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Invisuais ensaiaram surf no mar de Ofir

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Set 24, 2006
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Invisuais ensaiaram surf no mar de Ofir

MIGUEL RODRIGUES

Cerca de 70 pessoas portadoras de deficiência visual tiveram, na praia de Ofir, em Esposende, a oportunidade de praticar surf. Vindos de Braga e Viseu, aceitaram o desafio de enfrentar as ondas frias do litoral norte.

Vestindo o fato apropriado à prática de surf, Sidónio Faria, de 59 anos, sorria ignorando o vento que se fazia sentir na praia de Ofir, Esposende. "Há um tempo para tudo, independentemente da idade", dizia enquanto se metalizava para o desafio de surfar. "Vai ser difícil, é a primeira vez que o vou fazer", confessa ao JN.

Cada invisual foi acompanhado por um surfista profissional. Para melhor terem noção das dimensões das pranchas, nestas foi colocada uma saliência de uma extremidade à outra que permitia aos invisuais detectarem através do tacto o ponto mediano das pranchas. Antes de entrarem na água, os exercícios de aquecimento foram obrigatórios, assim como a escuta dos conselhos dos profissionais. Depois, já no mar, foi a sério. As ondas fizeram a vontade aos surfistas amadores e foram dando bons motivos para quedas mais ou menos aparatosas na água. À saída, o cansaço e o sorriso eram comuns.

"É cansativo, mas valeu a pena. Gostava de voltar a experimentar", disse Manuel Augusto, de 47 anos, vindo de Prado.

A iniciativa foi promovida pelo Instituto Superior de Saúde do Alto Ave e da empresa de surf H3o e juntou mais de 70 invisuais da Acapo de Viseu e da Associação de Deficientes Visuais de Braga.

"Foi uma forma de permitirmos a estes cidadãos uma experiência única e que nunca tinha sido efectuada em Portugal", disse Vasco Carvalho do ISAVE.

No fundo, aquilo que se fez foi sustentada naquilo que ficou conhecido no surf como o "Go For it", criado nas décadas de 70 e 80, em que os surfistas enfrentavam as ondas de grandes dimensões, de olhos fechados, sem saber onde iriam parar.


JN
 
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