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Hospital de S. João realiza cirurgia pioneira em Portugal a criança com distonia

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Uma equipa médica do Hospital de S. João, Porto, realiza segunda-feira a primeira operação em Portugal a uma criança com distonia, doença que provoca movimentos involuntários e que, em casos extremos, é totalmente incapacitante.

A distonia, segundo disse hoje à Lusa o neurocirurgião Rui Vaz que lidera a única equipa que em Portugal realiza esta cirurgia, é uma doença do foro neurológico, crónica e incapacitante, que se caracteriza por contracções musculares involuntárias que causam movimentos espasmódicos e posturas anormais.

Tiago tinha três anos quando se manifestaram os primeiros sintomas da doença. Hoje, com nove anos, a maior parte dos quais vividos num hospital de Lisboa e numa instituição de solidariedade, já não controla os movimentos.

Em declarações à Lusa Rui Vaz congratula-se com o facto de ajudar a cumprir "a verdadeira missão do Serviço Nacional de Saúde" ao mesmo tempo que sublinha a ideia de que esta é uma doença que, apesar de não ter cura, tem tratamento.

"Quantas crianças e adultos com distonia vivem 'fechados num quarto escuro' por esse país? Não por maldade, mas porque os seus familiares, por desconhecimento, na maior parte dos casos, se resignaram à ideia de que não há nada a fazer", lamentou o clínico.

Tiago, a frequentar o 4/o ano de escolaridade, é oriundo de "uma família muito carenciada" da zona de Alcobaça.

"Este é o tipo de doente em que dificilmente alguém pega, porque não tem um suporte familiar capaz de o encaminhar", disse o neurocirurgião, sublinhando que, por se tratar de doentes "intelectualmente vivos", faz "todo o sentido" este investimento - de cerca de 30 mil euros - do Serviço Nacional de Saúde.

Aponta também como exemplo o caso de uma outra jovem, que será operada no início da próxima semana, e que frequenta o curso de medicina.

"A indicação de melhoria varia entre os 25 e os 75 por cento, mas os efeitos não são imediatos. Só ao fim de seis meses é que teremos dados concretos sobre os resultados da cirurgia", explicou o professor.

Em casos adequadamente seleccionados, a cirurgia pode conseguir "uma substancial melhoria de qualidade de vida nos doentes com formas generalizadas de distonia, ao melhorar nomeadamente o componente móvel da doença, permitindo a realização de actividades que não eram capazes de efectuar", frisou Rui Vaz.

A intervenção é muito semelhante à utilizada para combater a doença de Parkinson, "apenas com um alvo diferente", disse.

Segundo o neurocirurgião, a técnica consiste na colocação de dois eléctrodos em determinada zona do cérebro que "vão alterar os circuitos neurológicos perturbados".

A diferença em relação à intervenção destinada ao tratamento da doença de Parkinson, revela o médico, "é a zona do cérebro onde os eléctrodos são instalados, neste caso um de cada lado do globo denominado Gpi".

Considerando imprescindível "concentrar experiência para conseguir resultados aceitáveis", Rui Vaz explicou que nas cirurgias programadas para o início da próxima semana conta com a colaboração do neurocirurgião alemão Jens Volkmann, que é "super-especializado nesta área".

No Hospital de S. João, as duas primeiras cirurgias a doentes com distonia foram efectuadas em Dezembro de 2005 e Maio de 2006 a dois adultos.

A nível mundial, estas intervenções cirúrgicas iniciaram-se em 2000.

Apesar de não existirem dados concretos, estima-se que surjam anualmente dez novos casos desta doença em Portugal.

O Hospital de S. João foi também pioneiro no tratamento cirúrgico da doença de Parkinson e do Tremor Essencial.

Lusa
 
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