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Jovem deficiente agredido à estalada
Rui Pando Gomes A agressão aconteceu no interior da Associação Cultural e Apoio Social de Olhão, quando familiares foram buscar utente deficiente Um jovem de 22 anos, com perturbações mentais, foi agredido à estalada dentro da instituição de solidariedade social onde está internado, em Olhão. O agressor é o padrasto de uma mulher de 49 anos – também deficiente mental e utente da instituição – que, segundo o CM apurou, quis punir o jovem por este se ter envolvido em contactos íntimos com a enteada.
O incidente aconteceu domingo, na Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO), onde já foi aberto um inquérito interno para apurar responsabilidades pelo sucedido. A vítima ficou com um dente partido, sofreu ferimentos num lábio e teve de ser assistida pela equipa médica da instituição.
“Só lhe dei uma bofetada pedagógica, porque já o tinha avisado para se portar bem com a rapariga”, justificou o agressor ao CM. Fernando Graça é marido da antiga dirigente da instituição, Hermínia Costa Graça, e acusa o jovem de ter “tentado violar” a enteada dentro do próprio quarto. No entanto, não foi apresentada qualquer queixa por violação à direcção da instituição.
“A minha mulher foi informada de que a filha tinha sido encontrada com o rapaz dentro do quarto na noite de sábado. Fomos buscá-la logo no dia seguinte porque não estava em segurança. O rapaz veio ter comigo com ar de gozo e não me controlei”, argumenta Fernando Graça, que entende que “não se tratou de uma agressão”, porque “nem fez sangue”.
Algumas funcionárias da instituição, que preferem não se identificar, garantiram ao CM que o contacto íntimo entre João e Isabel (nomes fictícios) “foi consentido por ambos”, acrescentando que não aconteceu nenhuma violação. “Eles já andavam em namoricos há muito tempo e terá sido a própria Isabel a provocar o João e a chamá-lo para o quarto”, assegurou fonte da instituição. “As pessoas com deficiência também têm necessidades sexuais que precisam de satisfazer. Não é condenável e muito menos por via da violência”, alerta a mesma fonte, que pediu anonimato.
A direcção da ACASO está a tentar apurar se houve ou não tentativa de violação. Sobre a hipótese de existir outros casos de envolvimento sexual entre utentes da instituição, a dirigente, Maria Pilar da Marta, apenas refere que esta “é uma questão sensível entre pessoas com deficiência” e recusou avançar com quaisquer outros comentários.
Os familiares do jovem deficiente alvo da agressão, que o CM contactou, não quiseram comentar o que sucedeu. Exigem apenas que o caso seja esclarecido e que os responsáveis sejam punidos para que não aconteçam situações do mesmo género no futuro.
INQUÉRITO INTERNO PARA APURAR CULPA
A direcção da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão está a averiguar o que se passou antes e depois da agressão ao jovem deficiente de 22 anos.
Foi aberto um inquérito interno e já foram ouvidos alguns dos funcionários que estavam de serviço na noite da alegada tentativa de violação, denunciada pelo agressor, assim como as testemunhas da agressão. “Vamos averiguar tudo o que se passou para serem apuradas responsabilidades do sucedido. É um problema interno que queremos resolver para que nada semelhante volte a acontecer no futuro”, garantiu ao CM Maria Pilar da Marta, vice-presidente da instituição. O CM sabe que, nos últimos dias, a direcção se reuniu com o agressor, a vítima e respectivas famílias. “É um caso muito delicado que tem de ser tratado com muito cuidado, porque envolve pessoas com deficiência que são bastante sensíveis”, alerta a mesma responsável. Os familiares da vítima estão confiantes que a instituição “tomará as medidas mais correctas para ultrapassar a situação”.
AGRESSÃO PODE CAUSAR TRAUMA
A agressão a uma pessoa com deficiência mental pode causar “um processo de revolta interior e despertar situações traumáticas”, segundo referiu ao CM o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, que lamenta profundamente toda esta situação. Segundo Humberto Santos, “mesmo que tenha existido uma atitude menos própria [no caso, uma eventual tentativa de violação], não se justifica que a solução seja a agressão, porque estamos a falar de pessoas inimputáveis a quem não se pode atribuir responsabilidades”. Quanto às necessidades sexuais em pessoas com este tipo de deficiência, o responsável refere: “São uma realidade, mas com regras e estímulos diferentes” e aconselha os familiares e tutores a “obter preparação própria” para acompanhar cada caso, porque não há uma regra única. “Todos têm necessidades em determinada fase da vida, mas não há um idade certa para que isso aconteça. Varia do grau de deficiência e do ambiente inserido”, explicou Humberto Santos.
SAIBA MAIS
1,4 milhões é o número de pessoas portadoras de deficiência em Portugal, segundo a última projecção da Associação Portuguesa de Deficientes. Não há, no entanto, números oficiais.
800 é o número de pessoas inscritas na ACASO, distribuídos por 12 valências, no apoio a crianças, idosos e deficientes.
OFENSAS
A prática de agressões a uma pessoa com deficiência não tem enquadramento legal específico. É considerado um crime de ofensas à integridade física, igual ao praticado sobre uma pessoa com todas as capacidades.
INIMPUTABILIDADE
As pessoas com deficiência mental são consideradas inimputáveis e não podem responder pelos seus actos.
