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Incêndio no Cultura Artística "mata" 2 obras-primas

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Set 24, 2006
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Incêndio no Cultura Artística "mata" 2 obras-primas

Além da tragédia que representa para São Paulo, o incêndio do Cultura Artística ontem também matou duas obras de arte da música: os dois pianos Steinway, que viviam no teatro. O mais antigo estava lá havia 20 anos; o mais novo, há meros quatro meses

O prejuízo não é só material. Cada piano desses carrega um código genético de 150 anos. Um dos instrumentos destruídos foi um Gran Concerto Model D, doado pela família Baumgart em março último. O instrumento vale cerca de US$ 130 mil, mas só para trazê-lo de seu berço, a alemã Hamburgo, gastou-se mais de U$ 20 mil. A estratégia e os cuidados com o transporte são os mesmos que ocorrem no movimento de qualquer obra de arte do patrimônio mundial.

O outro Steinway "morto" foi um Concert Grand, com cerca de 20 anos, também procedente da Alemanha. Era considerado ainda ativo, mas já em estado de declínio. Isso porque a alma dessas obras está localizada no tampo, cujo corte e preparo podem levar mais de um ano. Com o tempo, a sonoridade do tampo decai. A firmeza da afinação também.

É comum ouvir a frase: "pianos são como seres vivos". De fato, alguns parecem mesmo ter temperamento e personalidade. Muitos até assustam. Pouco antes da estréia do Gran Concerto Model D, em maio, o pianista Nelson Freire se mostrou receoso. "Não sei se ele vai gostar de mim. Freire já havia se "desentendido" anos atrás com um outro Steinway, novinho, na Sala São Paulo.

A família que criou o Steinway está para a história do piano como Stradivarius o está para a do violino. Com a diferença que Antonio Stradivari morreu sem deixar herdeiros de sua mágica. E os mágicos Steinway continuam vivos. Exceto os dois que morreram de forma trágica ontem, no centro de São Paulo.


Ricardo Feltrin
Editor-chefe da Folha Online
 
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