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Mil surdos estão inscritos nos centros de emprego

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Mil surdos estão inscritos nos centros de emprego
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Falta de meios eliminam surdos nas entrevistas de emprego

Cerca de mil surdos estão inscritos nos centros de emprego mas a falta de intérpretes elimina a maioria logo na fase
de entrevista. Federação Nacional exige a criação de alternativas em nome da igualdade de oportunidades

Quase mil surdos estão inscritos nos centros de emprego em Portugal, contudo a Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) afirma que na procura de trabalho quase sempre esbarram com a falta de intérprete, o que os elimina logo na fase da entrevista.

Dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) avançados ontem indicam que no final de Dezembro de 2008 havia 962 pessoas inscritas nos Centros de Emprego com Deficiências Auditivas, representando 13,44 por cento do total de inscritos com deficiências.

Segundo os mesmos dados, fornecidos pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), dos 962 desempregados 707 têm deficiências de audição, 129 deficiência da sensibilidade auditiva e 128 têm outras deficiências auditivas e do órgão da audição.

A propósito do seminário “Os Surdos e o Mercado de Trabalho”, que a FPAS organiza hoje em Lisboa, o presidente da Federação, Arlindo Oliveira, disse à Lusa que a “principal barreira” que o surdo enfrenta na entrevista de emprego é a comunicação.
“Como está desempregado e com poucos recursos financeiros, o surdo não se pode fazer acompanhar por um intérprete e é logo eliminado”, adiantou Arlindo Oliveira.
Para a psicóloga Helena Alves, a ausência de intérpretes no acesso a Centros de Emprego e a departamentos de recursos humanos em empresas dificulta-lhes o acesso.

“Mas quando uma empresa tem como funcionário uma pessoa surda, este é apreciado, o clima organizacional modifica-se humanamente, o contacto com alternativas de comunicação revela-se um desafio que enriquece todos e a porta abre-se para a contratação de outras pessoas surdas”, sustentou.

O problema coloca-se depois no seu acesso à formação contínua nas empresas, como qualquer outro trabalhador.

“Não têm acesso porque não lhes são proporcionadas alternativas de acederem à informação e comunicação, mantendo-se a trabalhar 20, 22 anos no mesmo posto de trabalho sem progressão na carreira, sem aceder a formação na empresa e sem sentimentos de discriminação nem de prejuízo, porque os colegas que foram à formação depois ensinam o que aprenderam”, frisou à Lusa.

Para inverter a situação, defendeu, é preciso “facilitar o acesso à informação e comunicação em igualdade de oportunidades”, assegurando que possam aceder a “alternativas, através de intérprete ou pela escrita” .
Para Helena Alves, torna-se “imperioso” organizar um “serviço de intérpretes” e integrar numa prática colectiva este recurso, sempre que um surdo aceda a um serviço, nomeadamente escola, universidade, Centro de Emprego, Centro de Formação, Hospital ou Polícia.

Mas os problemas das pessoas com deficiência auditiva começam muito mais cedo, nos bancos das escolas.

Fonte:Açoriano Oriental
 
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