Fonte:Correio da Manhã
Rui Pando Gomes A agressão aconteceu no interior da Associação Cultural e Apoio Social de Olhão, quando familiares foram buscar utente deficiente Um jovem de 22 anos, com perturbações mentais, foi agredido à estalada dentro da instituição de solidariedade social onde está internado, em Olhão. O agressor é o padrasto de uma mulher de 49 anos – também deficiente mental e utente da instituição – que, segundo o CM apurou, quis punir o jovem por este se ter envolvido em contactos íntimos com a enteada.
O incidente aconteceu domingo, na Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO), onde já foi aberto um inquérito interno para apurar responsabilidades pelo sucedido. A vítima ficou com um dente partido, sofreu ferimentos num lábio e teve de ser assistida pela equipa médica da instituição.
“Só lhe dei uma bofetada pedagógica, porque já o tinha avisado para se portar bem com a rapariga”, justificou o agressor ao CM. Fernando Graça é marido da antiga dirigente da instituição, Hermínia Costa Graça, e acusa o jovem de ter “tentado violar” a enteada dentro do próprio quarto. No entanto, não foi apresentada qualquer queixa por violação à direcção da instituição.
“A minha mulher foi informada de que a filha tinha sido encontrada com o rapaz dentro do quarto na noite de sábado. Fomos buscá-la logo no dia seguinte porque não estava em segurança. O rapaz veio ter comigo com ar de gozo e não me controlei”, argumenta Fernando Graça, que entende que “não se tratou de uma agressão”, porque “nem fez sangue”.
Algumas funcionárias da instituição, que preferem não se identificar, garantiram ao CM que o contacto íntimo entre João e Isabel (nomes fictícios) “foi consentido por ambos”, acrescentando que não aconteceu nenhuma violação. “Eles já andavam em namoricos há muito tempo e terá sido a própria Isabel a provocar o João e a chamá-lo para o quarto”, assegurou fonte da instituição. “As pessoas com deficiência também têm necessidades sexuais que precisam de satisfazer. Não é condenável e muito menos por via da violência”, alerta a mesma fonte, que pediu anonimato.
A direcção da ACASO está a tentar apurar se houve ou não tentativa de violação. Sobre a hipótese de existir outros casos de envolvimento sexual entre utentes da instituição, a dirigente, Maria Pilar da Marta, apenas refere que esta “é uma questão sensível entre pessoas com deficiência” e recusou avançar com quaisquer outros comentários.
Os familiares do jovem deficiente alvo da agressão, que o CM contactou, não quiseram comentar o que sucedeu. Exigem apenas que o caso seja esclarecido e que os responsáveis sejam punidos para que não aconteçam situações do mesmo género no futuro.
INQUÉRITO INTERNO PARA APURAR CULPA
A direcção da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão está a averiguar o que se passou antes e depois da agressão ao jovem deficiente de 22 anos.
Foi aberto um inquérito interno e já foram ouvidos alguns dos funcionários que estavam de serviço na noite da alegada tentativa de violação, denunciada pelo agressor, assim como as testemunhas da agressão. “Vamos averiguar tudo o que se passou para serem apuradas responsabilidades do sucedido. É um problema interno que queremos resolver para que nada semelhante volte a acontecer no futuro”, garantiu ao CM Maria Pilar da Marta, vice-presidente da instituição. O CM sabe que, nos últimos dias, a direcção se reuniu com o agressor, a vítima e respectivas famílias. “É um caso muito delicado que tem de ser tratado com muito cuidado, porque envolve pessoas com deficiência que são bastante sensíveis”, alerta a mesma responsável. Os familiares da vítima estão confiantes que a instituição “tomará as medidas mais correctas para ultrapassar a situação”.
AGRESSÃO PODE CAUSAR TRAUMA
A agressão a uma pessoa com deficiência mental pode causar “um processo de revolta interior e despertar situações traumáticas”, segundo referiu ao CM o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, que lamenta profundamente toda esta situação. Segundo Humberto Santos, “mesmo que tenha existido uma atitude menos própria [no caso, uma eventual tentativa de violação], não se justifica que a solução seja a agressão, porque estamos a falar de pessoas inimputáveis a quem não se pode atribuir responsabilidades”. Quanto às necessidades sexuais em pessoas com este tipo de deficiência, o responsável refere: “São uma realidade, mas com regras e estímulos diferentes” e aconselha os familiares e tutores a “obter preparação própria” para acompanhar cada caso, porque não há uma regra única. “Todos têm necessidades em determinada fase da vida, mas não há um idade certa para que isso aconteça. Varia do grau de deficiência e do ambiente inserido”, explicou Humberto Santos.
SAIBA MAIS
1,4 milhões é o número de pessoas portadoras de deficiência em Portugal, segundo a última projecção da Associação Portuguesa de Deficientes. Não há, no entanto, números oficiais.
800 é o número de pessoas inscritas na ACASO, distribuídos por 12 valências, no apoio a crianças, idosos e deficientes.
OFENSAS
A prática de agressões a uma pessoa com deficiência não tem enquadramento legal específico. É considerado um crime de ofensas à integridade física, igual ao praticado sobre uma pessoa com todas as capacidades.
INIMPUTABILIDADE
As pessoas com deficiência mental são consideradas inimputáveis e não podem responder pelos seus actos.
Fonte:Correio da Manhã