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Lobo Ibérico: Colar GPS no pescoço de Fojo «revela» segredos

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Lobo Ibérico: Colar GPS no pescoço de Fojo «revela» segredos

O jovem lobo Fojo não sabe, mas o colar com GPS que tem no pescoço permite aos investigadores do Projecto de Investigação e Conservação do Lobo no Noroeste conhecer todos os seus passos na Serra do Soajo.

«Este pode ser um dos animais que ajuda a alimentar as crias, uma espécie de "baby-sitter" da alcateia, já que regressa sempre ao local onde estão as crias», afirmou a bióloga Helena Rio Maior, que tem monitorizado as deslocações do lobo desde que lhe colocou o colar, na manhã de 20 de Agosto.

O Fojo, um macho entre um e dois anos de idade, pertence à alcateia do Soajo, que tem oito elementos confirmados, entre crias, adultos e sub-adultos, tendo sido apanhado numa armadilha colocada na serra, junto ao local onde os investigadores tinham detectado a presença de crias na noite anterior.

Durante cerca de uma hora, depois de anestesiado, o animal foi medido e pesado, tendo-lhe sido ainda retiradas amostras de sangue e de pêlo para análise, após o que foi libertado, já com um colar com GPS colocado no pescoço.

«O colar começou logo a emitir, mas, nos primeiros dois dias, ele não se deslocou muito, talvez por estar ainda a recuperar da anestesia«, salientou a investigadora, acrescentando, no entanto, que o centro de actividade do Fojo »foi rapidamente identificado, é o local onde se encontram as crias».

Trata-se de um comportamento normal entre os lobos, que são animais sociais e se juntam para alimentar as crias, que, nesta altura do ano, com pouco mais de três meses de idade, já não dependem exclusivamente do leite materno, mas ainda não saem do local onde nasceram.

O sistema está programado para determinar a posição do animal de duas em duas horas, enviando uma mensagem quando totaliza sete localizações, sendo os dados convertidos através de um programa especial que projecta as localizações num mapa, no computador.

»As incursões que ele tem feito para fora daquela zona são sempre para caçar e se alimentar«, frisou Helena Rio Maior, destacando que esta situação permite que os investigadores conheçam rapidamente os locais onde ocorrem ataques de lobos.

Desde que tem o colar, há precisamente um mês, já ocorreram dois ataques em que o Fojo esteve envolvido, dos quais os investigadores tiveram conhecimento antes de ser levantado o respectivo auto para efeitos de pagamento de indemnização.

A rápida localização dos locais onde ocorreram ataques é apenas uma das vantagens do colar com GPS, que também permite apurar se um determinado animal foi mesmo morto por lobos, o que é fundamental para efeitos do pagamento de indemnizações.

Por outro lado, o acompanhamento das deslocações do Fojo pela Serra do Soajo já permitiu a identificação de dois eventuais "pontos de encontro" dos lobos, locais onde permanecem durante algum tempo depois de um ataque.

»Normalmente, o Fojo passa uma semana nas imediações do local do ataque e depois regressa à área onde estão as crias, até precisar novamente de se alimentar», salientou Helena Rio Maior.

Se tudo correr conforme o previsto, o colar que o Fojo tem no pescoço vai cair, de forma automática, às 04:00 de 12 de Outubro de 2010, altura em que os investigadores esperam conhecer muito melhor os hábitos da alcateia do Soajo.

O recurso à telemetria GPS é uma novidade do Projecto de Investigação e Conservação do Lobo no Noroeste de Portugal, financiado pela empresa de energias renováveis Vento Minho.

Este projecto de estudo do último grande predador da fauna nacional está a ser executado pela Associação para a Conservação e Divulgação do Património de Montanha (VERANDA) e pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO).

Os investigadores esperam que as informações recolhidas com este projecto permitam melhorar as relações entre os homens e os lobos, tornando mais fácil a protecção dos rebanhos na montanha por se saber onde estão os predadores, mas também a identificação dos ataques provocados pelos lobos e o consequente pagamento das indemnizações.

O lobo é actualmente o último grande predador da fauna portuguesa, sendo considerada uma espécie «em perigo» há mais de uma década.

O mais recente censo nacional, realizado em 2002 e 2003, revelou a existência de 65 alcateias, num total de cerca de 300 indivíduos.


Diário Digital / Lusa
 
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