- Entrou
- Set 24, 2006
- Mensagens
- 9,473
- Gostos Recebidos
- 1
Cultura: Intercâmbio com o Brasil e congresso internacional marcam o novo ano da Casa Fernando Pessoa
Lisboa, 15 Set (Lusa) -- O lançamento de um livro de Adriana Calcanhoto, exposições em bairros municipais, um congresso internacional e a recriação do quarto do poeta "fingidor" marcam o programa 2008/2009 da Casa Fernando Pessoa, aspirante a "centro de explosão criativa".
Última morada de Pessoa, entre 1920 e 1935, o número 16 da rua Coelho da Rocha reúne hoje as obras escritas por e sobre o poeta, incluindo quase toda a sua biblioteca pessoal, com anotações à mão do próprio autor.
A sua gestão financeira é, segundo a directora Inês Pedrosa, "muito difícil e burocrática", na medida em que a Casa não dispõe de verbas próprias e está sempre dependente de decisões autárquicas.
A escritora defende, por isso, a sua transformação numa fundação, uma mudança que deverá acontecer em 2009, já que os novos estatutos "estão em curso".
"Esta transformação permite ter sócios, receber apoios, beneficiar de `merchandising`, cobrar um preço simbólico pelos espectáculos, enfim, rentabilizar o espaço à nossa maneira. Se revertesse a nosso favor, não precisávamos de pedir à Câmara", refere, em entrevista à Lusa.
Apesar das dificuldades, Inês Pedrosa garante que a equipa continua motivada e se prepara agora, na "rentrée", para desenvolver um programa de actividades ambicioso, acompanhado de transformações na própria Casa -- a reabertura da cafetaria enquanto restaurante (há já acordo com um concessionário) e a recriação completa do quarto de Pessoa, onde hoje restam apenas a cómoda, as estantes e alguns objectos pessoais do poeta.
"Vamos refazer o quarto conforme a descrição da sua sobrinha, com peças que descobrimos num antiquário. É muito importante que as pessoas sintam a sua presença", explica a directora, adiantando que o espaço deverá ter também marcas dos heterónimos, aos quais a Casa estará "entregue" em 2009.
Por quatro meses, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis serão homenageados em exposições, dramatizações e outras actividades que o orçamento permitir.
Antes, porém, o Outono deste ano trará a instalação da "Árvore das Palavras", um pessegueiro natural cujas folhas terão, inicialmente, poemas de Ruy Belo e Cardoso Pires.
Segundo Inês Pedrosa, a árvore funcionará como um espaço expositivo -- uma ideia de uma adolescente de 12 anos -, e servirá de cenário para dramatizações.
Até ao final do ano será também celebrado com a Gebalis, empresa pública gestora dos bairros municipais de Lisboa, um protocolo que permitirá desenvolver nos mesmos ateliers de criação artística, música e expressão plástica, bem como exposições itinerantes.
Em Novembro, será realizado o primeiro congresso internacional com estudiosos e artistas nacionais e estrangeiros que se debruçam sobre Pessoa, e será lançado o livro "Saga Lusa", uma "espécie de diário alucinado" da cantora brasileira Adriana Calcanhoto durante uma estada em Portugal.
Já no próximo ano, um intercâmbio com o Brasil continuará a trazer artistas deste país (Caetano Veloso é uma possibilidade), a privilegiar o contacto com a sua "riquíssima" cultura e a fomentar a sua "incrível paixão" por Fernando Pessoa.
"Há muita gente lá a fazer a ponte entre a baixa e a alta cultura e é isso que queremos fazer aqui", revela Inês Pedrosa.
"O objectivo é que a Casa não seja uma universidade, mas um centro de explosão criativa", acrescenta.
O plano 2008/2009 contempla ainda, entre outras actividades, a criação de ateliers de escrita e expressão plástica para séniores, a reactivação da revista da instituição e a projecção de filmes, com material oferecido pelas Juntas de Freguesia de São Nicolau, Mártires e Condestável.
