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Manuel Ricardo Miranda decide aos 65 anos tentar literatura
Economista de profissão, Manuel Ricardo Miranda, decidiu aos 65 anos tentar a literatura e escreveu uma história da Rainha Ginga, a quem chama «a primeira nacionalista africana».
Nzinga Mbandi Ngola, conhecida como Ginga, foi Rainha dos Mbundos durante 40 anos e, segundo o autor, «uma mulher de forte personalidade, que tinha uma visão política e de nação e não aceitou a escravidão do seu povo, pois sabia que sem pessoas não podia ter uma nação».
«Sempre se opôs à escravatura e, ao contrário do Rei do Congo e das elites congolesas, nunca pactuou com os negreiros para abastecer de gentes as plantações de açúcar no Brasil», afirmou à Lusa o autor.
Manuel Ricardo Miranda salientou ainda o facto de a monarca, baptizada pelo rito católico como Ana de Sousa, mas sempre apelidada de Ginga, ter governado os Mbundos durante quatro décadas, morrendo aos 82 anos, em 1663. Sucedeu-lhe o seu irmão.
A história deste livro começou quando Manuel Ricardo Miranda foi militar em Angola ao serviço do Exército português e conheceu um descendente desta Rainha, que viveu há mais de 300 anos.
Um militar negro, Cangula, sob seu comando, disse-lhe certa vez ser descendente da Rainha Ginga e prová-lo uma tatuagem que tinha, mas se recusou então a mostrar.
Cangula viria a falecer numa emboscada quando patrulhava um troço da linha-férrea de Benguela. Agonizante, disse a Manuel Ricardo Miranda que «ia ver a tatuagem da Rainha e pediu para lhe levantar o braço direito onde, sob o sovaco, tinha tatuada uma galinhola, que representava essa ascendência régia».
Manuel Ricardo Miranda regressou, entretanto, a Portugal e, «nunca tendo esquecido esta história», foi-se dedicando à sua vida profissional, «em que lia muitos relatórios e as memórias por vezes esfumavam-se».
«A minha vida profissional não me permitiu dedicar-me à escrita, apesar de ler sempre e a História ser um dos meus interesses», disse.
Durante dois anos investigou em arquivos e bibliotecas, leu várias obras e foi escrevendo o seu livro intitulado «Ginga, Rainha de Angola», que define como «uma ficção baseada em factos históricos».
Além da documentação sobre uma figura «em que se mistura muito a lenda com a verdade histórica», foram também «decisivas» para a escrita do romance as recordações que guarda das paisagens angolanas.
Tendo em vista «uma outra ficção totalmente diferente», Manuel Ricardo Miranda observou estar a aguardar a recepção a «Ginga, Rainha de Angola» para, se for positiva, se abalançar «a uma outra carreira, na área da literatura».
Diário Digital / Lusa
Economista de profissão, Manuel Ricardo Miranda, decidiu aos 65 anos tentar a literatura e escreveu uma história da Rainha Ginga, a quem chama «a primeira nacionalista africana».
Nzinga Mbandi Ngola, conhecida como Ginga, foi Rainha dos Mbundos durante 40 anos e, segundo o autor, «uma mulher de forte personalidade, que tinha uma visão política e de nação e não aceitou a escravidão do seu povo, pois sabia que sem pessoas não podia ter uma nação».
«Sempre se opôs à escravatura e, ao contrário do Rei do Congo e das elites congolesas, nunca pactuou com os negreiros para abastecer de gentes as plantações de açúcar no Brasil», afirmou à Lusa o autor.
Manuel Ricardo Miranda salientou ainda o facto de a monarca, baptizada pelo rito católico como Ana de Sousa, mas sempre apelidada de Ginga, ter governado os Mbundos durante quatro décadas, morrendo aos 82 anos, em 1663. Sucedeu-lhe o seu irmão.
A história deste livro começou quando Manuel Ricardo Miranda foi militar em Angola ao serviço do Exército português e conheceu um descendente desta Rainha, que viveu há mais de 300 anos.
Um militar negro, Cangula, sob seu comando, disse-lhe certa vez ser descendente da Rainha Ginga e prová-lo uma tatuagem que tinha, mas se recusou então a mostrar.
Cangula viria a falecer numa emboscada quando patrulhava um troço da linha-férrea de Benguela. Agonizante, disse a Manuel Ricardo Miranda que «ia ver a tatuagem da Rainha e pediu para lhe levantar o braço direito onde, sob o sovaco, tinha tatuada uma galinhola, que representava essa ascendência régia».
Manuel Ricardo Miranda regressou, entretanto, a Portugal e, «nunca tendo esquecido esta história», foi-se dedicando à sua vida profissional, «em que lia muitos relatórios e as memórias por vezes esfumavam-se».
«A minha vida profissional não me permitiu dedicar-me à escrita, apesar de ler sempre e a História ser um dos meus interesses», disse.
Durante dois anos investigou em arquivos e bibliotecas, leu várias obras e foi escrevendo o seu livro intitulado «Ginga, Rainha de Angola», que define como «uma ficção baseada em factos históricos».
Além da documentação sobre uma figura «em que se mistura muito a lenda com a verdade histórica», foram também «decisivas» para a escrita do romance as recordações que guarda das paisagens angolanas.
Tendo em vista «uma outra ficção totalmente diferente», Manuel Ricardo Miranda observou estar a aguardar a recepção a «Ginga, Rainha de Angola» para, se for positiva, se abalançar «a uma outra carreira, na área da literatura».
Diário Digital / Lusa