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Ex-comandante da Marinha que embarcou em golpe se negou a prestar continência a Lula e serviu a três ministros de Dil

Roter.Teufel

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Ex-comandante da Marinha que embarcou em golpe se negou a prestar continência a Lula e serviu a três ministros de Dilma

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'Birrento', almirante Almir Garnier protagonizou uma inédita quebra de protocolo ao faltar a tradicional cerimôia de passagem de comando da Força

O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha do Brasil, foi acusado diretamente pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de compactuar com plano do ex-presidente de destituir ilegalmente o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dar um golpe de estado no Brasil.

Cid relatou que, logo após a derrota no segundo turno das eleições do ano passado, o ex-capitão recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novo pleito, que incluía a prisão de adversários. De acordo com apuração da jornalista Bela Megale, Garnier foi o único a embarcar no golpismo, que só não foi para frente porque o Alto Comando das Forças Armadas não comprou a ideia.

A adesão ao plano representa bem mais que uma simples "obediência hierárquica", por assim dizer. Trata-se do mais lunático dos bolsonaristas dentro do militarismo de alta patente, a ponto de repetir a mesma postura antidemocrática de seu ídolo, que se recusou a passar a faixa presidencial para o sucessor.

Na mesma toada, para evitar prestar continência a Lula, que é o chefe soberano das Forças Armadas, Almir protagonizou uma inédita quebra de protocolo ao se ausentar da tradicional cerimônia de passagem de comando da Força. Marcos Sampaio Olsen, seu sucessor, foi empossado em meio à birra do almirante.

Almir, na verdade, queria entregar o cargo antes da posse de Lula. Ele chegou a planejar a cerimônia para o dia 28 de dezembro. O Alto Comando da Marinha, todavia, se reuniu às vésperas do Natal e convenceu Garnier a entregar o cargo somente em janeiro, seguindo o protocolo.

O bolsonarista disse ao almirantado que estava decepcionado com a vitória de Lula, razão pela qual gostaria de deixar o posto antes da posse. Apesar da vontade pessoal, de acordo com uma fonte presente na reunião, Almir decidiu submeter a decisão ao colegiado de almirantes de Esquadra.

Mesmo com as sinalizações favoráveis à transição na Marinha e com a interlocução de Olsen com o recém-nomeado ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, Almir se manteve resistente a conversar com a equipe de Lula. Também foi o único a não se encontrar com Múcio durante a transição. Em vez disso, mandou uma carta:

"No decorrer do proveitoso comando, dediquei especial atenção às questões que sempre roguei essenciais para motivação do nosso pessoal, procurando enfatizar os valores morais dos feitos heroicos de nossos antecessores. O ex-comandante ainda desejou boas realizações ao ministro Múcio. [Tenho] total confiança que a leal e disciplinada Marinha de Tamandaré saberá obedecer suas diretrizes em prol da soberania de nossa nação", escreveu à época.

Antes de assumir o comando da Força e se entregar ao golpismo, como fizeram seus colegas de farda há quase 60 anos, o almirante iniciou a carreira militar, não coincidentemente, em 1970, no auge do AI-5, ato mais arbitrário da Ditadura. Na época, aos 10 anos, ele foi aluno do curso de formação de operários, na extinta Escola Industrial Comandante Zenetilde Magno de Carvalho, no Rio de Janeiro. Aos 17, graduou-se técnico em Estruturas Navais, na Escola Técnica do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).

Nos mais de 40 anos de militarismo, Almir recebeu sete condecorações. Chama atenção, porém, que foi nos governos do PT, com Lula (2003-2010) e especialmente Dilma Rousseff (2011-2016), que ele subiu de patente.

Em 31 de março de 2010, no último ano do segundo mandato de Lula, Almir foi promovido ao posto de Contra-Almirante. Exatamente quatro anos depois, em 31 de março de 2014, já na gestão Dilma, subiu ao posto de Vice-Almirante. Em 25 de novembro de 2018, no mandato de Michel Temer (MDB), alçou o posto que ocupa hoje, Almirante de Esquadra.

Também foi na gestão Dilma que ele passou a trabalhar no Ministério da Defesa. Na pasta, foi assessor especial dos ministros Celso Amorim (2011–2014), Jaques Wagner (2015), Aldo Rebelo (2015-2016), todos subordinados à petista, além de Raul Jungmann (2016-2018), este no governo Temer.

Após deixar a assessoria, Almir foi promovido, em 2019, ao cargo de Secretário-Geral do Ministério da Defesa, na gestão do ministro Fernando Azevedo e Silva, até 9 de abril de 2021, quando assumiu o cargo de Comandante da Marinha.

Até o fechamento desta reportagem, o almirante não havia se manifestado sobre as acusações de Cid à PF.

Jornal do Brasil
 
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