RYC.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Lisboa, 15 Set (Lusa) -- O lançamento de um livro de Adriana Calcanhoto, exposições em bairros municipais, um congresso internacional e a recriação do quarto do poeta "fingidor" marcam o programa 2008/2009 da Casa Fernando Pessoa, aspirante a "centro de explosão criativa".
Última morada de Pessoa, entre 1920 e 1935, o número 16 da rua Coelho da Rocha reúne hoje as obras escritas por e sobre o poeta, incluindo quase toda a sua biblioteca pessoal, com anotações à mão do próprio autor.
A sua gestão financeira é, segundo a directora Inês Pedrosa, "muito difícil e burocrática", na medida em que a Casa não dispõe de verbas próprias e está sempre dependente de decisões autárquicas.
A escritora defende, por isso, a sua transformação numa fundação, uma mudança que deverá acontecer em 2009, já que os novos estatutos "estão em curso".
"Esta transformação permite ter sócios, receber apoios, beneficiar de `merchandising`, cobrar um preço simbólico pelos espectáculos, enfim, rentabilizar o espaço à nossa maneira. Se revertesse a nosso favor, não precisávamos de pedir à Câmara", refere, em entrevista à Lusa.
Apesar das dificuldades, Inês Pedrosa garante que a equipa continua motivada e se prepara agora, na "rentrée", para desenvolver um programa de actividades ambicioso, acompanhado de transformações na própria Casa -- a reabertura da cafetaria enquanto restaurante (há já acordo com um concessionário) e a recriação completa do quarto de Pessoa, onde hoje restam apenas a cómoda, as estantes e alguns objectos pessoais do poeta.
"Vamos refazer o quarto conforme a descrição da sua sobrinha, com peças que descobrimos num antiquário. É muito importante que as pessoas sintam a sua presença", explica a directora, adiantando que o espaço deverá ter também marcas dos heterónimos, aos quais a Casa estará "entregue" em 2009.
Por quatro meses, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis serão homenageados em exposições, dramatizações e outras actividades que o orçamento permitir.
Antes, porém, o Outono deste ano trará a instalação da "Árvore das Palavras", um pessegueiro natural cujas folhas terão, inicialmente, poemas de Ruy Belo e Cardoso Pires.
Segundo Inês Pedrosa, a árvore funcionará como um espaço expositivo -- uma ideia de uma adolescente de 12 anos -, e servirá de cenário para dramatizações.
Até ao final do ano será também celebrado com a Gebalis, empresa pública gestora dos bairros municipais de Lisboa, um protocolo que permitirá desenvolver nos mesmos ateliers de criação artística, música e expressão plástica, bem como exposições itinerantes.
Em Novembro, será realizado o primeiro congresso internacional com estudiosos e artistas nacionais e estrangeiros que se debruçam sobre Pessoa, e será lançado o livro "Saga Lusa", uma "espécie de diário alucinado" da cantora brasileira Adriana Calcanhoto durante uma estada em Portugal.
Já no próximo ano, um intercâmbio com o Brasil continuará a trazer artistas deste país (Caetano Veloso é uma possibilidade), a privilegiar o contacto com a sua "riquíssima" cultura e a fomentar a sua "incrível paixão" por Fernando Pessoa.
"Há muita gente lá a fazer a ponte entre a baixa e a alta cultura e é isso que queremos fazer aqui", revela Inês Pedrosa.
"O objectivo é que a Casa não seja uma universidade, mas um centro de explosão criativa", acrescenta.
O plano 2008/2009 contempla ainda, entre outras actividades, a criação de ateliers de escrita e expressão plástica para séniores, a reactivação da revista da instituição e a projecção de filmes, com material oferecido pelas Juntas de Freguesia de São Nicolau, Mártires e Condestável.
RYC.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.