Me dizes com quem andas…

[Luz Divina]

ME DIZES COM QUEM ANDAS…

Grupos criminosos são compostos de indivíduos que se unem para fazer em conjunto o que talvez não fizessem sozinhos. O líder é em geral homem e domina por coerção, intimidação ou manipulação. São pessoas que se encontram no mal.

Sentem atração uma pela outra e desenvolvem tal intimidade que se permitem partilhar fantasias violentas. Cometem assassinatos pelos mais diversos motivos, que para eles fazem todo o sentido. Se sentem justificados, amparados de razão, verdadeiros injustiçados lutando por um lugar melhor.


Poderíamos estar falando das facções criminosas mais conhecidas em SP e RJ, que surgiram sob o regime militar no Brasil dos anos 70, quando detentos comuns que assaltaram bancos foram mantidos juntos com presos políticos no presídio de Ilha Grande.

Nasceu assim a Falange Vermelha, onde os criminosos, impregnados de uma suposta ideologia de esquerda, aprenderam a se capitalizar através de seus próprios crimes de forma organizada. Ou o Primeiro Comando da Capital – PCC, em São Paulo, nos anos 90, fundado no anexo Piranhão, em penitenciária de Taubaté.


Na mesma categoria está o Esquadrão da Morte, que ganhou força nos anos 60, quando se utilizando do medo que assolava o cidadão brasileiro, iniciou uma esteira de 130.000 assassinatos em 52 anos só em SP, amparados na “ideologia” de “limpar” a sociedade do mal e do mau. Desenhos de caveiras ao lado dos corpos completavam seu ritual macabro.


Outras formas de organização se encaixam criminologicamente na análise de comportamento criminoso em grupo, como skinheads, máfia, seitas religiosas e assim por diante.


Existe real diferença entre os indivíduos desses grupos? As notícias mostram os “anti-heróis” de certa facção paulista declarando em documentos apreendidos, a vingança: “Se alguma vida for tirada pelos nossos inimigos, os integrantes do comando que estiverem cadastrados na quebrada do ocorrido deverão se unir e dar o mesmo tratamento.

Vida se paga com vida, e sangue se paga com sangue.” Em recente entrevista, certo policial de alta patente declarou que policiais esperam “providências urgentes” ou vão fazer justiça com as próprias mãos. Ou aquilo que acreditam ser justiça, contrariando as ordens da própria corporação.


Tivemos também notícia de operadores do direito que bradam que “Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer”, e é aplaudido por todos que se acreditam justos e puros de alma.


Mas não se enganem: grupos exterminadores, de ambos os lados, não passam de assassinos de mesmo perfil.

Escondem-se em pretensos discursos ideológicos para autorizar, comandar ou participar de ações que dão vazão à sua real identidade. Sempre em grupo, covardes que são, para que um ampare o outro.

Não tenho dúvidas de que pessoas verdadeiramente do bem não se utilizam de assassinato para resolver seus problemas.

Já imaginou vivermos em terra sem lei, onde cada qual escolhe a solução de suas dificuldades? Fico com o lendário jurista Rui Barbosa: “Com a lei, pela lei e dentro da lei, porque fora da lei não há salvação”.



serialkiller

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