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Mamã e bebé uma história de amor

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Todo o ser humano necessita de ser amado e aceite desde os seus vínculos primitivos. Daí que a presença, o cuidado e o afecto dos seres que ama serem essenciais para a evolução do bebé

Durante a gravidez estabelece-se entre a mamã e o seu bebé uma relação muito estreita. É então que começa a construir--se o mágico vínculo que une uma mãe com o seu filho. Os nove meses que decorrem dentro do útero não só propiciam o desenvolvimento e a maturação biológica como para além disso, durante esse tempo também, se constróem os pilares da primeira relação que o bebé estabelecerá com outro ser. Já dentro do útero, o bebé reconhece certos sinais que, transmitidos sensorialmente pela sua mãe, se tornam inconfundíveis.

A voz, o seu balanço ao andar, os seus ritmos biológicos, marcam no pequenino a impressão da sua mamã. Este íntimo laço entre a mãe e o bebé reatar-se-á depois do parto através do contacto físico: a amamentação, as carícias, os cuidados diários, o olhar e a voz.

Já estou aqui!

O nascimento supõe, tanto para a mamã como para o seu filho, o amargo sabor de uma dolorosa despedida: o bebé deve abandonar o conforto e o equilíbrio natural do seu "lar", para entrar num meio instável, cheio de imprevistos. Desde que sai do ventre materno vê-se exposto a um acumular de sensações agressivas: luzes, ruídos, temperatura... que agridem os seus sentidos, até então a salvo dentro do corpo da mamã. Mas, apesar de tantas perdas (físicas e psicológicas) há um longo caminho para percorrer em que ela deverá actuar como mediadora entre o bebé e este novo mundo, tornando tudo aquilo que o perturbe em algo menos irritante e mais tolerável.

Deste modo, surgem novas formas de cumplicidade e comunicação: o tacto, o olhar, a voz. Durante o primeiro ano de vida, a mãe serve de interprete do bebé em todas as percepções, acções e conhecimento. E a comunicação entre eles estabelece-se basicamente através do corpo: a mamã oferecer-lhe-á os estímulos tácteis necessários para a aprendizagem.

O valor do contacto

Os cuidados que recebe o bebé, e que implicam um contacto corporal, ajudam-no a resolver as suas tensões e mal-estares. No entanto, o valor desse contacto vai mais além do que o valor de uma carícia gratificante. As carícias, aninhar-se no colo da mamã, estar nos seus braços, despertam no bebé sensações que o ajudam a construir a consciência de si mesmo. Enquanto a sua mãe o toca, lhe mexe, o aperta contra o seu peito, facilita-lhe a possibilidade de captar pressões, texturas, temperaturas. Desta maneira, começa a "sentir-se", regista o seu próprio corpo, capta sensações. Começa a reconhecer-se como diferente de tudo quanto o rodeia.

Por isso, é fundamental que a mamã toque o seu bebé, dado que o sistema sensorial é o primeiro que se põe em jogo no mundo extra-uterino. Todas as experiências de contacto favorecem o desenvolvimento das capacidades motoras, intelectuais e afectivas. Estimulam a confiança, mas fundamentalmente ajudam a evolução do psiquismo do bebé. E na hora de pensar em carinho, recorde que é preferível não renunciar sequer uma carícia, pois assim como o leite nutre o seu corpo e sacia o apetite, as carícias e os mimos alimentam o psiquismo do bebé, a sua interioridade, e fazem-no crescer.

Palavras que mimam

Embora ainda não possa compreender o significado das suas palavras, o bebé reconhece a voz da sua mãe, um som que evoca momentos de prazer. Particularmente tranquilizadora, é a voz que escutou durante meses dentro da barriga. Quando a mamã fala, o tom com que se dirige ao bebé é diferente: são palavras que o acariciam, que suscitam dentro dele sensações agradáveis, que o alentam e lhe dão segurança.

Através da voz, a mãe ensina ao pequenito um novo código, comum a todas as pessoas. Necessitará de tempo para aprendê-lo e utilizá-lo, e ela tentará ajudá--lo com gestos e mímicas. Essas formas naturais: canções, sussurros, variações de tom, com que a mãe convida o bebé para o diálogo, estimulam-no, desde o início, a apropriar-se da linguagem, o instrumento que o converterá num ser social.

