"Fantasporto é um festival de resistência contra ventos e marés"

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A 31.ª edição do Fantasporto arrancou sexta-feira à noite com a celebração pelos "mais de 300 filmes vindos de 25 países", num festival que se assume de "resistência contra ventos e marés".

Presidida por Beatriz Pacheco Pereira, directora do Fantasporto, a sessão de abertura, mais curta do que em anos anteriores, contou com a presença do realizador finlandês Antti Jokinen que apresentou "The Resident", filme protagonizado por Hilary Swank.

Para a directora do festival, em 31 anos "de cultura", o Fantasporto teve "sempre como lema ir ao limite das suas possibilidades para trazer ao Porto e ao Rivoli o melhor da produção de cada ano".

"Assim fomos singrando sempre com a clara ideia de missão e da correta gestão financeira que passa sempre, infelizmente, por fazer muito com pouco", lamentou Beatriz Pacheco Pereira.

No final, a directora do Festival Internacional de Cinema do Porto clamou "um grande viva" à cultura portuguesa, nas suas palavras "tão preterida, tão pouco protegida, tão esquecida".

A anteceder "The Resident", o realizador finlandês Antti Jokinen subiu ao palco do Rivoli para tecer elogios à arquitectura do Porto e, referindo-se aos futuros cineastas, que acreditou estarem presentes na sala, afirmou que tinha sido "idiota" em sair da Finlândia natal para fazer um filme em Hollywood.

"Oito anos depois, aqui está o meu filme, estou no Porto a apresentá-lo, o que é fantástico. Queria fazer um filme sobre voyeurismo, com tensão sexual e claustrofobia, passado em Nova Iorque, com grandes estrelas, um filme americano com um filme europeu no meio", referiu o finlandês.

O realizador, que partiu à conquista do "sonho americano", confessou as dificuldades vividas e que, após "muitas audições", "reuniões com produtores" e "muitos anos depois", o filme foi lançado.

"Para mim era um projecto pessoal. É o meu primeiro filme, que escrevi, realizei, consegui que a Hilary Swank o protagonizasse, foi feito em 30 dias e tenho muito orgulho dele", garantiu Antti Jokinen.

À pergunta que "insistem em fazer" se valeu a pena fazer o filme e passar pela "trabalheira toda", Jokinen respondeu que sim.

"Tive um sonho, e se não tivesse sonhado seria um homem sem sonhos. E essa é uma pessoa que não quero ser", assegurou o finlandês.

Desde segunda-feira o Rivoli tem recebido diversos filmes naquilo que foi chamado de Pré-Fantasporto.

À margem da cerimónia de abertura do Fantasporto, Beatriz Pacheco Pereira confidenciou à Lusa que as reacções "têm sido bastante boas" com os filmes de competição a serem "bem recebidos".

"Este ano decidimos começar com uma espécie de projecções de imprensa de filmes de competição para as pessoas se irem ambientando e porque sabemos que alguns filmes têm mais do que uma sala de possíveis espectadores", explicou.

De entre todas as películas a rodar pelo Fantasporto, destaque para o cinema português que nesta edição reuniu 90 filmes a serem apresentados até 6 de Março, data em que termina o festival.

O aumento de cinema nacional a concurso tem para Beatriz Pacheco Pereira duas explicações: "ou o cinema português está a melhorar, o que acho fantástico, ou então é o prémio que está a estimular esta vontade de mostrar filmes no Fantasporto".

Ainda assim, e como 90 é um grande número, a directora admitiu que em 2011 será diferente, "uma coisa mais restrita, mais selecta" entre seis ou sete filmes, longas ou curtas-metragens, para que "saia um bom prémio do cinema português".

Jornal de Notícias
 
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