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Não basta ser Nobel

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Seamus Heaney, Derek Walcott ou Romain Rolland são apenas três dos vencedores do Prémio Nobel da Literatura cujas obras não se encontram disponíveis nas livrarias portuguesas. No total, cerca de 35 dos 107 laureados permanecem inéditos ou esgotados em Portugal.

A ideia de que o Prémio Nobel da Literatura é um passaporte para a imortalidade está longe de ser exacta. Tal como autores tão essenciais como Jorge Luis Borges, Vladimir Nabokov, James Joyce ou Henry James não necessitaram do galardão atribuído pela Academia Sueca para ascender ao Panteão das Letras, não faltam exemplos de escritores distinguidos com o "prémio dos prémios" há muito caídos no esquecimento.

Exemplos maiores disso mesmo são os escritores Eyvind Johnson e Harry Martinson, dois suecos (e membros da Academia Real...) escolhidos ex-aequo em 1974, em detrimento de Nabokov e Greene, ou, ainda, de Winston Churchill, notabilizado noutras áreas que não propriamente a literatura.

Exiguidade explica lacuna

Uma consulta pelos catálogos da Biblioteca Nacional e das livrarias virtuais da Wook e Bulhosa permite concluir, porém, que, além da natural ausência dos livros de escritores hoje ignorados até nos respectivos países de origem, há desatenções editoriais gravíssimas, explicáveis em larga medida pelas limitações do mercado português. Só assim se justifica que estejam há muito esgotados os poucos livros publicados por cá de Saint-John Perse, Romain Rolland, Miguel Angel Asturias ou Derek Walcott, apenas para citar alguns exemplos.

Distinguido com o Nobel em 1995, o poeta irlandês Seamus Heaney dispunha, até há poucos anos, de dois títulos em Português, "Antologia poética" e "Luz eléctrica". Todavia, a falência de ambas as editoras que publicaram os respectivos livros (Campo das Letras e Quasi) veio tornar inacessíveis os títulos, privando os leitores nacionais de um dos principais nomes da poesia contemporânea.

Não faltam também exemplos de escritores que, apesar da vasta obra, têm apenas um livro disponível, como acontece com o dramaturgo e polemista irlandês George Bernard Shaw, de que apenas resta uma edição de bolso do lendário "Pigmalião".
No entanto, o mediatismo crescente do Nobel faz com que as editoras prestem mais atenção ao segmento, como acontece com a Cavalo de Ferro, que tem dedicado uma parte importante do seu catálogo à divulgação de vencedores do Nobel quase desconhecidos por cá, como Knut Hamsun, Ivo Andric ou Halldór Laxness.

Para quem domina outros idiomas e pretende conhecer, a título de exemplo, a obra do primeiro laureado - o francês Sully Prudhomme - a inexistente oferta em Português está longe de ser uma fatalidade, pois qualquer livraria virtual minimamente apetrechada disponibiliza, tanto em Francês como em Inglês ou Castelhano, mais de duas dezenas de títulos deste autor.

Jornal de Notícias
 
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