Matapitosboss
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O coleccionador e empresário Joe Berardo disse esta quarta-feira à agência Lusa que está disposto a "rever ou cancelar" o acordo assinado com o Estado sobre o museu instalado no Centro Cultural de Belém (CCB), vigente até 2016.
Numa audição realizada hoje na Assembleia da República, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, tinha afirmado que o Governo pretende rever o acordo com Joe Berardo sobre o museu, porque existem "cláusulas excessivas".
O responsável pela tutela da cultura disse aos deputados da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, que a intenção é "rever cláusulas excessivas que penalizam o Estado".
O Museu Colecção Berardo foi inaugurado em 2007, com um acervo de 862 obras de arte, no âmbito de um acordo assinado no ano anterior, e cuja validade vai até 2016.
Contactado pela Lusa, Joe Berardo disse estar surpreendido com estas declarações de Barreto Xavier, mas que já tinham sido feitas pelo antecessor na tutela, Francisco José Viegas.
"Não sei qual é a desvantagem para o Estado. O acordo foi, na altura, negociado por advogados. Foi feito um decreto-lei, aprovado pelo parlamento e pelo Presidente da República [Aníbal Cavaco Silva]", recordou o empresário madeirense.
Joe Berardo disse ainda que aguarda, desde Janeiro deste ano, a realização de uma reunião de fundadores do museu - com o presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, Vasco Graça Moura, e o secretário de Estado da Cultura - para analisar estas questões.
"Pelo meu lado, estou aberto a rever ou a cancelar", acrescentou.
Para Joe Berardo, "o principal problema é que o CCB quer reaver o espaço de exposições. Mas se a colecção Berardo sair, e se quiserem ter outras exposições, vão ter de pagá-las e vão gastar dinheiro".
No final da audição parlamentar, questionado pela agência Lusa, Jorge Barreto Xavier escusou-se a precisar quais as "cláusulas excessivas" do acordo que o Governo pretende rever, alegando que é necessária reserva durante a negociação.
Este ano, no âmbito dos cortes no financiamento do Estado a várias fundações do país, a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo, que gere o museu, perdeu 30 por cento dos apoios públicos.
Sobre as ofertas de compra que foram feitas, o secretário de Estado da Cultura indicou que uma delas, de uma entidade internacional, era da mesma ordem de grandeza da avaliação feita pela leiloeira Christie's em 2006, de 316 milhões de euros.
Entre as obras avaliadas do conjunto, na altura, constavam um quadro de Picasso, cujo valor ascende a 18 milhões de euros, uma das peças mais caras da colecção, outro de Francis Bacon, de 15 milhões de euros, e um de Andy Warhol, avaliado em 12 milhões de euros.
No âmbito do acordo com o Estado, o Museu Berardo ficou instalado no espaço de exposições do CCB, e ficou estipulado que seriam anualmente disponibilizados 500 mil euros, de cada um dos parceiros, para aquisição de novas obras, cláusula que deixou de ser cumprida nos últimos anos.
O Museu Berardo de Arte Moderna e Contemporânea abriu ao público a 25 de Junho de 2007, e tem vindo a apresentar uma programação de exposições permanentes e temporárias, com entrada gratuita, sendo um dos museus mais visitados do país.
Fonte: Jornal de Negócios