O que eles necessitam...

Até às três ou quatro semanas de vida, as manifestações de prazer do bebé quando se levanta nos braços ou se lhe fala são óbvias para todos. Baixa a frequência da sua respiração, a sua boca abre-se e fecha-se alternadamente, a sua cabeça balança, suave, para a frente e para trás, enquanto olha o rosto da sua mamã. Depois, começará a sorrir, e pouco depois a vocalizar as suas sensações de bem-estar.

Quando aprende a sentar-se e a utilizar as suas mãos para brincar com os brinquedos, pode tornar-se temporariamente menos absorvente e mais decidido a suportar a ausência da sua mãe sem chorar. Mas, aos nove meses, começará a inquietar-se ao ver a sua mãe a afagar outras crianças ou aos seus irmãos mais velhos. Depois do primeiro ano, o pequenito tem uma necessidade ainda maior de afecto e segurança, e torna-se mais dependente dos seus pais, exigindo cada vez mais a sua presença e as suas demonstrações de carinho.

As necessidades de amor e segurança do bebé aumentam particularmente quando está cansado, doente ou tem alguma dor, como a produzida por uma queda ou nascimento dos dentes, e necessita sempre de se sentir seguro do amor paterno. Constantemente precisa de se sentir desejado, pessoa, e ter o seu lugar no lar. Requer afecto, sobretudo, quando está aborrecido, irritado ou choramingando.

Quando se comporta mal ou fez alguma travessura, também necessita de ser tratado com carinho, apesar de que os seus pais pensem que nesse momento é quando menos o merece. E quanto aos caprichos, não há porque preocupar-se se os papás entendem que mimos limites não se excluem. As crianças apreciam e descobrem o amor na expressão do rosto dos seus pais, no tom das suas vozes, na paciência, gentileza e compreensão com que são tratadas. Pelo que os seus pais lhes dizem, e pela forma como o dizem.

Podemos dizer que são as manifestações de afecto ou desagrado as que vão constituindo a percepção que o bebé tem do seu meio afectivo. Quanto mais ânimo, confiança e afecto lhes dermos, e quanto mais os ajudarmos sem restringir a sua liberdade em vez de atemorizá-los, melhor responderão. O que as crianças necessitam, mais do que tudo e o que em grande parte determina a sua conduta é o afecto e a segurança que possamos oferecer-lhes..

Insegurança ao observar

Os sentimentos de segurança da criança alteram-se com a separação prolongada de qualquer um dos seus pais. O pequenito pode perturbar-se quando a mãe se ausenta durante períodos muito prolongados. Umas curtas e ocasionais férias que mantêm os pais afastados do bebé não o prejudicam, mas as separações repetidas podem provocar-lhe insegurança. De todas as maneiras, é um erro que os pais achem que nunca devem deixá-lo só.

Sempre que seja cuidado por alguém que conhece e gosta, como uma avó, não se produzirá nenhum prejuízo psicológico, e inclusive até pode ser benéfico. As crianças também podem sentir-se inseguras quando mudam de casa, se muda a pessoa que as cuida, ou perante a chegada de um novo irmãozinho, pois temem a perda do carinho exclusivo que durante muito tempo tiveram.

Fortalecendo a auto-estima

Um bebé necessita de sentir que os seus pais não o criticam, que o amam tal como ele é, e que estão interessados no que ele diz e também no que faz. É um erro ridicularizar uma criança ou fazer comparações odiosas e desfavoráveis entre ele e os seus irmãos ou amigos. Tais atitudes só conseguem promover insegurança e sentimentos de dor. Recorde que as relações que a criança (e depois o adulto) construirá no futuro serão marcadas pelo carinho, a tolerância e compreensão que tenha recebido durante os primeiros anos da sua vida.

A história continua

À medida que a criança cresce vai adquirindo as habilidades necessárias para desempenhar um papel no meio em que vive, mas ainda não pode prescindir do cuidado e da orientação dos seus pais. Em períodos posteriores, como a adolescência, é possível que a criança lute pela sua independência, embora ainda deseje ser o bebé a quem tudo era dado e permitido.

No entanto, este é o começo de uma nova etapa, agora com a sua maturidade sexual, em que deverá aprender a renunciar definitivamente aos seus pais, para converter-se em alguém que criará a sua própria família. Mas isso já é outra história...







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