migel
GForum VIP
- Entrou
- Set 24, 2006
- Mensagens
- 15,631
- Gostos Recebidos
- 0
Fez exame ontem, após um contacto do CM
ImagemUniversidade discrimina aluna invisual Aos 31 anos, Ana Filipa Graça sonha ser jurista. Portadora de uma deficiência visual - nasceu com retinose pigmentar - está a terminar em regime nocturno a licenciatura em Direito na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), após ter pedido transferência da extinta Universidade Independente. Mas a estudante tem enfrentado enormes obstáculos para fazer o exame de Direito Processual Civil: "A 10 de Novembro, o assistente da cadeira, Alfredo Mendes, disse-me à hora do exame simplesmente que não poderia fazer a prova e que a faculdade tinha de resolver o problema", lembra Ana Filipa. O "problema" desta aluna é que devido à sua deficiência visual, faz os exames em computador. "Tenho um software normalissimo mas como sistema de voz", conta.
Durante dois meses Ana Filipa trocou e-mails com a Faculdade de Direito da UAL, incluindo com o responsável máximo pela licenciatura, António Pedro Ferreira: "Não consigo perceber porque é que o director do curso tenta apaziguar as coisas, já lhe expus a situação várias vezes", recorda a aluna. É que o regente da cadeira, o juiz conselheiro Jorge Pais do Amaral tinha autorizado - como está previsto na lei - que a aluna fizesse os exames com suporte electrónico: "Todos os professores me levam a pen ou a disquete, menos este", queixa-se Ana Filipa.
Em Novembro, a aluna expôs o caso à Inspecção- Geral do Ensino Superior, ao Instituto Nacional de Reabilitação e ao ministro da Ciência e da Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. "Fui informada no final de 2007 pela Direcção-Geral do Ensino Superior que a UAL não tinham respondido ao pedido de esclarecimento e que um inspector se deveria deslocar à universidade", afiança.
apesar das múltiplas tentativas de Ana Filipa para realizar o exame na segunda fase, em Dezembro passado, tal não foi possível pois a UAL não solucionou a questão.
"O professor não estava na disposição de me levar o exame em suporte electrónico, como todos os outros fazem em função da minha deficiência", afirma.
O CM teve acesso à resposta que António Pedro Ferreira, director do Departamento de Direito da UAL (que, curiosamente, também é professor de Ana Filipa e lhe fornece os exames em suporte digital), na qual se lê: "O Departamento de Direito não pode, nem deve, intrometer-se nas questões relativas ao modo como os senhores professores concretizam os métodos de avaliação das respectivas disciplinas".
Depois de ter pago um exame que nunca realizou e de se sentir discriminada por doentes que apregoam o conceito de Justiça, Ana Filipa não desistiu: "Preciso de acabar o curso, além de que o que se passa hoje comigo na UAL pode repetir-se amanhã com outro estudante", diz.
Fonte:Correio dos Açores
ImagemUniversidade discrimina aluna invisual Aos 31 anos, Ana Filipa Graça sonha ser jurista. Portadora de uma deficiência visual - nasceu com retinose pigmentar - está a terminar em regime nocturno a licenciatura em Direito na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), após ter pedido transferência da extinta Universidade Independente. Mas a estudante tem enfrentado enormes obstáculos para fazer o exame de Direito Processual Civil: "A 10 de Novembro, o assistente da cadeira, Alfredo Mendes, disse-me à hora do exame simplesmente que não poderia fazer a prova e que a faculdade tinha de resolver o problema", lembra Ana Filipa. O "problema" desta aluna é que devido à sua deficiência visual, faz os exames em computador. "Tenho um software normalissimo mas como sistema de voz", conta.
Durante dois meses Ana Filipa trocou e-mails com a Faculdade de Direito da UAL, incluindo com o responsável máximo pela licenciatura, António Pedro Ferreira: "Não consigo perceber porque é que o director do curso tenta apaziguar as coisas, já lhe expus a situação várias vezes", recorda a aluna. É que o regente da cadeira, o juiz conselheiro Jorge Pais do Amaral tinha autorizado - como está previsto na lei - que a aluna fizesse os exames com suporte electrónico: "Todos os professores me levam a pen ou a disquete, menos este", queixa-se Ana Filipa.
Em Novembro, a aluna expôs o caso à Inspecção- Geral do Ensino Superior, ao Instituto Nacional de Reabilitação e ao ministro da Ciência e da Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. "Fui informada no final de 2007 pela Direcção-Geral do Ensino Superior que a UAL não tinham respondido ao pedido de esclarecimento e que um inspector se deveria deslocar à universidade", afiança.
apesar das múltiplas tentativas de Ana Filipa para realizar o exame na segunda fase, em Dezembro passado, tal não foi possível pois a UAL não solucionou a questão.
"O professor não estava na disposição de me levar o exame em suporte electrónico, como todos os outros fazem em função da minha deficiência", afirma.
O CM teve acesso à resposta que António Pedro Ferreira, director do Departamento de Direito da UAL (que, curiosamente, também é professor de Ana Filipa e lhe fornece os exames em suporte digital), na qual se lê: "O Departamento de Direito não pode, nem deve, intrometer-se nas questões relativas ao modo como os senhores professores concretizam os métodos de avaliação das respectivas disciplinas".
Depois de ter pago um exame que nunca realizou e de se sentir discriminada por doentes que apregoam o conceito de Justiça, Ana Filipa não desistiu: "Preciso de acabar o curso, além de que o que se passa hoje comigo na UAL pode repetir-se amanhã com outro estudante", diz.
Fonte:Correio dos Açores