo em dez dias depois do ocorrido na central nuclear de Tricastin, na mesma região.
Na noite de 07 para 08 de Julho, uma avaria na transferência entre duas cubas arrastou para os cursos de água próximos de Triscatin cerca de 74 quilogramas de urânio.
As autoridades proibiram o consumo de água dos poços em três localidades vizinhas e a rega de cereais a partir dos dois rios. A proibição estendeu-se aos banhos, desportos aquáticos e à pesca. Mas o que é mais inquietante é que os controlos efectuados revelaram no lençol freático pontos de concentração de urânio anormalmente elevados. Esta poluição seria anterior ao incidente de 07 de Julho.
Associações ecologistas denunciaram sexta-feira falhas no controlo do nuclear, referindo uma «trágica Volta à França dos acidentes nucleares« a propósito das duas fugas radioactivas.
Borloo insistiu na «transparência« e na «reacção« dos responsáveis de instalações nucleares.
Na central de Triscastin, a sociedade Socatri demorou várias horas a prevenir as autoridades da fuga do urânio.
Durante uma visita às centrais de Romans e de Tricastin, a presidente da direcção do Areva, Anne Lauvergeon, empenhou-se em desvalorizar os dois incidentes, prometendo «tirar deles todas as lições operacionais«.
«Nenhum destes incidentes teve impacto na saúde do pessoal e dos habitantes, nem sobre o seu ambiente«, insistiu, estimando que o incidente de Romans «teria passado despercebido« noutras circunstâncias.
Para Frédéric Marillier do Greenpeace France, os incidentes recentes «vêm lembrar-nos uma realidade muito simples: o nuclear é uma energia poluente, perigosa e mal dominada«.
A França possui a segunda rede no mundo de reactores nucleares - 58 - depois dos Estados Unidos, e a electricidade de origem nuclear representa cerca de 80 por cento do consumo eléctrico francês.
Diário Digital / Lusa